Há quem do Tejo só veja
o além porque é distância.
Mas quem de Além Tejo almeja
um sabor, uma fragrância,
estando aquém ou além verseja,
do Alentejo a substância.
Há quem do Tejo só veja
o além porque é distância.
Mas quem de Além Tejo almeja
um sabor, uma fragrância,
estando aquém ou além verseja,
do Alentejo a substância.
Um provérbio sobre o tempo e a “Senhora das Candeias / Senhora da Luz / Candelária” diz que “Senhora das Candeias a chorar, o Inverno está para acabar. Senhora das Candeias a rir, o Inverno está para vir.”
Neste ano de 2024, aconteceu esta segunda parte do provérbio: “A Senhora esteve a rir-se…” Isto é, esteve um dia de sol! E não é que estando um dia agradável, de sol, nesse dia 02/02/2024, o Inverno chegou em força, nomeadamente nestas duas últimas semanas, finais de Fevereiro, inícios de Março?! Antes das eleições, a chuva, o vento, o frio, frio, a neve, deram-nos mostras do verdadeiro Inverno. Confirmaram o ditado. (E irá continuar o tempo invernoso?!)
No dia 10 – dia de eleições – o tempo melhorou, a convidar a votos! E os portugueses, ajudados pelo tempo, certamente conscientes da importância do ato eleitoral, acorreram às urnas.
E os resultados foram o que foram. Toda a gente conhece.
Outro ditado, este de Março: “Março marçagão, de manhã Inverno, à tarde Verão”. Face às escolhas efetuadas, o ditado ganha outra interpretação: “Março marçagão – tempestade ao serão”!
De acordo com os resultados, embora falte saber, quem é quem, do círculo da emigração – “não será pôr o carro à frente dos bois?!”, supostamente será o Srº Montenegro a ser indigitado para futuro primeiro-ministro. A sua coligação “venceu” as eleições, por margem mínima, mas “venceu”. Uma “vitória”, sobre a qual o rei Pirro, se ele por aí andar, terá muito a dizer. (Outro provérbio!)
Nada disto importa, ou talvez importe. O que observamos, face à distribuição dos deputados por partidos, ao que cada um disse e repetiu durante a campanha eleitoral, não é possível uma maioria estável de governação.
Vimos de duas eleições antecipadas – ambas desnecessárias – e o que nos espera?!
Antes de mais, apresentar este panorama de instabilidade a quem teve uma responsabilidade, por demais relevante, para que isto ocorresse.
Ora aqui está, Vossas Excelências! Para si, que tanto batalhou por eleições antecipadas. E para você, que desperdiçou uma maioria absoluta!
Face ao que se avizinha, e tornando ao provérbio inicial, depreendo que o “Inverno ainda está para vir”! Mesmo que, entretanto, haja um “Verão quente”!
Alguns pormenores…
Se os nossos partidos se regessem, realmente, pelo interesse nacional, havia um “Governo do Bloco Central”. Mas como, se PS e PSD nunca se entenderam nestes cinquenta anos?! Se criaram uma divisão - “esquerdas – direitas” - precisamente colocando estes dois partidos em polos opostos?! Se ambos os partidos são dirigidos por personalidades cada qual de ego mais flamejante que o outro?! Para além dos personagens que, dentro de cada partido, querem brilhar nos corredores do Poder!
Ainda…
Não estou, nem de longe nem de perto, nem na forma nem no conteúdo, chegado ao Sr. Ventura! Mas quem votou nele é tão pessoa como quem votou noutro qualquer partido.
É tempo de olhar, valorizar, mais de um milhão de votantes. Integrar, construtivamente, 48 deputados! Educá-los, fazendo-os participar em cargos de responsabilidade. Há por ali também gente de valor! Não serão apenas “uma tropa de choque”!
A ver vamos no que vai isto dar!
Veremos como vão “descalçar a bota”! Nestes casos, são várias botas. Nalguns casos “não bate a bota com a perdigota”!
Sua Excelência que “descalce a bota”, que se meteu numa “camisa-de-onze-varas”!
O pior, é que “quem paga as favas” somos nós e “quem se lixa é sempre o mexilhão”!
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E, ainda, e para finalizar, um provérbio que ouvi ontem, ao Amigo Zé António. Nunca ouvira antes! “Vinagre em casa de pobre é vinho do Porto.”!
Já o escrevi e repito. Não concordo com eleições antecipadas. Bem podiam ter sido evitadas, tanto estas, quanto as anteriores. Bastava tão simplesmente que, quem mais pode e manda nestes assuntos, tivesse agido de outro modo. Mas elas aí estão e há que votar. Esse foi um dos desideratos do “25 de Abril” e há que concretizá-lo. A Liberdade, nomeadamente a de expressão, foi uma das conquistas alcançadas. Muito boa e santa gente que por aí perora, por tudo e por nada, não imagina sequer as dificuldades em publicar, opinar. Ademais antes do advento das novas tecnologias de informação. Hoje, queixamo-nos de tudo e nada, mas vivemos num Portugal substancialmente melhor do que há cinquenta anos! Obviamente, muitos fatores, múltiplos e diversos, para isso contribuíram.
Quando olhamos para o panorama partidário, não falta por onde escolher. Mas quem não tem quaisquer interesses partidários nem pensa auferir qualquer benefício por partido X ou Y vir a governar, a decisão não é fácil. Vai-se pelo mal menor!
Olhando para os atuais dirigentes partidários, o panorama é o que é. Cada qual formule a opinião que muito bem entender, sobre a respetiva qualidade. Sem fanatismos partidários ou clubísticos, o panorama é realmente desolador. Lembrando-nos dos históricos da Democracia, nos finais de setenta - Freitas do Amaral, Sá Carneiro, Gonçalo Ribeiro Teles, Mário Soares, Álvaro Cunhal, o General Ramalho Eanes como Presidente da República e comparando com o panorama atual….
Mas… não falta por onde escolher. Quase uma vintena de candidaturas!
Mas votar num distrito em que se elegem apenas dois deputados tem os seus constrangimentos. São de menos?! São de mais?! Depende. Nomeadamente do trabalho que façam e do que pugnem pelo distrito.
Naquele em que me insiro – Portalegre – faltam obras estruturantes, que tardam há mais de trinta anos: o IP2, que está estrangulado em vários locais. Que conheça, desde logo a ligação à A23. Tanto se fala em pontes no Tejo, lá para as Lisboas… Os “cruzamentos” entre Alagoa e Flor da Rosa, o de Lourenço de Mamporcão; a travessia dos Fortios, a entrada em Portalegre – desnecessária; o viaduto sobre a Linha do Leste, na estação de Portalegre. E a travessia de Estremoz, em que o traçado deveria estar desviado da cidade, desde que este itinerário principal foi iniciado.
Estes alguns constrangimentos que conheço.
A Linha do Leste, devidamente estruturada, eletrificada, constituí-la como estruturante para o transporte de mercadorias de Espanha para Portugal e vice-versa. Tanto se fala em TGVs!
Obras que faltam e que estes dois deputados que têm andado pela Assembleia se têm esquecido! Deputados a menos?! Não sei! Sei que Lisboa e Porto têm demais!
Votar? Não votar?! Votar. Sim! E tanto assim que até já votámos antecipadamente!
Refletidamente!
Pois… Caro/a Leitor/a, faça favor de votar, segundo as suas convicções. Candidatos não faltam!
“Caro Carita, caso queira, terei muito gosto de ver este artigo incluído no seu excelente magazine.
Abraços,
Rolando e Maria Olívia.
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OS NOSSOS POETAS
JOSÉ DURO
Com a morte na alma
Parece que existem certos seres humanos marcados desde o princípio da sua vida para penarem até ao fim e morrerem jovens. É o caso do poeta de que hoje nos ocupamos. José António Duro, nascido em Portalegre a 22 de Outubro de 1875, abandonado à nascença, foi registado como filho de pais incógnitos. Seria a sua querida avó, quem mais recordaria em termos afectivos, na sua curta vida. «Ó minha avozinha, Lua de Janeiro / Branca de cuidados / Olha o teu netinho - face de coveiro / E olhos encovados…»
Na sua infância brincou e frequentou a escola primária na cidade natal. Mais tarde, o liceu. Não se tendo dado bem com a matemática, José Duro escolheu a Escola Politécnica e os seus estudos levaram-no à cidade do Porto e também a Lisboa, onde igualmente não se deu bem, tendo regressado a Portalegre.
Em Lisboa, o convívio com os jovens dados às letras, às tertúlias e às farras, fizeram-no sonhar e escrever os primeiros textos e colaborar em jornais. Numa revista lisboeta sai o soneto A Morte, tema fantasma que o perseguiria sempre. «Ó morte, vai buscar a raiva abençoada com que matas o mal e geras novos seres…»
A colaboração em jornais, mais em prosa do que em poesia, repartiu-se pelos periódicos Diário de Elvas, Campeão de Portalegre, Comércio do Alentejo, o Distrito de Portalegre, A Plebe e Branco e Negro. Textos inéditos seriam posteriormente publicados na imprensa da época.
A tristeza e a intuição de uma morte anunciada e iminente sempre o perseguiram e ocuparam a maioria da sua poesia, como Dor Suprema, O Coveiro e Doente. Em 1896 é publicado em Portalegre, o folheto Flores, e, dois anos mais tarde, o livro Fel, numa altura em que já se sabia tuberculoso e sem esperança. Pouca produção numa vida breve e que mais não permitiu. Por esse motivo repleto de desespero, revolta e melancolia sem fim. «Bendita sejas tu, ó morte, inexorável / Pelo mundo a chorar, desde que o mundo existe» e ainda «Que eu vivo ao abandono e sou miserável / Aos tombos pela vida, em busca de mim mesmo…»
Admiradores da sua poesia, entre muitos, foram Irene Lisboa, Augusto de Castro e José Régio, que sobre ele escreveu: «Se há poeta que não baste admirar, mas que é preciso amar, esse é José Duro.»
Qual o jovem na flor da vida que não se revoltará de ver a vida a fugir-lhe, com as asas cortadas antes de conseguir voar e numa alma sensível, ensombrada e amordaçada? Daí a mágoa, assim expressa em Doente:
«Quando o meu corpo, já sem vida, inerme,
Lançado for à podridão do verme.
- Se ele é verme também, e o verme é pó
Porque de todo o meu olhar eu cerre,
Pede, pede ao coveiro que me enterre
Na terra mais humilde, ó minha avó!
Escrevo e choro; dói-me a alma; tenho febre
Não sei quantos graus - calor insuportável;
- Moderno Lázaro – ó que vida miserável
Eu vivo aqui. Doente e só, no meu casebre…»
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José Duro, poeta decadentista, a quem a vida mais não concedeu do que 24 anos de idade, faleceria em 1899, da tuberculose de que sofria e lhe minava o corpo e a alma. Deixou-nos as suas palavras de um desespero sem fim, melancólicas, trágicas, mas belas, como aqueles sonhos bonitos que se deixam apenas deslumbrar, mas que se sabem fatalmente perdidos.
Propus-me escrever pouco sobre política. Principalmente porque a temática vem descarrilando, predominantemente, para politiquices.
Mas a campanha eleitoral para as legislativas antecipadas aí está. Em força!
Não concordo com eleições antecipadas! As legislaturas são para serem cumpridas.
Mas, entre ações, não sei se de campanha, se de pré-campanha, se de “restos de campanha”, Sua Excelência, o Sr. Primeiro-Ministro demissionário, tem-se desdobrado em múltiplas intervenções - ações, pelo nosso querido Portugal. A promover, a prometer sobre projetos a concretizar, a realizar.
Alguns já têm dezenas de anos. Já passaram por múltiplos e diversos governos. Ainda do tempo da “Velha Senhora”. No caso vertente, do “Velho”!
Refiro-me ao projeto da “Barragem do Pisão”, que vem dos idos de cinquenta! Do século XX!
No sábado passado, Sua Excelência esteve no Crato, a reforçar o assunto. Era para ter ido ao Pisão, in loco, mas devido “às condições atmosféricas”, optou pela sede do Município! Adiante…
Por mim e quanto ao Pisão, não sei se sim, se não!
(E que dizer, quanto a Sua Excelência ter comparado a futura Barragem do Pisão com a do Alqueva?!)
Fotos?!
Já da Barragem do Pisão?! Não!
São da Barragem do Maranhão!
E que tem a ver a atual Barragem do Maranhão com a futura do Pisão?!
Em ambas as barragens, o mote é a Ribeira de Seda, que nasce perto do Assumar. A do Pisão ficará a montante da do Maranhão. Com uma bacia hidrográfica bastante menor.
As fotos que apresento foram tiradas no dia 10/01/24, junto à Ermida da Senhora de Entre Águas, onde a Ribeira de Serrazola se junta à Ribeira de Seda.
Esta barragem tem uma grande capacidade de armazenamento, conforme as fotos documentam. Mas também tem imenso consumo. Em anos de seca agrava-se a falta de água.
Pode comprovar, SFF, aqui, aqui, aqui. Fotos e textos que publiquei.
O que dizer de tudo isto?!
Que nos valha a Senhora de Entre Águas, cuja foto da Ermida apresento:
Local de ocupação – sacralização(?), de séculos…
O que dirá esta placa romana?!
Se puder e quiser, um dia, visite esta barragem e, especificamente, este local.
E uma (?) Oliveira se não milenar, pelo menos centenária!
Para contrapor aos milhares, não sei se milhões, de oliveiras “intensivas”, plantadas em redor destaBarragem do Maranhão!
O funcionamento dos blogues tem estado muito intermitente!
Mas, isso, o Caro/a Leitor/a tem observado.
O 1º pôr-do-sol fotografado este ano.
Onde?!
Aldeia da Mata!
Quando?
Terá ocorrido cerca das 17h. 30'.
(As fotos são posteriores. Cerca das 17h. 40'.)
A nuvem anterior, com o efeito do sol a esbater-se.
(A 1ª e última foto foram tiradas no Adro da Igreja Matriz. A 2ª e a 3ª, no caminho da Fonte das Pulhas, no limite SE do Vale de Baixo, junto às Catalpas, que intersetam a segunda foto.)
O Gil!
(Consegue perceber-se que lhe falta a pata traseira esquerda.)
Mesmo assim, e apesar de tudo, Caro/a Leitor/a, quero desejar-lhe um Santo e Feliz Natal!
Ilustro com algumas imagens icónicas da minha Aldeia.
Que bem poderia ser uma “Aldeia Natal”.
E, para mim, é mesmo a minha Aldeia Natal!
Festas Felizes!
(O Gatinho Dú-Du também se quer associar às festividades. É sobrinho do Gil, irmão de Marinete e filho de Dona Mi-Dú. Levá-los-ei, um destes dias, ao "Apeadeiro da Mata", que há muito não escrevo sobre eles.)
(As fotos são de 15 de Dezembro, excepto a do gatinho, que é de 13. São todas de minha autoria. Valem o que valem.)