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Aquém Tejo

Há quem do Tejo só veja o além porque é distância. Mas quem de Além Tejo almeja um sabor, uma fragrância, estando aquém ou além verseja, do Alentejo a substância.

Há quem do Tejo só veja o além porque é distância. Mas quem de Além Tejo almeja um sabor, uma fragrância, estando aquém ou além verseja, do Alentejo a substância.

CURIOSIDADES sobre as Paróquias

Algumas CURIOSIDADES sobre as Paróquias

 

Nestas “Memórias”, para além do que já foi referido, há ainda mais alguns aspetos que gostaria de realçar. Ficando ainda muita informação, mas que convido a quem tiver interesse que pesquise nos “sites” já referidos e que assinalo no final, especialmente no da Universidade de Évora.

 

Todas as povoações tinham Pároco e algumas coadjutor(es) e outras pessoas adstritas ao trabalho religioso da Paróquia.

Todos eram remunerados, recebendo “ordenado / côngrua / renda”, na forma de géneros e dinheiro.

O nível de respostas é muito variado. Alguns párocos são bastante prolixos, desenvolvendo e pormenorizando nas respostas, incluindo até assuntos sobre outras paróquias, enquanto outros são bastante sintéticos.

Todos referem o orago, bem como os altares e santos das respetivas igrejas e ermidas existentes.

Todas as paróquias pertenciam ao “Priorado do Crato”.

Não tinham correio próprio, serviam-se do do Crato. Gáfete servia-se do de Portalegre.

Entre outros aspetos, referem-se também à situação das povoações, a distância às principais localidades e a Lisboa, em léguas.

 

Entre as paróquias ainda figurava a de “Monte Chamisso”, que ainda era habitada nesta data. (Despovoar-se-ia cerca de um século depois.)

Também existia a “freguezia de Nossa Senhora dos Martires” como paróquia independente e que englobava três lugares: “Monte de Ordem, Monte da Velha, e Monte Pizam”.

100px-CRT-montepedra.png in wikipédia

O pároco de Monte da Pedra desenvolveu bastante sobre a sua localidade, explicando, entre vários outros aspetos, a origem do respetivo nome (topónimo), que se deve à notabilidade de duas pedras que estão no limite da terra: o “ Penedo Gordo” e a “Lagem de Santo Estevão”.

O pároco do Crato menciona que Monte da Pedra era povoação no Lugar do Sourinho, tendo os moradores mudado para o local atual, mas que em 1634 ainda a Igreja estava nesse Lugar.

Flor_Rosa_brasao_.gif - in wikipédia.

 A aldeia de Nossa Senhora de Flor da Roza tinha três feiras francas de direitos reais, que duravam um dia: na primeira 6ª feira de Março, a 15 de Agosto e a 8 de Setembro. Estas eram as três feiras existentes no espaço do atual concelho.

Fora recentemente elevada à categoria de Paróquia, em 21 de Setembro de 1749.

Fazia-se muita e singular louça de barro. Havia também um pinhal grandioso.

vale do peso.jpg. - in wikipédia.

Sobre a “Aldea do Val do Pezo” também são disponibilizadas pormenorizadas informações.

Refere-se a origem do nome da povoação. A antigamente cidade do Pezo, tomou o seu nome de uma formosa e bem parecida pedra, existente perto da aldeia, junto da qual se supunha existirem tesouros da antiga cidade.

Também a leste da aldeia existia uma pequena povoação, chamada Pedo Rodo, à data já em ruínas, mas de que existiam ainda nos livros da igreja, assentos de casamentos e batizados datados de cem anos antes, século XVII.

Em Fevereiro, havia duas romarias: a dois, a da Senhora da Luz e a doze, a de Santa Eulália.

100px-CRT-gafete.png - in wikipédia. -

A villa nova de São João de Gáfete, embora integrada no Priorado do Crato, tinha termo próprio, não pertencendo, à data, ao do Crato. Tinha Hospital e Casa de Misericórdia.

crato.gif

Na Villa do Crato houve um grande incêndio, a 29 de Junho de 1662, em que arderam todos os cartórios e papéis oficiais. Este incêndio ocorreu na sequência do ataque dos espanhóis, capitaneados por D. João de Áustria, na frente de um exército de 5000 infantes e 6000 cavaleiros. Este ataque integra-se na designada “Guerra da Restauração” (1640 - 1668), após Portugal ter recuperado a “Independência” em 1 de Dezembro de 1640.

Neste ataque a que a guarnição da praça resistiu durante cinco horas, apesar de em piores condições que o atacante, acabando a vila por ser invadida e sujeita à vontade do vencedor. Pelas cinco horas da tarde, entraram os vencedores e puseram fogo em muitas casas de cada rua, destruindo 282 moradas de casas na vila e 30 no castelo. Destruíram a torre, edifícios, fortificações, a igreja de S. João, arrasando completamente o castelo.

 

Estes são alguns aspetos que podem ser realçados da análise sobre o tema abordado “As Memórias Paroquiais de 1758”.

Muito ainda fica por abordar.

Formulo um convite à pesquisa sobre esta temática.

E, quem consultar o blog, a leitura de "posts" anteriores que enquadram todo o tema.

 

Notas Finais:

 Neste trabalho para o “post” resolvi documentá-lo com os “brasões de armas” das freguesias recentes, antes da última alteração de 2013, porque sendo embora brasões atuais, na imagiologia apresentada e simbologia imanente “vão beber informação às fontes” do passado.

 Uma versão deste trabalho global sobre as "Memórias Paroquiais de 1758" foi publicada no Jornal “A Mensagem”, em 2014.

Com este "post", concluo, em princípio, o trabalho sobre este tema e que me propusera divulgar na net.

 

Webgrafia

Algumas das Fontes pesquisadas:

Na elaboração deste trabalho também foram feitas pesquisas em documentação bibliográfica. Alguns livros também estão disponíveis online, nomeadamente:

- “Memórias Paroquiais de Campanhã”, versão online.

- Sinopse das “Memórias Paroquiais do Alandroal”, de Isabel Alves Moreira.

- (…)

 

Outra Bibliografia:

CARDOSO, P. LUIZ; DICCIONARIO GEOGRAFICO … ; Regia Officina SYLVIANA e da Academia Real, Lisboa, 1747.

 FLORES, Alexandre M.; Vila e Termo de Almada nas Memórias Paroquiais de 1758, Separata da Revista Anais de Almada, Nº 5 – 6; Almada, 2009; Edição de Autor.

 

(Imagens de brasões das freguesias, in wikipédia.)

 

 

 

 

Aspetos Genéricos e Comparativos das várias Paróquias

 

Dados Demográficos

1758

Breve Introdução

 - Há que ter em conta que as contagens eram feitas numa perspetiva diferente da que usamos atualmente, nomeadamente religiosa, em função da obrigação das pessoas face ao cumprimento dos vários sacramentos.

 - Não há também uma uniformização nas designações dos conceitos em análise, nem nas quantidades apresentadas.

 - Apresentam-se os valores em numeração árabe, para uma melhor compreensão.

 

 *******

 

“Aldea da Mata”: 300  "pessoas de sacramento" e 80 “menores”.

 

“Aldea do Val do Pezo”: 120 vizinhos, num total de 380 pessoas.

 

“Monte Chamisso”: 25 vizinhos, num total de 81 pessoas.

 

“Monte da Pedra”: 68 vizinhos, num total de 255 pessoas.

A freguesia toda tinha 91 vizinhos, num total de 323 pessoas.

À paróquia/freguesia de Monte da Pedra pertenciam, à data, mais três aldeias, a saber:

Monte do Sume” - 17 vizinhos, 44 pessoas;

“Cazal de Folgão Palha” – 2 vizinhos, 10 pessoas;

 “Monte de Franquino” – 4 vizinhos, 15 pessoas.

 

“Nossa Senhora de Flor da Roza”: 140 fogos, 400 “pessoas de confissão e comunhão", 40 “ só de confissão" e 100 “inocentes, não obrigados aos preceitos".

 

“ Nossa Senhora dos Martires”: 90 vizinhos, num total de 350 pessoas.

 

“Villa do Crato”: 414 vizinhos, que englobavam 1128 pessoas.

 

(“villa nova de São João de Gafete”: 205 vizinhos, num total de 512 “pessoas maiores” e 94 “menores”.

À data, Gáfete não pertencia ao “termo” da vila do Crato, embora anteriormente tivesse pertencido.)

 

À data e de acordo com as informações do “Pároco da villa do Crato”, o termo para além da própria vila, compreendia as seguintes aldeias, com os respetivos dados demográficos, nem sempre exatamente coincidentes com os explicitados pelos respetivos párocos de cada Paróquia:

“Aldea da Matta”, com 124 vizinhos, 386 pessoas;

“Monte da Pedra”, com 91 vizinhos, 318 pessoas;

“Chamisso”, com 25 vizinhos, 81 pessoas;

“Val do Pezo”, 101 vizinhos, 380 pessoas;

Senhora dos Martires”, 90 fogos, 350 pessoas;

“nossa Senhora de Flor da Roza”, 135 fogos, 550 pessoas.

 

*******

 

 Dados populacionais das Freguesias, 2011, segundo informação recolhida in wikipédia, comparativamente com a População das Paróquias estimada em 1758.

Freguesias

População

2011

População das Paróquias estimada em 1758

Aldeia da Mata

374

380**/386*

Crato e Mártires

1674

----

Crato = 1128*

“Senhora dos Martires”

Mártires = 350**/350*

Flor da Rosa

263

540**/550*

Gáfete

856

606**

Monte da Pedra

280

323**/318*

Vale do Peso

261

380**/380*

“Chamisso

------

81**/81*

TOTAL

3708

3788**/3799*

 

* - segundo informação prestada por “Pároco da villa do Crato” .

** - segundo informação prestada pelo Pároco da respetiva Paróquia.

 

- Nem sempre se verifica concordância, mas não nos podemos esquecer das condições da época, meados do século XVIII e das “dificuldades de comunicação” a todos os níveis.

De qualquer modo, temos que reconhecer que foi um trabalho notável, à data, dado que apesar de todas as dificuldades ele foi realizado à escala nacional! Paróquia a paróquia!

 

- Note-se que, atualmente, das Povoações existentes, apenas Gáfete e Crato e Mártires têm mais população que em 1758!

E, na totalidade, o concelho tem ligeiramente menos população que na data referida – 1758.

Menos 80 a 90 pessoas.

 

 Nota Final:

Esta pesquisa foi realizada a partir dos dados facultados pela Universidade de Évora no site específico sobre as "Memórias Paroquiais".

Memórias Paroquiais de 1758

portugal1758.di.uevora.pt/
 
 

 

 

 

 

 

 

 

Muito Obrigado!

Anteontem, dia 17 de Fevereiro, plagiaram-me o "post": 

http://aquem-tejo.blogs.sapo.pt/borgen-21629

BORGEN clip_image002.jpg

 

Ontem, dia 18 de Fevereiro, a equipa dos blogs SAPO, destacou-me o "post":

 http://aquem-tejo.blogs.sapo.pt/syriza-e-icaro-20653

 

View_of_the_Acropolis_Athens_(pixinn.net).jpg

 

Muito Obrigado!

Ainda que, dado o conteúdo, a temática, a forma e os objetivos por que escrevo, não sejam sempre enquadráveis em "destaques", ou talvez não, não sei, todavia é sempre gratificante reconhecer o interesse dos Outros. Por isso é sempre agradável receber um destaque. De novo, obrigado!

 

Quanto ao plágio, acaba por ser uma manifestação de interesse, ainda que concretizada de forma errada.

 

Então... Até ao próximo "post", em que vou prosseguir com o tema que iniciei dia 16.

http://aquem-tejo.blogs.sapo.pt/memorias-paroquiais-24934

 

 

 

PLÁGIO: BORGEN! BORGEN?

Borgen in www.rtp.pt.jpg

BORGEN

Ontem, dia 17 de Fevereiro deparei-me nos blogs com uma situação, para mim, no mínimo, inesperada.

 

Tenho um blog relativamente recente. Apenas funciona há quatro meses. Um bebezinho, portanto. 

 

Pois qual não é a minha surpresa, quando vejo nos destaques, um post com o mesmo título de um que eu publicara em 31 de Janeiro: “BORGEN” http://aquem-tejo.blogs.sapo.pt/borgen-21629

 

Fiquei entusiasmado.

"Excelente", pensei, "Alguém que gosta da mesma série que eu."

Abri e comecei a ler.

Senti um verdadeiro arrepio na espinha. Parecia-me que estava a ler excertos do que eu escrevera duas semanas antes!? Seria possível?!

"Será o meu post, que só agora foi destacado?! Ou de alguém que destaca um trabalho meu, citando?!" Pensei…

Pois nem uma coisa nem outra!

Todavia, eu estava a ler partes do meu trabalho, pois este post é objetivamente um excerto do que eu escrevi duas semanas antes, como pode ser comparado nos textos que se seguem.

 

Reclamei na gestão dos destaques, tendo sido prontamente respondido.

Ontem também comentei no blog onde se encontra o texto plagiado. Esse comentário esteve algum tempo exposto, mas foi retirado… Entretanto, hoje, fiz novo comentário que já não foi exposto imediatamente, pois o autor do blog resolveu, repentinamente, moderar os comentários...

Como a pessoa que “plagiou” agradeceu o destaque, também resolvi agradecer, pois, na verdade, o texto original é meu! De facto, são as minhas ideias sobre a série que estão a ser destacadas.

 

Se fiquei aborrecido?!

Realmente fiquei, mas por a pessoa não ter citado a fonte.

Porque na net, já sabemos que os trabalhos que divulgamos estão à disposição da comunidade de internautas. Como costumo dizer, ‘quando se acende uma luz’…

Porém há regras mínimas a respeitar. Deontologia…

 “A César o que é de César…”

Tudo o que escrevo é original, muito é inédito, este texto, por ex. e quando "retiro" de outros, faço citação! É uma regra deontológica.

 

Quanto à outra pessoa ter “usado” palavras minhas pode ser considerado elogioso, pois, no mínimo, está a valorizar o que escrevi e a minha maneira de pensar.

Se fez mal?! Claro que fez. Mas quem não erra?! Todos erramos, todos fazemos asneiras. O importante, nessas situações, é assumir o erro, a falta e pedir desculpa. “Fair-play”! Contudo, não foi isso que foi feito, até agora, e que seria o mínimo aceitável.

“Quem nunca pecou que atire a primeira pedra!”

 

Apresento agora os dois textos para que sejam feitas as comparações, encontrando-se a negrito as expressões copiadas.

 

Em primeiro lugar o post que escrevi (http://aquem-tejo.blogs.sapo.pt/borgen-21629).

Por ironia, o título do post que escrevi é:

 

"LIBERDADE: Liberdade de Expressão, Liberdade de Comunicação…

 

Atualmente na televisão pública passam alguns programas de referência, que são imperdíveis.

No Canal 2, pelas 22h, em dias de semana, passa uma série excepcional: BORGEN, um drama político, cujo ação decorre na Dinamarca, em que pela primeira vez uma mulher é primeira – ministra. Com desempenhos notáveis de vários atores e atrizes, retrata os meandros do Poder Político (Executivo, Legislativo e Judicial), com especial destaque ao Executivo e do 4º Poder (Comunicação Social) e o seu poderio num Regime Democrático e Ocidental.

Num contexto nacional, Dinamarca, mas integrado e integrante dum enquadramento e funcionamento à escala mundial/global.

Em contraponto e correlação, sempre, a vida pessoal das personagens e como, numa Democracia, estas situações se interligam e passam a domínio público, através da Comunicação Social.

Este breve esboço é reducionista das temáticas abordadas na série, que são múltiplas e variadas.

A questão da Liberdade, da Liberdade de Expressão; o papel da Mulher na sociedade e na política, particularmente em cargos de chefia; os interesses económicos condicionantes dos restantes poderes; o papel da Europa e de um pequeno país nas políticas mundiais, a importância do diálogo entre os vários agentes de decisão, … A defesa dos valores fundamentais do Ocidente, dimanados dos ideais da Revolução Francesa… Dos Direitos Humanos.

A difícil conciliação entre esfera pública e privada, de todos os intervenientes no exercício de funções e cargos em qualquer um dos quatro poderes…

Surpreende até a interligação entre o que se apresenta ficcionado e a realidade que vivemos.

O episódio da passada 5ª feira, 29 de Janeiro, foi paradigmático. Pela forma como a questão da Liberdade de Expressão foi apresentada e pelo apelo à lucidez e inteligência do espetador questionando-o sempre, quer direta quer indiretamente.

É impossível ficar-se indiferente aos temas e à forma como nos são apresentados em qualquer um dos episódios.

Convida sempre à reflexão, ao espírito crítico de quem vê! Um verdadeiro serviço prestado pela Televisão aos espetadores e à sua inteligência!

Só mesmo acompanhando!

É imperdível e até passa a uma excelente hora: 22h."

 *******

Agora o texto apresentado no blog Narrativa Diária e que pode ser encontrado aqui http://narrativadiaria.blogs.sapo.pt/borgen-255371

 

"No Canal 2, pelas 22h, de 2ª à 6ª, passou uma excelente série : BORGEN, um drama político, cuja ação decorre na Dinamarca, em que pela primeira vez uma mulher é primeira – ministra.

A série abordava situações próximas das nossas a vários níveis como o papel da mulher na sociedade e na política, particularmente em cargos de chefia; os meandros do poder político, com especial destaque ao poder executivo e ao quarto Poder (Comunicação Social);os interesses económicos condicionantes dos restantes poderes; o papel da Europa e de um pequeno país nas políticas mundiais, a importância do diálogo entre os vários agentes de decisão.

Com desempenhos notáveis de vários atores e atrizes, esta foi uma ótima oportunidade de fugirmos um pouco às séries americanas que já vão cansando...Pena ter terminado!"

 *******

“Pena” é não ter citado! Concluo eu.

"Pena" é serem destacadas cópias, quando os originais passam despercebidos!!!.

De qualquer modo, obrigado, porque se retirou excertos do meu trabalho, embora não citando é porque o considera válido!

Contudo, não posso deixar de frisar: “A César o que é de César…”

Francisco Carita Mata 18/02/2015

 

(Nota: foto in wikipédia.)

QUESTÕES suscitadas pela análise das respostas ao inquérito sobre a Paróquia de Aldeia da Mata

 

QUESTÕES suscitadas pela análise das respostas ao inquérito sobre a Paróquia de Aldeia da Mata

 

A leitura destes textos suscita-nos muitas questões. Aparentemente tão simples são de extraordinária riqueza informativa e formativa. Muitas diferenças com a realidade atual, mas persiste um fio condutor que nos liga ainda a esse passado…

 

Um dos aspetos que se mantem bastante comum com a atualidade é a Igreja Matriz. Mas mesmo aí há diferenças. À data referida, o designado altar de São João ainda não existia. Aí haveria uma porta lateral…O altar terá sido implantado mais tarde…

 

Mais algumas situações que me surpreendem, a saber: a informação disponibilizada, comparativamente com a que nos é facultada por outros Párocos do “termo da vila do Crato” revela-se limitada, parece haver lacunas na informação prestada.

 

Por ex. pouco se informa sobre a Ribeira, enquanto outros párocos sobre ela falam: a Ribeira de “Cojancas”.Também referida como daVargem”.

(Apenas se refere o que foi transcrito no “post” anterior, no respeitante ao rio.)

É de supor que os moinhos referidos sejam o das Caldeiras e o do Salgueirinho. 

 

Contrariamente ao que é explicitamente pedido sobre pontes, não é referida a ponte da Ribeira do Salto.

 

Em contrapartida, o Pároco de “Flor da Roza” descreve bastante sobre a “ribeirinha chamada Margulhão” que nasce junto a Alagoa e se junta com a “ribeirinha chamada do Val do Pezo” na ponte de “cojancas” e que daí para baixo se mantem com esse nome. Que vai morrer na ribeira de Seda, por baixo do sítio do monte Redondo. E que tinha duas pontes, uma, de pau, a caminho do “Chamisso” e outra de pedra, no sítio de “Cojanquas”. “… que tem quatro léguas desde o nascimento até o sitio aonde entra na ribeira de Seda, e tão somente passa junto a esta povoação, e á de Aldea da Matta, distante desta uma légua.”

Referências do pároco de “Val do Pezo”, sobre as supracitadas ribeiras:

“juntam-se estas duas ribeiras meia légua distante desta aldeia, na
estrada, que vem da Vila do Crato para a de Abrantes, aonde já chamam a ribeira de Cujancas, e aí tem uma bem feita ponte de pedra, a que chamam  a ponte de Cujancas; e em pouca distancia perde o nome, porque chegando ao limite de Aldeia da Mata já tem o nome de ribeira da Vargem.”

 

Ainda no respeitante a Aldeia da Mata, não se fala nada sobre a “Anta”, que é visivelmente «qualquer coisa notável».

Nem há qualquer referência à “Lage do Ouro”. Será que a tradição oral não consagraria nada sobre este assunto?! À data, não haveriam evidências visíveis da ocupação romana?

Questões de religiosidade que condicionariam a menção destes temas, dada a sua conotação não cristã, associada ao paganismo e/ou islamismo?!

 

Também surpreende não haver qualquer referência à construção ou reconstrução da Igreja, dado ser o inquérito de 1758 e a Igreja ter na sua frontaria a data de 1757. Seria plausível haver no inquérito alguma menção ao assunto.

 

Igualmente ao referir as ermidas não são mencionados os dois cruzeiros aí existentes que são datados do século XVII (1672 e 1673).

 

Considerando a população referida (380 pessoas), a povoação teria pouco mais de 100 fogos, o que de algum modo se confirma pelas informações prestadas pelo pároco do Crato “… Aldea da Matta que tem cento e vinte e quatro vizinhos, e trezentas, e oitenta, e seis pessoas …” Relacionando com a referência à localização das ermidas e com os dados dos fogos/habitações existentes pode-se inferir que, na época, o espaço físico da “Aldea” ocuparia sensivelmente as atuais ruas Larga, S. Pedro, Travessinha, Ladeira, Largo do Terreiro, Rua de S. Martinho e iria até ao vulgarmente designado “Alto do Castelo” e “Baixa”. Talvez um pouco mais adiante na direção da Ermida de Stº António, que juntamente com a de São Pedro definiriam os limites do “espaço sacralizado” da povoação. (Este espaço físico conta com cerca de 120/130 habitações, que nas décadas de sessenta/setenta do séc. XX, muitas manteriam ainda a estrutura dessa época. Hoje ainda restam algumas dessas habitações nalgumas destas ruas, apesar das muitas modificações que houve nas casas, a estrutura das ruas mantém-se.)

Rua do Norte  - Fundão 1.jpg. Foto de F.M.C.L. 1984/85?

É ainda o pároco da vila do Crato que menciona a existência de nove ermidas na sua paróquia, entre as quais destaca a de “Sam Miguel”.

“… com distancia de meia légua para a parte do poente está a Ermida de Sam Miguel: no altar maior se venera o Santo Archanjo e uma Imagem da Senhora com o titulo dos Remédios, estão anexas a esta Igreja algumas fazendas, e tem o Administrador de mandar dizer nesta Igreja missa aos Domingos e dias santos …”  (…)

“Na Ermida de Sam Miguel é procurada com muita frequência a Imagem da Senhora dos Remédios, não só das pessoas da vila e aldeias, mas de partes distantes com mais especialidade nos sábados da quaresma costuma a maior parte dos votos ir descalços ou todo o caminho, ou parte dele segundo suas capacidades, sendo o caminho áspero por ser de areias grossas; dia de Sam Miguel é o maior concurso das terras vizinhas.” (…)

 

De paróquias de outros concelhos também há referências a “Aldea da Matta”. Os párocos das “villas” de “Chancellaria” e de Seda, de nome antigo “Arminho”, também se referem a Aldeia, mencionando o seu avistamento das respetivas localidades e a distância a que se situam.

 

O pároco da “villa” de Seda também descreve bastante sobre a Ribeira de Seda, que, segundo refere, citando o “Doutor Antonio Gonsalves de Novaes”, se chamara “Arminho”, por ter o seu princípio na Serra da Aramenha, perto de Portalegre. Outros párocos igualmente falam desta Ribeira, desde o do Crato até ao de Avis.

Diz ainda o mencionado pároco sobre a citada Ribeira: “… por cima desta Villa em distância de meia légua entra nela outra chamada Cujancas pela parte do Norte, e logo mais abaixo outra da mesma parte mais pequena que se chama Alfeijolos; …”

 

Na questão sobre os “frutos da terra” apenas se menciona centeio, algum trigo e milho.

Não há referência nem ao azeite nem a gados, por ex.!

De facto, também não há qualquer menção a lagares de azeite… Muitas dúvidas e interrogações subsistem!…

Contudo, dada a ancestralidade de muitas oliveiras existentes, vários olivais centenários e algumas oliveiras que seguramente rondarão a escala milenar, não haveria produção de azeite na paróquia, nessa época?!

E vinho?!

Também não se menciona nada relacionado com os montados…

Sendo apenas a produção agrícola constituída pelos cereais mencionados, seria um povoado relativamente pobre.

Há certamente lacunas informativas.

Foto1581.jpg. Foto de D.AP.L. 2014

Foto1394.jpg. Foto de D.A.P.L. 2014Foto1405.jpg. Foto de D.A.P.L. 2014

Curiosamente, no “Dicionário Geográfico” de 1747, documento anterior ao que estamos a analisar, aprofundam mais esta questão, referindo como “frutos da terra”, para além dos citados, também vinho, gado miúdo e grosso, lã e, pasme-se: seda. Neste documento também referem a existência de uma “fonte dos Gaviões”. E que não falta caça miúda e também lobos e raposas.

 

 

Nota: uma versão deste texto foi publicada no Jornal "A Mensagem", em 2014.

 

 

Sobre Aldea da Mata

100px-CRT-aldeiamata.png. - in wikipédia.Imagem,:in Wikipédia.

 

Memórias Paroquiais de 1758

 

Seguidamente se apresentam as principais informações disponibilizadas sobre a Paróquia de “Aldea da Mata”, com base nas fontes referenciadas no “post” anterior e com as respostas dadas pelo Pároco: ”O Reytor Cura Jozeph Martins”, respondendo às perguntas formuladas no Inquérito.

      Nesta divulgação optei pela utilização da ortografia atual, contrariamente ao que apresentara na versão publicada no Jornal “A Mensagem”, em 2014, de modo a tornar a informação mais entendível, embora considere que não é difícil compreender o texto com a ortografia da época.

Sublinhei alguns termos a negrito para destacar a informação. (As respostas do Pároco estão entre "aspas".)

Só estão apresentadas as perguntas sobre as quais houve respostas.

 

Sobre “Aldea da Mata”

cópia do original de Mata jpgImagem in: www.publico.pt/.../torre-do-tombo-memorias-paroquiais

 

 

Em observância do que se me ordena”

 

  1.Em que província fica, que bispado, comarca, termo e freguesia pertence?

R: “Aldeia da Mata fica na Província do Alentejo, comarca do Crato no termo da mesma vila, não pertence a outra freguesia.”

 

  1. Se é d'el-rei, ou de donatário, e quem o é ao presente?

R: “É do Sereníssimo Senhor Infante Dom Pedro como Grão Prior deste Priorado do Crato.”

 

  1. Quantos vizinhos tem e o número das pessoas?

R: “Tem trezentas pessoas de sacramento, e oitenta menores.”

 

  1. Se está situada em campina, vale, ou monte, e que povoações se descobrem dela, e quanto dista?

R: “Está situada em campina pequena.”

 

  1. Se a paróquia está fora do lugar, ou dentro dele, e quantos lugares, ou aldeias tem a freguesia, todos pelos seus nomes?

R: “A paróquia está fora da aldeia mas quase próxima a ela.”

 

  1. Qual é o orago, quantos altares tem, e de que santos, quantas naves tem; se tem irmandades, quantas, e de que santos?

R: “São Martinho é o seu orago, tem mais três altares, da Conceição, Rosário, e Almas, e tem somente uma nave.”

 

  1. Se o Pároco é cura, vigário, ou reitor, ou prior, ou abade, e de que apresentação é, e que renda tem?

R: “É reitor cura o qual apresenta o dito Sereníssimo Senhor Infante, tem de ordenado dois moios de trigo, vinte almudes de vinho, e em dinheiro dois mil reis.”

 

  1. Se tem ermidas, e de que santos, e se estão dentro, ou fora do lugar, e a quem pertencem?

R: “Tem duas ermidas, uma de Santo António outra de São Pedro muito pobres ficam quase fora da mesma aldeia e pertencem ao pároco da dita freguesia de São Martinho.”

 

  1. Quais são os frutos da terra que os moradores recolhem em maior abundância?

R: “Recolhe centeio, algum trigo e milho.”

 

  1. Se tem juiz ordinário, etc., câmara, ou se está sujeita ao governo das justiças de outra terra, e qual é esta?

R: “Tem juiz da vintena e é sujeita ao juiz de fora do Crato.”

 

  1. Se tem correio, e em que dias da semana chega e parte; e, se o não tem, de que correio se serve, e quanto dista a terra onde ele chega?

R: “Não tem correio serve-se do do Crato.”

 

  1. Quanto dista da cidade capital do bispado, e quanto de Lisboa, capital do reino? Se tem algum privilégio, antiguidades, ou outras cousas dignas de memória?

R: “Dista uma légua do Crato, e vinte e sete de Lisboa.”

 

  1. Se padeceu alguma ruína no terramoto de 1755, e em quê, e se está reparado?
    R: “Não padeceu ruína alguma.”

 

Na parte do Questionário sobre a “serra”, foi respondido: “Não tem serra grande nem pequena.”

 

Sobre o “rio”: “Não tem rio grande nem pequeno, somente uma ribeira pequena que corre alguns meses no tempo do Inverno e neste mesmo tempo moem dois moinhos de moer pão que estão na mesma ribeira limite da mesma aldeia.”

 

Cascata da Azenha do Ti Luís Belo.jpg

 Foto de F.M.C.L

 

 

 

Memórias Paroquiais

Memórias Paroquiais de 1758

(As freguesias do atual concelho de Crato)

mapa  concelho crato.gif

Em 1758, no reinado de D. José I, três anos após o “Terramoto de 1755”, através de um aviso de 18 de Janeiro do Secretário de Estado dos Negócios do Reino, Sebastião José de Carvalho e Melo, futuro Marquês de Pombal, foram enviados interrogatórios para todos os Párocos do Reino, inquirindo-os sobre as respetivas paróquias e povoações.

Retrato_do_Marquês_de_Pombal.JPG

Nesses inquéritos eram formuladas questões incidindo sobre três temas:

A terra, isto é, a localidade propriamente dita, nomeadamente sobre a sua geografia, dados eclesiásticos e religiosos, demográficos, históricos, económicos, administrativos e jurisdicionais, entre outros. Também se questionava sobre os danos provocados pelo “Terramoto”. Um total de 27 perguntas.

A serra, incluindo 13 questões sobre alguma serra existente na paróquia, seus cursos de água, minas, plantas, caça, povoações, etc.

E os rios, com 20 perguntas sobre a sua designação, volume de águas, navegabilidade, pescarias, cultivos nas margens, eventual ouro de aluvião, pontes, existência de moinhos ou lagares de azeite, etc.

Havia ainda uma pergunta, funcionando como recomendação final: «E qualquer coisa notável que não vá neste interrogatório.»

Após respondidos, deveriam as respetivas respostas ser remetidas à Secretaria de Estado dos Negócios do Reino.

A organização das respostas aos inquéritos coube ao Padre Luís Cardoso (1694 – 1769), que já anteriormente organizara um “Dicionário Geográfico de Portugal”, a partir de inquérito realizado em 1732. As designadas “Memórias Paroquiais” de 1758 só seriam concluídas em 1832.

As perguntas foram iguais para todos os párocos, mas as respostas variaram bastante, em função das características específicas de cada povoação, mas provavelmente também do eclesiástico respondente, conforme se pode verificar nas Memórias das Paróquias do “termo” da “villa” do Crato.

Na “Torre do Tombo” estão depositados 44 volumes manuscritos de “Memórias Paroquiais”, disponíveis online.

A Universidade Nova de Lisboa, em colaboração com o Instituto dos Arquivos Nacionais / Torre do Tombo também disponibiliza informação tratada sobre o assunto.

A Universidade de Évora, através do CIDEHUS – Centro Interdisciplinar de História, Culturas e Sociedades da Universidade de Évora e da FCT – Fundação para a Ciência e Tecnologia, disponibiliza informação digitalizada sobre várias paróquias do Alentejo, nomeadamente do concelho de Crato.

Foi a partir destes dados que foi coligida a informação referente às paróquias do termo da vila do Crato.

Na “net” também estão disponíveis diversos trabalhos específicos sobre o assunto, de múltiplas localidades e concelhos, praticamente de todo o País.

Há também muita bibliografia disponível sobre esta temática, referente aos mais diversos concelhos do País. Diversas Câmaras Municipais e variadas Instituições culturais têm apoiado a publicação, em suporte de livro ou revista, dos documentos respeitantes às respetivas Paróquias, que na sua essência estruturam o cerne das atuais freguesias, apesar das muitas modificações existentes ao longo destes dois séculos e meio, disponibilizando, deste modo, informação sobre o respetivo passado.

Nos textos que iremos apresentado nos “posts” pretende-se fundamentalmente divulgar informação sobre o passado das paróquias do Concelho, que a memória do que foi vivido, ainda que remotamente, estrutura o presente e condiciona o futuro.

Porque, apesar das muitas mudanças e alterações no mundo atual, e precisamente por elas existirem e fazerem parte integrante do nosso padrão de vida, é importante valorizarmos o legado material e imaterial que nos foi deixado e faz parte da nossa identidade e cidadania. Aproveitando, nomeadamente, este moderno recurso, a internet, que tão democrática e enriquecedoramente nos permite, por um lado, o acesso à informação e ao conhecimento e, por outro, nos proporciona a subsequente divulgação.

Que ao ‘Acender-se uma Luz…’! Usufruindo do direito inalienável da “Liberdade de Expressão”.

Poder-se-á dizer que estes textos memoriais têm lacunas e limitações. Certamente terão e estudiosos avalizados sobre o tema enumerá-las-ão…

Têm também virtualidades. Na minha perspetiva, nomeadamente a utilização da metodologia de inquérito, em que questões estruturadas e comuns foram colocadas a todos os Párocos do Reino, permitindo a recolha relativamente simultânea de respostas de diferentes pessoas, de variadas localidades sobre os mesmos problemas, obtendo informações que, com todas as relatividades inerentes, permitem tirar conclusões sobre aspetos comuns a todo o território.

Frisando, como disse, limitações que existem.

Por ex., pode ficar-se a conhecer e comparar os efeitos do “Terramoto”, pelas diferentes regiões do País. Lendo as Memórias Paroquiais de Almada e do Crato notam-se grandes diferenças sobre os efeitos que este fenómeno geológico teve em cada um dos “termos”.

1755_Lisbon_earthquake.jpg

Também se pode analisar comparativa e regionalmente sobre as produções agrícolas dominantes. E também concluir que, genericamente, assentavam à época ainda na trilogia fundamental desde a época romana: cereal, vinho e azeite, para além da criação de gado. Existiam, contudo, especificidades e preponderâncias regionais de uns ou outros produtos.

centeio.jpguva.jpgazeitona.jpg

Notas Finais:

  • Através deste “post”, voltamos à temática histórica.
  • Uma versão deste texto foi publicada no Jornal “A Mensagem”, em 2014.

 

Imagens:

- mapa do concelho do Crato, in “aquém-tejo.blogsapo.pt/ …”

- Sebastião José de Carvalho e Melo (1699 – 1782), Escola Portuguesa, Museu Francisco Tavares Proença Júnior, Castelo Branco, in Wikipédia.

- “Gravura em cobre, mostrando Lisboa em chamas e o tsunami varrendo o porto”, in wikipédia.

- imagens de “centeio, uva e azeitona”, in wikipédia.

 

 

 

 

Sussurra-me ao ouvido...

E, porque hoje é um dia especial...

E, porque há alguns dias que não venho a este blog.

Segue-se um simples poema, inédito, contrariamente ao que é habitual neste blog, em que divulgo poemas já publicados noutros suportes. Prevê-se a sua publicação na próxima Antologia do Círculo Nacional D'Arte e Poesia, a XIII.

 

 

 Conchas.jpg

 

Sussurra-me ao ouvido…

 

Diz-me palavras doces, calmas, serenas

 

Murmúrios de brisas, cânticos de sereia

 

Toca-me de leve tão somente e apenas

 

Teus leves passos musica sobre areia…

 

O BENFICA Ganhou.

sporting benfica.jpg

O Benfica Ganhou?

 

Sim. O Benfica ganhou. No campo do adversário, a uma equipa como o Sporting, no estádio José Alvalade, empatar, e fazê-lo como foi feito e quando foi feito, é ganhar. Ganhou, pelo menos ganhou um ponto!

Parabéns Jardel! Parabéns Benfica!

Infelizmente, também ganhou o F. C. do Porto. Ganhou dois pontos relativamente a cada uma das equipas: Sporting e Benfica.

 

*******

 

Já que me aventurei a fazer esta pequena abordagem sobre futebol, aproveito para deixar uma questão em aberto…

Faz algum sentido o fanatismo relativamente ao futebol?!

Aliás, faz algum sentido o fanatismo relativamente ao que quer que seja?!

Nos mais diferentes campos, nas mais diversas interações sociais, o fanatismo tem levado às maiores loucuras cometidas pelo ser humano.

 

Mas ainda neste campo do futebol, qual o sentido da fanática loucura de alguns adeptos?! Seja qual for a sua equipa, existem em todas as equipas e em todas as sociedades e países e provavelmente na maioria dos desportos… Para que serve?! Hipoteticamente para aliviar frustrações… Talvez! Quando esse “fanatismo” é espontâneo, não quando organizado…

 

Mas analise-se, veja-se só e apenas a composição do plantel de ambas as equipas, estas duas como exemplo, porque são paradigmáticas. Observe-se a nacionalidade de cada jogador. A grande maioria é de cidadãos estrangeiros. Não que esse aspeto, não serem nacionais, per si, tenha algum problema, bem pelo contrário. Vivemos num mundo à escala global e também muitos portugueses jogam e muitos exercem outras profissões no estrangeiro.

 

E o mesmo se passaria se fossem todos nacionais!

Nesta época, estes jogadores estão no Benfica, estão no Sporting…

Onde estiveram em épocas anteriores?! Onde estarão na próxima época?! O que os move?! O que os liga a esta ou outra equipa?! O amor à camisola?! A afiliação ao clube?! A ligação à terra onde está sediado o clube?! A amizade aos colegas da equipa?! A adulação dos adeptos?! O respeito e consideração pelos sócios do clube?! Tantas perguntas que podem ser formuladas. …?   …?  …?

E quantas respostas?!

Toda a gente sabe que praticamente é só uma!

$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$

 

Então!!! Faz algum sentido o fanatismo relativamente ao futebol?!

 

Aliás, faz algum sentido o fanatismo relativamente a alguns desportos?!

 

Melhor dizendo, faz algum sentido o fanatismo?! ?! ?!

 

 

Nota: imagem in - "acores24horas.pt".

POEMA FIGURADO (III)

POEMA FIGURADO (III)

      Perdido de si

 

Há muito quedado estava, ali, naquela ilha.

Náufrago do desejo, da incerteza, do saber, do não saber

                                                             como fazer, do ser.

Aportado, só, se apossara dele a ansiedade, o medo,

                                         a dúvida, o desespero.

Uma palmeira, simples companhia

                                 alimento duma alma dolorida.

 

Em redor, o mar…

A água mãe, a mãe das águas

                    as primeiras águas…

O líquido primeiro, de que fomos e de onde nascemos.

Memória ancestral, primórdio da existência

Repetida por cada ser nascido, renascido…

O rebentar das águas…

O libertar das águas

E a prisão primordial das águas. Sempre!

 

E tamanha a solidão, a angústia.

 

Finalmente, um barco!

Um cargueiro, um barco de guerra…

Pouco importa.

De momento, é um barco

E com ele a salvação.

(Hipotética, apenas.)

 

Perdido, nos caminhos de si

Enorme a barba, de isolamento

Ergue os braços, gesticula, acena, pula

Chama a atenção, grita, pede socorro, ajuda

                                                      a quem passa.

Pouco importa que barco, de carga ou cruzador.

Há que tirá-lo da ilha-prisão em que se encontra.

 

Inocência a sua!

Revelar-se assim aos outros. Descobrir-se.

Dizer-se desesperado, faminto, pedindo ajuda…

Cheio de fome de’amor.

Criancice a dele.

Comportamento infantil.

 

Há que riscar tudo.

 

Tapar, esconder com garatujas, riscos,

                                                a verdade.

Esconder. Revelar. Esconder.

Tapa – Esconde – Revela – Descobre.

 

É um desenho de criança

Não é um desenho para a sua idade.

 

Há que recalcar

         mas descobrir

              deixar antever, tapando,

                        o desespero

                     a angústia

                a solidão

      em que se encontra.

 

Um Homem só, barbudo

              numa ilha

Uma palmeira. O mar em volta

           p’lo mar envolta.

Lá longe… o sol e umas gaivotas.

E quase próximo, um barco

             pouco importa cruzador ou cruzeiro.

Há que pedir-lhe ajuda

Para sair da ilha.

 

Há muito quedado está, ali, naquela ilha!

 

 

 

 

Escrito em 1988.

Publicado em “A Nossa Antologia”-  X Volume – A.P.P. – Associação Portuguesa de Poetas - 2002.

 

 

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