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Aquém Tejo

Há quem do Tejo só veja o além porque é distância. Mas quem de Além Tejo almeja um sabor, uma fragrância, estando aquém ou além verseja, do Alentejo a substância.

Há quem do Tejo só veja o além porque é distância. Mas quem de Além Tejo almeja um sabor, uma fragrância, estando aquém ou além verseja, do Alentejo a substância.

“Uma Aldeia Francesa” - Temporada 5 - Episódio 4

“Un Village Français

(Episódio Global nº 40 – 24/05/2016)

 

RTP 2

 

“La répétition” / “A repetição”

25 de Outubro de 1943

 

Relativamente a este 4º episódio, começo por referir que não o vi na totalidade, nem percebo o significado do título, talvez precisamente pela razão anterior.

 

Também fiquei surpreso pelo facto de, contrariamente ao que me apercebera no final do episódio três, Antoine e o seu grupo de refratários não aderiram à Resistência. Ignoro o porquê, pois pareciam bem encaminhados para tal.

Continuam em grupo, ainda maior, são cerca de vinte, vivem num acampamento bastante improvisado nas montanhas, são liderados por Antoine, coadjuvado por Claude, que continua a tentar empenhá-los através do teatro. Fazem exercício físico, bebem chá pela manhã, não sei o que comem ao almoço, se caçam ou não e tiveram uma visão do paraíso, na pessoa de uma Eva, nadando num lago próximo.

Eva, que não a Braun, mas também acompanhada por um boche, que afinal eram dois e elas também duas, mas francesas, que foram curtir a folga dos rapazes alemães para os ares da montanha, para não estarem sujeitos a olhares indiscretos, pois eles estavam proibidos de contatar com autóctones. Mas sabemos como são estas coisas de amores.

E afinal havia não só vários pares de olhos indiscretos, mas até um binóculo.

E ainda fica muito por contar...

 

E sobre discrição e indiscrição também relatamos que Hortense, por mais discreta que tivesse querido ser, acabou por ser presa pela polícia e levada para a câmara municipal.

E porquê?!

Munida de duas pistolas embrulhadas numa mala, sentada num carro, não sei de quem, se dela própria, trocou as ditas armas por um frasquinho de morfina, a uns traficantes, que, após a transação, lhe pediram para esperar cinco minutos antes de abalar. E ela esperou!

Isto é, deu tempo para que chegasse a polícia, lhe pedisse a documentação, a interrogasse sobre o que ela guardava na mão e a algemasse, com direito a sentar-se numa sala da câmara, que ela conheceria de outros tempos mais afortunados, mas agora estava ali como criminosa.

E o presidente, o novo, mas de ideias velhas, chegou.

E lhe disse que ela caíra numa esparrela trivial de traficantes e polícias, que, no final, dividem o lucro a meias. Graciosamente a libertou, lhe devolveu até o produto, a recomendou ao marido, que o favor que fazia era do atual presidente para a esposa do anterior. Tudo presidencial.

E que, quando quisesse mais daquela encomenda, se lhe dirigisse. Pelos vistos, deduzo que ele será o vértice de tal negócio.

Que nestas coisas de guerras e necessidades, há sempre quem se aproveite da desgraça alheia!

Que também ainda haveria mais que contar... Mas não deixo de referir que, quando ela voltou para junto do seu amante, a trabalhar no respetivo gabinete, o operador de câmara, não a municipal, certamente por ordem da realização, fez o favor de nos mostrar, evidenciando em grande plano, nem mais nem menos que a celebérrima bandeira da suástica!

Para que ficasse bem presente do que e de quem se tratava!

Para que nós, telespetadores não nos esquecêssemos, nem ignorássemos ao que Hortense ia e com quem ia.

Não sei se ela teria plena consciência desse significado!

 

Marie in. toutelatele.com

 

E sempre de discrição se trata, se abordamos a forma ultra discreta como Jules Bériot e Marie Germain se reúnem, para tratarem de assuntos referentes à Resistência, no referente à fação (?) a que pertencem, a designada “França Livre”.

Encontraram-se na igreja. Bériot informou-a que o desejado “descarregamento” de armas saiu gorado, que os para-quedas não caíram no local certo, apesar do espaço devidamente assinalado com luzes.

Calharam-lhes umas quantas bíblias, por demais necessárias para as ações de guerrilha, certamente espiritual e caixas de bolachas. Deu-lhe uma bolachita e a moça não se fez de rogada, achou-a deliciosa.

Insistiu para que ela tentasse arregimentar os refratários, que os almejados apoios do exterior também dependem do número de aderentes.

 

Quanto aos Resistentes enquadrados no lado comunista, não temos sabido nada!

 

Quem também agiu com discrição, foi Lucienne que, ouvindo soluços do quarto de Marguerithe, com ela foi conversar e ambas desabafaram.

Não sabemos se a professora de Música foi totalmente sincera no que revelou, mas Lucienne confiou e, esta, sim, foi sincera e falou-lhe também dos seus amores passados, ignoramos se também futuros.

 

Lucienne e amores in. cultur.club.com

 

E sobre o futuro não sei. Nem vou especular, para não me enganar. Fico apenas por aqui!

“Uma Aldeia Francesa” - Temporada 5 - Episódio 3

“Un Village  Français

(Episódio Global nº 39 – 23/05/2016)

 

RTP 2

 

“Naissance d'un chef” – “Nascimento de um chefe”

25 de Setembro de 1943

 

E este episódio nº3 da 5ª temporada, episódio global nº 39, cuja ocorrência se reporta a 25 de Setembro de 1943, relata-nos precisamente a forma como emerge um chefe a partir, primeiro, do grupo desarmónico de jovens refratários e, no final, depreendemos essa chefia nascente, no próprio grupo de resistentes a que Antoine, convictamente, aderiu.

 

Quanto à estrutura narrativa confirma-se a metodologia já referenciada.

No prólogo, continua-se o final do episódio dois: Marie Germain e Antoine dialogam e articulam sobre a possível adesão de Antoine e eventualmente de outros refratários à Resistência. À “Causa” que os move: a “França Livre”!

 

No decurso do episódio esse é um assunto dominante, em diferentes contextos e envolvendo variadas personagens, e, no final, novamente Marie e Antoine, agora já aderente, analisam a situação. Situação que está um pouco aquém das expetativas de Antoine, que almejava haver mais ação. Marie explica-lhe que os “Movimentos Unidos de Resistência” pretendem criar um exército secreto, mas que não pode ser já. Não têm armas, não têm chefes, precisam de ajuda externa, que tarda, até porque a desejada invasão dos aliados não será ainda este ano. E os inimigos são fortes.

Antoine ter-lhe-á respondido qualquer coisa como: “Encontraremos armas e seremos fortes!”

 

E a temática da Resistência foi dominante na narrativa. As condições de vida dos Resistentes são muito precárias e enfrentam perigos de toda a ordem, em que se realça a perseguição que lhes é movida pelas próprias autoridades francesas, a “polícia de segurança”, encabeçada por Marchetti e os “gendarmes”; para além dos ocupantes alemães, “os boches”, tanto na pessoa dos SS, como do exército alemão.

 

A investigação ao assassinato do guarda alemão, acontecido no ano anterior, continuou. E, por dois mais dois, os colegas de Marchetti já sabem que ele foi o autor, e um deles deu-lhe isso a conhecer, na sua própria casa, na hora de jantar, já ele se preparava para a sobremesa, depois de uma deliciosa sopa de coisa quase nenhuma, que não havia nem azeite, nem toucinho.

 

jantar in. serieviewer.com

 

Contrariamente, em casa do senhor presidente da câmara e da sua querida esposa, houve um lauto jantar de frango do campo, acompanhado de um, provavelmente delicioso, puré de batata. Mas que só e apenas sua excelência o senhor residente terá provado, que terá, pelo menos, lambido os beiços.

Para esse jantar foram convidados, excecionalmente, o SS Heinrich Muller e a sua concubina Hortense, que o presidente quer progredir na carreira política e para isso precisa do apoio alemão.

No decurso do jantar, o senhor presidente lá foi perorando sobre uns projetos mais ou menos estrambólicos que pretenderia concretizar em Villeneuve, sempre no pressuposto que os alemães vencerão a guerra e com eles, os franceses colaboracionistas e fascistas, como ele próprio, Philippe Chassagne. Ao mesmo tempo pretendia meter uma cunha a Muller, para um cargo ou função qualquer a que aspira.

 

Heinrich que, para além de alemão ocupante, boche, nazi, SS, morfinómano, louco, é igualmente inteligente, cada vez mais convicto de que a guerra será perdida pela Alemanha e farto daquele discurso irreal, não esteve com meias medidas. Depois de lhe fazer, ele também, uma prédica consistente sobre a inconsistência do puré, aproximando o rosto presidencial do mesmo, esborracha-lhe o focinho, que é o que Chassagne tem, no dito puré ainda não encetado. Sendo assim, apenas sua excelência presidencial, terá sido o único conviva que teve o prazer de saborear tão deliciosas batatas, adquiridas no mercado negro, e convertidas em puré.

Que o jantar se ficou por ali. E guerra é guerra!

 

Mas não ficaram por aí as bizarrias políticas de Philippe Chassagne.

Noutro provavelmente delicioso jantar, agora com o servil Servier e a sua amantíssima esposa, para além de Jeannine, já se vê, e o próprio Philippe Chassagne, continuou este com a explanação dos seus projetos futuristas, para que Servier interviesse junto dos ocupantes alemães, ele que tão bem sabe ser servil. (?!)

 

E é nisto que se entretêm as autoridades francesas colaboracionistas. Acomodadas na sua situação, aos pés dos ocupantes e servindo-os, servindo-se a si mesmas, renegam a sua condição de homens e franceses livres.

 

Organizassem-se eles para lutar contra o ocupante, e talvez essa ocupação tivesse sido menos aviltante!

 

Paralelamente, grupos de homens e mulheres, destaca-se na série o papel relevante de duas delas, com parcas condições, organizam-se e opõem-se à ocupação, com risco permanente das suas próprias vidas e de próximos e familiares.

 

Outros, mesmo não fazendo parte de nenhuma organização, caso do médico Daniel Larcher, diligenciam tudo o que podem para ajudar os seus semelhantes. Neste episódio, mais um judeu acolheu em casa, para além de Sara, mas esta é um caso diferente.

Trata-se de Ezechiel Cohen, que, entre outras situações observadas em episódios anteriores, foi ele o protagonista da célebre evasão da Escola, agora está ferido de bala, que foi de sua autoria o atentado falhado contra o atual presidente da câmara, ocorrido também na mesmíssima Escola.

Terá sido também ele o autor da encomenda de morte presidencial, que foi endereçada posteriormente, através de um modelo de caixão, em miniatura, muito bem trabalhado e envernizado?!

 

“Viagens na Minha Terra” (Retorno)

“Pulverem Olympicum da praça de Sant’Ana...”

 

Relativamente ao Post nº 366, intitulado “Seres Humanos e Animais ...” com um subtítulo que não vou transcrever literalmente... referi que:

“ Sobre este assunto ainda voltarei e também, e novamente, e ainda, com um excerto do Clássico Almeida Garrett, sobre que ando há muito para trazer outra vez ao blogue. Os Mestres são assim! Conseguem cativar-nos mesmo passados séculos!

E, porque se trata de um Clássico, de uma pureza de linguagem dificilmente excedível, não transcrevi o subtítulo desse post, mas sim um pedaço de uma frase, incluindo latim, que de um Clássico se trata...  (Não concorda comigo?!...)

 

Por isso o subtítulo é: “Pulverem Olympicum da praça de Sant’Ana...”

 

Neste post, Nº 374, volto novamente a um excerto do livro “Viagens na Minha Terra”, de Almeida Garrett, da “Colecção de Clássicos Sá da Costa”, da “Livraria Sá da Costa Editora, Lisboa”, 1ª edição 1963, Reimpressão 1966.

Lembrar-nos-emos que o Autor, neste Livro, relata, de forma muito livre e expansiva, a sua viagem a Santarém, ocorrida em 1843, a convite do seu amigo Passos Manuel, que aí residia, numa casa, atual museu e onde fora o antigo alcácer de D. Afonso Henriques.

Iniciou-se a viagem a 17 de Julho desse ano, uma 2ª feira, bem cedo, pela manhã.

 

“... Seis horas da manhã a dar em S. Paulo, e eu a caminhar para o Terreiro do Paço.”, refere o Autor.

 

Aí tomaria, juntamente com os seus companheiros de viagem, o barco “Vila Nova”, que se dirigia até Vila Nova da Rainha, já no Ribatejo, de onde seguiriam por terra, para Santarém.

Lembramos que, à data, ainda não fora inaugurado o comboio, os automóveis eram ficção, as estradas, escassas e más, viajar por terra, perigoso, e a melhor maneira de viajar era usando o barco, nesta altura já a vapor, uma grande modernidade. Que aproveitaria também a subida da maré, para chegar a montante, no Rio Tejo. Não sei se também usaria velame. O Autor que explana imensas situações, reflexões, considerandos e considerações, durante esta narrativa da sua viagem, neste aspeto é quase totalmente omisso.

Também não é o que interessa neste propósito narrativo.

De barco, seria o modo mais rápido, cómodo e seguro meio de viajar.

 

O que pretendo transcrever, e deixar à reflexão, são alguns trechos apresentados a partir da p. 12 do Capítulo I, que relatam o ocorrido na viagem de barco.

 

« ... Era com efeito notável e interessante o grupo a que nos tínhamos chegado, e destacava pitorescamente do resto dos passageiros,...

Constava  ele de uns doze homens; cinco – eram desses famosos atletas da Alhandra, que vão todos os domingos colher o pulverem olympicum da praça de Sant’Ana,...

...

Voltavam à sua terra os meus cinco lutadores, ainda em trajo de praça, ainda esmurrados e cheios de glória da contenda da véspera.

Mas ao pé destes cinco e de altercação com eles – já direi porquê – estavam seis ou sete homens que em tudo pareciam os seus antípodas.

Em vez do calção amarelo e da jaqueta de ramagem, que caracterizam o homem do forcado, estes vestiam o amplo saiote grego dos varinos, e o tabardo arrequifado siciliano de pano de varas.

(...)

Ora os homens do Norte estavam disputando com os homens do Sul. A questão fora interrompida com a nossa chegada à proa do barco.

(...)

- Ora aqui está quem há-de decidir: vejam nos senhores. Eles, por agarrar um toiro, cuidam que são mais que ninguém, que não há quem lhes chegue. E os senhores, a serem cá de Lisboa, hão-de dizer que sim. Mas nós...

(...)

- A força é que se fala – tornou o campino, para estabelecer a questão em terreno que lhe convinha. – A força é que se fala: um homem do campo que se deita ali à cernelha de um toiro, que uma companhia inteira de varinos lhe não pegava, com perdão dos senhores, pelo rabo!...

E reforçou o argumento com uma gargalhada triunfante, que achou eco nos interessados circunstantes, que já se tinham apinhado a ouvir os debates.

Os Ílhavos ficaram um tanto abatidos; sem perderem a consciência da sua superioridade, mas acanhados pela algazarra.

Parecia a esquerda de um parlamento, quando vê sumir-se, no burburinho acintoso das turbas ministeriais, as melhores frases e as mais fortes razões dos seus oradores.

Mas o orador ílhavo não era homem de se dar assim por derrotado. Olhou para os seus, como quem os consultava e animava, com um gesto expressivo; e, voltando-se a nós, com a direita estendida aos seus antagonistas:

- Então agora, como é de força, quero eu saber, e estes senhores que digam, qual é que tem mais força, se é um toiro ou se é o mar.

- Essa agora!...

- Queríamos saber.

- É o mar.

- Pois nós, que brigamos com o mar, oito e dez dias a fio numa tormenta, de Aveiro a Lisboa, e estes, que brigam uma tarde com um toiro, qual é que tem mais força?

Os campinos ficaram cabisbaixos; o público imparcial aplaudiu por esta vez a oposição, e o Vouga triunfou do Tejo.»

 

Foto original  DAPL Rio TEJO 2014. jpg

 

São estes nacos de prosa, clara, límpida e esclarecedora, que deixo à V/ reflexão.

Omiti alguns pedaços desse belo texto, que merecem também ser lidos.

Todo o livro nos pode suscitar variadas reflexões. É um daqueles a que se pode voltar sempre! Para quem se interesse por Literatura, História, Política, Cidadania...

 

 

 

“Uma Aldeia Francesa” - "Dito de Espírito" em "Nome Próprio"

 “Un Village Français”

"Tequiero" e "Marcel Pagnol"

 

Série RTP2

 

O prometido é devido!

 

Embora eu, por vezes, ao abordar alguns temas, faça intenção de retornar-lhes para esclarecer algum aspeto e expresse essa intencionalidade, nem sempre o tenho feito e nem sempre me é possível concretizar essa intenção prometida.

Neste caso não quero deixar de o fazer.

Até para mostrar que a memória, de certo modo, nos atraiçoa nalguns aspetos, passados cinquenta anos.

E também porque localizei o livro de Francês: “Regardons vers le Pays de France”; Coimbra Editora, Limitada; 1967. Coordenação de Túlio R. Ferro Ramires Braz. Era destinado a “Classes du Deuxième Cycle des Lycées”.

 

Embora na estória que contei sobre o texto de Marcel Pagnol tivesse havido esse “dito de espírito” sobre o seu nome, o interlocutor direto de Marcel não foi o seu Professor de Latim, M. Socrate, mas sim o colega do lado, Jacques Lagneau.

 

Apresento o excerto do texto do post, com que iniciei as minhas prosas sobre a série “Uma Aldeia Francesa”.

 

“Lembra-me um célebre texto de Marcel Pagnol, apresentado no livro de Francês do antigo 3º ano (anos sessenta), atual 7ºano de escolaridade, que tanto me intrigava na altura e só bem mais tarde compreendi. Quando, no primeiro dia de aulas, o Professor lhe perguntava o nome, ele respondia “Je suis Pagnol”. Esta frase escrita percebe-se, mas quando dita oralmente pelo próprio, à data e certamente para quem ouvia, soaria “Je sui’spanhol”. E o mestre perceberia que Pagnol se dizia espanhol! E tudo isto dava uma grande confusão no texto, que eu só mais tarde entenderia, pela diferença entre texto escrito e oralidade. Mas, naqueles primeiros anos de Língua Francesa era difícil entender esses cambiantes.

(Estou a lembrar-me de factos de há algumas dezenas de anos e também de cor. Quando tiver acesso ao livro tentarei transcrever esse excerto!)”

 

Le temps des Secrets in. www.chapitre.com

 

E, agora, o excerto do texto, que faz parte de um trecho maior, intitulado no livro como “La Première Classe de Latin”, em que Marcel Pagnol nos conta sobre a sua primeira aula de Latim, no primeiro ano, no Liceu de Marselha.

Esse trecho integra-se no livro do autor, “Le Temps des Secrets. Souvenirs d’Enfance III. (Éditions Pastorelly)”

(Interessante que, na série, o 1º episódio da 3ª temporada também se designa “O tempo dos segredos”, ocorrências de 28 de Setembro de 1941!)

 

Parte do texto:

«...

..., mon voisin demanda:

- Comment t’appelles-tu?

Je lui montrai mon nom sur la couverture de mon cahier.

Il le regarda une seconde, cligna de l’oiel, et me dit finement:

- Est-ce Pagnol?

- je fus ravi de ce trait d’esprit(4), qui était encore nouveau pour moi.

(...)»

 

Nota de rodapé ao texto:

« (4) – Un trait d’esprit est l’expression vive, ingénieuse d’une idée. Ici le trait d’esprit consiste dans un jeu de mots amusant: “Est-ce Pagnol?” et espagnol se prononcent de la même manière.»

 

Não continuo com mais transcrição do excerto do texto, sendo os sublinhados de minha autoria.

Quem tiver oportunidade, dispondo do antigo livro de Francês, ou tendo o original de Marcel Pagnol, pode continuar a leitura do excerto, em que o “dito de espírito” continua com o nome do colega de Marcel, de sobrenome Lagneau, que oralmente se pode também confundir com l’agneau, “o cordeiro” e é sobre esse dito que há intervenção do Professor de Latim.

 

Por hoje, não maço mais com estas minhas idiossincrasias, obrigado por me ler até aqui e até breve!

 

Tequiero in. forums.france 3.fr.jpg

 

Permito-me lembrar-lhe que tudo isto veio a propósito de, no 1º episódio da 1ª temporada, ter sido atribuído o nome de “Tequiero”, à criança nascida no consultório de Drº Daniel, filho da refugiada espanhola. Criança que foi adotada pelo casal Larcher!

 

"Uma Aldeia Francesa” - Temporada 5 - Episódios 1 e 2

“Un Village Français

(Episódios Globais nºs 37 e 38 – 19 e 20/05/2016)

RTP 2

 

Trabalho obrigatório In.frenchcinetv.com

 

“Travail obligatoire” – “Trabalho Obrigatório”

23 Setembro 1943

 

“Le jour des alliances” – “O dia / O momento / O tempo das alianças”

24 de Setembro de 1943

 

A ação decorrendo ainda e sempre em Villeneuve e arredores, desenrola-se já em 1943, tomando a guerra outros rumos.

Que o próprio Heinrich Muller, cada vez mais dependente da morfina, ainda assim tem a clarividência de dar a conhecer à sua amada Hortense, que irão perder a guerra. Estão sempre a perder tanques, sem possibilidade de os recuperaram. Por cada um que perdem, os americanos e os russos constroem dezenas deles. É uma questão de matemática!

A “batalha de Estalinegrado” terminara, em Fevereiro de 1943, com a rendição alemã.

A “campanha do Norte Africana” também terminara com a derrota alemã, em Maio.

A “campanha de Itália” iniciara-se em Setembro.

Estava imparável a vitória dos Aliados, mas ainda demoraria quase dois anos.

 

Necessitando de “carne para canhão”, para lutarem na frente Leste, os nazis precisavam de homens para combaterem. Para isso requisitaram todos os jovens franceses de 20 anos.

 

Em Villeneuve o novo presidente da Câmara, Philippe Chassagne, personagem peripatética da ópera bufa que era a república de Vichy, coadjuvado pelo servil Servier, promoveu uma festa na Escola, para apresentação dos jovens a enviar para a frente, ao serviço dos nazis. Escassa meia dúzia, cabisbaixos, tristeza em pessoa, cara de quem sabe que vai buscar a morte, como carneiros para o matadouro. Alguns algemados, que os jovens que podiam fugiam a essa incorporação no exército alemão, tornando-se refratários.

E os jovens refratários são um grupo de novos personagens que emergem na narrativa e na história.

Em oposição, o discurso empolgado, encomiástico aos alemães, do presidente, seria um texto de comédia, não fora a situação trágica que se vivia, de jovens arregimentados para o massacre, em que se tornara a frente Leste e posteriormente todas as zonas de guerra. Nada de heroísmos, apenas mortes aos milhões, na loucura a que um “cabo militar” levara toda a Humanidade.

Esta situação é o mote para o título do Episódio um: “Trabalho obrigatório”.

Foto presidencial tvmag.lefigaro.jpg

Neste episódio e sequencialmente ao discurso do novo e empolgado presidente, este sofreu um atentado. Foi alvejado por um tiro, disparado por um supostamente varredor, que se entretinha no pátio da escola, a fazer que varria, enquanto sua excelência presidencial se ajeitava nas fotos do acontecimento, com a sua esposa Jeannine, ex-Schwartz.

O atirador conseguiu fugir, seria certamente membro de algum grupo resistente, não sabemos qual.

 

A Resistência vinha ganhando mais adeptos e promovendo também ações de guerrilha. Os comunistas, a partir de ideia de Suzanne, planeiam atacar camiões alemães, que sabem trazerem armas. Se planeiam, aprovado pela direção do partido, passarão à execução e o assalto é concretizado. Não sem baixas, que Julien acaba por morrer, por falta de assistência médica, de todo impossível, que as condições de vida dos Resistentes eram duríssimas. Mas os alemães perderam três soldados e acréscimo de desânimo, que isso levou à afirmação anterior do psicopata, Muller, que ainda há poucos meses se considerava invencível, superior a tudo e todos. E até tinha que ouvir reprimendas do comandante militar alemão, Kollwitz.

Nesta sequência, o tresloucado impôs à cidade de Villeneuve, a deportação de mais cinquenta cidadãos, com a anuência complacente de Servier e o entusiasmo idólatra e bajulador do presidente Chassagne! (Que apresentou as condolências ao SS, em nome da cidade!!!)

 

O Episódio 2, intitulado “Le jour des alliances”, que traduzi por “O dia / O momento / O tempo das alianças”, pode transportar-nos para a emergência política da realização de acordos, alianças, entre os vários grupos de Resistentes: comunistas, gaulistas. E, agora, também aliar, juntar à Resistência, os jovens refratários, ideologicamente meio perdidos, mas esfomeados e a necessitarem de um enquadramento estruturante das suas errâncias. Foi o que visualizámos no final do 2º episódio em que reapareceu Marie Germain, comandando um pequeno grupo de “partisans”, “maquis”, chegando ao acampamento improvisado e rudimentar dos jovens refratários, provavelmente aliciando-os para a “Resistência”. Aguardemos.

Também nos pode remeter para a situação conjugal de Suzanne, da célula comunista, que sendo casada, mas cujo marido estivera preso durante três anos e que, tendo fugido, agora reapareceu, pretendendo reatar o casamento e saber da aliança de casamento que ela já não usava, desde aquela célebre morte encenada, pelo seu atual namorado, Marcel Larcher, supostamente seu executor. Mas tudo isso aconteceu no final da 3ª temporada, em Novembro de 1941. Muita água passou por baixo da ponte de demarcação.

Vimos que, após muita reflexão e análise entre os vários intervenientes, ela acabou por devolver a dita aliança ao ex-marido.

 

E explicado o enquadramento dos títulos, aproveito para abordar sobre a estruturação narrativa, no respeitante ao prólogo e ao final.

Também nestes dois episódios observei que se mantém a ligação que já referi em post anterior.

(Provavelmente tem sido assim em todos, só que eu, dado não ter visto a série completa, nem sequer vários episódios na totalidade, só agora constatei esse facto. Irei continuar a observar esse aspeto.

É como se a narrativa girasse em espiral, em torno de um leit-motiv, e, no final, circundasse paralelamente esse tema.)

O 1º episódio iniciou-se com o caso de Antoine, na serração, com Raymond, seu cunhado, problematizando a questão do serviço militar, da sua isenção ou fuga para a Suíça.

O final, após as diferentes peripécias do enredo, termina na ida de Raymond à casa abandonada por Crémieux, onde deixara Antoine escondido, no intuito de o levar para a Suíça, já não o tendo encontrado.

O 2º episódio continua com a temática dominante dos “refratários”. Inicia-se com a fuga de Antoine e de Claude, igualmente refratário, pelas ruas da cidade e a subsequente perseguição que lhes é movida pelos “gendarmes”, que os mandam parar, apontando-lhes as armas. Logrando eles, todavia, escapar.

O final, já o abordei parcialmente. Estavam os vários jovens no acampamento improvisado, subitamente invadido pela chegada do camponês a quem eles haviam roubado galinhas, de espingarda em punho. Acompanhado de mais guerrilheiros, comandados por Marie.

Resta-nos saber qual vai ser o destino que lhes cabe.

Por mim, penso que vão engrossar as fileiras da Resistência.

O que acha?!

Só têm a ganhar com isso.

 

E estes dois episódios e deduzo que também os subsequentes, centram-se bastante na importância crescente da Resistência. Esta 5ª temporada intitula-se precisamente “Escolher a Resistência”.

 

E sobre outros personagens?

 

Surgiu uma nova personagem em cena, na Escola, na pessoa de uma nova professora, colocada a meio do ano, para a música.

Suscitou principalmente a curiosidade e desconfiança de Lucienne, que não esteve com meias medidas, enquanto não soube o conteúdo de uma carta que a professora, de nome Margarida, recebera do suposto marido preso num stalag.

Arranjou um pretexto para ir ao quarto da rapariga arranjar-lhe a persiana, de a mandar sair a buscar um pano para limpar as mãos e lá está ela a abrir a carta.

Lida esta, confirmou ser de teor diferente e não haver ali marido algum.

Continuou de intriga com o marido que falou com a moça, que também não é menos curiosa que Lucienne e o que quer é saber se Bériot pertence à Resistência.

Ele negou, que todo o cuidado é pouco, apesar de ela lhe apresentar dados aparentemente fiáveis.

Vejamos o que dali sairá, que agora, e pelo menos, o que constatamos são muitas mentiras, ou, pelo menos, apenas meias verdades.

 

Sobre Marchetti, a quem já tínhamos atribuído algum crédito positivo, no final da 4ª Temporada, pelo apoio dado a Rita de Witte, constamos que não tem salvação possível. Continua o mesmo escroque, a usar e abusar discricionariamente do seu poder.

Matou, a sangue frio e pelas costas, um jovem refratário, como se abatesse um coelho; serve-se de Eliane; pretenderá enquadrar Bériot no atentado ao presidente, para protelar a pesquisa sobre a morte do soldado alemão, na fronteira Suíça, que, como sabemos, foi de sua autoria, para que Rita seguisse a sua viagem para a Liberdade.

 

Sobre Muller já sabemos que entrou num abismo de loucura e dependência da droga, consciente que a guerra está perdida, é só uma questão de tempo, e arrastando Hortense com ele.

Esta agarra-se-lhe, como se não houvesse mais luz no universo, vai implorar morfina ao ex-marido, que, agora mais lúcido, lha nega.

Não desiste, cede à fatalidade da sua condição de mulher e oferece a aliança, para o subalterno do amante ir adquirir droga ao mercado negro.

 

Hortense tequiero in. lamagiedeslivres.skyrock.com

 

E já que falámos do médico, Daniel Larcher, sabemos que reside noutra localidade, Moissey, faz consultas em Villeneuve duas vezes por semana, e costuma trazer o pequenote Tequiero.

E foi comovente ver o miúdo a correr para a mãe adotiva, Hortense, e esta abraçada a ele.

 

E ficamos por aqui, aguardando próximos episódios e temporadas!

 

 

“Un Village Français” - Início da 5ª Temporada

“Uma Aldeia Francesa”

RTP2

Retrospetiva das quatro Temporadas

 

Introito

Esta série francesa, de 2009, que tem estado a ser transmitida pela RTP2, desde 29 de Março transato, com sete anos de atraso, mas ainda muito a tempo, pois reportando-se a um passado paradigmático, de há setenta anos, mantém todo o interesse.

Quanto mais não seja pele imperiosidade de lembrar, de uma forma bastante didática, um passado que convém não esquecer.

Que a memória dos Homens é curta e, pasme-se (!) até negacionista.

 

Entrou ontem, dia 19 de Maio, na sua 5ª Temporada.

 

Intitula-se no original “Un Village Français”, vertida naturalmente para português, como “Uma Aldeia Francesa”.

Decorre a ação em Villeneuve, uma cidade, sim, cidade, porque Villeneuve, de aldeia, não tem nada. Os recursos de que dispõe: câmara municipal, “polícia política”, “gendarmerie”, hospital, hotel, restaurante “5 estrelas”, estação de caminho-de-ferro, camionagem, indústrias, vários grupos profissionais, que me lembre, categorizam-na mais como cidade do que como aldeia. Apenas no ensino se comparará a uma aldeia, dado que, do que me apercebi, só tem ensino primário.

Mas vamos adiante, que ninguém me convidou para padrinho.

Cidade fictícia, situa-se no Departamento do Jura, no Franco Condado, no Leste de França, junto da fronteira com a Suíça e perto da “Linha de Demarcação”, que separou a França em “Zona Ocupada” pelos alemães, e a designada “Zona Livre” sujeita ao governo de Vichy.

A cidade fica na zona ocupada.

 

A ação desenrola-se de 12 de Junho de 1940, data de início da ocupação alemã, até 1945, já após a Libertação.

 

Nesta série, os personagens organizam-se por laços familiares, englobando o núcleo central da família, mas também membros colaterais numa estrutura mais alargada; e ainda personagens segundo laços sócio- profissionais.

As relações amorosas entrecruzam-se nestes grupos.

 

Estrutura-se em sete temporadas, das quais já foram visualizadas as quatro primeiras, iniciando-se, agora, a quinta.

 

Cada temporada tem um título englobante dos temas narrados e reporta-se a um tempo específico, sendo que, em cada episódio se estrutura e desenrola a narrativa respeitante a um dia, por várias vezes, dias com algum significado histórico, no respeitante à ocupação e à guerra ou concernentes à história política ou social de França.

 

Vejamos a 1ª Temporada, 1940: “Viver é escolher.”

 

Tem seis episódios e decorre de 12 de Junho de 1940, dia de início da ocupação da França pelos alemães, como vencedores. Até ao sexto, respeitante ao dia 11 de Novembro, dia de feriado nacional em França, habitualmente de grandes festejos nacionalistas, porque celebra o dia 11 de Novembro de 1918, em que os alemães, através do Kaiser, se renderam, capitulando e assim se deu fim à “Grande Guerra”, assim designada, porque nessa data ainda não houvera outra de caráter mundial e com efeito tão devastador. E os alemães foram vencidos!

 

Episódio 1 – O Desembarque – 12 de Junho de 1940

Episódio 2 – Caos – 24 de Junho de 1940

Episódio 3 – Atravessar a Linha - 30 de Setembro de 1940

Episódio 4 – Assim na Terra como no Céu – 15 de Outubro de 1940

Episódio 5 - Mercados Negros – 7 de Novembro de 1940

Episódio 6  – Rajada de Frio – 11 de Novembro de 1940.

 

Desta temporada apenas vi o 1º e o último episódio.

Saison 1 d'Un village français

.

2ª Temporada

1941: “Viver as suas escolhas.”

Esta 2ª temporada, também de seis episódios, já relata ocorrências de 1941, de Janeiro a Março.

Não me debrucei sobre nenhum dos episódios, apenas vi excertos de alguns.

Do episódio três, “Aula Prática”, lembro-me da entrada dos alemães na Escola, na sequência de uma denúncia, à procura de uma arma de fogo, supostamente guardada pelo professor Jules Bériot, e que viria a ser descoberta no relógio de parede. Uma velha arma de caça, já enferrujada, do seu avô.

A tudo assistiram as crianças, nesta aula prática, presenciando, no seu dia-a-dia, o abuso discricionário da ocupação alemã.

 

Episódio 1 – A Lotaria – 10 de Janeiro de 1941

Episódio 2 – O Aliciamento – 5 de Fevereiro de 1941

Episódio 3 – Aula Prática – 12 de Fevereiro de 1941

Episódio 4 - O teu Nome assemelha-se um pouco a Judeu – 4 de Março de 1941

Episódio 5 – Perigo de Morte – 10 de Março de 1941.

Episódio 6 – Golpe de Misericórdia – 11 de março de 1941.

Saison 2 d'Un village français.

.

 3ª Temporada

1941: “Viver as suas escolhas.”

 

“Esta 3ª temporada retrata as ocorrências em Villeneuve, durante o Outono de 1941, de Setembro a Novembro.

O quotidiano dos habitantes degrada-se. A ocupação e as consequências da guerra acentuam-se.

Os racionamentos, a penúria e falta de víveres essenciais, o mercado negro, as requisições forçadas, os toques a recolher e o recolher obrigatório, as arianizações, fazem sentir-se pesadamente nas populações.

Sofre-se no corpo, os espíritos exaltam-se...

Mas cada um vive as suas próprias escolhas, que nem sempre são tão fáceis quanto aparentam.

Há os que colaboram com os alemães, os que celebram o marechal (Pétain), mas também os que radicalizam a luta, arriscando as suas próprias vidas e a de familiares.

O Amor circula sempre no ar, ou não tivesse esta série também o seu lado romanesco bastante acentuado.”

Estas foram algumas ideias base que explanei no relato sobre os “Episódios”.

Remeto também para a narração respeitante ao episódio 6 – “La Java Bleue”.

 

Nesta temporada já consegui ver alguns episódios, nomeadamente o sexto, que também contextualiza a ação, remetendo para uma festa tradicional francesa, os festejos de “Les Catherinettes” e para uma canção romântica, em voga na altura, intitulada “La Java Bleue”.

 

 Saison 3 d'Un village français.

 

Episódios

 

  1. - Le temps des secrets(28 Setembro 1941) / O tempo dos segredos
  2. - Notre père(17 Outubro 1941) / O nosso pai
  3. -La planque(19 Outubro 1941) / O esconderijo
  4. - Si j'étais libre (20 Outubro 1941) / Se eu fosse livre
  5.  - Le choix des armes (23 Outubro 1941) / A escolha das armas
  6. - La Java Bleue (25  Outubro 1941). / (A Java azul)
  7. - Une chance sur deux(26 Outubro 1941) / Uma oportunidade para dois / Uma oportunidade em duas?
  8. - Le choix (27 de Outubro de 1941) / A escolha
  9. - Quel est votre nom ?(28 Outubro 1941) / Como se chama? / Qual é o nome?
  10. - Par amour(29  Outubro 1941) / Por amor.
  11. - Le Traître (31 Outubro 1941) / O traidor
  12. - Règlements de comptes(1er Novembro  1941) / Liquidação de contas / Ajuste de contas.

 

 

Temporada 4

A 4ª temporada, iniciada a 3 de Maio e esta semana concluída, 18 de Maio, centra-se fundamentalmente na problemática dos judeus e na sua deportação para os campos de concentração.

E na ação da Resistência e dos Resistentes, fundamentalmente estruturados em dois grupos: os comunistas e os gaullistas e na sua tentativa de realização de ações conjuntas.

 Intitula-se “A hora das escolhas”, e reporta-se a 1942 e ao mês de Julho, nos primeiros seis episódios e ao mês de Novembro, nos restantes seis.

 

saisaon 4 in. pluzzvad.francet..jpg

 

Episódios:

1 – “Le train” – “O comboio” - Dia 20 de Julho.

2– “Un jour sans pain” – “Um dia sem pão”, ou melhor, “Um dia sem comida” – Dia 21.

3 – “Mille et une nuits” – “Mil e uma noites”, parafraseando Xerazade: Dia 22

4 – “Une évasion” – “Uma evasão”- Dia 23.

5 – “La mission” – “A missão” – 24/07/1942

6 – “La libération” - “A libertação” – idem

7 – “Le visiteur” – “O visitante” – 8 Novembro 1942

8 – “Tel est pris qui croyait prendre” – “Quem quer apanhar, apanhado se vê”, ou seja, “o jogo do gato e do rato”. – 9 de Novembro de 1942

9 -  “Baisers volés” – “Beijos roubados”. – 11 de Novembro de 1942.

10 – “Des nouvelles d’Anna” – “Notícias de Anna”: 12/11/1942

11 – “La souriciére” – “A ratoeira / armadilha”.

12 – “La frontière” – “ A fronteira”.

 

5ª Temporada

1943

“Choisir la Résistence” – “Escolher a Resistência”

 

A ação decorre quase um ano após o último episódio da 4ª temporada, em 1943, durante os meses de Setembro, Outubro e Novembro.

 

saison 5 in. pluzzvad.francet..jpg

 

Saison 5 d'Un village français.

Episódios:

  1. Travail obligatoire(23 septembre 1943) – “Trabalho Obrigatório”
  2. Le jour des alliances(24 septembre 1943) – “O tempo/ o momento das alianças”
  3. Naissance d'un chef(25 septembre 1943) – “O nascimento de um chefe”
  4. La répétition(25 octobre 1943) – “A repetição”
  5. L'arrestation(26 octobre 1943) – A captura / A detenção
  6. Le déménagement(27 octobre 1943) – O despejo / A mudança de casa (?)
  7. La livraison(8 novembre 1943) -  A entrega /A entrega ao domicílio (?)
  8. Les trois coups(9 novembre 1943) – Os três golpes/pancadas/tiros (?)
  9. Un acte de naissance(10 novembre 1943) – Um ato de nascimento / Uma escritura de nascimento (?)
  10. L'Alsace et la Lorraine(11 novembre 1943) – “A Alsácia e a Lorena”
  11. Le jour d'après(12 novembre 1943) – O dia seguinte (?)
  12. Un sens au monde(13 novembre 1943) Um sentido para o mundo (?)

 

Notas Finais.

Arrisquei-me a “traduzir” os títulos, com plena consciência que alguns talvez sejam disparates.

Alguns termos traduzirão expressões idiomáticas e a minha “tradução” é literal.

Possivelmente com a visualização de alguns episódios talvez possa aceder a uma tradução correta.

O meu pedido de desculpas.

Fica o convite para assistir a esta 5ª Temporada, S. F. F..

O episódio de ontem, o primeiro, foi deveras interessante.

Les Personnages

 

“Uma Aldeia Francesa” - Temporada 4 - Episódio 12

“Un Village Français

 

(Episódio global 36 - 18 de Maio de 2016)

RTP2

La frontière” – “ A fronteira”.

 

Começo com a tentativa de resposta à pergunta formulada na última narração.

O que fora fazer Rita De Witte, de bicicleta, na direção do local onde o namorado, Jean Marchetti, participava na armadilha montada aos Resistentes?!

 

Pois, lamento, mas não vos posso informar. Ontem só consegui visualizar o final do episódio e a possível resposta a essa interrogação já teria sido apresentada.

Só pude ver a partir do facto de Rita manifestar o seu descontentamento face a Jean, o informar que se iria embora, que não se esquecia do que ele fizera à sua mãe, nem o ia perdoar.

 

Bem pôde ele manifestar-lhe que tudo fizera por Amor, que isto do amor é como um cesto roto, cabe lá tudo o que se quiser... Que, se não fora assim, e a mãe nunca a libertaria, (há mães muito possessivas com as filhas...), que tinha um filho dele, que a amava, a não queria perder, que iria com ela para a Suíça...

Nada a demoveu, sarcasticamente lhe induziu se o filho seria dele (?!), que nunca o conheceria e partiu mesmo para a Suíça.

E, nisso, ele ajudou-a em tudo o que pôde. Primeiro a saber o modo e o como, o caminho de ir e, segundo, acompanhando-a e, como já disse, querendo segui-la para viverem nesse país.

 

Deixaria a polícia, teria outra identidade, ela também, e começariam nova vida, esquecendo o passado.

Nada, nada a fez voltar atrás e seguiu só, descendo a montanha, na direção do vale, onde corria o rio e, no outro lado, a libertação.

E ele também só, a chorar, de certa maneira, redimindo-se, capaz também de atos abnegados e altruístas, apesar de todas as perfídias cometidas.

E mais! Notando a presença de um policial de fronteira, ajustando o seu rifle telescópico e pronto a disparar, pediu-lhe que o não fizesse, e face à respetiva recusa, ordenou-lhe que parasse, mostrando-lhe o seu cartão também de polícia. Perante a persistência do atirador, que tinha ordens expressas de matar, não esteve com meias medidas e ele próprio puxou da sua pistola e assassinou o colega.

 

Estranhos, insondáveis e dramáticos, os caminhos do Amor, que levam a atos supostamente impensáveis de quem é tão apegado ao Dever.

Deste modo, a sua amada seguiu descansada, como ele e nós pudemos observar, através do monóculo da arma do colega.

Assim também ele se terá, de certo modo, libertado, aliviado, do mal que aos outros tem feito, reportando para si mesmo um castigo, a que não ficará certamente impune. Aguardemos futuras narrativas, em próxima temporada.

 

Que a quarta terminou ontem com o 12º episódio.

 

E como decorreu a emboscada aos Resistentes?

Também não soube pormenores.

O que sei, tive conhecimento pela boca de Raymond Schwartz, que lia as “Notícias”, jornal local, que dava conhecimento da morte de Albert Crémieux, com foto estampada na primeira página e outra de Marie Germain, mas não me perguntem sobre o respetivo destino.

Estranho o Destino que nos dá conhecimento do ocorrido, através da boca de Raymond que, como sabemos, fora amante de Marie, cuja quinta onde ocorreu o acontecido, aliás, lhe fora oferecida pelo próprio.

E a forma como ele larga o jornal para o chão: páginas caídas, espalhadas e esvoaçando pela rua enlameada...

Arrancou com o carro e a nova amante (?), namorada (?), já mulher? Também não sei ainda, nem ele nos convidou ou participou do casamento...

Esta, que se chama realmente Joséphine, empregada na firma, antes de subir para o carro com o patrão, questionou-o sobre qual era sua posição sobre os acontecimentos narrados.

Muito diplomaticamente, desviou-se da resposta, que era empresário e o que fazia eram negócios.

Como também sabemos ele fora e era um dos grandes fornecedores dos alemães ocupantes, com quem negociava bastante.

Os factos, que presenciava e lia através do “Notícias”, não lhe seriam indiferentes, como é óbvio, tanto no aspeto pessoal, como social e de cidadão francês. Conveniências!

Sabemos que, em futura temporada, virá a envolver-se também com a Resistência. O apelo da Razão e do Afeto, digo eu, far-lhe-ão tomar um posicionamento.

Que, para todos os efeitos, é isso que tem feito. Fez as suas próprias escolhas e, até ao momento, e principalmente, tem agido do lado dos ocupantes. Em seu próprio benefício, diga-se.

 

Lucienne in. telerama.fr.jpg

 

E não há mais notícias?!

Ah! Há, sim!

Sabemos que Lucienne gostou muito das novas experiências com o marido, Jules, a ponto de pretender saber onde foram as aprendizagens.

Embasbacado, tímido, meio atrapalhado, acabou por induzir que foi em novas oportunidades!

 

E, por aqui ficamos, que talvez ainda traga outras novas.

Que, em princípio, irá iniciar-se, hoje, a 5ª Temporada!

 

E, ainda me ocorre reportar que o ex- Presidente da Câmara, Daniel, vai abandonar Villeneuve, com a família nuclear que lhe resta. Irá para Besançon, para casa de uma tia!

E, também finalmente, pudemos ver o pequenote e traquinas Tequiero!

“Uma Aldeia Francesa” - Temporada 4 - Episódio 11

“Un Village Français

 

(Episódio global 35 - 17 de Maio de 2016)

RTP2

“La Souriciére” – “A Ratoeira / A Armadilha”: 12/11/1942

 

 

Na apresentação de cada episódio há uma estruturação técnica sempre comum, sob vários aspetos. Um deles é um introito em que, de algum modo, nos ligamos ao episódio anterior e ao que vai ser apresentado a seguir, como se fosse um leit-motiv do mesmo. No final, também nos apresentam algo que nos deixa em suspense para a temática do episódio seguinte.

No anterior, décimo primeiro, em ambos estes excertos da narrativa, foi dada relevância a uma mesma personagem, que nestes últimos episódios tem sido destacada no enredo. Trata-se de Rita De Witte.

(Sinceramente, não sei se esta tem sido a metodologia de todos os episódios. Neste, observei-a.)

 

Rita in. television.telerama.fr.jpg

 

Voltando à personagem.

No introito, apresentou-se ela perante o namorado, Jean Marchetti, na subprefeitura, após ter vindo do médico, conhecedora da existência da carta, ignorante do respetivo conteúdo.

Apreensiva, temerosa e com cautela, que muitos dissabores já passou, confrontou-o, muito subtilmente e com cuidado, sobre eventuais notícias que ele pudesse ter da mãe, sem nunca aflorar algo que a pudesse indiciar de conhecimento da missiva. Os medos serão múltiplos e diversos.

A conversa ficou-se por muitas e meias palavras, sentimentos aflorados e retraídos, tensão de ambos os protagonistas, que ele é um personagem cheio de contradições, aliás, próprias de qualquer ser humano, por demais em tempos tão conturbados e incertos. E ela é uma mulher só, num mundo hostil, uma náufraga perdida, em que o amado é um pedaço de madeira, frágil e inseguro, mas o único que lhe ofereceu um amparo e sustento e mais um rebento a nascer.

E que, apesar de todas as improbabilidades, a ama, a quer fazer sua mulher, e ser pai da criança a caminho.

Rita andou todo o episódio ausente.

Foi motivo de preocupação exacerbada do amante, que, inclusive, esqueceu as suas prioridades profissionais, ordenando imperiosidade na sua procura (!)

Dirigiu-se, arrogante e prepotente, a casa do médico Daniel Larcher, arrombou-lhe a porta, agrediu-o, invadiu-lhe os espaços, até ao quarto onde agonizava Madame Morhange, que aproveitou para, no leito de morte, o confrontar com a sua crueldade e cupidez, que fora ele que deportara a mãe da própria amada, a quem ela dera conhecimento do facto.

Desesperado, louco por saber do possível paradeiro de Rita, ameaçou de morte Sarah, chantageando Daniel, que apenas lhe disse o que sabia, que Rita planeava fugir para a Suiça.

Providencialmente, chegou o tão desejado Henri de Kervern, namorado de Madame Morhange, que enfrentou a fera enraivecida, lhe disse, com os punhos, o que ele há muito pedia, que é um pulha, um canalha, um escroque. E estatelou-o no chão.

Só assim a besta fugiu.

 

Marchetti   In. telerama.fr.jpg

 

Fugiu. E foi dedicar-se, de alma e coração, ao frenesim da sua missão. Prender, matar ou enviar para a morte franceses como ele, mas que vem perseguindo já anteriormente ao começo da guerra e da própria invasão nazi. Comunistas, bolcheviques, judeus e agora também os gaulistas. Em suma, os oprimidos e os lutadores pela Liberdade.

À data, já ao serviço dos boches, dos nazis, dos ocupantes. Querendo agradar-lhes, servi-los e dar-lhos como prémio.

Assim montaram a “ratoeira / armadilha” para apanharem os resistentes que se reunirão na quinta de Marie. Mercê da delação de Albert Crémieux, que mantem a sua falsidade e colaboração com os seus próprios algozes até ao fim.

 

Constate-se o aparato nessa armação, com todos os meios que os representantes de Vichy dispunham. Todos os efetivos policiais, exceto Vernet; um batalhão de “gendarmes”, o subprefeito em pessoa, Servier, servil instrumento da ocupação.

E até um novo personagem que tem andado a contracenar com a também fascista, Jeannine, de nome Philippe Chassagne, à procura de protagonismo, finalmente alcançado, que soubemos, foi nomeado novo presidente de câmara, que Daniel Larcher já não servia, nem compactuava com o colaboracionismo.

Todo este aparato para tentarem prender, de preferência matar, mais propriamente, chacinar compatriotas! Que era esse o seu propósito.

Aguardemos o episódio doze, derradeiro desta 4ª temporada.

 

E que viram e vimos nós também no final do episódio?!

 

Um ciclista que se aproximava.

Mais um membro da célula que vinha para a reunião?!

Que apenas houvera chegado um outro ciclista, Marcel Larcher. Comunista, mas muito voluntarioso e idealista, insistira em comparecer, apesar das recomendações de Edmond, mais conhecedor que ele do funcionamento partidário e dos cuidados da clandestinidade. Que um outro camarada, Roger, não comparecera previamente, sinal que haveria algum perigo e a reunião deveria ser suspensa.

O aviso transmitido por Jules Bériot à “menina” da “Maison Berthe” terá sido eficaz.

 

(Muitas, muitas situações ficam cortadas nesta minha narração, mas é de todo impossível transcrevê-las. Também não sou o guionista, não é?)

 

E, voltamos ao ciclista.

Marchetti pediu o binóculo para visualizar.

E quem viu ele, juntamente connosco?

Pois, nem mais nem menos que a sua amada Rita!

E que fará ela, ali, naquele momento tão crucial, agora que estão quase a atacar?!

 

Tanta força e energia, tantos recursos, para atacarem gente quase indefesa e não se voltarem contra os ocupantes que planeiam continuar a invadir a Zona Sul! E que perspetivam os franceses ocupados, como diminuídos.

E aqui bem caberia falar de Hortense... Que bem personifica a situação da França ocupada, face aos ocupantes.

 

Morhange In. a suivre.org..jpg

 

Mas não. Vou terminar com o que previra começar.

A morte assistida de Madame Judith Morhange.

Assistida pelo médico Daniel Larcher, em ambos os sentidos, e pelo seu amado, Henri de kervern.

Ambos choravam.

Antes de se tornar “invisível”, ainda pode contar os horrores que presenciara em Drancy!

(...)

 Un Village Français

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