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Aquém Tejo

Há quem do Tejo só veja o além porque é distância. Mas quem de Além Tejo almeja um sabor, uma fragrância, estando aquém ou além verseja, do Alentejo a substância.

Há quem do Tejo só veja o além porque é distância. Mas quem de Além Tejo almeja um sabor, uma fragrância, estando aquém ou além verseja, do Alentejo a substância.

Canídeos: uma questão de saúde pública!

Saúde Pública?!

Factos, Argumentos e alguma Ironia…

A verdade nua e crua!

 

Eça in. www.cm-lisboa.pt.jpg

Sim! Este assunto é sobre uma situação que é mesmo um caso a ser abordado numa perspetiva de Saúde Pública.

Talvez não seja essa a forma sob a qual habitualmente é encarado. Mas essa é uma das perspetivas em que cada vez mais tem que ser visto.

 

Questionar-me-á, caro/a leitor/a: Mas de que assunto se trata?!

 

Já aqui aflorei, no blogue, este assunto, ainda que não de forma tão explícita, mas de qualquer modo alguns aspetos foram delineados.

 

Certamente que ao caminhar nas ruas, nos passeios das nossas vilas e cidades, pelos parques mais ou menos urbanos, pelos jardins, quantas vezes não se deparou com os vulgarmente designados “presentes” de canídeos?!

E isto não ocorre esporadicamente. É uma situação sistemática e contínua. Por tudo quanto é sítio, lá estão eles. Por todo o lado! É já uma “calamidade” nacional!

 

E não apenas e só os “presentes” em estado sólido. Também no líquido.

Urina por tudo quanto é sítio.

Nas soleiras das portas dos prédios, nas esquinas, nos muros e muretes, nos postes de qualquer tipo, nas caixas da eletricidade, em todos os equipamentos urbanos, nos carros… Nas bases dos monumentos. (…) Só não fazem nos transeuntes, porque estes se deslocam e não deixam!

 

A estes, aos cidadãos incautos, às crianças mais pequenas, a idosos indefesos, mordem quando podem.

“ – Ah! O cãozinho não morde!” Dizem os donos!

Só não mordem antes de morderem, digo eu. Quando ferram o dente já é tarde demais! Todos os anos ocorrem situações de cães “perigosos” que atacam pessoas indefesas. E mesmo os que não são considerados “perigosos” também mordem e também atacam. Já “assisti” a ataques de cães, em que os donos não têm qualquer controle sobre os mesmos.

E quando nos passeamos tranquila e incautamente junto a algumas vivendas, nos passeios tão estreitos e congestionados de carros, e, de repente, nos salta um cãozarrão a ladrar no portão, que quase só nos restar saltarmos para o meio da rua?!

 

Mas então tanta “porcaria” - (Ah! Como me apetecia dizer o palavrão, para soar mais forte e feio! Mas, neste blogue comprometi-me a não usá-los…) - tantos dejetos sólidos e líquidos espalhados por ruas, passeios, parques e jardins; na relva, onde crianças irão brincar, jogar e rebolar-se; nos canteiros das flores, tanta “porcaria” disseminada, não será um problema que convém equacionar, na perspetiva de Saúde Pública?!

 

Ou dir-me-á que isso é perfeitamente inócuo, que não prejudica cidadãos, no plano sanitário, nem noutro aspeto qualquer, que a urina não danifica equipamentos públicos?!

É só observar com olhos de ver! E quem paga o restauro dessas estruturas danificadas?!

 

Portugal saiu, ainda há relativamente pouco tempo, da pré-história no que respeita a saneamento básico.

Essa foi uma das preocupações dos poderes públicos, centrais e locais, após setenta e quatro. Dotar as casas, os apartamentos, das condições básicas de habitabilidade. A existência do saneamento básico foi uma delas. Nesse contexto, se enquadrou o processo de erradicação dos bairros de barracas e a consequente construção dos bairros sociais. (Mas este não é o tema fulcral deste post.)

Atualmente em que, apesar das deficiências existentes, este país foi substancialmente alterado no respeitante à falta de condições de higiene nas habitações, é nós vermos, por tudo quanto é sítio, “dejetos” líquidos e sólidos de canídeos! (Como me apetecia dizer palavrão!)

 

E quantas vezes, estas situações não acontecem dentro do próprio prédio?! Nas escadas, nos patamares, no hall, na soleira da entrada, em frente ao prédio?!

 

Reflita sobre o assunto! Se faz favor!

 

Então, mas as pessoas não têm direito a terem um cãozinho de estimação?!

É evidente que sim!

Mas também têm obrigação de ter comportamentos de cidadania!

Porque os animais, mesmos os cãezinhos de estimação, apesar de serem animais sensíveis, são animais irracionais.

Mas, paradoxalmente, os cães até ensinam os donos a procederem corretamente, após terem depositado o “serviço”. É só observarem o que eles fazem, no após operacionalização da respetiva função.

Os donos é que não agem como devem!

 

As entidades responsáveis também têm que agir em conformidade!

Algumas Câmaras disponibilizam sacos plásticos, colocados estrategicamente, para os donos recolherem os dejetos. Outras criaram locais próprios para os dejetos líquidos. A lacuna não é por aí!

Mas têm que ser mais normativas!

A Câmara de Almada tem vários avisos espalhados pelos locais mais frequentados, com normas de comportamento para os utentes de canídeos.

Paradoxalmente, no referente aos dejetos, “aconselha” os donos a recolherem os ditos.

Desculpem-me, mas esta não é uma situação de “aconselhamento”.

É uma questão de OBRIGATORIEDADE”!

Os donos são obrigados à recolha dos “presentes”!

As Autoridades têm que atuar e autuar!

 

Mas isto dos cães tornou-se uma moda e um negócio, e onde se metem modas e negócios, estamos todos feitos!

São os media, as redes sociais, a opinião pública, os fazedores de opinião, o politicamente correto, os centros comerciais, as grandes superfícies, as lojas de alimentos e artefactos, o sistema veterinário, … a indexação ao IRS… é toda uma panóplia de fazer “render o peixe”, digo, o cão, que é um comércio, que não mais tem fim.

 

Mas, de qualquer modo, não quero deixar em branco algumas sugestões. Quer se enquadrem ou não no tão propalado “politicamente correto”!

 

No referente aos cães, ditos “perigosos” é mesmo ter a coragem de os proibir como “animais de estimação”, tal como estão outros animais ferozes.

 

No respeitante aos outros tipos de cães, suscetíveis de se enquadrarem como animais de estimação, há que definir normas mais restritivas.

 

Nos prédios, porque estes estão previstos apenas para seres humanos, restringir o número de animais permitidos.

Caso continue esta moda, sugiro aos planificadores urbanos, que construam especialmente prédios onde podem habitar especificamente também os cães e eventualmente os gatos, os únicos animais que, aliás, considero como suscetíveis de serem categorizados de estimação, nos apartamentos citadinos.

 

As Câmaras criarem parques específicos para passeio dos canídeos permitidos por lei e nas condições respetivas e adequadas também legisladas. Trelas e açaimes de uso obrigatório!

E os donos obedecerem aos respetivos cuidados de higiene: recolha dos sólidos e levarem os bichos aos locais próprios, para os líquidos. Não é largarem os animais de qualquer maneira…

A vigilância, a atuação e autuação são necessárias e imprescindíveis.

 

Todos os cães devem ser portadores de coleira identificativa, sujeitos a consultas regulares e devidamente vacinados e com sinais visíveis e reconhecíveis a olho nu, por ex. com códigos de cores.

(Ou seja, como Alguém importante já referiu, atualmente, muito boa gente trata melhor os cães que os seres humanos!)

 

E uma medida “politicamente incorreta”.

Todo e qualquer dono de cão ter que pagar uma licença, de acordo e em função do tipo do dito cujo! (Que acho que esta medida em tempos foi vigente.)

E os artigos e artefactos, sejam quais forem, serem devidamente taxados.

 

Há que restringir este abuso de canídeos e o que eles custam ao erário público. Que não há “bicho careta” que não tenha um bicho de quatro patas para andar a “sujar” (como me apetecia usar vernáculo!) as ruas!

 

Estatua Camões Lisboa in. pt.wikipedia.JPG

 

Que já bastam os pombos a “sujarem” tudo! E já sem remissão possível!

Que nem o Camões, nem o Eça e a sua “… nudez forte da Verdade…” escapam!

 

Cremação: Que Destino dar às Cinzas?!

Uma sugestão e opinião. Apenas!

 

Poderá parecer estranho falar neste tema, agora, mas tem a sua razão de ser.

 

Era para ter abordado esta temática no ano passado, no início de Novembro, quando habitualmente, em termos sociais, estes assuntos costumam ser falados e escritos. Mas foi passando o início do mês e, entretanto, pareceu-me pouco adequada a sua abordagem. Porque as matérias que se abordam nos blogues e nos media difundem-se por ciclos e, digamos, vão perdendo alguma atualidade, passada essa temporalidade! Entretanto também outros assuntos, temas, abordagens, matérias, temáticas, se nos interpõem e interpelam.

 

Mas agora?! Questionar-me-ão.

 

A Páscoa, per si, não deixa de estar associada ao assunto, dado que nela, no Cristianismo pelo menos, (não sei se também nas outras Religiões monoteístas, com base em Abraão), se celebra a Morte e a Ressurreição. De Cristo, é certo, mas também num plano mais vasto culturalmente, de algum modo, panteísta. Porque, quer se aceite ou não, há um substrato natural e universal, associado aos ciclos religiosos cristãos, a outros ciclos religiosos mais antigos e ancestrais e à própria natureza e respetivos ciclos vitais.

 

Diretamente ligado a este facto cultural e religioso, nestes dias da designada “Semana Santa”, estive no velório de um familiar, precisamente na “Sexta-Feira Santa” e no correspondente funeral, no “Sábado das Aleluias”. Nos Olivais – Lisboa. Foi aí, no respetivo Cemitério, que ocorreu a cremação.

 

A incineração é cada vez mais um método socialmente aceite e utilizado em Portugal. Concordo com o processo!

 

Quanto às cinzas resultantes existem atitudes diversificadas.

Há quem leve para casa, no pote que se pode obter para o efeito e guarde no seu lar.

Quem espalhe por locais mais ou menos significativos e/ou significantes, para as pessoas em causa. Lançar no mar, em florestas ou campos emblemáticos, depositar no jardim particular ou em jardins públicos…

Há quem guarde as cinzas nos gavetões dum cemitério, ou deposite em sepulturas anteriores de entes queridos já falecidos.

 

Nos Olivais, observei que há cinzas depositadas nos relvados laterias ao crematório, aonde familiares vão colocando flores, conforme pode ser observado in loco. Já constatara esse facto, há alguns anos, quando assisti a outra cremação de outro familiar.

Também existe um espaço no interior da parte mais tradicional do cemitério, onde se podem guardar as cinzas numa espécie de gavetas no solo. Não sei muito bem como funciona todo o processo. Hei de procurar saber.

 

Acho bem a cremação!

Mas defendo um processo diferente para a deposição das cinzas.

 

No Cemitério, definir espaços, relativamente amplos, no solo, para a respetiva deposição.

Depositar as cinzas de cada defunto nesse espaço, em locais previamente determinados pelas entidades gestoras do cemitério.

Em cada local em que são colocadas as cinzas, plantar um arbusto. Por ex. uma roseira, um alecrim, uma alfazema, ou outras plantas facilmente adaptáveis ao nosso clima e que não ocupem grande volume. (Árvores seriam mais simbólicas, mas no conjunto ocupariam, no futuro, muito espaço, dado o respetivo crescimento. Daí arbustos.)

 

IMG original DAPL. 2016.jpg

 

Os arbustos escolhidos seriam de acordo com uma definição prévia por talhões.

No talhão A, roseiras; no B, alecrins, por ex. Etc.

De modo que, à medida que se iam depositando cinzas, haveria sempre mais uma planta acrescentada ao talhão e ao espaço global.

 

Passados alguns anos, haveria todo um jardim com diferentes plantas, estruturadas por talhões, que proporcionariam um belo efeito paisagístico, no enquadramento em que estivessem localizadas.

Tente imaginar as roseiras todas floridas!

Ou os alecrins, ou as alfazemas. Ou outros arbustos delineados.

IMG original DAPL 2016.jpg

 

Todos beneficiariam desse processo e dessa metodologia.

 

Ah! Mas dado que as cinzas são provenientes de Seres Humanos, de Pessoas, simultaneamente com a respetiva deposição no solo e o plantio do arbusto, seria colocada uma placa simples, normalizada, em mármore ou granito, identificativa de cada Pessoa: Nome, locais e datas de nascimento e morte. E uma fotografia!

 

Toda esta metodologia seria para quem quisesse, como é óbvio.

Quem não pretendesse seguir este modelo, poderia optar pelos que já existem.

 

IMG original DAPL 2016.jpg

 

Mas, caro leitor, cara leitora, tente imaginar o espaço, relativamente vasto, todo revestido de plantas floridas!

Um roseiral! Seria o mais apelativo de todos os modelos. E toda a Humanidade e todos os Seres Vivos usufruiriam do campo florido!

 

 

Versos semeados nas paredes (I)

"Poesia na Rua"!

Lisboa – Olivais Velho – Calçadinha dos Olivais

14/04/2017

"Sexta Feira Santa"

 

Este poema iniciou-se a partir de uma frase, um “verso” escrito numa parede de Lisboa, que li, que achei, nos vários sentidos da palavra, uma verdadeira preciosidade. Num local que é uma ilha perdida dos séculos XVIII e XIX, implantada na Lisboa dos finais do século XX e do início deste 3º milénio: Parque das Nações, Olivais Norte, Av Infante Dom Henrique, Gare do Oriente, Av. De Berlim…

 

olivais velho. pt.wikipedia.org. jpg

 Precisamente a norte da Rua Américo de Jesus Fernandes, onde se situa a sede da APP – Associação Portuguesa de Poetas.

Num muro, nos Olivais Velho, na Calçadinha dos Olivais, na parede da Escola “Primária”, um graffiti, com o verso: “Empresta-me um sonho”, assinado HK.

 

*******

 

Num muro li: «Empresta-me um sonho»

Como se comprassem uma ilusão.

E ao beberem água de medronho

Quisessem que ardesse o coração.

 

Não te empresto, não posso, um sonho

E dar, mais não posso, que Poesia

Talvez um cheiro, sabor a medronho

Certamente um riso d’ alegria.

 

Um sonho emprestado é sonho teu

Tuas as palavras que’ achei na rua.

Texto publicado será sempre meu?

Ou, tal verso, é do sol, é da lua?!

 

Quem versos grava, órfãos, em paredes?

Poemas, quem lavra, dispersos, perdidos nas redes?!

 

Não sei. Não tenho resposta.

Que versos e poesia são para quem gosta.

E há muito… foi o correio e a mala-posta!

 

***

 

“Empresta-me um sonho”

Que eu dou-te um poema

Travo de medronho

Traço de grafema.

 

…   …   …

 

Fotografei. Quando tiver oportunidade, talvez divulgue foto. Talvez!

 

Original FMCL. 20170414. jpg

 (Houve, hoje, dia 19/07/17, oportunidade para divulgar uma foto original de FMCL.

Consulte também o post específico, S. F. F.)

 

Lanço um repto aos Poetas e Poetisas.

Quando virem, lerem, acharem versos, perdidos nas paredes… Tentem construir um Poema!

 

(Imagem in. - pt.wikipedia.org.)

Obrigado e Parabéns, A. P. P.!

Associação Portuguesa de Poetas

XXXII Aniversário

 

Original DAPL 2016 .jpg

 

Conforme previsto, decorreram no dia três de Abril, segunda-feira de tarde, as atividades celebrativas do trigésimo segundo aniversário da APP – Associação Portuguesa de Poetas, na respetiva sede, na Rua Américo de Jesus Fernandes – 16 A, aos Olivais, Lisboa.

 

Sala completamente cheia, muitas pessoas de pé e no exterior.

A Poesia foi Rainha, o Fado de braço dado. Irmanados e observados pela Pintura, Arte expectante que, nas paredes da sala, nos observava e nos convidava também a uma visita e observação mais detalhadas.

 

Homenagearam-se os sócios mais antigos, com placas alusivas aos quinze e vinte e cinco anos de associados. Simpática e comovente lembrança da atual Direção.

Também se rendeu preito aos sócios fundadores, bem como a antigos membros de Direções anteriores. E alguns puderam honrar-nos, a todos, com a sua presença.

E os sócios, todos os sócios, independentemente da maior ou menor longevidade da sua aderência à APP. Que sem sócios como se estrutura uma Associação?!

 

Lembraram-se os Ausentes. Aqueles que, de algum modo, tiveram e desempenharam papéis mais ou menos relevantes no âmbito da Associação, mas que, a seu modo, contribuíram para que a APP chegasse aos trinta e dois anos, cheia de vitalidade e dinamismo!

E que, agora, embora fisicamente não nos acompanhem, estarão connosco numa outra dimensão!

 

Foi anunciado o vencedor do concurso “Nau dos Sonhos”.

 

E, como não poderia deixar de acontecer, cantaram-se os parabéns, repartiu-se o bolo de aniversário e compartilharam-se comidas e bebidas.

Foi um evento notável e merecedor de encómios.

 

Parabéns! Parabéns à Associação. Parabéns e Felicitações a Todos!

 

E Obrigado!

 

Obrigado é mais qu’uma palavra!

Nela se lavra em nobre gratidão

Sentimento que Alma nos desbrava

E se nos grava, grato, no Coração!

 

 

E muito Obrigado pelo Vosso Trabalho, pelo que é visível e pelo que, não sendo diretamente observável, é manifesto e subjacente ao que observamos.

Renovados parabéns e agradecimentos!

 

Obrigado é mais qu’uma palavra!

Nela se grava nobre sentimento

Sentir que nosso coração nos lavra

E em nós desbrava um nov’alento!

 

(Fotografia Original DAPL 2016)

Poesia: Homenagem a distintos Sócios da APP – Associação Portuguesa de Poetas

ABRIL

 

Foto1925 Primavera original DAPL 2015.jpg

 

Introito:

 

Terminou o mês de Março. E este post, nº 518, fora delineado para ser publicado nesse mês. Mas não foi possível.

Iniciando-se Abril, continuamos ainda em boa companhia, isto é, com a Poesia. Prosseguimos igualmente com a Associação Portuguesa de Poetas e pessoas que nela tiveram papel de destaque.

A divulgação de participantes na XX Antologia foi concluída no post nº 513, a 20 de Março.

Quando iniciei essa divulgação, ainda em 2016, referi que gostaria de realçar duas pessoas que foram muito importantes no âmbito da APP.

(No meu ponto de vista e na minha visão parcelar e provavelmente parcial sobre a temática. Eventualmente, poderei estar a ser injusto, por omissão, relativamente a outras personalidades, a quem apresento as minhas desculpas.)

 

Para possibilitar essa divulgação, tive que pesquisar a bibliografia disponível e, finalmente, hoje, posso divulgar duas Poesias, uma de Luís Filipe Soares, sócio nº1 da APP e outra de Maria Ivone Vairinho, sócia honorária da APP e que dirigiu os respetivos destinos de Março de 2002, a Maio de 2011.

 

*******

 

Seguem-se, então, os textos poéticos:

 

 

«NA SOMBRA DA VIDA»

 

«O despertador tocava

ininterruptamente.

Acordou.

Deixou o sono a escorrer

ao longo dos cabelos da sua imaginação,

cobriu a face com alva espuma de sabão

e deixou a água acariciar

as rugas da sua pele ressequida.

Deu os bons dias à vida,

bebeu o café

e saiu para a rua.

Fato de ganga: desbotado,

gasto, descosido e amarrotado.

É operário.

Vive só…

É casado e tem dois filhos!

Caminha apressado.

Não vê ninguém.

Ninguém o vê!...

Chega à oficina,

diz «Bom dia» para quem o ouvir

e começa a trabalhar

até o cansaço o invadir.

Hora do almoço.

Pega na lancheira; tira o naco de pão,

as rodelas de salpicão e toucinho

e bebe três goles de vinho para temperar.  

Regressa à oficina.

Não vê ninguém, mas também ninguém o vê!

Trabalha, trabalha sem parar.

Toca para sair

Invariavelmente,

exclama para quem o quiser ouvir:

«Até amanhã».

Sai apressado

como quem anseia por algo que é melhor.

Caminha lentamente.

Traz o coração estraçoado

pela dor do seu sofrimento.

Chega a casa.

Ninguém o espera.

Ninguém, a não ser

o silêncio da sua solidão.

Toma banho, janta

e senta-se um pouco

perscrutando os hálitos da sua poesia.

Deita-se, e adormece levando consigo

nas asas do seu pensamento

o som brutal do acidente

que lhe tirou a visão.

Sonha,

e nesse mundo de fantasia

viu-se rodeado dos amigos de então,

dos filhos que o vieram visitar,

da mulher que lhe pedia perdão

e no meio de uma sociedade

que o amparava e protegia.

E ele sorria.

Oferecia amizade e simpatia,

falava na esperança, no amor

e acima de tudo…vivia!

Mas… como sempre,

o verde da ilusão

foi vencido pelo negro da realidade.

… e ele acordou.

Esperava-o um dia sempre igual,

sombrio, transparente e vazio.

Antes de se levantar

pensou como devia parecer triste

aos olhos das outras pessoas:

Velho, pobre, doente…

Mas que importa?

… ele passa

E ninguém o vê!»

 

Luís Filipe Soares

 

In:

Revista “Família Cristã”

Ano XXXI, nº 11 – Novembro 1985.

 

(Nota 1 - Também tenho publicado, nesta edição da Revista, “CAVALO DE FERRO”, sob pseudónimo “Manuel Francisco”.)

 

*******

 

«CINZA DE LUME APAGADO»

 

«Chão aberto à semente

Água de riacho

Planta de funda raiz

Flor a desabrochar

Sou terra, água

Planta, flor

De Primavera

 

Águia que quer voar

Ave que canta no pomar

Em noites de lua cheia

Sou fruto amadurecido

De Verão

 

Fulgor do sol poente

Onda que se levanta

Em mar de vivas marés

Sou folha doirada

Que tomba, que cai

No Outono

 

Flor de Primavera

Seara de Verão

Folha caída de Outono

Cinza de lume apagado

Morro no Inverno.»

 

Maria Ivone Vairinho

 

In:

“A Nossa Antologia”

“Antologia de Poesia e Prosa Poética”

X Volume – 2002.

 

(Nota 2 - Nesta X Antologia também participei com:

POEMA FIGURADO (I)”,”POEMA FIGURADO (II) – Um ramo de flores para a Mãe”, e “POEMA FIGURADO (III) – Perdido de si”.

Nota 3 - De entre os participantes nesta X Antologia, também participaram na XX:

Bento Laneiro, Catarina Malanho, Feliciana Garcia, Maria Melo, Natália Fernandes e Virgínia Branco.)

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