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Aquém Tejo

Há quem do Tejo só veja o além porque é distância. Mas quem de Além Tejo almeja um sabor, uma fragrância, estando aquém ou além verseja, do Alentejo a substância.

Há quem do Tejo só veja o além porque é distância. Mas quem de Além Tejo almeja um sabor, uma fragrância, estando aquém ou além verseja, do Alentejo a substância.

Fábula: O Hoje e o Amanhã

Vamos iniciar uma fábula...  

 

A fábula que vos vou contar ouvia-a à minha avó que já cá não mora, mas me a segredou ao ouvido, numa noite de insónia. Deve ser lida com sotaque de português do brasil, suave e adocicado, para que o “Acordo” seja levado com mais amenidade.

Tem quatro atos e a respetiva ação decorre em dois momentos: no “Hoje” e no “Amanhã”.

O “Hoje” é um dia que já é uma tarde… O sol já riu e chorou, buscou agasalho e refrigério, amou e desamou, já teve esperança e agora desalento.

O “Amanhã” tem o condão de, apesar do “Hoje” taciturno e deprimido, desesperançado e triste, trazer sempre a ilusão ou esperança possível de que “ amanhã é um novo dia” e o sol vai nascer radiante e luminoso.

O Hoje e o Amanhã situam-se num “Reino da Bicharada”, situado algures num espaço e num tempo em que os animais ainda falavam, pois que ainda havia liberdade de expressão e os ditos agiam, pensavam e sentiam como nós os humanos.

 

Apresenta-se o 1º Ato da fábula

Aproveitamos para lançar um repto: esta fábula ficaria muito bem se fosse ilustrada. Competência que nos escapa. Haverá algum eventual leitor que seja capaz de tal?!

 

Hoje - Ato Um

O Senhor Burro

 

O Senhor Burro que é trabalhador e honesto, pontual e assertivo, assíduo e proativo, experiente e motivado, com licenciatura e mestrado, que trabalha por objetivos, cumpre metas e horários, que é ‘burro de carga’, ‘pau para toda a obra’… foi despedido do local de trabalho que já exercia há vários anos.

Invocou as suas competências e qualidades, atitudes e valores, conhecimentos e experiência, sabedoria e sapiência, a dedicação à “Firma", o seu apego à "Casa”, mas nada! Era velho! Já não prestava para trabalhar, que pedisse a reforma antecipada, que mesmo penalizado, era melhor que nada!

Mencionou direitos. Que não, agora, “HOJE” “direitos são regalias”, poder trabalhar é um privilégio. Não há “direito ao trabalho”, os despedimentos são flexíveis…

 

Nota: Este ato pode ser representado por qualquer outro animal, especialmente burro, de qualquer idade e condição.

 

Hoje - Ato Dois

O Senhor Pato Ganso

 

No final do mês de novembro, o Senhor Pato Ganso abriu o seu e-mail para ver o seu estrato de conta e quanto recebera e verificou um acentuado decréscimo face ao que recebia habitualmente.

Foi falar com o contabilista da repartição onde trabalhava, não se tivesse este enganado.

Ouviu uma voz off, responder-lhe: você é pato, ainda por cima ganso, por isso recebe menos este mês, no subsídio de natal. Menos prendas compra. Hoje, é só pato ganso que recebe menos, amanhã será também o pato marreco. E assim por diante… Depois do pato vai o peru, direito à ceia de natal.

 

“Amanhã”  

 

Ato Três

Dona Galinha Có Ró Có 

 

Era dia de voto, de eleição, prática já enraizada entre os animais do Reino da Bicharada. Fora marcada a votação, para o primeiro dia do ano, primeiro de janeiro, que coincidira em domingo. Para poupar nos feriados, foram marcados o da “restauração”, o da “república”, o “primeiro de Maio” e o da “democracia”, todos neste mesmo dia! E mais alguns com outro significado, que assim se reduzia no feriado.

Dona Galinha Có Ró Có se apresentou para votar. Se vestira a preceito, de cravo no peito, cabelo arranjado, de ar anafado. Entrou na assembleia de voto e cacarejou: sou Galinha Có Ró Có, venho exercer o meu direito de voto.

Votar?! Galinha não vota! Galinha cacareja, está no galinheiro, põe ovo e dá pinto e, no fim, canja de galinha. Votar, só vota o Galo! Ouvia-se em off, a voz do “Pig Brother”.

Mas não, que tenho direito, que voto é livre, que é “Democracia”, respondia a Dona, abanava as asas, espanejava as penas.

Mas não, votar não votou, e tanto espanejou que a “ramona” a levou para caldo de galinha.

 

Ato Quatro

Dona Cachorra

 

Dona Cachorra, pêlo luzidio e preto, ar reluzente, feliz e contente, foi tomar o autocarro, para seguir para o trabalho.

Na paragem, viu sinal de “Aqui cachorro não entra!”, um sinal stop com imagem de cachorro preto em fundo, mas não ligou.

Tentou entrar no onibus, mas não, que não podia entrar, barraram-lhe a entrada, enquanto se ouvia “Aqui cachorro não entra!”, voz gravada em off, do mesmo “Pig Brother”. Mas Dona Cachorra, chamada de “Rosa”, argumentava que precisava de ir de autocarro, que tinha direito a ir, que tinha dinheiro, as vacinas em dia, os impostos pagos, trabalhava a horas, era cumpridora, honesta e trabalhadora, mãe de família, cachorra – diligente e fiel, sem parasitas, cidadã livre do Reino da Bicharada …

 

Será que Dona Cachorra Preta, chamada de “Rosa”, entrou e sentou no autocarro?...

 

Saber a resposta para esse Amanhã, só depende da Bicharada!

 A ler também, S.F.F.

Notas:

Esta fábula foi escrita em Dezembro de 2011. Como qualquer fábula não tem absolutamente nada a ver com a realidade.

Recebeu Menção Honrosa nos X Jogos Florais  da “Associação Cultural dos Amigos do Concelho de Avis” , em 2012.

Foi publicada no Boletim de  “Mensageiro da Poesia” nº 119 Ago/Set/Out 2013, pag. 25.

 

Ah! E continua lançado  o repto de algum leitor fazer ilustrações para a fábula.

As “Alminhas” de Aldeia da Mata e “O Combate de Flor da Rosa"

Será que as lendas têm um fundo de verdade”?

A leste da freguesia de Aldeia da Mata, concelho de Crato, existem dois monumentos peculiares e singelos, mas muito significativos, conhecidos como “As Alminhas”. Um fica mais destacado à saída da povoação, à beira da estrada nacional, na direção da sede de concelho e pela sua localização é facilmente referenciável, sempre que se entre ou saia da localidade na direção mencionada. O outro, um pouco mais recatado, encontra-se relativamente próximo do primeiro na continuação da estrada, mas na direção de Alter do Chão, antes de se chegar ao Cemitério da Aldeia, precisamente na Rua das Alminhas.

 

Estes monumentos que são relativamente comuns por todo o Portugal, seja nas zonas rurais ou urbanas, nas aldeias ou nas cidades têm um significado muito especial que se tem vindo a perder, mas que muitos têm escrito na respetiva estrutura: “Rezai pelas Alminhas”… “Mais do que uma forma de arte, as Alminhas nasceram com uma função: salvar e rezar às almas do purgatório.”(1)

 

Aos monumentos da Mata estão associadas algumas estórias ou lendas e tradições que se perderam na azáfama dos tempos modernos.

Uma das estórias que se contavam referia-se à “Unha de Boi”.

Outra estória ou lenda dizia que os dois monumentos assinalavam o local onde decorrera uma batalha ou guerra e que delimitavam o espaço onde correra o sangue derramado pelos intervenientes nessa contenda. Esta estória foi passando de geração em geração, e era-nos contada em crianças, quando por ali passávamos ou íamos festejar os “Santinhos”, no dia um de Novembro. Não sei se ainda hoje será contada às crianças de agora, nesta Aldeia globalizada …

 

Ao ler o livro “Guerra das Laranjas 1801”, do Professor Doutor António Ventura, integrado na coleção “Guerras e Campanhas Militares da História de Portugal”, Editora QuidNovi, 2008, deparou-se-me um capítulo muito curioso designado pelo autor como “O Combate de Flor da Rosa”.

Muito sinteticamente, esta “Guerra” resultou da invasão de Portugal, pelas tropas espanholas comandadas pelo generalíssimo D. Manoel de Godoy, através do Alentejo e ocorreu durante Maio e Junho de 1801. Esta ofensiva já se integra na designada “Guerra Peninsular”(2), precede as denominadas “Invasões Francesas” de 1807, 1809 e 1810 e foi um desastre para Portugal. (Entre outros aspetos, Portugal perdeu a soberania sobre Olivença, que nunca mais seria incorporada no Estado Português.)

 

Em 20/05/1801, com várias Divisões, os espanhóis iniciaram as ações militares sobre as praças de Olivença, Juromenha, Elvas e Campo Maior.

As principais cidades e vilas fronteiriças acabaram por ser ocupadas ou neutralizadas pelo exército espanhol.

Olivença e Juromenha, praças-fortes, renderam-se sem oferecerem resistência.

Elvas foi cercada, o governador não aceitou a rendição, mas esta praça-forte, considerada “a chave do reino” ficou neutralizada até final da Guerra, não tendo havido propriamente ataques em força, mas cercando-a e com pequenas ações, os espanhóis controlaram a situação, impedindo as tropas de saírem da cidade.

 

No dia vinte e nove de Maio, o inimigo atacou fortemente Arronches, sendo “a derrota dos portugueses rápida e completa”(3), tendo as tropas portuguesas abandonado o campo de batalha.

As tropas portuguesas estacionadas entre esta vila e Alegrete foram-se dirigindo para Portalegre.

Campo Maior, cercada desde vinte de Maio, resistiu e combateu com denodo nas condições disponíveis, sofrendo o cerco até seis de Junho, quando em conselho de guerra foi decidido aceitar a rendição, em termos honrosos. A capitulação foi assinada no dia sete, mas os defensores saíram com todas as honras militares.

 

A vinte e nove de Maio, houve um conselho de guerra em Portalegre, presidido pelo Duque de Lafões, que era o comandante em chefe de todas as tropas portuguesas, com o posto de marechal general. Decidiu-se a retirada do exército lusitano na direção do Tejo. De passagem, em Alpalhão, em novo conselho de guerra, decidiram concentrar o exército em Gavião, tendo acampado junto desta localidade a trinta e um de Maio.

 

É neste contexto de retirada do exército que se enquadra o referido “Combate” que tendo-se iniciado em Flor da Rosa se haveria de concluir junto a Aldeia da Mata.

 

 Por ordem do Duque de Lafões e visando a recolha de abastecimentos, saíram as tropas, ao final da tarde de três de Junho, do campo do Gavião com destino a Flor da Rosa e Crato, com passagem por Tolosa e Gáfete. O comando foi entregue a D. José Carcome Lobo, que comandara as tropas portuguesas em Arronches. Constituía este corpo de tropas, 4 Companhias de Granadeiros, 2 de Caçadores, num total de 600 homens de Infantaria; 68 de Cavalaria, 40 portugueses e 28 ingleses e 4 peças de Artilharia. Eram seguidos por 70 carros, requisitados na região, alguns puxados por mulas, a maioria por bois, para o transporte das mercadorias. Segundo o comandante, chegaram a Flor da Rosa entre as dez e as onze horas do dia 4 de Junho, tendo percorrido parte do trajeto durante a noite, rompendo-lhes o dia perto de Tolosa.

No dia um de Junho, a partir de Arronches, os espanhóis marcharam em direção a Portalegre, passando por Alegrete, tomando-a sem resistência, o que aconteceu também com a cidade. No dia dois de Junho ocuparam Castelo de Vide e atacaram Marvão, que repeliu o invasor. Foram também destacadas forças para o Crato e Flor da Rosa, onde o exército português, na fuga precipitada que fora fazendo ao longo do norte do Alentejo, havia deixado provisões, indispensáveis a qualquer dos exércitos. Estas forças inimigas partiram de Portalegre, pela manhã do dia quatro de Junho, sendo seu comandante o Marechal de Campo, Marquês de Mora, comandando 2500 homens de Cavalaria e três batalhões de Infantaria.

 

A leitura deste trecho do livro motivou-me para consultar no Arquivo Histórico Militar, no Museu Militar, em Lisboa, o documento relatando o ocorrido neste combate.

 

Mas deixemos o próprio comandante das tropas portuguesas, coronel D. José Carcome Lobo, narrar os acontecimentos:

“… pela uma para as duas horas da tarde, deram parte as Vedetas e avançadas de vir o inimigo pelo lado de Portalegre, fiz imediatamente pegar em armas a toda a tropa… coloquei duas bocas de fogo em lugar próprio de bater o inimigo de frente logo que chegasse ao alcance… destaquei duas Companhias de Caçadores… para vir ganhando pelos lados os flancos do inimigo… ordenando também aos 40 Cavaleiros portugueses e 28 Dragões ingleses que sustentassem cada um destes partidos…

Adiantou-se o inimigo e principiou a Artilharia a jogar sobre ele… porém a Cavalaria tanto inglesa como portuguesa fugiu a toda a brida, atropelando não só a Infantaria, mas até a minha própria pessoa e então expostas, sem nenhum apoio, as Companhias de Caçadores fizeram quanto puderam e mesmo perdendo muita gente que lhe foi morta e ferida… se vieram retirando… atirando sempre sobre o inimigo… fomos seguindo a nossa retirada com muito trabalho por causa da Cavalaria que nos seguia sobre quem fizemos fogo; porém enfraquecendo cada vez mais não só pela gente que íamos perdendo ferida e morta, mas pelos muitos que se iam extraviando e fugindo e, nesta ordem de aperto, aproveitando todo o lugar pedregoso que mais nos pusesse ao abrigo da Cavalaria inimiga, vencemos légua e meia de terreno até Aldeia da Mata, aonde encontrando um pequeno bosque com um pequeno muro de pedra solta fiz entrar a Infantaria que me restasse e guarnecer o mesmo muro, tomando-o como parapeito… aonde nos defendemos, fazendo fogo sobre o inimigo por espaço de duas horas. (…)

Acabadas todas as nossas munições e ameaçados de ser passados a espada e atacados por todos os lados e até com a Artilharia adiante de nós, pronta a bater o bosque, eu capitulei a condição de bom trato à Tropa…”(4)

Este excerto faz parte de “Narração fiel e detalhada do Combate do dia 4 de Junho, entre as Tropas Portuguezas comandadas pelo Coronel D. Jozé Carcome Lobo, e Hespanholas pelo Marechal de Campo o Marquez de Mora junto a Vila de Flor da Roza. 1801” - Arquivo Histórico Militar – 1ª Divisão – 12ª Secção – Caixa nº 3 – nº 19.

 

 

E voltando à questão inicial, se as lendas têm um fundo de verdade, verifica-se, neste caso, haver correlação entre o relato de tradição oral, parcialmente sobre a forma lendária e a ocorrência factual dum combate no local referenciado. Combate que tendo-se iniciado em Flor da Rosa teve o seu epílogo à entrada de Aldeia da Mata.

 

Paralelamente ao desenrolar das operações de guerra, decorriam conversações para assinatura da Paz que seria datada de seis de Junho, pelo “Tratado de Badajoz”.

 

P.S. – Já após ter delineado este texto, tive a oportunidade de ler alguns excertos do livro “a nossa terra” do “senhor João”, João Guerreiro da Purificação, constante na bibliografia consultada. Na pág. 218, ao escrever sobre “As Alminhas Novas”, refere também a hipótese de que elas possam estar relacionadas com o combate supra mencionado. Recomendo vivamente a leitura deste livro, bem como das outras fontes referenciadas.

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Vários outros documentos, inclusive espanhóis, referem a ocorrência deste combate, junto a Aldeia da Mata, de acordo com citações de alguns dos autores mencionados na Bibliografia. Tal ocorrência é pois um facto histórico comprovado.

 

Quanto à evocação deste “Combate” através das “Alminhas” pois que outra “guerra” e outro “combate” senão o referido, poderão evocar os mencionados monumentos singelos e peculiares?

Aliás essa evocação de acontecimentos trágicos, sejam eles de natureza individual ou coletiva, é uma das características das “Alminhas” espalhadas por todo o país, com especial incidência a Norte.

 

Curioso que, no Porto, na Ribeira, exista também um painel de “Alminhas”, permanentemente iluminado, junto à Ponte D. Luís, evocando um acontecimento trágico aí ocorrido durante a designada 2ª Invasão Francesa, quando a população da cidade, em fuga face à aproximação dos exércitos de Soult, em 1809, tentou atravessar o Rio Douro na designada “Ponte das Barcas”, que ruiu devido ao excesso de peso, tendo morrido milhares de pessoas. “Desastre da Ponte das Barcas” é assim conhecido.

Interessante a proximidade histórica destes dois acontecimentos: “Combate de Flor da Rosa”, 1801; “Desastre da Ponte das Barcas”, 1809. Ambos os acontecimentos integrados na designada “Guerra Peninsular”.

 

BIBLIOGRAFIA

 

- Arquivo Histórico Militar – 1ª Divisão – 12ª Secção – Caixa nº 3 – nº 19.

  “Narração fiel e detalhada do Combate do dia 4 de Junho, entre as Tropas Portuguezas comandadas pelo Coronel D. Jozé Carcome Lobo, e Hespanholas pelo Marechal de Campo o Marquez de Mora junto a Vila de Flor da Roza. 1801.”(4)

- NATÁRIO, Rui; As Grandes Batalhas da História de Portugal; 1ª edição, Barcarena, Marcador Editora, Março 2013.

- OLIVEIRA MARQUES, A. H.; História de Portugal, Vol II – Do Renascimento às Revoluções Liberais; 13ª edição, Lisboa, Editorial Presença, Jan. 1998.

- PURIFICAÇÃO, João Guerreiro da; A nossa terra;1ª edição, Lisboa; Há Cultura. Criação e Produção de Eventos Culturais, Lda / Associação de Amizade à Infância e Terceira Idade de Aldeia da Mata, 2000.

- RAMOS, R. et.al.; História de Portugal; 4ª edição, Lisboa, A Esfera dos Livros, Fev. 2010.

- VENTURA, António; Guerras e Campanhas Militares da História de Portugal, Guerra das Laranjas, 1801; 1ª edição, Lisboa, QuidNovi, 2008. (3)

- VENTURA, António; O Combate de Flor da Rosa – Conflito Luso-Espanhol de 1801; Lisboa, Edições Colibri, Junho 1996.

- VICENTE, António Pedro; Guerras e Campanhas Militares da História de Portugal, Guerra Peninsular 1801 / 1814; 1ª edição, Lisboa, QuidNovi, 2007. (2)

 

WEBGRAFIA

 RODRIGUES, Olinda Maria de Jesus; As Alminhas em Portugal e a Devolução da Memória, Estudo Recuperação e Conservação – Tese de Mestrado em Arte, Património e Teoria do Restauro. Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, 2010. (1)

Wikipédia – Enciclopédia Livre  - http://pt.wikipédia.org.

http://www.arqnet.pt/exercito/laranja4.html 

 

 

Versões deste texto foram publicadas em:

Jornal “A Mensagem” nº 475, Janeiro 2014

Boletim Cultural nº 114 do Círculo Nacional D’Arte e Poesia, Fev. 2014

Verão dos Marmelos / Verão de São Martinho

Final de Outubro, quase Novembro! O Outono na sua pujança, neste ano um quase Verão. "Verão de São Martinho" antecipado, que neste ano se juntou ao "Verão dos Marmelos". Falar de  Outono é falar dos frutos de Outono. Nozes, avelãs, frutos secos! E poder-se-á falar de Outono sem falar de marmelos, dióspiros... E de romãs?! Essa fruta tão cheia de significados, tão bela na sua forma e conteúdo. E tão saborosa... E tão rica nutricionalmente.

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Falar de Outono é falar dos Santos. Falar dos "Santinhos". Quando se pedia os santinhos de porta em porta e trazíamos, contentes, um saco com marmelos, passas de figo, romãs, algumas nozes, que havia poucas... Algumas guloseimas... Uns tostões...

 

Da ida às "Alminhas" onde andava a "Unha de Boi"...

 

Mas esses são outros temas, de outro post..

 

Sobre uma mesa de fórmica, de produção industrial, uma imagem de natureza, de produção artesanal: romãs, marmelos, dióspiros. Sobre um naperon em crochet, trabalho manual em forma de peixe, lembranças de mar, que a forma coletiva dos frutos pretende sugerir. Frutos da Terra, sugestionando frutos de Mar.

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E termino com esta imagem deste Outono! Outono?! Verão, tal o calor! Quiçá Primavera, de tão verdes os campos?! Faltam-lhe as flores, mas as ovelhas pastam abrigadas, como nos velhos tempos. A imagem das casas da Aldeia, no recorte do horizonte. As oliveiras centenárias, memórias de tempos de outros tempos, a azinheira que nasceu e prospera na racha de uma pedra granítica e o eucalipto que o meu Pai plantou, também entre duas rochas nascediças, como ele diria...

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Neste post não posso deixar de agradecer à fotógrafa e construtora deste blog, apesar das suas objeções a que tal mencione. Sem ela ele não existiria.

À mãe da fotógrafa e à mãe do pai da mesma, pois nada existiria sem elas. E saudades ao meu Pai que pastoreia outros rebanhos...

 

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Crónica do Feijó 2: CATS

CATS: Gatos e Gatas

Na pretérita 5ª feira, na noite de 16 de outubro, fomos Além Tejo para assistir a um espetáculo numa centenária sala (1892), renovada e adaptada aos tempos e modos atuais. Sendo, à nascença, sala de lides tauromáquicas, por onde passaram nomes lendários da festa brava, registados com as respetivas datas de atuação nos diversos camarotes por toda a praça, tem agora uma função generalista e polivalente, quem sabe talvez num futuro a sua única função, apresentando os mais diversos eventos, para além de funcionar também como um centro comercial. Nessa noite o espetáculo era de gatos e gatas, ou seja CATS, na praça de toiros do Campo Pequeno!

 

Lisboa já há alguns anos faz parte da rota dos grandes espetáculos internacionais dos mais diversos artistas e repetiu agora a exibição de tão afamado musical!

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Com um cenário estruturado à base de objetos atirados ao lixo, um carro velho, pneus de carro e rodas de bicicleta, parte de uma porta velha, o resto de um fogão, um cano de esgoto e outros artefactos não identificáveis, tudo num enquadramento de semi-destruição e abandono de lixeira, em noite de lua cheia, como convém a gatos e gatas… Neste enquadramento, só ligeiramente alterado em poucas cenas, se desenrolou a ação e o enredo da peça musical.

A música é um dos grandes chamarizes desta peça, uma fábula sobre vários tipos humanos, sentimentos, estados de alma e estádios de vida, com realce para a velhice, os velhos, a sua sabedoria, a ascensão à merecida felicidade eterna, em contraste com a pujança, a força e os arroubos da juventude. As melodias, muitas são ícones da música, quem não recorda “Memory…”, mal começam os primeiros acordes? Recorda-se e persiste na memória a lembrança de tão bela melodia. Mesmo das mais desconhecidas ressalta geralmente uma lembrança. Passando das baladas para os ritmos mais frenéticos são todas empolgantes, tendo os artistas-cantores um desempenho notável. São artistas, atores, cantores, bailarinos, contorcionistas, ágeis como verdadeiros gatos e gatas, corpos de elástico, representando tipos humanos mascarados de felinos.

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Com variadas mudanças de indumentária ou de acessórios se passava de uma cena à seguinte, transportando-nos ao cerne do enredo. Realce aos artistas que se transfiguravam nessas mudanças e personagens, sempre artisticamente maquilhados e caraterizados, verdadeiras obras de arte, sendo sempre felinos, mas gatos diferentes ou outros animais: canídeos, baratas, ratos. 

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Eram no total 28 artistas envolvidos, sendo 6 apenas cantores. Curioso que, no decurso das várias cenas coletivas, nunca estavam mais que vinte e um, três vezes sete, ou não tivessem os gatos sete vidas!

Coreografias e bailados mágicos e alucinantes, jogos de luzes, música a jorros, sempre encantatória ou não fosse Andrew Lloyd Webber o compositor.

A sala estava bastante bem composta, não estando totalmente cheia. Assistindo ao espetáculo da galeria, pese o inconveniente da distância, tem-se uma visão global da sala e da assistência e para quem tem que se socorrer das legendas até é conveniente.

O público não era o que habitualmente encontro nos espetáculos locais, como seria de esperar. Sinais de bem-estar e desafogo económico notavam-se sob vários ângulos, sendo que o trajar era o mais óbvio. Muitos jovens!

Antes do musical, ou chamar-lhe-ei ópera?, petiscámos na zona da restauração. Cheio, cheio, o espaço! (Crisis, what crisis?!)

Qual não é o meu espanto, quando vejo chegar, marcante presença e atraindo as atenções, a “tia Tété Gui, a rainha dos reality shows”. Mal chegou ao espaço restaurativo, talvez surpresa por ver tantos comensais em tempo de crise, sei lá!, estancou naquela atitude tão peculiar pondo a mão na anca! Mas, passada a surpresa inicial, fez pose e lá seguiu, provavelmente à procura de  mesa.

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Este não será o melhor final para esta crónica, mas uma fofoca apimenta o conteúdo.

Final, final, é dizer que adorámos o espetáculo!!!

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E que tal pesquisarem no Youtube uma versão da melodia "Memory". Por ex.  a versão de Barbra Streisand, a de Susan Boyle ou uma original de CATS?

Nota final: as fotos foram quase todas digitalizadas a partir do programa - www.uau.pt

Estória Inverosímil!

Hoje, divulga-se uma "estória inverosímel", escrita em 2011. O texto é o que foi escrito nessa data, que se mantem propositadamente. No final, constataremos e comentaremos as eventuais mudanças!...

 

O homem que queria vender o Terreiro do Paço!

 

Dona Odete, nos últimos tempos dedicada aos seus afazeres e um pouco alheada dos problemas do país, resolveu sair para espairecer e dar uma volta até à Baixa, reabrindo as suas observações sobre a Cidade onde se espelha o estado da Nação.

Resolveu apanhar o elétrico vinte e oito, tantas vezes tomado a caminho da Feira da Ladra ou da Graça e descer na Conceição cirandando até ao Terreiro do Paço, a ver o Tejo.

Já há muito não parava na Praça, apesar de por diversas vezes lá ter passado, de autocarro ou no metro, a caminho de Santa Apolónia.

Das vezes que passara de autocarro despertaram-lhe a atenção grandes cartazes colocados a toda a largura das arcadas norte, leste e oeste com mensagens escritas em três línguas diferentes: ”For Sale /Se Vende!” e ainda uma terceira parte escrita em chinês, cuja linguagem desconhecia, mas calculava significar o mesmo.

Como já observara, junto aos cartazes estavam diferentes homens sem rosto ou de rosto desconhecido, porque sempre escondidos por detrás de uma máscara, aparentemente anónimos. As máscaras, essas mudavam conforme os ciclos de vida e os dias do ano. Eram de diversas cores, mas sempre uniformes e impessoais, nada específicas, porque fabricadas em série e vendidas em qualquer loja de chineses.

De entre os diferentes homens, um destacava-se num palanque, frente ao Arco da Vitória, apregoando alto e bom som que a Praça estava à venda.

Gabava-se que já vendera o Martinho da Arcada, simbolicamente alienara a Língua, quando decidira mudar-lhe a grafia e o sentido etimológico. Já utilizava a escrita ideográfica com carateres em mandarim, para além do inglês, como segunda língua, para além da grafia e sotaque brasileiros!

Espalhados também pela Praça estavam vários cartazes bem visíveis, com uma conhecida senhora loira, com ar de tia muito simpática e um dos seus colegas, ambos a promoverem o licor beirão. Ela que, apesar de forreta, mantém sempre aquele sorriso de matrona de família, só superado pelo da sua prima Mona Lisa e o colega com ar de colegial que foi ao Louvre acompanhar a esposa artista e modelo. Rostos bem visíveis e apessoados na sua máscara de “personas” que mandam na velha Europa a desfazer-se no seu egoísmo e visão autocentrada nos umbigos. Patrocinavam a venda da Praça, a bem da Comunidade, depreendia-se pelos respetivos símbolos colocados no canto inferior direito de cada cartaz.

No centro, D. José, no seu cavalo d’Alter, continuava distraído a olhar para a “Margem Sul” à procura dum norte para se orientar na confusão a que assistia. O Marquês, no medalhão, bem gostaria de chamar aquela gente à razão, mas praticamente reduzido à escala bidimensional e incrustado aos pés do cavalo não “tugia nem mugia”, como no tempo da Dona Maria, não fosse o cavalo fazer das suas.

Nas suas andanças na Praça, Dona Odete também ficou a saber que medalhão e cavalo já estavam em vias de serem vendidos a um conhecido e mal afamado sucateiro, para os derreterem em bronze.

O “Arco da Rua Augusta”, com todo o seu simbolismo de vitória, também estava em vias de ir para a América ou então para a China, que agora dava em capitalizar vitórias, por enquanto só económicas.

Mais difícil de vender era o “buraco” do Metro, que ninguém queria por meter água na estação, depois de tantos anos a arranjar. Sempre que andava nesta linha de metro lembrava-se do que aprendera na 4ª classe, que toda a Baixa Pombalina estava assente em estacas de pinheiro, para consolidar os terrenos, solos de lamas, em parte roubados ao rio. Seria que os engenheiros projetistas e planificadores da linha não conheciam a história de Portugal?! Provavelmente não! De outro modo teriam delineado outro traçado.

E ultimamente parece ser esta a sina dos portugueses. Terem o seu destino traçado por decisores que não conhecem o mínimo de cultura humanística e especificamente da cultura portuguesa. Decisões tomadas por estrangeiros...

Se não como se explica esta obsessão pela venda da Praça tão simbolicamente representativa dos ideais iluministas, do triunfo da Razão, dos poucos monumentos grandiosos que tem a Capital na sequência do Terramoto que quase tudo levou?!

Esta obsessão pela abolição de feriados, de dias de descanso, de pausas coletivas e individuais na rotina dos dias de trabalho e da vida monótona do dia-a-dia?

Se o direito ao descanso até foi consagrado no Livro, há mais de dois mil anos, consignando esse direito inclusive como divino, pois que até Deus descansou ao sétimo dia?! Com o objetivo que mesmo os homens insensatos pudessem ler nas entrelinhas que se Deus tem direito ao descanso então os homens, à imagem e semelhança de Deus, também têm esse direito. A bem do Indivíduo e da Sociedade!

Mas voltando à Praça, que Dona Odete quando começa a filosofar, não há quem a pare…

Será que o homem vai conseguir vendê-la? Na totalidade ou em frações? Em inglês ou em francês? Numa dezena de línguas, como qualquer produto globalizado?

E será que com a venda da Praça vai conseguir pagar as dívidas?

E quem a irá comprar? E quem comprar leva o original e deixa cá uma réplica? Em esferovite? Ou fica mais um buraco no lugar da Praça?

Será que a senhora e o senhor que promovem o licor beirão acham que a queda dos países periféricos vai deixar a Europa incólume?

E com as vendas efetuadas o dinheiro arrecadado vai ser efetivamente canalizado para pagar as dívidas? Ou vai novamente sustentar a banca fraudulenta?

E com todas as medidas tomadas vamos ou não sair da crise? Ou vamos afundar-nos ainda mais?

Aguardamos para ver!

 

 

Dezembro 2011

Recebeu Menção Honrosa nos X Jogos Florais  da “Associação Cultural dos Amigos do Concelho de Avis” , em 2012.

Publicado no “Boletim Cultural” nº 108, do Círculo Nacional D’Arte e Poesia”, Outubro 2012

  

P.S. - Post Scriptum

“Estória Inverosímel”

 

Face ao observado em 2011 por Dona Odete, o que se nos oferece referir, agora, em Outubro de 2014, passados quase três anos?!

 

  • Sobre Lisboa, nalgumas zonas impressiona, tal o estado de degradação a que chegou. São prédios emblemáticos, nalguns pontos quase quarteirões inteiros a ameaçarem ruína. É só dar uma volta pela Baixa. A Praça da Figueira, a rua Augusta, a partir dos primeiros andares…! Bem sei que a responsabilidade desta situação é muito vasta… e esta degradação tem dezenas de anos. Mas com tanta gente importante que passou pela Presidência da Câmara…

 

  • Quanto à venda da Praça ela continua na praça pública e parece não ter mais fim.

 

  • O dinheiro obtido continua a não chegar para pagar as dívidas, pois que o montante de juros é sempre maior.

 

  • Quem compra, são cada vez mais estrangeiros, de modo que ter a posse e o poder de decisão de empresas de referência fora do País é hipotecar a soberania nacional no presente e no futuro. Não sei o que poderá representar caso haja algum conflito internacional futuramente! Que, infelizmente, é algo que a insensatez humana não permite descartar!

 

  • Quanto ao referir-se que os homens que vendem a Praça usam uma máscara e são “anónimos” é porque eles, de facto, são S. A. S. Q. R. – Sociedade Anónima Sem Qualquer Responsabilidade, pois nunca são responsabilizados pelo que fazem.

 

  • Quanto à Banca, depois de tudo o que aconteceu entre 2008 e 2011, termos ainda em 2014 o que se descobriu e está para descobrir sobre um Banco que era de referência, é caso para qualquer cidadão honesto perguntar: Como é possível acontecer tal situação depois de tudo o que já acontecera antes??!!!!  E não adianta, agora, quererem "branquear" a situação e alijar responsabilidades!

 

  • O “buraco” já não é de Metro. É de Kilómetro!

 

  • O Licor Beirão deixou de ser promovido por aquela senhora e aquele senhor muito simpáticos, pelo menos não se tem visto nada nesse sentido. A senhora continua a dar cartas, do senhor não sabemos o que anda a fazer...

 

  • Dos sucateiros já não reza a estória. A Justiça funcionou?

 

Crónica do Feijó 1 - A força do coletivo!

No dia 4 de Outubro, aconteceu magia e encanto em duas coletividades de cultura e recreio na novel freguesia do Laranjeiro - Feijó: O Encontro de Coros, no CIRL – Clube de Instrução e Recreio do Laranjeiro, comemorativo do 29º aniversário da Freguesia do Laranjeiro e o 4º Serão de Cante e Poesia Alentejana – “O Cante a Património Imaterial da Humanidade, UNESCO”, no salão de festas do CRF – Clube Recreativo do Feijó.

No 1º evento, ocorrido pelas 16 h, participaram: Coro Polifónico do Clube do Sargento da Armada, Coro Polifónico “Carpe Diem”, Grupo de Cantares Vozes na Idade de Ouro e Coro Coral Stravaganza, dirigidos pelos respetivos maestros. Cantaram e encantaram cada grupo a seu modo e seu saber, modas populares, tradicionais e clássicas, tendo cantado, no final, sem ensaio prévio, “Acordai” de Lopes Graça, dirigidos pelo maestro Edgar Saramago. Épico, acutilante e atual. Belas melodias e belas vozes proporcionaram uma tarde de salutar deleite espiritual, como só a audição de lindas músicas e canções pode proporcionar!

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À noite, pelas 21h, iniciou-se o segundo evento: Serão de Cante e Poesia. Participou o Grupo Coral e Etnográfico Amigos do Alentejo do Feijó, grupo anfitrião e organizador, o Grupo Coral da Adega da Vidigueira, o Grupo Coral Os Reformados de Ferreira do Alentejo, O Grupo Coral Os Alentejanos da Damaia e o Grupo Coral Os Bubedanas de Beja. Em Poesia enlevou-nos o Poeta César Salvado. Relativamente à Poetisa Rosa Dias também prevista de atuar, a Organização informou que não compareceria, por estar doente. (Votos de boas melhoras!)

No salão de festas do CRF, repleto, num palco tendo como cenário a projeção de uma paisagem alentejana, destacando-se um sobreiro, uma carroça e uma seara, atuaram os cinco grupos entremeados pelas prestações poéticas.

Parabéns a todos os intervenientes, muitos deslocando-se centenas de quilómetros, atuando por amor à arte, a troco de nada material, lutando com nobreza e galhardia por um ideal, oferecendo os seus préstimos a uma comunidade de ouvintes e amantes do Cante.

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Ouviu-se o murmúrio do vento nos trigais de antanho, viu-se o ondular das searas e das ondas do mar distante, escutou-se o balir dos rebanhos ausentes, o marulhar forte e agitado das águas em tempestade, as vozes telúricas das profundezas do mundo e entranhas da terra, o sussurrar doce e meigo da palavra amor num ouvido de mulher… Esteve ali vincada e majestosa a força da terra transtagana! A Alma de um Povo e de uma Cultura, a força do coletivo, da coesão de grupo, que não se deixa amordaçar por modas e consumismos estereotipados.

Em contraponto, de forma sempre atuante e oportuna, interveio o Poeta. Talento, mestria, saber, intuição e improvisação, sabedoria e estética, mas também força, intervenção e verdade nua e crua, disse excecionalmente poemas seus e de Ary dos Santos, tendo terminado, de forma brilhante, com “Soneto Presente”.

 

O último grupo atuante tem um nome que, à priori, não nos remeterá para a qualidade que ostenta e encerra na juventude dos seus componentes. Estavam apenas oito rapazes muito jovens, mas como referiram se iam esforçar para valerem por quarenta. E valeram, mas mais que isso. Valeram por oitenta! Tal a força, a energia, a garra com que agarram as modas. Modas em que conciliam a tradição e a modernidade, que bem apresentam inclusive no trajar.

 

Todos os grupos mereceram aplausos rasgados do público que desse modo não regateou encómios a nenhum dos participantes e que foram amplamente merecidos.

Parabéns também e especialmente à organização do evento, ao grupo anfitrião e seus elementos, às entidades autárquicas do concelho de Almada, que tão bem sabem acarinhar a Cultura, nas suas mais diversas manifestações artísticas e desportivas.

E também parabéns aos espetadores, pois nos momentos de intervenção dos artistas o silêncio era absoluto, quase religioso, mágico. Bem sei que esta atitude é um dever! Mas, por vezes…

 

E não resisto a questionar, como já fiz noutras ocasiões e também ouvi da voz do Srº Afonso, da Organização:

Que fazem as TVs portuguesas que deixam passar estes acontecimentos?

 

Nota:

Publicado em:

Boletim Cultural Nº 117 do Círculo Nacional D'Arte e Poesia, Ano XXV, Out. 2014

Boletim Informativo e Cultural Nº 69 de Associação Portuguesa de Poetas - Out./Nov./Dez. - 2014

 

Como começar?!

Não é por falta de temas... Não faltam assuntos nem trabalhos para publicar!

De modo que, face ao exposto, resolvo divulgar a crónica mais recente que escrevi, sobre dois acontecimentos ocorridos na freguesia do Laranjeiro - Feijó, no dia 4 de Outubro 2014.

 

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