Há quem do Tejo só veja
o além porque é distância.
Mas quem de Além Tejo almeja
um sabor, uma fragrância,
estando aquém ou além verseja,
do Alentejo a substância.
Há quem do Tejo só veja
o além porque é distância.
Mas quem de Além Tejo almeja
um sabor, uma fragrância,
estando aquém ou além verseja,
do Alentejo a substância.
No propósito que estabeleci de divulgar, em suporte digital, uma Poesia de cada um dos Poetas participantes na 13ª Antologia do CNAP, dá-se a conhecer, hoje, “Sonata de Outono”, de Manuela Machado, Aljustrel.
Não tive oportunidade de falar com todos os antologiados, mas com todos os que estabeleci contacto, nenhum se opôs a esta metodologia. Caso alguém se oponha, agradeço que me dê conhecimento e procederei em conformidade.
Também continuo a ilustrar cada poema com uma foto ou outro suporte de imagem sugestiva, preferencialmente original, no sentido de enquadrar o texto. Quando não disponho de nada pessoal, pesquiso na “net”. O procedimento mencionado no parágrafo anterior, também se aplica neste caso. Perante eventual discordância, agirei segundo o que me for sugerido. Na net, apesar de ficar sempre “rasto” do que se deixou, também se pode remover o que não se quer.
Algum erro que seja detetado, agradeço que me seja dado conhecimento.
E, efetuadas algumas considerações sobre “metodologias de trabalho”, segue-se o Poema.
“Sonata de Outono”
“Louvemos o Outono…
Que anuncia mudanças
Com o seu verde indefinível
A doce aragem
O seu céu azul lilás
O sol coado…
Que sejam boas as mudanças
Como sempre esperamos.
Assim, seguimos o delicado zéfiro
Confiantes, embriagados
Com os tons enganadores
De tão doces
O cheiro dos frutos
Das colheitas
As folhas que dançam no ar
Douradas
Ainda cheias dos reflexos do sol
Que já foi
Seguimos cegos de esperança
Nem calor nem frio
O regaço de Ceres transbordante
Em alegre dança sem euforia
Nem cuidados
Louvemos pois o Outono
Paragem ilusória, doce torpor
Que anuncia
Com delicadeza
A chegada
Do solene Inverno.”
Manuela Machado, Aljustrel.
Ilustra-se com uma foto original de F.M.C.L., 2014.
Hoje, neste Post nº 262, o primeiro após o Natal, continuo a divulgar poesias publicadas na 13ª Antologia de Poesia do Círculo Nacional D’Arte e Poesia, 2015.
Damos a conhecer a Poesia “Sejamos Felizes!”, de Maria Cotovia (Vila Nova da Rainha).
Neste Post nº 260, divulgamos o Poema “A Jornada”, de Maria Manuela de Mendonça, de Faro.
“A Jornada”
“Naquelas horas mortas da jornada
Quando o cansaço mui pouco se tolera
Pensamos que afinal a caminhada
Não é tão doce quanto se quisera…
Subindo a montanha enviesada
Parece-nos de altura não severa
Mas, olhando p’ra trás, rude estirada,
Acreditamos que a rota foi austera!
Chegados ao cume, alto e belo,
Sofremos, afinal como fazer
A descida tem sempre mui anelo
Um solo derrapante vem trazer
Ingente e mui difícil duelo:
É mais fácil subir…do que descer?!!”
Maria Manuela de Mendonça (Faro)
Ilustramos também com uma fotografia lindíssima de D.A.P.L., 2014, também de Cacela Velha, Algarve, de que uma idêntica também ilustra o meu Poema “Caminhadas”.
De certo modo já me tinha imposto não voltar a escrever sobre Futebol.
Mas é lá isso possível?! Consigo lá resistir a deixar um comentário nalgum post de algum blogue que ache mais interessante?!
Foi o que ocorreu, anteontem, dia dezoito, quando li alguns posts sobre a “bomba” há muito anunciada e esperada, que rebentou lá para Londres, para os lados de Chelsea… e que estilhaçou à escala global. E cujos ecos também aterraram neste blogue!
Mourinho fora despedido…
E, ao ler os posts: “O Exemplo José Mourinho”, no Blogue “Rabiscos de um Maldisposto”; “Mourinho…Real?”, no Blogue “Lados AB” e “José e o pecado original”, no Blogue “Bolas e Letras”; não resisti a deixar alguns comentários.
E, é com base nesses comentários que quero “alinhavar” algumas ideias avulsas sobre o tema… num post específico em “Aquém-Tejo”!
A ocorrência da saída de Mourinho vinha-se anunciando… A situação internamente era insustentável! Diria até, péssima! Apesar das imagens de auto e hetero confianças mútuas…
Só se aguentou tanto tempo, porque... envolvia muitos milhões, conforme se viu na sequência do despedimento. Fora a situação outra, e as "partes" não se teriam aguentado tanto tempo, nem a "corda teria esticado" tanto! Mais cedo teria havido a famigerada "chicotada psicológica".
Porque, hoje, no futebol, o que conta é só e apenas o Dinheiro. "Money! Money!"
E nenhuma das partes quereria abrir mão do dinheiro… Finalmente lá terão chegado a acordo.
Quanto a regressar a Madrid ou a outro qualquer Clube de topo, o “metal” soará sempre mais alto. A publicidade, o marketing, o merchandising… O Real Madrid é uma montra, cheia de manequins e modelos, em todos os sentidos. Se o "pilim" troar a jeito, vai para Madrid ou outro lado qualquer, que não lhe faltarão clubes...
Quem dera a todos os desempregados, por esse Mundo fora, terem indemnizações milionárias e empregos à espera...
Que são esses mesmos "desempregados" que também alimentam "Treinadores Únicos" e "CRsetes"!
Quanto a Eva estar na origem do “pecado original”, na “origem de todos os males”, é o que diz a “mitologia” judaico-cristã! E também a islamita, acho eu, pois temos todos de ascendente o "Patriarca Abraão", cuja ascendência primitiva seria precisamente o "Pai Adão e a Mãe Eva"!
No caso vertente… a questão com a médica terá sido o despoletar de muitas situações, nomeadamente no balneário, ou não?! Estarei enganado?!
Como dizem os franceses… “Cherchez la femme!”
Pelo menos, e por agora, o clube voltou às vitórias.
E ao afirmar isto, com tudo isto, friso, que não deixo de ser admirador de Mourinho!
Resolvo ilustrar este tema, não com alguma imagem futebolística, mas, talvez paradoxalmente (?), com a reprodução de uma pintura de MASACCIO, representando “Adão e Eva a serem expulsos do Paraíso”!
E esta imagem é plena de metáforas.
Que isto da Vida não é só futebol... Também é Arte!
A RTP1 tem estado a transmitir um Ciclo de Cinema Indiano, na sequência de outros Ciclos que já apresentou.
Mercê de algum preconceito relativamente ao Cinema de Bollywood, filmes realizados em Bombaim, atualmente Mumbai, não me interessei, “à priori”, pelos filmes. A imagem estereotipada dos filmes indianos que numa determinada época, julgo que nos anos setenta, enchiam a programação de muitas salas de cinema de Lisboa: danças muito coreografadas, música a jorros e um enredo em torno de uma jovem muito bela e pobre por quem um jovem rico e de casta superior se apaixona, as oposições familiares e, no final, casamento deslumbrante. Repito, este é, de algum modo o “cliché” associado a esta filmografia, quiçá injusto e reducionista. No programa, também da RTP1, julgo que “Agora Nós” não sei se patrocinado pela firma homónima de telecomunicações, o “boneco” criado por José Pedro de Vasconcelos, “o crítico de cinema indiano”, de algum modo também joga nessa estereotipia.
Pois, ontem, peguei-me a ver o filme que passou. Primeiro, de pé atrás, a ver no que dava. Depois fiquei “agarrado” e fascinado com a temática. Se o tema dos amores contrariados pela desigualdade social, cultural, religiosa, de castas, era fulcral no enredo... Acentue-se, que a sociedade indiana, apesar de ser a “maior Democracia do Mundo”, herança britânica; possuidora de uma cultura riquíssima e multimilenar, é estruturalmente uma sociedade profundissimamente desigual. Tremendamente desequilibrada, chocante nesse mesmo desequilíbrio!
Pois, se essa temática de amores frustrados enredava o enredo, a história era muito mais rica que apenas isso, e estava muito além disso. Diria antes que o filme é um filme de denúncia, é um filme verdade, que nos apresenta a realidade dura e cruel dos sofrimentos e humilhações, reforçaria este aspeto, humilhações, a que os seres humanos das castas mais baixas estão sujeitos, mais ainda os que não pertencem a nenhuma casta! Párias da Sociedade. Que era o caso da família e do jovem herói apaixonado do filme, Jabya. Cuja paixão era dirigida para Shalu.
Estava tão embebido na história, que na cena final, completamente inesperada, quando o jovem atira mais uma pedra ao opressor, qual David atirando-se a Golias, e o realizador direcionou a pedrada não ao agressor do filme, mas à câmara, ao cameraman e, consequentemente, ao espetador, a cada um de nós que víssemos o filme, pois, instintivamente, desviei rapidamente o rosto, como se a pedra me fosse dirigida. Magistral!
E esta cena final, inequivocamente, diz tudo. Além da revolta, justa, justíssima, do oprimido contra o opressor e contra séculos de opressão, ela é também uma pedrada arremessada à consciência dos espetadores.
E tenho dito! Imperdível, de visualização obrigatória. E uma prova que os estereótipos, que as ideias formatadas “à priori”, são muitas vezes completamente falaciosas.
É preciso que as Entidades Competentes, dos vários âmbitos de Cidadania, tenham a coragem de agir, na preparação já do próximo Ano Letivo! E não esconderem a cabeça no chão para não verem, nem refletirem!
E gostaria de já não voltar a este tema, de futuro.