Há quem do Tejo só veja
o além porque é distância.
Mas quem de Além Tejo almeja
um sabor, uma fragrância,
estando aquém ou além verseja,
do Alentejo a substância.
Há quem do Tejo só veja
o além porque é distância.
Mas quem de Além Tejo almeja
um sabor, uma fragrância,
estando aquém ou além verseja,
do Alentejo a substância.
Hoje, resolvo divulgar, no Blogue, um POEMA, de um Grande POETA. Talvez um pouco esquecido, como é apanágio dos POETAS -ANTÓNIO GEDEÃO. É a primeira vez que publico um Poema de um Poeta Consagrado e não é um aproveitamento dessa consagração.
Trata-se de um “Dia Especial” e este Poeta, paralelamente com Outros, José Régio, por ex., é um dos meus preferidos.
Daí ter decidido relembrar este POEMA e este POETA, hoje!
Neste blogue, duas “tags” bastante utilizadas são: Cultura e Cidadania.
Pois é desses temas que trata este post. Questões de Cultura e de Cidadania!
(A propósito, sabe o significado de “tag”? Fui consultar: “1 – etiqueta, 2 – citação, 3 – trecho”.
E “post”? – “Correio”.)
Seguem-se os assuntos sobre os quais quero lançar algumas questões no “Correio”, formulando algumas perguntas que, nalguns pontos de vista, poderão ser impertinentes.
Mas, como explicitei no início, são apenas, e tão somente, Questões de “Cultura” e de “Cidadania”!
I - “Demissão do Presidente do Centro Cultural de Belém”
Não vou debruçar-me sobre a demissão deste Senhor Presidente, nem sobre o Senhor Presidente que o substituiu, nem sobre a atitude do Senhor Ministro que o demitiu, nem sobre a Indemnização que o Estado Português irá pagar, melhor, nós, Contribuintes...
Não, não vou!
Basta colocar, num motor de busca, o título deste excerto supracitado e teremos acesso às mais variadas opiniões sobre o tema. Muito mais avalizadas que qualquer opinião que eu possa emitir.
Mas não posso omitir uma Pergunta.
Quando é que os nossos queridos representantes nos Orgãos de Soberania definem que, para o exercício de funções em Cargos desta natureza, ou similares, deve haver um Concurso Público e não nomeação de Personalidades segundo a cor do Partido em exercício no Arco Governativo?! (Esta questão, infelizmente, aplica-se a todas as cores partidárias nos sucessivos governos!)
II - Desempenho de funções de ex-Ministra das Finanças na “Arrow Global”...
Pode? Não pode? Deve? Não deve? Deve e Haver?!
As minhas questões são mais primordiais.
Devem estas Firmas existir?!
Que benefícios trazem elas aos Povos em geral, nomeadamente aos que depenados com juros de dívidas cada vez maiores pelo acumular desses juros, elas se apressam a “gerir” e a aproveitar-se das respetivas fraquezas e fragilidades?!
Qual o grau de inocência destas Firmas na contratação de ex-governantes para seus funcionários?!
(...) (...)
E sobre a atitude da Senhora?!
Pode? / Não pode?
Deve? / Não deve?
E como vai ser o Deve e Haver?!
E qual o grau de inocência, a palavra mais adequada seria “outra que omito”, destes senhores e senhoras, não é a primeira nem será a última ocorrência com ex – ministros e ministras, ao aceitarem estes cargos e funções, cujos enquadramentos e contextos supostamente conhecerão demasiado bem?! Qual...?!
III - E sobre as subvenções vitalícias a ex-políticos?
E uma Artista de vanguarda, como fora Veronika, só podia ter um velório transmutado numa Festa. De Final de Ano. Um “happening”, acontecimento bebendo nos anos sessenta, ou não fossem esses os tempos e modos que enformassem o “modus vivendi” e os conceitos artísticos de Veronika Gronnegaard!
Conceito muito bem aproveitado pela filha Gro, uma personagem que sente com a cabeça. Fria. E calculista! Mas também sempre bem acompanhada de bons vinhos!
Mas voltando ao 1º episódio, introito de toda a narrativa. Que atirou ela à matriarca que a fez ficar com tantos remorsos e chorar desalmadamente perante o cadáver da mãe, no hospital? (Afinal não é tão fria assim, como aliás já nos mostrou quando se agarra a Robert...)
Quando a mãe se ufanou do facto, isto é, de ser Mãe, de amar, ser amada, que lhe arremessou a filha?
Que ser mãe era esse, que um filho, Frederik, não queria nada com ela e não colocava os pés naquela casa, há anos... Outro, Emil, só lhe ligava quando precisava de dinheiro... E, ela própria, Gro, não era mais que a sua secretária. E uma outra filha não fazia sequer ideia de quem ela era... Pois, que ser mãe, seria aquele?!
(Não terá sido exatamente assim, nesta sequência, que as palavras azedas e ressabiadas foram proferidas, mas o conceito será este.)
E estas palavras definem os sentimentos dos quatro filhos sobre a Mãe, Veronika.
E vão mostrar-se nessa encenação de velório, simultaneamente festa de fim de ano, final de ciclo de vida e projetos de ano futuro: “Ano Novo, Vida Nova!”. Na congeminação da posse da herança: o Solar. E tudo o que contém, as Obras e as Memórias da Artista.
Frederik acha-se nos direitos sobre o Solar, que afinal era do pai e da sua família há dois séculos, sendo ele o filho mais velho e com direitos de opção de compra.
Emil o que quer é dinheiro líquido. Que a mãe lhe prometeu, para ele investir em mais um projeto de esturrar a massa, agora na Tailândia.
Gro quer transformar tudo aquilo numa Fundação, o que até seria o projeto mais adequado, não fossem também os seus interesses particulares a sobreporem-se, pois, dessa forma, teria o controlo total sobre tudo, podendo continuar a brilhar, administrando o legado da matriarca, no fundo, continuando a ser a sua secretária.
E Signe, Sunshine?!
Pois, Sunshine ainda está alheada de tudo, vagueando de fato de trabalho naquele ambiente sofisticado de intelectuais de fim de ano. Apanhando memórias da infância, vendo fotos suas de criança, com a ajuda de Thomas, talvez o único personagem que sentiu a morte de Veronica e não se move por interesses materiais naquele contexto. Também não é herdeiro, diga-se.
Sunshine, Signe, está ainda fora da realidade.
Mas há quem não esteja. E, o pai, John, já tratou de mostrar a um advogado o papel que Veronika lhe escreveu e assinou, declarando-a como herdeira do Solar. Que é válido, comentou com o namorado daquela, Andreas.
Testamento no leito de morte! A casa, avaliada em dez milhões, é de Signe.
E estão lançados os dados, afiadas as garras, lançadas as armas, para a disputa da herança, na “Herança”!
Ainda há poucos dias escrevera, no post anterior, a 29/02/16, a propósito do Reino Unido ponderar a saída da União Europeia: “E, nestas coisas de dinheiro, mesmo os irmãos mais irmãos...”
E o que constatei ontem, 5ª feira, 3 de Março, na programação da RTP 2, no habitual horário noturno, após a “Página 2”?
Pois! A transmissão da série “A Herança”.
Mas a 2ª Temporada? Ou a “finalização” da 1ª Temporada, que aquele último episódio da primeira teve tudo menos aspeto de episódio derradeiro? Ficara tudo tão incompleto... Situação sobre que exprimi a minha perplexidade no post sobre “Séries Europeias na RTP2”, publicado a 15/04/15.
Não! A reposição da primeira temporada.
Como gosto de rever as séries, até porque ficam sempre aspetos que não me apercebo no início, quando conheço mal as personagens, é claro que revi o 1º episódio, e, se puder, irei tentar rever os outros.
Que, segundo averiguado, existe uma 2ª temporada e, até se prevê, uma terceira.
Bem, mas por agora, contentemo-nos em visualizar de novo, com outra atenção, o que nos é mostrado na 1ª temporada.
O local central onde decorre a ação é o “Solar de Gronnegaard”, no sul da Dinamarca, embora, no decurso da narrativa, vários outros locais surjam como enquadrantes do enredo. Este Solar também é o leitmotiv da história: a herança.
O tempo narrativo ocorre nos tempos atuais: terceiro lustro do século XXI.
Veronika Gronnegaard, papel desempenhado por Kirsten Olesen, é uma mulher de 68 anos, artista/escultora/performer, dinamarquesa, internacionalmente reconhecida e admirada, que vive e trabalha, desde os anos sessenta, no mencionado solar, de inícios do século XIX, e que fora pertença do marido, Carl Gronnegard, já falecido.
Na aproximação do Natal e correspondentes festividades, na sequência de exames que vinha efetuando, há alguns meses, no Instituto de Oncologia, no total desconhecimento de todos os familiares, tem a confirmação de que tem um cancro em estado bastante adiantado.
Tem três filhos reconhecidos como Gronnegard:
Frederik, papel desempenhado por Carsten Bjornlund e Emil, papel de Mikkel Boe Folsgaard. Ambos filhos de Carl.
E Gro, desempenho de Trine Dyrholm, filha de uma das suas paixões por um músico de vanguarda, Thomas, que não edita nada há vinte e cinco anos, vivendo retirado, meio ausente, quando não ganzado, no seu mundo de fantasia musical, numa cabana, no parque do Solar.
E tem uma outra filha, de uma outra paixão, já ela passara dos quarenta, por um indivíduo que lhe fora fazer uns arranjos ao Solar, bastante mais novo, ex-andebolista e atual treinador de uma equipa importante da Dinamarca.
Essa filha é Signe Larsen, papel de Marie Bach Hansen, que foi dada para adoção precisamente para o pai, entretanto casado.
Signe desconhece completamente a situação, que nem o pai nem a suposta mãe alguma vez lhe contaram alguma coisa, mesmo sendo ela já adulta e a viver a sua própria vida com o namorado, Andreas Beggensen, defesa direito, na afamada equipa de andebol, SHK, treinada pelo pai.
Perante a iminência da Morte... Veronika tenta a aproximação da filha Signe, que é vendedora numa florista, precisamente indo à respetiva loja encomendar-lhe um ramo de flores, para entregar no Solar.
Aí, no ato de entrega, procura reter Signe, para desatar os nós que tem dentro de si e prender-se à filha. Inicia um modo de conversa, oferece-lhe uma bebida, que não sendo aceite, insiste num chá.
Signe, um pouco renitente, surpresa, mas algo a prende ali, talvez o sangue, quiçá as memórias, acaba por aceder. E, enquanto bebe, observa o estúdio, as obras, mira o trabalho no computador... Entretanto Veronika, tentando manter uma chama de diálogo, acender um rastilho para o fogo que há-de vir... vai esboçando um desenho, supostamente de Signe, e oferece-lho. “Para a Signe, da Veronika.”
Desenho que, mais tarde, em casa, Signe mostrará aos pais...
Calcule-se a estupefação e receio destes...
E poderia ficar por aqui, que assim seria apenas um começo de conversa.
(...)
Mas não!
Ainda acrescento que, na véspera de Natal, já noite, Veronika, sentindo-se mal, telefonou a Signe e pediu-lhe que fosse ter com ela ao Solar.
(...)
E, esta, não sei se perplexa, se meio “aparvalhada”, que não acho palavra melhor, foi! Talvez seguindo um chamamento primordial, um apelo da infância passada, mas de que não tem consciência presente...
E aí chegada encontrou a matriarca já bastante combalida.
Mas Veronika ainda conseguiu soltar as palavras que a sufocavam, e revelar-lhe ser sua mãe.
E deu-lhe um texto escrito e assinado de momento, em que a declarava herdeira do Solar.
“É meu desejo que herdes o Solar. Para criares uma família. Os restantes bens são divididos entre os teus irmãos.” (...) “Não cortes muitas árvores lá fora!”
E o seu estado piorou.
Signe teve que chamar os serviços de socorro...
Por sua vez, a filha Gro, reconhecida como tal, telefonara à mãe, precisamente quando Signe andava nestas diligências.
Imediatamente acorreu ao Solar.
E, desconhecendo-se, colaboraram na resolução da situação, sendo a paciente assistida e transportada ao Hospital.
Aonde viria a falecer no dia de Natal!
E este 1º episódio, de que omiti imensos excertos, funciona como introdução à história.
E ainda se lembra do que escrevi no início?
“E, nestas coisas de dinheiro, mesmo os irmãos mais irmãos...”
Podemos substituir “dinheiro” por “herança”.
E, nestas coisas de heranças, para mais sendo irmãos tão desunidos...
Sim, porque eu não contei as palavras “azedas” que Gro atirou à mãe, sobre os filhos desta, ou seja, ela própria e os irmãos, quando a mãe a “picou”, por ela supostamente não saber amar nem ter filhos...
Cujo remorso de as ter proferido a fez telefonar, em boa, mas má hora, precisamente quando Signe diligenciava por uma ambulância...