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Aquém Tejo

Há quem do Tejo só veja o além porque é distância. Mas quem de Além Tejo almeja um sabor, uma fragrância, estando aquém ou além verseja, do Alentejo a substância.

Há quem do Tejo só veja o além porque é distância. Mas quem de Além Tejo almeja um sabor, uma fragrância, estando aquém ou além verseja, do Alentejo a substância.

"Uma Aldeia Francesa” - Temporada 4 - Episódio 10

“Un Village Français”

 

(Episódio global 34 -  16 de Maio de 2016)

RTP2

“Des nouvelles d’Anna” – “Notícias de Anna”: 12/11/1942

 

Anna, reporta-se a Anna Crémieux, judia austríaca, mulher de Albert, judeu francês, antigo industrial e, atualmente, resistente gaulista, a viver clandestino no campo e que foi preso no final do episódio anterior, nono, a 11/11/1942.

Afinal, constatei, com base na carta enviada por Anna a Albert, que Hélène, a filha de ambos, não fora resgatada, conforme eu julgava.

A partir dessa missiva, houve notícias de Anna para o marido, enviadas de Drancy.

Notícias deturpadas por Marchetti e colega, que redigiu nova carta, alterando-a, de modo a dar falsas esperanças a Albert de que, caso ele colaborasse, poderia vir a ter novamente a mulher e a filha, que Marchetti intercederia nesse sentido junto de Servier e dos alemães.

E, Albert, fragilizado pela prisão, pelo isolamento em que estivera, desesperado da ausência de ambas, que não falava de outro assunto, cedeu. E delatou todos os nomes dos colegas resistentes, local de refúgio e reunião, meios de que dispunham...

E, no próximo episódio, 11º, os polícias franceses irão montar uma armadilha aos Resistentes Gaulistas.

 

Abominável atitude e desmesurada ambição destes polícias, que preferem prender e levar à morte os seus compatriotas, que lutarem pela Libertação da sua Pátria!

 

Mas Marchetti fez ainda pior.

Porque houve outra carta, esta enviada a Rita, pela sua mãe, presa nesse mesmo campo temporário, em trânsito para um dos campos de concentração e extermínio, no Leste da Europa.

 

Rita Witte in. canalplay.com

 

No final do episódio, constatamos que Rita de Witte, grávida de Jean, foi à consulta do Drº Daniel, contrariamente ao que o amante lhe recomendara, mas pela questão fortuita do outro médico da cidade ter faltado ao serviço. (Situações das que ocorrem nos seriados, para empolar a narrativa.)

Após consultada e, ao despedir-se, o médico, numa atitude simpática, interpelou-a sobre se ela terá gostado de ter tido notícias da mãe.

Perante a admiração da mesma, questionou-a se ele não lhe deu a ler a carta.

“- Que carta?!”, interrogou-o, Rita, estupefacta e apreensiva.

 

Nós que estamos de fora, como telespetadores, a observar tudo, vimos bem o que o malvado fez... todavia, figura ambivalente, um espelho da França, que simultaneamente que assim procede, também anda a tratar de tudo para casar com a moça, arriscando-se, bem como a própria carreira, ao pretender ligar-se a uma mulher judia!

Aguardemos o próximo desenrolar do enredo.

 

Mas estamos abordando sobre cartas... E como foi o correio?

Quem serviu de correio, clandestino, foi Madame Morhange, antiga Diretora da Escola, que foi “devolvida” do campo de Drancy, por estar muito doente, mercê da intervenção de Servier. E foi recebida na casa do médico, Daniel Larcher, pois ela pretendia que este lhe “achasse” o namorado, Henri de Kervern, bem como entregar-lhe as cartas. Só que estas foram surripiadas por Marchetti, como vimos, e que lhes deu aquele destino...

 

Daniel teve uma ação fundamental neste episódio, desdobrando-se nos seus múltiplos papéis.

Tio extremoso de Gustave, a quem ajudou nos trabalhos de casa; para além do médico de serviço, sempre pronto a ajudar os pacientes; e do seu papel de “Resistente”, não propriamente oficial, elo de ligação mais ou menos voluntário, entre todos. Tem ainda tempo para aturar a mulher, Hortense, que o manipula sistematicamente, que faz dele “manso”, aconchegando-se-lhe no corpo, como uma criança carente e mimada, após ter regressado de um jantar com o boche torturador e assassino.

Quem ficou despeitada e perturbada, com a perceção desse evidente arrulho, foi Sarah, que tendo vindo inesperadamente da Zona Sul, de manhã, certamente para matar saudades, se depara com a evidência dos factos. Supostamente viria para ser amante, mas factos são factos e dez anos de casamento, para Daniel, não se atiram assim borda fora. E de amada, reduziu-se à condição de criada e foi fazer ovos estrelados!

Mas altiva, bela, jovem e recatada (?), não deixou de lhe atirar: “Ela faz de si o que quer. Vou partir amanhã. Prefiro desenrascar-me sozinha!”

Veremos o que acontecerá no futuro!

 

Beriot Marie in. tv.skyrock.com

 

E preparando e lutando pelo Futuro destacam-se os “Resistentes”.

Após um conciliábulo, parcialmente fortuito, entre Jules Bériot e Marcel Larcher, em casa de Madame Berthe, comunistas e gaullistas, reúnem-se de forma estruturada. Confianças e desconfianças recíprocas, resolvidos alguns mal entendidos iniciais, alterada a chefia da célula comunista, no decurso da própria reunião, acabam por definir estratégias de atuação, futuras reuniões e ações conjuntas, na luta contra o inimigo comum: o invasor e ocupante alemão e os colaboracionistas e o governo de Vichy.

Aguardemos que, como também já referimos, Albert Crémieux, também da célula gaullista, denunciou-os e Marchetti prepara-lhes uma ratoeira.

 

Nesta reunião houve, acidentalmente, o esclarecimento de um assunto que já vem na narrativa há vários episódios e que tantos atritos tem provocado na célula comunista. O da possível delação de Suzanne relativamente a Yvon.

Foi aqui desvendado, fortuitamente, que ela não fora a traidora, nem terá havido propriamente um traidor. Apenas fora Edmond que, na sequência do atentado, fora visto pelo polícia Vernet, a sair do local onde se acoitava Yvon. E Vernet, também participante na reunião, pois é resistente gaullista, e que, como policial, nunca esquece um rosto, reconheceu Edmond.

(Não compreendi todas as cambiantes desta situação, pois talvez não tenha visto o episódio.)

 

Não quero deixar de ainda abordar um pequeno, de somenos importância (?), pormenor.

O que foi o Professor e Diretor da Escola, Jules Bériot, fazer a casa de Madame Berthe, caftina da cidade, pelos vistos, pela primeira vez, tendo ele uma mulher tão bela, jovem e sedutora, em casa?!

Terá ido angariar alunas para algum curso noturno?! Para umas novas “Novas Oportunidades”? Preparar para exame ad-hoc à Universidade?

Não, ele foi precisamente buscar aconselhamento, com a experiente Madame, para dar outra cor e uma nova oportunidade ao seu casamento.

E, pelo que foi supostamente visto e ouvido, parece ter dado resultado.

Será a partir de agora que começam a tratar-se por tu?!

 Temporada 4 - Episódio 4

Felicitações ao Benfica!

Parabéns à equipa da Benfica, a todos os seus jogadores!

Benfica in.rtp.pt.jpg

 

E, como sempre, algumas questões...

 

Não posso deixar de referenciar este tema.

Hoje, agora, mais arrefecido o calor dos festejos, o clamor da vitória menos exacerbado, que as redes sociais quase entupiram de tanta comunicação.

 

Felicitações, ao seu treinador, que conseguiu levar o conjunto de todos eles, a vencer este trigésimo quinto título de campeão nacional.

 

Vitória merecida, mas muito suada e sofrida, por isso ainda de mais valor. Vitória que, hoje, não se conquista apenas no campo, porque todo o enredo, todo o ruído, barulho ensurdecedor, que se desenrola à volta dos campeonatos, é de levar qualquer pessoa à loucura. É preciso muita serenidade, cabeça fria, não se envolver em questiúnculas despropositadas, trabalhar, trabalhar sempre, para se alcançarem resultados. E foi isso que obtiveram.

 

Renovadas congratulações a todos!

 

*******

 

Uma Questão desprovida de sentido, dado o modo e o móbil atual do futebol, mas que não quero deixar de colocar:

- Porque é que os jogos de futebol não se realizam todos à mesma hora, no mesmo dia, como ocorriam no tempo, não saudoso, em que este País era categorizado de “3 FFF”?! (...) (...)

(Bem! Digamos que nunca, como agora, este nosso País foi tanto de effes. Que até me apetecia dizer um palavrão, devidamente contextualizado, realce-se!)

 

*******

 

Igualmente de parabéns o jovem que irá para a Alemanha.

Mais um emigrante. Só que este não será um emigrante qualquer. Nem um emigrante qualificado, mas, em contrapartida, prevê-se muitíssimo bem remunerado. Pelo que proporcionará considerável retorno financeiro... Em princípio, que, agora, com tantos paraísos fiscais longe da costa...

 

Questiono:

- Não é impressionável como se fala assim, despudoradamente, levianamente, de milhões, a torto-e-direito?!

- Donde provem tanto dinheiro?!

Abençoado País que tem tais talentos!

 

Não olvidando que estes casos são como uma moeda. Não têm só uma face.

Há sempre o outro lado. Para que haja um Ronaldo ou um Renato, há milhões de ronaldos, de renatos, que os idolatram, que sonham e almejam virem a ser como eles, de eRRe grande, sustentando-os, suportando-os, naquilo que eles se tornaram.

 

Sim, porque seria do futebol se não houvesse milhões e milhões de adeptos que aspiram aos seus ídolos, idealizando serem um deles e com eles se identificando e neles se projetando?!

Que o dinheiro não suba à cabeça do rapaz! Que saiba construir o seu futuro. Que não esqueça nem renegue as suas origens. Que se inspire em Ronaldo, naquilo que este tem de valor!

 

*******

E ainda outra questão:

- Não faz alguma impressão o facto de, perante estas “transações”, sim, porque é disso que se trata, falar-se de “Fulano foi vendido...”, “Sicrano foi comprado...”?!

 

Que esta é a pura verdade, trata-se de uma transação, uma compra, uma venda, uma troca, em suma. De Seres Humanos.

 

- Mas não será, de algum modo, incongruente, que, quando se prevê “descoisificar” juridicamente a situação dos animais, os Seres Humanos sejam tratados como simples mercadorias, afinal como coisas, que se compram e se vendem?!

- Não ficamos com a ideia de assistirmos a um certo retrocesso civilizacional?

 

Bom, que não tenhamos quaisquer dúvidas, não nos iludamos. Os senhores Donos do Dinheiro, que é como se diz, “Donos Disto Tudo”, percecionam todos os outros seres humanos, com letra minúscula e como simples coisas e mercadorias!

 

E, por aqui me fico, que a prosa já vai longa.

Seres Humanos e Animais ou...

... Porque não pegar o touro pelos cornos?!

 

Introito:

Antes de explanar algumas ideias sobre o tema, abordo o significado do título e do subtítulo.

No concernente ao título - “Seres Humanos e Animais” – pode ser interpretado de dois modos. Primeiro como referindo duas entidades distintas: “Os Seres Humanos”, por um lado e os “Animais” por outro.

Ou então lido e interpretado como um todo, categorizando os “Seres Humanos” como “Animais”.

Escolhi-o com base na primeira interpretação, mas não desdenho da segunda.

Quanto ao subtítulo... guardo a “explicação” para o fim.

 

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cabritos in. naturlink.pt.jpg

Desenvolvimento:

Suscitou-me interesse a questão que tem sido debatida sobre os “Direitos dos animais” e a respetiva categorização jurídica.

Penso que é um assunto que nos deve interessar e sobre o qual convém refletir e legislar, dado que os animais, e todos os seres vivos, fazem parte do ecossistema em que o Homem também se integra, não podendo esquecer que o Homem, antes de tudo o mais, é também, na sua essência e no fundamental, um Animal, ainda que esta verdade possa custar a ser aceite por muitas Pessoas bem pensantes.

E a relação Homem e animal é umbilical e milenar, acompanha o Homem desde o seu surgimento.

E há imensos, inumeráveis interesses mútuos entre estas duas entidades indissociáveis.

Mas certamente há muitas questões sobre que urge refletir, legislar, quiçá agir e preparar alterações, mudanças comportamentais, de atitudes, de princípios e de valores.

 

Mas temos que reconhecer que legislar sobre esta matéria é tão ou mais complexo do que legislar sobre o Ser Humano. Porque a espécie humana é só uma. Todos os Seres Humanos sujeitos, como princípio, aos mesmos Direitos e Deveres.

 

Mas no respeitante aos animais, muitas interrogações nos podem suscitar.

Mas terão os animais consciência, para estarem sujeitos a direitos e deveres?!

Ou essa dualidade direito – dever, reportar-se-á para o homem que detiver a posse do animal?

E, por outro lado, quantas espécies de animais existem?

E estão todas na mesma categoria?

E essa categorização é idêntica em todas as culturas?

Mesmo num País relativamente pequeno como o nosso, os assuntos respeitantes às atitudes face aos animais são suscetíveis de consenso facilmente homogéneo?

Este assunto, teoricamente, não tem fim. Por vezes, nem sei se tem princípio, mas tem que ter.

Mas é melhor traduzirmos este assunto na prática.

 

E, antes de entrarmos em aspetos por demais polémicos e fraturantes, situemo-nos na questão, aparentemente mais simples, dos “Animais de Companhia”.

Pesquisei e encontrei as seguintes definições:

 

"D. Lei n.º 276/2001, de 17 de Outubro - APLICAÇÃO DA CONVENÇÃO EUROPEIA P/ PROTECÇÃO ANIMAIS COMPANHIA"

“Artigo 2.º - Definições

1 – Para os efeitos do presente diploma, entende-se por:

  1. – “Animal de companhia” qualquer animal detido ou destinado a ser detido pelo homem, designadamente no seu lar, para seu entretenimento e companhia;”

Liga Portuguesa dos Direitos do Animal:

“Animal de companhia: qualquer animal possuído ou destinado a ser possuído pelo homem, designadamente em sua casa, para seu entretenimento e enquanto companhia. (Decreto-lei 314/03, de 17 Dezembro).”

 

Analisando estes textos depreende-se, à partida, que a definição de “animal de companhia” é demasiado genérica, ambígua e imprecisa, centralizando o problema na pessoa, no dono e não no animal em si.

Isto é, animal de companhia será o animal que uma pessoa quiser, desde que seja seu, que o tenha na sua casa, para seu entretenimento e companhia.

Nem mais! O que, na prática significa que qualquer animal pode ser considerado de companhia. Não depende dele, depende de quem o escolher como tal.

 

Então quais são os animais considerados de companhia?!

Na nossa cultura ocidental, de portugueses, qualquer pessoa dirá, com facilidade, que o cão e o gato são os animais de companhia por excelência.

 

E o canário? E o periquito? E os peixinhos no aquário?! E o papagaio, a catatua, o grilo, o melro e o pintassilgo, na gaiola? E os pombos?

 

E um borreguinho criado à mão, no quintal? E o pónei, o cavalo, o burrito? E o coelho, as galinhas do Zé Maria, os patos no laguinho, os perus a fazerem glu, glu, os porquinhos-da-índia?

porquinho babe in. rederecord.r7.com

 E o porquinho?! Ou será que um porquinho Babe não tem direito a ser de companhia? Ou uma Miss Piggy?

 

E um lagarto, uma cobra, uma iguana, um cágado, uma aranha, toda uma espécie de animais que por aí há, para serem comprados, para se tornarem de companhia...?!

 

Ainda há pouco tempo, ia um rapaz no metro, com uma cobra exótica, tentando a todo o custo guardá-la numa caixa e ela sempre a sair. Finalmente lá conseguiu colocá-la num saco plástico, que fechou. O que vale é que as cobras são animais de sangue frio e era Inverno. Porque pensei, se fosse Verão, trinta e tal graus, o que poderia ocorrer?!

 

Será que todas as pessoas consideram estes animais como de companhia?!

Certamente que não. Mas, todavia há pessoas que consideram que sim e que têm, nas suas casas, qualquer um dos animais referidos como sendo de companhia.

 

E no respeitante às casas?!

Será que todas as pessoas têm condições nas suas casas para terem mesmo os animais considerados consensualmente de companhia?

Por vezes questiono-me como é possível terem-se certos animais de companhia, nos apartamentos minúsculos que habitamos.

 

E no referente ao tratamento dado aos animais?

Como será considerado o tratamento dispensado a um cão que passa uma vida inteira preso a uma corrente?

E um periquito, um canário, uma catatua, e os seus ascendentes e futuros descendentes que passam uma vida inteira numa gaiola, será que cantam para alegrar o dia ou choram de tristeza?

E um melro e um pintassilgo apanhados no campo para serem aprisionados numa gaiola, como classificar o respetivo tratamento?

 

Digam-me, por favor, pessoas que assim procedem, gostam ou não dos animais, são ou não suas amigas? Procedem no interesse do animal ou no seu próprio interesse?!

Então, mas essas pessoas gostariam de ser fechadas numa gaiola e postas a cantarolar para um possível amo e senhor, que as alimentaria devidamente a ração comprada no supermercado?

 

E, já agora, e para desconstruir...

Uma mosca varejeira que entra pela casa dentro é um animal de companhia ou uma intrusa?!

Uso o mata moscas ou o inseticida?!

É agressão contra um animal ou não?!

 

Estas são só algumas questões reflexivas que este assunto me suscita. Também algumas perguntas. Umas pertinentes, outras de todo e, propositadamente, impertinentes.

Muitas situações ainda ficam por abordar.

 

E vamos agora ao subtítulo: “Porque não pegar o touro pelos cornos?!”

 

Que seria, evidentemente, uma pega de caras. Que nem toda a gente consegue fazer, claro!

E são ou não são heroicos os homens que pegam os touros pelos cornos?!

Sobre este assunto ainda voltarei e também, e novamente, e ainda, com um excerto do Clássico Almeida Garrett, sobre que ando há muito para trazer outra vez ao blogue. Os Mestres são assim! Conseguem ser atuais mesmo passados séculos!

 

E porque é que os nossos legisladores, no referente aos animais e ao seu bom ou mau tratamento, não levam à ribalta legislativa as questões que são realmente importantes, como seja a “tortura sobre os animais”?

Tenho plena consciência que este tema, pela sua materialização concreta na vida de pessoas e animais, é demasiado fraturante na sociedade; que não é possível, por enquanto, trata-lo com alguma distanciação; que há muitos interesses de todas as ordens e sentidos interligados ao assunto e não será nada fácil uma abordagem sobre o mesmo.

 

Mas, respondam-me, se fazem favor.

É ou não necessário, mais cedo ou mais tarde, discutir, em sede própria, essa temática?! Isto é, pegar o touro pelos cornos!

 

Ainda voltarei a este tema.

 

E sobre a “descoisificação” jurídica do conceito de animal?  (...) Porque, no contexto da nossa vida social, todos temos plena consciência que os animais não são coisas. (Todos, digo eu, que sei que um animal é um ser vivo como todos nós.)

 

E se um cão, algo que acontece todos os anos, agride o dono, um vizinho, uma criança, um transeunte incauto, fere e até mata, digamos que está no exercício do seu direito de cidadania canina, não?!

E como atuar e autuar os donos dos canídeos que deixam as “prendas / presentes” dos respetivos animais de companhia, espalhadas pelos passeios?!

 

Nota Final:

Cabe um reparo que me poderá ser feito. (Só um?!, dirão.)

Mas, então, não disse que neste blogue não se usavam palavrões?

E será que “cornos” é palavrão?! Direi que é uma palavra conotativa, forte, constante do Dicionário. Aliás como chifres, talvez mais suave, e até chavelho, termo ainda mais poderoso. São palavras vernáculas!

(E ainda: a escolha das fotos não foi inocente!)

 

 

“Uma Aldeia Francesa” - Temporada 4 - Episódios 7, 8 e 9

“Un Village Français”

 

(Episódios globais 31, 32 e 33 – 11, 12 e 13 de Maio de 2016)

RTP2

 

A última vez que me debrucei sobre a Série, reportei-me ao 4º episódio da 4ª temporada, ainda a decorrer.

Intitulava-se “Une Évasion” / “Uma Evasão” e relatava as peripécias ocorridas a 23 de Julho de 1942, correspondendo ao episódio global nº 28, tendo sido transmitido na RTP2,na 6ª feira, 6 de Maio de 2016.

Anteriormente, na transmissão desta 4ª Temporada, intitulada “A hora das escolhas”, cujo início de transmissão aconteceu a 3 de Maio, tinham sido apresentados quatro episódios, todos reportados a 1942 e ao mês de Julho:

1 – “Le Train” – “O comboio” - Dia 20.

2– “Un jour sans pain” – “Um dia sem pão”, ou melhor, “Um dia sem comida” – Dia 21.

3 – “Mille et une nuits” – “Mil e uma noites”, parafraseando Xerazade: Dia 22

4 – “Une évasion” – “Uma evasão”- Dia 23.

 

Posteriormente ocorreram os episódios:

5 – “La mission” – “A missão” – 24/07/1942

6 – “La libération” - “A libertação” – idem

 

7 – “Le visiteur” – “O visitante” – 8 Novembro 1942

8 – “Tel est pris qui croyait prendre” – “Quem quer apanhar, apanhado se vê”, ou seja, “o jogo do gato e do rato”. – 9 de Novembro de 1942

E o 9º episódio: “Baisers volés” – “Beijos roubados”. – 11 de Novembro de 1942.

 

Ficarão ainda os episódios, 10, 11 e 12, para a próxima semana.

10 – “Des nouvelles d’Anna” – “Notícias de Anna”: 12/11/1942 (Anna, julgo que será Anna Crémieux, judia austríaca, mulher de Albert, judeu francês, antigo industrial e, atualmente, resistente gaulista, a viver clandestino no campo e que foi preso no final do 9º episódio, 11/11/1942.)

11 – “La souriciére” –  “A ratoeira / armadilha”.

12 – “La frontière” – “ A fronteira”.

 

Nos episódios que visualizei, sétimo, oitavo e nono, a ação já decorre em Novembro de 1942 e o teatro de guerra na Europa e no Mundo ganha outros contornos.

Os americanos já haviam entrado na guerra, o ataque a Pearl Harbor fora em 7/12/1941. Iniciariam a ofensiva no Norte de África nesta data, Novembro 1942. Simultaneamente na frente Leste ocorria o célebre cerco a Estalinegrado.

A Resistência ganhava força dentro da própria França, não só a liderada pelos comunistas mas também a gaulista, infiltrada em vários setores da vida quotidiana de Villeneuve. Começavam a receber ajuda externa, ainda que limitada, da “França Livre”, através da Inglaterra.

Os comunistas, aliás, pretendiam organizar uma Frente Nacional de Resistência, englobando todos os Resistentes.

Mesmo a população mais alheada dessas problemáticas via-se confrontada a tomar posição, que a chegada do comboio com os prisioneiros, as sevícias a que foram sujeitos e o povo anónimo presenciou, não podiam deixar ninguém indiferente, mesmo os corações mais empedernidos e os espíritos mais arreigados à ideologia pétainista.

O papel da rádio, iniciático, tornava-se um meio comunicacional que alimentava a Esperança dos que resistiam e almejavam a Liberdade.

A consciencialização do papel e importância de oposição ao governo de Vichy e à ocupação alemã ganhava mais adeptos.

Restavam os indefetíveis, às ordens cegas do Marechal e aos pés dos ocupantes, querendo ser mais eficientes que os próprios nazis, na perseguição aos judeus, aos comunistas e gaulistas, lutadores pela Liberdade, mas intitulados de “terroristas”. Mostravam assim o seu servilismo ao marechal e aos ocupantes boches. Marchetti e Servier eram os protótipos máximos desta atitude, apesar das contradições próprias da condição humana, que Jean Marchetti mantinha em segredo uma amante, Rita, que era judia e de quem esperava um filho.

 

Marcel Suzanne in. tv.skyrock.com

 

Essas contradições explicitavam-se noutros grupos, mesmo entre os resistentes. Na célula comunista os atritos entre os “camaradas” estavam bem presentes, nomeadamente no pressuposto da denúncia do camarada, Yvon, atribuída a Suzanne, mas muito mal sustentada pelo acusador, Edmond; nas lutas pelo poder, na estrutura triangular entre ele, Max e Marcel; nas atitudes estalinistas do mesmo Edmond, na suposta abnegação e entrega ao “Partido” e sua clarividência, no purismo ideológico de atitudes dimanadas da origem de classe de cada um. “Enfin, camaraderie”!

 

Também na polícia, apesar da sua ação persecutória aos próprios franceses, a Resistência agia, na pessoa de Vernet, que servia de contacto com os gaulistas, informando-os das ações da mesma.

 

O presidente da câmara e médico da cidade, (já o afirmei, Villeneuve não é, de modo algum, uma aldeia, uma cidade, sim, tais os recursos de que dispõe), o “maire”, Daniel Larcher, desenvolve uma ação notável no contexto da ajuda aos seus concidadãos, conforme pode, servindo de elo de ligação entre as várias forças presentes, dado que, pelas suas funções e cargo que desempenha, contacta com todas elas, mas procurando sempre reverter benefícios para os seus munícipes. Ideologicamente e face às atrocidades que tem vindo a presenciar e ele próprio sofreu, o seu posicionamento deixou de ser “pétainista”, cada vez menos colaboracionista e mais adepto da Liberdade e dos oprimidos.

 

O comboio com os prisioneiros judeus já partiu, para destino desconhecido pela maioria dos franceses, sabemos agora, que para destino e “solução final”. Facto acontecido em anterior episódio, que não visualizei, mas os resistentes conseguiram resgatar Hélène Crémieux.

 

No episódio sete, “Le visiteur” – “O visitante” – 8 Novembro 1942, Villeneuve recebeu a “visita” de três paraquedistas provenientes de Inglaterra, mas dos quais apenas um conseguiu escapar ileso, Vincent. Um foi logo morto pelos alemães, ao aterrar, outro ficou ferido, acabando por ser capturado pela polícia, mas suicidou-se, ajudado pelo médico Daniel, com cianeto contido num providencial anel, com receio de falar e denunciar a sua ação e os seus correligionários da “França Livre”.

 

Vincent, o único que se safou, procurou o camarada “Dominique”, desconhecendo que não era um Domingos, mas, afinal, uma Domingas, Marie, chefe da célula gaulista da cidade.

 

Mas além destes visitantes caídos de paraquedas perto da cidade e do seu aeródromo, quanto a mim, houve um outro visitante que também vagueou por Villeneuve. Aliás, tem estado sempre constante na narrativa romanesca. E esse visitante tem sido, o sempre presente, Cupido.

Visitou Lucienne, através do seu marido Jules Bériot, embora este se distraísse com as notícias da Rádio Londres, que anunciou a invasão dos territórios franceses no Norte de África, pelas tropas americanas. Logo notícia tão importante em momento tão crucial!

Também visitou Daniel, através de Sarah Meyer, jovem judia, por ele libertada (?)

Jean et Rita in. silencio.unblob.fr.jpg

Teve também uma visita de todo improvável, mas concretizada, na pessoa de Rita e Jean, vitima e carrasco, que as setas desse pequeno deus não conhecem alvos impossíveis.

E houve ainda outra visita, esta permanente e também renovada, mas de um cupido, simultaneamente anjo exterminador e abominável. Trata-se de Heinrich Muller, oficial das SS, que novamente se instalou na cidade, para as suas ações de exterminação, agora como chefe máximo da polícia do Leste de França ocupada.

E este cupido não tem feito outra coisa, além da sua função de carrasco, à procura de vítimas, que não adejar as asas junto de Hortense, que, para o próprio, também não passa disso: uma conquista a obter, um prémio a ganhar, tão mais apetecível, quanto mais difícil de alcançar.

Esta, contudo ainda não esqueceu o seu lado torturador e, segundo a mesma, apenas o recorda como um sonho mau, ou seja, um pesadelo!

vernissage in. france5.fr.jpg

Agora toda virada para as artes plásticas, virou pintora de auto retratos, tal o narcisismo da personagem, e embevece-se com a possível comparação a Modigliani e outros pintores célebres, opinião de apreciador italiano, arrematador de todos os seus quadros, que a faz sonhar com vernissages em Florença e Veneza, mas que não é, mais nem menos, que o alter ego de Heinrich Muller, um italiano às ordens de um alemão, que, de certo modo, também era assim que Hitler via Mussolini! Que os nazis consideravam-se superiores a tudo e todos!

 

Na França ocupada, na série, representada pela ação narrativa centrada em Villeneuve, qualquer que fosse o lado em que estivessem, aguardavam, com ansiedade, as notícias veiculadas através da rádio, que lhes permitia acederem ao que se passaria no Mundo e aos “palcos” onde se desenrolava a guerra, à data mundializada, mas especialmente preocupados com os acontecimentos relacionados com a sua Pátria, não sei se dizer preferencialmente, Pátrias, porque, afinal, coexistiam duas Franças.

Os defensores da Liberdade, dos ideais da “França Livre”, ancorados na tradição republicana “Liberté, Égalité, Fraternité”, ansiavam por notícias da Rádio Londres, sonhavam com a vinda dos americanos que os libertariam da opressão alemã.

Os apaniguados de Vichy, desesperavam pelos discursos do Maréchal, que receavam desertasse para a Argélia, conforme corriam os rumores que tal aconteceria e os deixasse órfãos, no seu desespero de enteados de uma França Republicana, que tinham plena consciência haviam traído e de que temiam o julgamento da História futura, que adivinhavam e pressentiam.

Nem a propósito, no final do nono episódio, “Baisers volés” – “Beijos roubados” – 11 de Novembro de 1942, Marie Germain, ex-mulher de Lorrain e ex-amante de Raymond; e Vincent, o paraquedista provindo de Inglaterra para enviar informações da cidade para o governo da “França Livre”, chefiado por De Gaulle, e sediado em Londres, presenciam a invasão pelas tropas nazis, da designada “Zona Livre”, parte de França, governada por Pétain e que, até à data, não estava ocupada pelas tropas alemãs.

 

invasão zona livre. in. paperblog.fr.jpg

 

(...)   (...)

 

Então, e fica-se por aqui?!

Nem mais! Que se fosse a contar tudo ao pormenor dos três episódios, nem amanhã terminaria.

 

Mas, ainda assim, não quero deixar de referir um aspeto mais técnico, do que outra coisa, na estruturação da narrativa.

A perseguição ao filho de Marie, Raoul, movida pelos policiais, Marchetti e quase todo o seu departamento policial. Durou tanto tempo, percorreu tantos espaços, urbanos e rurais; envolveu todos os agentes da polícia, com exceção de Vernet, e utilizou diferentes meios, que só não terá sido detetada pelo perseguido, porque certamente o rapaz será tremendamente distraído. Ou então vinha tão enlevado e absorvido pelos beijos roubados, no linguado que conseguiu surripiar naqueles tempos de escassez alimentar, que lhe passou completamente despercebida tal ação persecutória!

 

E, por agora, de série, fico-me realmente por aqui, até que tenha oportunidade de visualizar outro episódio.

 

Quero também ver se trato mais dois temas sobre que se tem falado muito, um dos quais já aqui abordei a propósito do Mestre Almeida Garrett.

Até breve!

 

Ensino Privado versus Ensino Público?!

Uma questão atual.

E perguntas pertinentes.

dedo em riste in. publico.pt.jpg

 

O tema do “Ensino Privado” e o respetivo financiamento estatal, era algo sobre que me propusera debruçar, desde logo, quando, ainda em Setembro do ano transato, estruturei os posts com perguntas a Sua Excelência o Senhor Ministro da Educação, antes das eleições legislativas. À data, cargo desempenhado por outra pessoa/personagem política, que não o atual e enquadrado numa estrutura governativa diferente.

 

Sobre estes aspetos, (políticas, politiquices, ...) várias vezes tenho vindo a “perorar”. Muitos assuntos têm ficado para trás, alguns eventualmente interessantes de comentar, mas essa não é propriamente a “minha praia” e só abordo quando de algum modo o tema me interessa. Não ando propriamente a reboque do que a comunicação social destaca.

 

Entretanto... “muita água tem corrido debaixo das pontes”, neste ano, inclusive em Maio, que esta semana tem sido de verdadeiro Inverno...

E sobre o assunto fui deixando ficar...

 

Mas voltando à matriz do discurso. Chegou agora a altura de abordar / opinar, sinteticamente, sobre esta questão, sobre que tanto se fala! (Lá está o efeito mediático.)

 

Antes de tudo o mais e como premissa inicial, afirmar que considero que a existência de Ensino Privado é um Direito inequívoco de qualquer Sociedade.

Mas também frisar que “...a César, o que é de César”. Isto é, o que é privado, em princípio e como princípio, não deve ser financiado pelo Estado.

(Situação, infelizmente, demasiado frequente neste nosso Portugal, em que muitos dos que mais defendem, com todo o direito e justiça, a “iniciativa privada”, e que mais denigrem “o intervencionismo estatal”, sabe-se lá por que razões, são dos que mais se “encostam” aos benefícios do tão “vilipendiado” e mesmíssimo Estado.)

O que nos reporta para o caso vertente, e sobre que tanto se tem falado agora nos media e que tão paradigmático e que tão bem espelha o que foi explicitado em parêntesis.

E vamos então à pergunta.

 

Deverá o “Ensino Privado” continuar a ser financiado pelo Estado?

 

Pois acho que, salvaguardadas as devidas precauções cautelares e legais, compromissos irreversivelmente assumidos, e outros considerandos que desconheço, deverá esse financiamento ser extinto, gradualmente, de modo a ser o menos impactante possível nos contextos em que vier a ocorrer.

 

Então mas não haverá situações em que o ensino privado deverá ser apoiado pelo Estado?

Claro que sim. Casos em que pelo seu projeto, pelos fins a que se propõe, pelo público-alvo a que se destina, pelo enquadramento social, geográfico, económico em que se insere, essa intervenção e ajuda estatal se torne necessária, quiçá imprescindível, à concretização e continuação do projeto, do qual resultem evidentes benefícios para a Sociedade, globalmente entendida, e para o público-alvo a que se destina.

 

Existe sempre a possibilidade de o financiamento para a frequência do ensino privado ou público, ser direcionado para o aluno, através de subsídio, bolsa, etc.

 

Os dois modelos de ensino fazem todo o sentido, e são imprescindíveis, desde que cumprindo os normativos legais estabelecidos nacionalmente.

 

Face à situação tão abordada atualmente e à consequente quebra de financiamento e perante os casos concretos que nela serão envolvidos, deverá o assunto ser tratado com toda a atenção, para não haver questões demasiado problemáticas. (Reporto-me muito especialmente às pessoas que trabalham nessas instituições privadas e que possam vir a ter as suas profissões em risco!)

 

E volto a mencionar algo que já tenho abordado, isto é, a mania dos governos fazerem e desfazerem, sem haver um “pacto de regime” (?), que defina assuntos básicos e transversais que não andem sempre uns a fazer e outros a desfazer, porque, no final, quem paga é sempre o “Zé”...

 

Mas, então deixa-se ficar tudo sempre na mesma?! (...)

 

Outros temas sobre Educação e Ensino que já apresentei no blogue.

 

“Un Village Français” - Temporada 4 – Episódio 4

“Uma Aldeia Francesa”

 

“Une Évasion” / “Uma Evasão” - 23 de Julho de 1942

(Episódio nº 28 – 6ª feira – 6 de Maio de 2016)

 

Desde que se iniciou, na passada 3ª feira, a transmissão desta 4ª temporada, intitulada “A hora das escolhas”, foram apresentados quatro episódios, todos reportados a 1942 e ao mês de Julho:

1 – “Le train” – “O comboio” - Dia 20.

2 – “Un jour sans pain” – “Um dia sem pão”, ou melhor, “Um dia sem comida” – Dia 21.

3 – “Mille et une nuits” – “Mil e uma noites”, parafraseando Xerazade: Dia 22

4 – “Une évasion” – “Uma evasão”- Dia 23.

 

crianças presas in. video streaming.orange.fr.jpg

 

Nesses escassos quatro dias do mês de Julho, em que decorre a ação, desde que o comboio chegou a Villeneuve, com famílias judaicas a caminho de serem deportadas para os supostos “campos de trabalho”, muitos acontecimentos ocorreram nessa prisão improvisada a que crianças, velhos e adultos, homens e mulheres, estiveram temporariamente sujeitos na cidade.

Situações dramáticas, como a da alimentação de tantas pessoas, num contexto de penúria geral na cidade sujeita a racionamento e senhas para compras de bens.

 

(Não posso deixar de me reportar para a realidade e lembrar que essa situação de carência de bens, com especial realce para os alimentares, porque mais imprescindíveis, foi geral em toda a Europa, mesmo nos países que não estavam diretamente envolvidos na guerra. Como, no caso, Portugal, onde o racionamento e o comprar com senhas também foi comum durante o mesmo período.

Todo o trabalho produtivo era canalizado para o designado “esforço de guerra”.

Pasme-se e medite-se sobre a insanidade humana: andar a produzir só para destruir! E além de matar, deixar milhões morrerem à fome. Porque a guerra afetou todos: agressores e agredidos e esta situação dual alterou-se completamente no decurso da mesma.)

 

Mas deixemo-nos de “devaneios”... e não nos desviemos da matriz essencial deste meu contar.

Uma das situações ocorridas, mais dramáticas e chocantes, foi a separação das crianças dos respetivos progenitores.

 

crianças  in. video streaming.orange.fr.jpg

 

Ontem, na parte final do episódio, era suposto que as crianças se juntariam novamente aos pais e mães... Ação resultante do esforço negocial do Presidente da Câmara e de Madame Morhange, a porta-voz do grupo de judeus.

Era suposto... E, inclusive, chegou mesmo a concretizar-se parcialmente. Que Madame Crémieux conseguiu juntar-se com a filha, Hélène, e, ao chegar, anunciou que o autocarro com as crianças já aí vinha.

E é de imaginar o alvoroço, especialmente daquelas mães ansiosas, esperando a chegada dos filhos, mais ainda quando se ouviam os motores de carros se aproximando...

 

E chegaram! Mas anunciando-se com alarido e choque, estacionaram carros de tropas alemãs, soldados e oficial, boches, melhor dizendo.

Chegaram gritando e ameaçando tudo e todos, que o oficial berrou, para melhor atemorizar, que todos iriam pagar, porque houvera uma evasão, de entre os prisioneiros.

E, perante a abordagem e aproximação do chefe dos “gendarmes” franceses, não esteve com meias medidas, e pespegou-lhe um valente chapadão, que o deixou estatelado no chão!

 

E esta chapada e o estatelanço do “gendarme” traduzem, metaforicamente, a situação da Nação francesa colaboracionista. Estatelada no pó, às ordens do exército alemão.

 

Mas, frise-se, que essa obsessão pela perseguição aos judeus e aos comunistas não era “idiossincrasia” apenas dos nazis alemães. Em França, como noutros países europeus, ela fazia parte da práxis dos regimes vigentes, pelo menos desde a década de trinta.

Na série, esse aspeto é bem presente, por ex. na atuação do chefe da polícia de Villeneuve, Jean Marchetti, cuja preocupação profissional é prender uns e outros.

E é isso que torna a fazer neste episódio: consegue prender Sarah Meyer, que se escondia em casa do presidente da Câmara, Daniel Larcher, com o seu consentimento e da ainda esposa, Hortense.

 

E nos quedamos por aqui.

Que sobre Hortense muito haveria que contar.

E o comboio que levará os prisioneiros ainda vai demorar...

 "Un village français"

A. P. P. - Associação Portuguesa de Poetas - Eventos de Maio

"Eventos Poéticos" de Maio de 2016

Associação Portuguesa de Poetas

 

Continuo divulgando acontecimentos respeitantes a Poesia.

Porque nunca é demais dar a conhecer o que se realiza nesse âmbito, um pouco por todo o País, mas de que eu conheço apenas uma parcela.

Que Poesia é Luz! E, parafraseando o "Provérbio", 'não se acende uma luz, para fechar numa arca!'

E ainda reportando-me a uma metáfora, que cada um faça como fez o colibri para apagar o fogo, digamos, também metaforicamente, para iluminar a escuridão. Da ignorância...

Neste post, dão-se a conhecer as atividades integradas no contexto da Associação Portuguesa de Poetas, sobre que já me tenho aqui debruçado, por variadas vezes, no blogue.

Ei-las!

 

APP AGENDA Maio 2016.JPG

 

"Momentos de Poesia" - Maio - Portalegre

"Gostar de Portalegre"

 

Neste dia, sexta-feira, dedicado ao blogue, divulgo um evento carismático da bela cidade de Portalegre, "Momentos de Poesia", referente a Maio, num dia de chuva, lembrando mais o Inverno que a habitualmente alegre Primavera.

Que este é também um dos objetivos deste meio comunicacional: a divulgação de acontecimentos ligados à Poesia.

Há algum tempo que não apresentava os cartazes deste relevante acontecimento, de periodicidade mensal, porque, tecnicamente, não os conseguia transferir para o contexto do blogue. Hoje, foi possível!

Eis, o cartaz, e o convite à participação.

 

Cartaz Maio 2016 Autoria de "Momentos de Poesia".JPG

 

“Un Village Français” - Temporada 4

Uma Aldeia Francesa

 

Início de  Temporada 4 – 3 de Maio de 2016

 

 

Iniciou-se, na passada 3ª feira, 3 de Maio, a 4ª Temporada da Série “Un Village Français”. Também de 12 episódios, reportados igualmente a um dia específico de 1942, desde Julho a Novembro, conforme link da wikipedia, apresentado anteriormente.

 

Episódio 1 – “Le train” / “O comboio” – 20 de Julho de 1942.

 

Deportação de Judeus In. programme.tv.jpg

 

Um comboio militar alemão aportou a VIlleneuve para deixar, temporariamente, cerca de uma centena de homens, mulheres e crianças, famílias completas, de judeus, em trânsito para um destino incerto, para os próprios, para os franceses residentes na cidade, para as próprias autoridades francesas colaboracionistas nessa ação. Para uns supostamente designados “campos de trabalho”!

 

No primeiro episódio, somos nós telespectadores, desde logo, também transportados para uma das situações mais trágicas, mais vis, mais absurdas, mais chocantes, mais humilhantes, mais degradantes, mais repugnantes, da 2ª grande guerra: a deportação de judeus, com todo o cortejo de horrores que lhe conhecemos. Sim. Que conhecemos e que, hoje, não podemos ignorar, ainda que passadas sete décadas.

 

Não é fácil abordar a temática desta temporada, como habitualmente tenho feito nas abordagens das outras séries, dado que os acontecimentos narrados têm uma base demasiado verdadeira e chocante, tanto mais porque, ao que observamos, passados setenta anos do final da guerra, a Humanidade não aprendeu, a respeitar-se. Nem a respeitar o Outro, enquanto Ser Humano!

 

Mais do que narrar sobre o enredo vou, antes, questionar:

 

- Como foi possível que tais acontecimentos tivessem ocorrido e durante tanto tempo, sob o olhar indiferente, complacente, colaborante, de tanta gente responsável?!

- Como foi possível que seres humanos tenham tratado outros seres humanos assim e daquele modo?!

 

- Mais... Como é possível, e agora no presente, que tais situações, ou semelhantes, ainda aconteçam e humanos continuem a cometer atrocidades iguais ou idênticas às perpetradas?!

 

- Que, ao longo destes setenta anos, a humanidade tenha continuado a exercitar todo um cortejo de horrores pelos mais diversos países, por esse mundo afora?

 

- E como é possível que os descendentes das vítimas, dos agredidos e sofredores nessa guerra atroz, sejam eles agora que agem como agressores, exercendo sevícias análogas às que sofreram os seus ascendentes?

 

- E como explicar que após setenta anos em que líderes tresloucados dirigiram os destinos de várias potências beligerantes nessa guerra, um deles, o detonador de todo aquele enredo catastrófico, eleito, ainda seja possível haver um candidato de igual cariz, a tentar ser eleito para a chefia do estado mais poderoso do planeta?

 

- Sim! Como é possível?!

 

Falta demasiado bom senso à Humanidade. Pelo menos a uma parte significativa dessa humanidade!

 

E fico-me por aqui, que o comboio chegou à cidade de Villeneuve, mas ainda não partiu.

 

Mas, e ainda sobre o enredo, não posso deixar de referir que assomam sinais de Esperança e Altruísmo nalgumas personagens, que, apesar de todas as atrocidades, nos fazem crer numa Redenção possível!

 

É de visualizar a Série e refletir sobre as ocorrências!

Les Personnages

 

Uma Aldeia Francesa - Temporada 3 - Episódio 11

“Un Village Français”

 

Uma Aldeia Francesa

Temporada 3

 

Episódio 11 – “Le traître” (31 Outubro 1941) / O traidor

(Episódio 23 – 29 de Abril de 2016 -6ª feira)

 

(Ponto Prévio: Após, no último post, ter abordado temáticas dimanadas de uma Aldeia, portuguesa, no post de hoje, volto a debruçar-me sobre assuntos respeitantes a outra Aldeia, mas esta francesa.)

 

A vivência diária em Villeneuve, resultante da ocupação alemã, degrada-se a olhos vistos.

A situação dos principais personagens é cada vez mais problemática.

 

Daniel e Heinrich. in. lexpress.fr. jpg

 

Daniel Larcher, médico e autarca, dedicado a pacientes e munícipes, pai adotivo e extremoso de Tequiero, tio amigo e pai substituto de Gustave, marido desfeiteado pela esposa, encontra-se preso e a ser torturado pelo polícia da Gestapo, Heinrich, facínora psicopata e, cumulativamente, amante da sua mulher, Hortense.

Esta, já menos tresloucada de paixão pelo boche, todavia ainda desceu ao mais baixo da condição humana, ou melhor, destituiu-se dessa condição. Remeteu-se à categoria de objeto a ser usado como moeda de troca de favores. Digamos que, apesar de tudo, por uma boa causa. Pois, após ter presenciado a tortura sobre o jovem militante comunista, e ter desviado o olhar, ainda assim denunciou o cunhado Marcel. Mas não podia ficar indiferente à prisão e tortura do próprio marido, sujeito às sevícias do seu amante torcionário, que o agrediu, prendeu e torturou para saber do paradeiro do irmão Marcel.

Hortense moveu influências junto de Marchetti...

Todavia nada disso a livrou de ela própria conhecer os horrores da tortura, que o seu amante boche, não é homem de se desviar dos fins pretendidos.

E o objetivo por que se moviam os ocupantes e os policiais colaboracionistas era “caçar os terroristas”, que é como quem diz, os comunistas, personificados no operário Marcel Larcher!

 

Daniel não cedeu por ele mesmo, mas ir-se-ia abaixo por ela, para não a presenciar agredida selvaticamente pelo torturador alemão.

Valeu-lhes a providencial (?) chegada do comandante alemão, Kollwitz, pelos vistos não adepto da tortura nem do próprio Heinrich Muller e menos ainda da prisão do Presidente da Câmara, de quem providenciou a libertação. E farto (?) dos métodos do polícia da Gestapo, veio desde logo provido de guia de marcha do mesmo para Minsk, na Bielo Rússia, onde os exércitos hitlerianos se esforçavam, selvática, mas ingloriamente, por alcançar Moscovo, antes da chegada do “General Inverno”!

E foi de ver, marido e mulher, presidente da câmara e primeira-dama, a regressarem a casa, feridos, deslavados, roupas desalinhadas, rostos combalidos, sob o olhar atónito e interrogador dos munícipes de Villeneuve.

Daniel ainda tratou da mulher, a quem já declarara, finalmente (!) que se iria divorciar, apesar das lamechices, manipulações e subtilezas de Hortense, das tentativas de branquear a situação e “dar-lhe mais uma oportunidade”!

A ver vamos o que acontecerá!

 

Entretanto o irmão Marcel acoitava-se nuns campos de floresta e penedias, para aonde terá ido, em tempos de criança e adolescente, brincar com o irmão, certamente aos polícias e ladrões, não direi aos cow-boys, que, na época em que foram adolescentes, ainda não faziam parte do imaginário europeu.

Aí também se reunia com os camaradas do partido, os “partisans”, que lhe iam dando conhecimento da situação na cidadezinha e planeando ações de guerrilha contra os boches.

E interessantes também estes encontros clandestinos, os posicionamentos hierárquicos de cada um, segundo a respetiva condição de classe, o relacionamento e o papel atribuído a operários e intelectuais e as funções e tarefas “central e democraticamente” destinadas, precisamente de acordo com esse estatuto diferenciado!

E Suzanne, na qualidade de mulher operária e inteligente, frisou bem esse aspeto, não sem que lhe fosse mostrada, na prática, a sua situação de subalterna face à estrutura hierárquica inter-regional. “Nós, os operários, cavamos! E onde vão os intelectuais?!”

E mal sabia ela já ter o destino traçado.

Porque se Yvon foi denunciado e o próprio Marcel também, pois quem poderia ter sido o delator?

Edmond houvera pesquisado, investigado e descoberto que o traidor, melhor, a traidora, era Suzanne.

E como se paga a traição? Pois, só com a morte!

E, para esse fim, entregaram a Marcel uma pistola com três balas, para que ele resolvesse o problema, isto é, mandasse Suzanne para os anjinhos. Que ele é que a trouxera para a rede...

 

Marcel e Suzanne in. tv.skyrock.com

 

E que acha, caro leitor, cara leitora?!

Irá Marcel enviar Suzanne para a “outra camarada”?!

Aguardemos o próximo episódio do seriado.

 

E não falamos de Raymond e de Marie? E de Jeannine?

Nem de Henri Kervern e Judith?

Nem de Servier, o sub-prefeito?

 

Falamos de Sarah que, na qualidade de judia, será enviada para um dos campos especialmente destinados para esse fim, de acolhimento de judeus, em Pithiviers. Uma antecâmara para locais ainda mais sinistros!

Recebeu ordem de prisão direta do sub-prefeito, que se antecipou aos alemães, no sentido de a poupar a piores condições.

Prisão a que assistiu Gustave, sobrinho do prefeito e filho de Marcel, criança muito desperta para todas estas realidades, sobre as quais interrogou o tio que, naturalmente, teve dificuldade em explicar-lhe os motivos absurdos de tal detenção arbitrária.

 

E, nesta série, é muito interessante a perspetiva das crianças sobre os enredos da guerra, os excertos em que as crianças, e muito especificamente Gustave, são as protagonistas.

 

E que sentido fará a guerra aos olhos de qualquer criança?

E só das crianças?

Qual o sentido lógico de encetar todo um processo produtivo de armas e munições, gastando energia, matérias-primas, consumindo mão-de-obra, investindo capital, para ser tudo destruído, simultaneamente que se destroem outros bens, serviços, estruturas e infraestruturas, para além de matar milhões de pessoas, animais e os mais diversos seres vivos, nomeadamente plantas e alimentos?!

Este é um aspeto que ainda nos merecerá subsequentes abordagens.

 

E, já após ter escrito este texto, na sequência do anterior, publicado em 30 de Abril, e evocativo do “Dia da Mãe”, ocorreu-me uma abordagem da temática da série na perspetiva das mães que agem no enredo.

 Ou dos filhos, as crianças que se desenvencilham no seriado e sobre as quais os episódios sempre se debruçam, nalguns casos como assunto primordial.

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