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Aquém Tejo

Há quem do Tejo só veja o além porque é distância. Mas quem de Além Tejo almeja um sabor, uma fragrância, estando aquém ou além verseja, do Alentejo a substância.

Há quem do Tejo só veja o além porque é distância. Mas quem de Além Tejo almeja um sabor, uma fragrância, estando aquém ou além verseja, do Alentejo a substância.

“Uma Aldeia Francesa” - Temporada 6 - Episódio 3

“Un Village Français

(Episódio Global nº 51)

(8 de Junho de 2016)

 

RTP 2

 

“La Corde” – “A Corda”

27 de Agosto de 1944

 

Título sugestivo: “La corde” -  “A corda”.

Que os alemães, comandados por Schneider, antes de abandonarem Villeneuve, face ao avanço das tropas aliadas, não sei se maioritária se exclusivamente americanas, deixaram ainda acentuadamente a sua marca de terror.

Convocaram a população, obrigaram (?!) os fascistas dos milicianos, para a execução - chacina de vários cidadãos da cidade, que enforcaram na praça, aos olhos aterrorizados e angustiados de familiares.

(Mas, nesta fase da guerra, como e porquê as designadas “autoridades” da cidade, ainda se sentem “obrigadas” a cumprirem ordens dos alemães?!

Como puderam tantas vezes, durante tanto tempo e tantos franceses serem autores ativos na morte de seus concidadãos, tão franceses como eles?!?!)

 

Como subtítulo também poderíamos designar:

A morte escusada / supérflua de uma Heroína (?)

Ou, a morte ignóbil (?), trágica, de uma Heroína (?)

 

Sim, porque neste episódio e no contexto dos enforcamentos, Marie Germain também sofreria a mesma sorte e morte de milhares dos seus concidadãos. Digamos, que mais uma vez, não sei se de forma trágica, se ignóbil, se escusada ou supérflua, Marie compartilhou a sua vida, a sua “Causa”, com os seus compatriotas.

Na minha perspetiva, fora eu guionista, e não “matava” a Heroína! Pelo menos assim...

Dar-lhe-ia um outro Destino. Glorificá-la-ia! Trataria de a fazer comparticipar nos festejos da Vitória.

Se a “matasse”, seria em batalha, em ação, em luta, sei lá, rebentando a ponte, ou com um tiro disparado por um inimigo.

Mas Destino é por vezes destino e neste quem manda é o guionista.

 

Irónico, mas extraordinariamente exemplificativo e paradigmático, é que o seu carrasco tenha sido Marchetti, esse personagem execrável, desumano, cheio de ódio pelos outros seres humanos...

Foi ele quem lhe pôs a corda ao pescoço, quem a prendeu, quem a esticou... mas quem a “puxou”  não terá sido a própria Marie?!

“Lacaio miserável...”

E Marchetti deu um pontapé no banco para onde obrigara Marie a subir. (E porque subira ela?!)

E ficou a baloiçar, presa na forca...

 

Que mal lhe fez a Humanidade?!”

(Lembramos que Jean Marchetti se referira a si mesmo, como um filho da “assistência pública”...)

 

Marie e  Raymond in. toutelatele.com

 

No seu idealismo, Marie merecia outra sorte e diferente morte!

Até porque andava novamente de amores com Raymond.

Que a ouviu chamá-lo, quando ela se aproximava da ponte antes de ser presa por uns soldados, que não consegui identificar totalmente.

Pareceu-me que Schneider os apelidou de “bávaros”...

 

E sobre bávaros, Baviera, Alemanha, lembramos Muller e Hortense.

“Casados” sob nome falso; “casados” sem aliança, mas de tesoura; “casados” por pacto de sangue... estão sós, auto centrados, entregues a si mesmos, na floresta, projetando fugir para a Alemanha, que para a Suíça se tornara de todo impossível, que o exército americano já ocupara essa via.

 

E foi também para a Alemanha que o resto do exército alemão ocupante de Villeneuve conseguiu fugir, sem o prometido (?) impedimento dos americanos.

 

Prometido ficou também o acordo firmado entre as ainda autoridades “legais” da cidade e os “Resistentes”.

Acordo difícil, finalmente selado por documento de papel assinado!

 

Da salvaguarda de redenção ficaram excluídos, entre outros personagens, os milicianos e Marchetti. Que está carregado de culpas no cartório!

No final do episódio, vimo-lo carregar a sua mala, a caminho de um destino improvável, pelas ruas amarguradas de uma Villeneuve antiga e pobre, marginal, diria eu que um antigo bairro suburbano, certamente de grupos sociais minoritários e ostracizados.

Digo eu, porque li em excerto de futuros episódios que ele se irá refugiar em casa de Rita, judia, e sua antiga amante...

 

Aguardemos...

 

Notícias boas: Antoine e Suzanne, novo par amoroso, conseguiram salvar-se.

 

 Temporada 6

“Uma Aldeia Francesa” - Temporada 6 - Episódios 1 e 2

“Un Village Français

(Episódios Globais nº 49 e nº 50)

(6 e 7 de Junho de 2016)

 

RTP 2

 

Paris Libertada in. vitruvius.com.br.jpg

 

Episódio 1 – “Paris libéré” – “Paris Libertada”

25 de Agosto de 1944

 

Episódio 2 – “Le pont” – A Ponte

26 de Agosto de 1944

 

Teve início o 1º episódio com o discurso do General De Gaulle, proferido na Câmara Municipal da Cidade e transmitido na rádio, anunciando a “Libertação de Paris”.

“...

Paris ! Paris outragé ! Paris brisé ! Paris martyrisé ! mais Paris libéré ! libéré par lui-même, libéré par son peuple avec le concours des armées de la France, avec l'appui et le concours de la France tout entière, de la France qui se bat, de la seule France, de la vraie France, de la France éternelle.

...”

 

Discurso heróico, encomiástico e galvanizador da França... O apelo ao ego dos Franceses, mobilizando-os para a reconquista da Liberdade. Portador de Esperança!

Em Villeneuve, como provavelmente em toda a França, terá ele sido escutado por todos os franceses, pelo menos os que tivessem acesso a rádio.

As reações ao mesmo, as expetativas de cada um, as esperanças, os receios, as alegrias e tristezas concernentes, dependiam do respetivo posicionamento durante a ocupação.

 

Entre os “milicianos”, grupo paramilitar fascista, o seu chefe, Janvier, ameaçou desde logo que, antes da Libertação, em Villeneuve, ainda haveria de correr muito sangue...

E se ameaçou, melhor fez cumprir.

Ele e o seu grupo de fanáticos delinquentes não tiveram pudor de chacinar Vernet, a mulher, e os dois filhos. Uma família inteira.

(Lembremos, ironicamente, que a ideologia fascista, entre outros pressupostos, assentava na célebre trilogia: Deus, Pátria, Família...)

 

Entre os “Resistentes” aumentava a Esperança, agora que os exércitos libertadores, encabeçados pelos americanos, também se aproximavam.

A ação dos Resistentes o seu papel na “Libertação” era cada vez mais fundamental. O apoio logístico dos americanos e a colaboração com os mesmos já se iniciara há algum tempo, ainda que de forma limitada, pois as tropas aliadas ainda estavam a alguma distância, o exército alemão ainda ocupava a cidade, a estrutura político-militar de Vichy ainda estava operacional.

Os recursos, os meios e os efetivos humanos ainda eram poucos, mas havia ação.

 

Contudo esta nem sempre era possível de concretizar.

E, caso exemplificativo: Antoine e Suzanne assistiram, impotentes, revoltadíssimos, ao assassinato de Vernet e família.

Mas juraram agir, que não podiam ficar indiferentes a tal massacre.

 

Mais tarde, com a ajuda de Max e outros camaradas, invadiram a casa do facínora, deixando-o ferido de morte.

 

Fugindo à perseguição que lhes foi movida, acoitar-se-iam em casa de Gerard, o ex-marido de Suzanne, viúva de Marcel, como sabemos e, novidade, embeiçada por Antoine! Aliás é namoro assumido, ainda não concretizado, porque os tempos são difíceis, as oportunidades não são muitas, para quem anda sem eira nem beira, e o rapaz ainda está como veio ao mundo e, nessa condição, há sempre uma maior inibição, acanhamento... Aguardemos!

 

(Dirá o leitor que começámos com um registo heróico, abordámos um tema trágico, continuámos em temática amorosa e terminámos em registo irónico...

Mas a estrutura narrativa aborda estes e muitos outros cambiantes. Para além de que o “teclado” me vai levando por caminhos que, à partida, não delineei de todo.)

 

Em casa de Gerard, que vive com uma prima e a sua filha e de Suzanne, o amor pela ex-mulher ainda não se extinguiu da parte dele, que não dela, que, como sabemos, já dele se desligara há muito.

A reação da filha relativamente a Suzanne, foi de muita carência, necessidade de afeto, da presença da mãe, pedindo-lhe que voltasse...

Já aqui falei noutras vezes, como seria interessante abordar a guerra, segundo o olhar das crianças: Gustave, Tequiero, os filhos de Vernet, assistindo à execução sádica dos progenitores, e, agora, a filha de Suzanne... as crianças na Escola...

Parafraseando precisamente Suzanne, é imprescindível nunca esquecer o olhar das crianças!

 

(E lá está o sentido, o fio condutor da narrativa a desviar-se novamente...)

 

Acoitados por Gerard, pela prima, chegaram os milicianos que vasculharam a casa.

Alban, o executante das crianças de Vernet, a mando do padrinho Janvier, dialogou com a filha de Suzanne, questionando-a... viu os foragidos que procurava, mas não os denunciou...

Nestas personagens perdidas de si mesmas, em tempos tão incertos e de tantas mudanças e perplexidades, nestas e nestes personagens há muitas dúvidas, muitas ambivalências.

Muitos não sabem para que lado balançar, nem onde está o certo e o errado.

E, questiono-me, haverá sempre, simplesmente e apenas o preto e branco?!

O que acha?!

 

Mesmo entre os Resistentes, unidos num propósito comum é certo, persistiam muitas dúvidas: sobre os caminhos a prosseguir, como e quando agir, a quem seguir e obedecer, o que fazer e como fazer...

Também, ainda que irmanados nesse objetivo comum, a estrutura funcional, o ideário, as ideologias em que se integravam, por vezes dividiam-nos.

 

E Antoine e Suzanne sairiam de casa de Gerard que a prima deste, supostamente, fora avisar um resistente a trabalhar no café, para os vir buscar de carrinha.

Combinação feita, ao chegar a carrinha, eventualmente libertadora, tiveram a desagradável surpresa de terem Marchetti a esperá-los.

 

Levá-los-ia para a esquadra, mas isso veremos apenas no 3º episódio...

 

O célebre par amoroso que tem percorrido a narrativa, Hortense e Muller, está de pedra e cal.

Vão selando o seu amor, (e porque não Amor?!), até ao final. Arrastando-se para o abismo.

Prossegue o seu enlace, que Hortense é persistente, também não tem para onde cair morta, que é como quem diz... Ele também está de beiço caído por ela e ambos abandonam tudo e todos. E fogem para a Suíça.

Pelo caminho, as incertezas, dúvidas, perplexidades, medos, face ao futuro.

Conscientes do passado maldito (?), amaldiçoados no futuro, prosseguem a sua senda em direção ao precipício em que inexoravelmente cairão.

 

As autoridades francesas “legais”, que é como quem diz, Servier, Marchetti e os polícias, só pensam como sair ilesos ou o menos chamuscados, no futuro, que aguardam e temem.

Projetam negociar com os “Resistentes”, representantes da nova e futura legalidade e daí a captura de Antoine e Suzanne, como penhor de futuras negociações, encetadas inicialmente, mas goradas, com a ajuda do médico, Daniel Larcher.

 

Os Resistentes, já com a ajuda dos americanos, planeiam e agem no sentido da destruição da ponte que liga Villeneuve ao mundo exterior e que serviria, e servirá, para a saída das tropas alemãs.

Os americanos ajudam com logística e homens, mas o ataque saiu gorado, o detonador não funcionou, obter um substituto demorou e foi muito mais complicado do que seria expectável, os americanos também revelam muitas hesitações, que a tática é sempre perder o menor número de vidas possível e não correr riscos desnecessários.

A ponte não será destruída e, como veremos no 3º episódio, os alemães por ela abandonarão a cidade.

 

Em toda esta problemática da ponte, na tentativa de a sabotar, na sua ocupação posterior, nas negociações entre as várias fações, tem tido um papel determinante, como aliás já há bastante tempo, em toda a “Resistência”, a personagem de Marie Germain.

 

Que terá um destino cruel e trágico no 3º episódio: “A corda”!

 

Aqui termino esta narração tão incompleta, tardia e enviesada.

Obrigado por me ter lido até aqui!

Que nesta estória, muita história fica por contar e ainda mais História por narrar!

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