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Aquém Tejo

Há quem do Tejo só veja o além porque é distância. Mas quem de Além Tejo almeja um sabor, uma fragrância, estando aquém ou além verseja, do Alentejo a substância.

Há quem do Tejo só veja o além porque é distância. Mas quem de Além Tejo almeja um sabor, uma fragrância, estando aquém ou além verseja, do Alentejo a substância.

“Estranha Forma de Vida” – Amália

(Amália - 1920 – 1999)

 

Na Visão Biografia - Out. Nov. Dez. nº3 – 2019, através de Bolsa de Investigação Jornalística Gulbenkian, apresenta-se: “AMÁLIA – A História Secreta:

Como a “Rainha do Fado” conviveu com a Ditadura, escapou à PIDE, conspirou com comunistas, ajudou presos políticos e financiou a resistência ao Estado Novo.”

 

Surpreende-se pelo título e subtítulo desta análise biográfica?!

 

Mais surpreendido/a ficará quando se embrenhar na leitura desta visão sobre a vida da maior Cantante do Fado. Uma análise focando vários aspetos da vida da Diva do Fado, essencialmente centrada nos subtítulos citados, que nos traz uma perspetiva desconhecida para a maioria de nós, certamente. Também aspetos de alguns Personagens a ela ligados, com papel relevante. Outros ficaram por realçar, digo eu.

Comprei ontem a revista e compulsivamente li os artigos todos. Não resisti a parar ou adiar as leituras.

Um trabalho exemplar de Miguel Carvalho – “Grande Repórter”!

 

(Todavia acho que algumas fotos coletivas deveriam ter as pessoas nomeadas. Deduzo que para quem conhece bem o meio, muitas dessas pessoas serão identificáveis, mas para a maioria dos possíveis leitores, leigos como eu, são relativamente desconhecidas. A da pag. 38 intrigou-me sobremaneira!)

 

E como neste blogue, a Poesia está sempre presente, segue-se a letra do fado que intitula o post, da autoria da própria Amália. (Não sei se a letra estará totalmente correta, pois encontrei versões ligeiramente diversas na net.)

Na reportagem conta-se a curiosa história deste fado e de outros não menos interessantes. Afinal Amália cantou alguns dos nossos maiores Poetas!

 

“Estranha Forma de Vida”

 

“Foi por vontade de Deus

Que eu vivo nesta ansiedade

Que todos os ais são meus

Que é toda minha a saudade

Foi por vontade de Deus

 

Que estranha forma de vida

Tem este meu coração

Vive de vida perdida

Quem lhe daria o condão?

Que estranha forma de vida

 

Coração independente

Coração que não comando

Vive perdido entre a gente

Teimosamente sangrando

Coração independente

 

Eu não te acompanho mais

Pára, deixa de bater

Se não sabes onde vais

Porque teimas em correr

Eu não te acompanho mais

 

Se não sabes onde vais

Porque teimas em correr

Eu não te acompanho mais.”

 

 

“Com linha branca de luz” - António Nobre

“O novelo é a Lua - Cheia”

Estes versos fazem parte de uma quadra, que transcrevo e que também figura no livro “De Altemira fiz um ramo”. E é também uma quadra de autor erudito e consagrado, que foi incorporada no Cancioneiro Tradicional. Neste caso, de António Nobre (Porto – 1867 – 1900), inserta no livro “Só – O Livro Mais Triste Que Há Em Portugal”, editado originalmente em 1892.

Consultei numa edição de “Publicações Anagrama, Lda” – Porto - “Colecção Clássicos Anagrama Nº 19”. Especificamente no capítulo “Entre Douro e Minho”, subcapítulo “Para as Raparigas de Coimbra…”, quadra 16, pag. 51. Reportam-se, segundo o Autor, a Coimbra, 1890.

(O livro que tenho na minha posse não menciona data de edição. Sei que o comprei em 06/06/84, numa Feira do Livro, em Lisboa, por 125$00!)

 

“Nossa Senhora faz meia / Com linha branca de luz: / O novelo é a Lua – Cheia, / As meias são pra Jesus”.

 

Foi-me reproduzida, por D. Maria Belo, esta quadra, de modo ligeiramente diferente, no decurso da pesquisa efetuada sobre quadras tradicionais / cantigas de Aldeia da Mata, já neste quarto lustro do séc. XXI. Que a terá aprendido na sua infância ou adolescência, anos trinta ou quarenta do séc. XX.

 

Como se terá processado a incorporação desta e outras quadras já referenciadas, de autores célebres e eruditos, no contexto e âmbito do Cancioneiro Tradicional? (Afonso Lopes Vieira, João de Deus, …)

Na net também pesquisei e é igualmente mencionado que esta quadra também já fora recolhida nos anos trinta, em Elvas. E também foi cantada por Tristão da Silva (1927 - 1978).

 

Posso conjeturar uma hipótese, plausível, todavia sem certezas.

Certeza, apenas que não terá sido pelos meios ultra modernos que atualmente conhecemos.

 

Então como terá essa e outras quadras chegado ao conhecimento de pessoas trabalhando no campo, com poucos conhecimentos académicos, com imensas dificuldades de acesso a meios de comunicação?!

A hipótese que formulo é que terão sido estudantes de Coimbra que, no seu regresso às respetivas localidades de proveniência, cantassem essas quadras que haviam aprendido ou lido destes autores célebres, eles também frequentadores das tertúlias coimbrãs, nos finais do séc. XIX, princípios do séc. XX. Por essas vilas, aldeias e cidades do interior, em finais de séc. XIX, princípios de séc. XX, havia estudantes, filhos de famílias mais endinheiradas que frequentavam Coimbra, fosse em Medicina ou cursos de Direito ou Letras. É apenas uma hipótese.

Ao frequentarem, porque certamente o fariam, os arraiais e os bailes nas suas aldeias e vilas, também participariam nos despiques e desafios com os jovens das suas idades. Deste modo cantando e dando a conhecer as novas cantigas que traziam da Cidade dos estudantes, que seriam assim transmitidas oralmente, de geração em geração, de terra em terra.

 

Outra hipótese de divulgação: poderão ter sido os caminheiros, pedintes, cegos, que percorriam o Portugal de antanho, de lés – a - lés, que fossem os divulgadores dessas cantigas. Poderiam!

 

Esta quadra também a encontrei glosada em quatro quadras, por Teresa de Jesus, em “A Nossa Antologia” – Vol. X – 2002 – APP – Associação Portuguesa de Poetas. Foi aliás a partir dessa consulta fortuita que tomei conhecimento da respetiva autoria, que confirmei posteriormente na net e em livro.

 

E esta foi mais uma achega às aprendizagens a partir do livro “De Altemira…”

 

E oportunidade para recordar este Poeta. Quando puder, faça favor de ler “SÓ”!

O Mar - Clara Mestre - Poetar / Partilhar

Fotografia original. 2011.jpg

 

O Mar

 

Olho o Oceano

Não lhe vejo o fim

Fico a meditar

Neste mar sem fim

Manso ou bravio

Água a ondular

A dança das ondas

São o seu cantar

Mete-me medo

Tanta imensidão

Quando o mar

Está calmo

Sinto proteção

Oh mar dos meus medos

Embala-me a mim

Conta-me os segredos

Do teu lar sem fim….

Clara Mestre - 2012

 

 

O Meu Mar

Anda o mar enraivecido

Quando o quero calmo e calado

Disse-me aqui outro dia

Estar por mim apaixonado!

Qual o motivo da raiva

E dessa desilusão?

Por eu não lhe dar ouvidos

E negar-lhe o coração?

Gosto de te ver ó mar

Tu és a minha paixão.

Quando estás muito calminho

Embalas-me o coração.

Estou a olhar-te todo o dia

Com chuva ou sol a brilhar.

Serás sempre o companheiro

Em quem posso confiar,

Por isso não me condenes,

Disse-te não a brincar.

Serás sempre o meu amor…

Tu serás sempre o meu mar…

 

Clara Mestre – 2015

 

Com estes dois poemas de Clara Mestre, termino a publicação do conjunto dos textos sobre este assunto, que me foram entregues para participarem na “Antologia Virtual”.

Poetar – Partilhar.com. mar” fica assim concluída, pelo menos nesta fase. “O Futuro a Deus pertence!”

Dedicar-me-ei a outros projetos.

Da Exposição de “Poesia Visual” também encerrámos as suas apresentações, pelo menos por este ano. Em anos subsequentes não se sabe. De qualquer modo, há trabalhos apresentados que não podem ser repetidos, pois que se “desfizeram” nas apresentações públicas. Caso de “Pisa Poemas”, a partir do poema “Somos Mar!” e de “Octopus / Polvo”.

Mas, todavia, se vier a realizar outra exposição poderei apresentar novos trabalhos. Depende sempre de onde e de quando e em que condições. (Espaço, Tempo, Contextualização.)

Até breve!

(Ah! Este blogue faz hoje cinco anos!)

“Com a Paixão no Olhar”

“COM A PAIXÃO NO OLHAR”

 

“A Caravaggio, pintor italiano (1571-1610)

 

Nesses rostos, estranhos rostos, feitos de óleo

Nesses olhos que nos perscrutam a alma

De dentro do nicho de telas ensopadas

Estás tu, Caravaggio, pintor naturalista.

Em tuas obsessões e delírios de génio

Nesses claros-escuros carnais e sensuais

A fixar a eternidade da beleza

Desses corpos nus, despidos de pudor

Em expressões nossas e gestos e momentos

Ali, Os Batoteiros, acolá, A Vidente

Encenaste o fascínio das fábulas

Das penas de anjo de sorrisos andróginos

De ternuras e do sangue que jorra

Do pescoço cortado de Holofernes

Anjos bons e terríveis, demónios e deusas

Que criaste há séculos e parecem respirar

Tantas lendas e segredos contidos

Esses corpos de luxúria a seduzir o próximo

Esses vestidos de veludo, de seda, essas elegâncias

Essas mãos aristocratas e suaves, mãos rudes

Mãos sagradas, profanas, mãos em riste.

Obrigado Caravaggio por tanta religiosidade

Por nos levares em aventuras de cânticos

Em tragédias de beleza revolucionária,

Coroação com Espinhos, nesse sofrimento que é belo

Nos tons do teu óleo redentor que se dá a ver

Obrigado pela poesia de um tempo distante

Poesia antiga, poesia verdade encantada

E tão viva, esparramada até hoje.”

 

ROLANDO AMADO RAIMUNDO

LISBOA, 30 DE MAIO DE 2019

 

 

E tendo voltado a escrever no blogue, voltamos também à Poesia.

Tema sempre presente! Este bonito poema de um Amigo, um dos que sabe prezar a Amizade. O meu Obrigado pelas palavras simpáticas que testemunharam na Exposição de “Poesia Visual” na SCALA.

Este Muito Obrigado reforçado a D. Maria Olívia Diniz Sampaio, “Alma – Mater” do Círculo Nacional D’Arte e Poesia, que há trinta anos vem desenvolvendo sábia ação cultural, na Grande Lisboa e também no Alentejo. Trabalho não devidamente reconhecido, mas altamente meritório!

Parabéns a ambos e que compartilhem as Vossas Vidas também em prol da Cultura, até que Deus assim o entenda!

(Tenho pena de não reproduzir uma das telas do Pintor, mas o meu computador anda a tramar-me as transferências.

Fica o link:

https://pt.wikipedia.org/wiki/Lista_de_pinturas_de_Caravaggio

Terá a amabilidade de navegar, SFF!)

 

José Régio: Cinquentenário do seu falecimento

Alentejo entardecer Original DAPL 2016.jpg

 

Comemorações em Portalegre

"Casa José Régio"

 

Através da Casa José Régio – Portalegre, tenho tomado conhecimento das diversas atividades organizadas para comemorar a efeméride na Cidade. E essas ações têm sido diversificadas, de acordo com a multifacetada ação cívica de Régio, que se desdobrou ativamente em múltiplos aspetos culturais.

O cartaz divulgador – anunciador é só por si e por demais elucidativo. Nele, escritas, surgem essas componentes variadas da sua intervenção cultural:

- Dramaturgo, professor, diarista, crítico, editor, novelista, contista, romancista, poeta, desenhista, ensaísta, colecionador. Umas mais realçadas que outras, supostamente segundo a importância relativa das mesmas, certamente face ao próprio e também ao público em geral.

A de Poeta é a que melhor conheço e mais aprecio. Régio é um dos meus Poetas preferidos!

Também foi Romancista: “O Príncipe com orelhas de burro”… Esta é uma das facetas em que ele se achava relativamente desvalorizado pela crítica da especialidade, face aos seus contemporâneos.

Dramaturgo, indiretamente conheço, através dos filmes baseados na sua obra: “Benilde ou a virgem mãe”, “O meu caso”…

Novelista: “O vestido cor de fogo”, foi o primeiro livro que li do autor, um dos célebres “livros RTP”.

Colecionador, faceta bem patente na Casa. É só visitar. Há bem pouco tempo, 21 de Setembro, houve essa oportunidade, mas já tinha outros compromissos. Visitei já há alguns anos…

 

No dia 8/10 haverá um debate com antigos alunos seus no Liceu. Será certamente interessante. (Frequentei o Liceu já depois da sua morte, não o conheci pessoalmente.)

(Na semana passada houve o lançamento de um livro, abordando a história do antigo Liceu Nacional de Portalegre, desde a sua fundação, nos finais do século XIX, até 1974. Parabéns à Autora.)

 

Em diferentes contextos, tenho tido oportunidade de apreciar “Dizedores” de Régio, para além dos que a “net” nos proporciona. O próprio, inclusive.

Peculiar, no mínimo.

Por vezes tenho questionado diversas pessoas que “Dizem” Régio sobre a forma do próprio dizer…

E lanço-lhe a questão:

- Caro/a Leitor/a: O que acha da forma de Régio “dizer” a sua própria poesia, nomeadamente o “Cântico Negro”? (…)

Outra questão, que poderá parecer herética:

- O que seria da Poesia de Régio, se João Villaret não a tivesse feito transcender?!

Ou reformulando a pergunta:

- Qual a importância e o papel de João Villaret na valorização da Poesia de Régio?!

 

E, para finalizar, uma ideia – sugestão que já coloquei neste blogue:

- Seria importante que a Cidade criasse a “Marca Régio”, direcionada aos mais diversos contextos, associando duas “entidades” intrinsecamente ligadas: Portalegre – Régio.

E, já agora, Vila do Conde!

Parabéns e Obrigado à "Casa José Régio".

Parabéns à Cidade!

 

E outra sugestão…

Porque não lançar um desafio aos vários “Dizedores de Poesia” de José Régio, espalhados pelo País, que comparecessem a um evento final que “celebrasse” a Poesia de Régio?! ….

 

Elogios post mortem

Foto Original. 2017.jpg

 

Elogios Fúnebres!

(Eleições!)

Hoje, 2ª feira, sete de Outubro, efetivadas as eleições ontem, domingo, e com algum tempo, retorno ao blogue e com algumas das minhas questões pertinentes, perguntas impertinentes.

Face ao falecimento do Professor Doutor Freitas do Amaral, alvo dos mais variados e praticamente unânimes elogios, provenientes das mais diversas origens, alguns de personagens que foram seus detratores em vida, ele que fora sujeito aos mais diversos ódios, alguns de estimação, inclusive de entre os seus correligionários…

Ocorre-me questionar:

- À partida essa atitude elogiosa será inteiramente merecida, não ponho sequer essa situação em dúvida, todavia e para o próprio que já cá não está, de que vale toda essa consideração?

- Não teria sido preferível que tivesse sido feita em vida?

- Para quê a forma como os seres humanos se destratam em vida, com tanto ódio e rancor, por vezes de forma desadequada e caprichosa, mas que deixa marcas nas pessoas em quem são projetadas essas atitudes odiosas?!

- Que sentido faz a Humanidade, nos mais diversos contextos, odiar-se tanto?!

E volto ao início. Para os próprios, após o falecimento, nem lhes adianta nem atrasa. Só, eventualmente (!) se esses elogios vierem a servir numa Outra Vida! Só, talvez nesse caso…

Para os familiares que cá ficam esse reconhecimento poderá trazer algum consolo, ainda que tardio.

E termino, com votos de pesar à Família e ao falecido, que “Descanse em Paz”!

*******

E já que houve eleições ontem, cujos resultados alguns esperados, outros surpresas, a abstenção por demais elevada, caso para refletirem… populismos radicais à mistura.

E futuros acordos?! Bom senso por parte do PS, recomenda-se! Que não inventem uma “Paningonça”, que ainda teremos cães a comer nos restaurantes, de faca e garfo!

 

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