Há quem do Tejo só veja
o além porque é distância.
Mas quem de Além Tejo almeja
um sabor, uma fragrância,
estando aquém ou além verseja,
do Alentejo a substância.
Há quem do Tejo só veja
o além porque é distância.
Mas quem de Além Tejo almeja
um sabor, uma fragrância,
estando aquém ou além verseja,
do Alentejo a substância.
Concretizo, hoje, uma ideia que vinha congeminando há algum tempo. Publicar um postal com ligações para os vários postais sobre estes assuntos relacionados com o apelido “Carita”, o Chamiço e o Alto Alentejo.
Não sei se conseguirei operacionalizar todas as ideias pretendidas. Preciso publicar algumas informações que me foram disponibilizadas por Primo João Carita. Enquadrar os diversos assuntos, interligando-os. Pesquisar. Terei de me organizar. Não sei!
Independentemente do que faça ou venha a fazer, ficam desde já os itens que nos reportam ao que já foi abordado nos dois blogues.
À consideração e à disposição de quem queira conhecer um pouco mais sobre estes assuntos. Agora! E no futuro!
Obrigado pela atenção.
As fotos?! Novamente a Ponte da Ribeira do Chamiço! E Árvores autóctones!
Porquê?! Pela simbologia associada às Pontes. Pela Riqueza Patrimonial por ela testemunhada, no plano da História, da Geografia, da Arquitetura, da Engenharia…
Não acredita?! Se um dia tiver oportunidade, visite, SFF. Veja com os seus próprios olhos.
E porque o Monumento está em processo de degradação e é urgente “dar-se-lhe a mão”!
(Sobre a escolha das Árvores não são precisas explicações.)
No Chamiço, embora despovoado, a partir de meados do séc. XIX sem vida permanente, os terrenos continuaram a ser cultivados pelos herdeiros dos antigos habitantes, que migraram para as povoações mais próximas: Aldeia da Mata, Monte da Pedra, Vale do Peso…
Esse despovoamento resultou de um processo, que se foi acentuando ao longo dos séculos, a que os “roubos”, no século XIX, determinaram na extinção do povoado. Não foi algo que tivesse ocorrido repentinamente, “de um momento para o outro”.
A narrativa, dos anos 30 do séc. XX, transcrita em Aquém-Tejo, de autoria do Professor Manuel Subtil, (1875 – 1960), de Vale do Peso, é por demais elucidativa desse “mecanismo processual” e temporal. (Os roubos foram a causa próxima, outros diversos fatores, causas remotas.)
Nas Memórias Paroquiais de 1758, a paróquia do Chamiço já era das menos povoadas, entre as localidades atualmente integradas no Concelho do Crato. (Consulte S.F.F.)
No respeitante à narrativa transcrita a partir de “Etnografia Portuguesa” – Vol. IV – Ed. Imprensa Nacional – 1958 – de Professor Doutor Leite de Vasconcellos – pp 654, 655, convém referir que também se baseia na “tradição oral”. “Assim reza a tradição oral.”
Também tem algumas incorreções, nomeadamente:
Referir que “Quem primeiro abalou, foi uma lavradora, de apelido Carita…” (Porque não foi.)
“… um terreno, de irregular superfície, com uma área de uns 400 metros quadrados…”
(Ora, 400 metros quadrados correspondem a um quadrado de 20 metros de lado! Dimensão bastante inferior ao que o antigo povoado ocuparia. Esse espaço será mais ou menos a dimensão em redor da igreja. E da igreja até às últimas casas a sul? E da igreja até ao moinho, forno comunitário e ponte?! A dimensão do povoado é bem maior.)
Também é relevante frisar que, em “Etnografia Portuguesa”, na parte referente ao Chamiço, não são mencionados a ponte, o forno…! Será que o Professor lhes terá feito referência noutras obras?! Não terá visitado?!
Também há um incorreção referente a “orago Martle Santo”, referindo que “não conste da Corografia de P.e Carvalho”, (pag. 654, linhas 24 / 25 - Etnografia Portuguesa).
No referente ao Presente:
A Romaria e a Ermida são elementos estruturantes do Património do Chamiço.
Mas o Património Material do Chamiço engloba várias componentes: as casas, embora em ruínas; o moinho, ainda com muitos dos elementos básicos. O forno comunitário e a ponte!
Todos precisam ser valorizados e salvaguardados. Já no presente. Acautelando o futuro. Para que não se transformem todos em ruínas.
Há ainda o Património Vegetal, constituído por espécies autóctones. Cada vez mais é imprescindível valorizarmos o coberto arbóreo. Pensando também no futuro!
Os elementos naturais associados ao granito. Os rochedos monumentais! As rochas transformadas, aparelhadas. A ribeira. A barragem, que precisa ser reconstruída.
(As caminhadas são também importantes para darem a conhecer e valorizar os espaços. Criar trilhos pedestres incorporados nas paisagens, partindo e ligando os povoados mais próximos, com passagem pelo Chamiço. No Couto do Chamiço, a “Pedreira das Mós” é também um elemento patrimonial relevante.)
E na preparação do Futuro?!
Integrando as diversas variáveis, reportando-se ao passado e ao presente, o “Chamiço” precisa ser classificado como “Sítio Monumental”! Englobando Património Material e Imaterial.
Esta ação tem de ser integrada e integradora de várias instâncias e entidades, agregando Freguesias, Município, Departamentos Culturais. Entidades públicas, mas também privadas.
Deixo à consideração de quem pode e deve equacionar e operacionalizar tal desiderato.
O Programa “Gentes da Gente”, da Rádio Portalegre, de 20/05/23, debruçou-se sobre o Chamiço, coincidindo com a tradicional Romaria, também realizada nesse dia.
Ouvi o programa com atenção, entre as sete e as nove horas da manhã. Gostei. Aprendi sobre aspetos que pouco ou nada sabia.
Os meus parabéns à Rádio Portalegre, ao programa “Gentes da Gente”, ao Sr. César Azeitona, pela operacionalização desta iniciativa. Ficámos todos a ganhar. A Região, o nosso Alentejo, as várias comunidades envolvidas. As Pessoas, que é esse o grande mérito do Programa. Valorização das “Gentes”!
(O Sr. César levantou as questões pertinentes.)
Os meus parabéns e agradecimento especial a todos os participantes, nas diversas vertentes do evento. No que é audível / visível e no que se infere dos bastidores.
Realço o testemunho das Senhoras entrevistadas, sem menosprezo das intervenções de todos os outros participantes. Porquê?! Porque permitiram-nos percecionar como se processou o reativar de alguma vida no antigo povoado. Através da romaria e da restauração da igreja, elas foram e são intervenientes ativas dessa ação.
O papel fulcral do Casal Pestana: Sr. António da Rosa Pestana e a esposa Dona Lúcia Maria, ambos já falecidos, foram os grandes dinamizadores / criadores das ações inerentes a esta Romaria - desde a sua génese.
Inferimos, a partir do que nos dizem as entrevistadas, que estas romagens ter-se-ão iniciado em finais de cinquenta / inícios dos anos sessenta, do século XX.
(Nas entrevistas, elas explicam-nos como tudo se iniciou e processou.)
Também, de algum modo, conseguimos deduzir como do orago “Martle Santo” / São Sebastião, da ancestral povoação habitada até meados do séc. XIX, se passou a venerar Santo Isidro, a partir de meados do séc. XX. (Entre as duas situações medeiam cerca de cem anos. Na década de trinta, do séc. XX, a igreja ainda estava em ruínas, conforme se observa em “Etnografia Portuguesa” Vol. IV, - Ed. 1958 - pp. 648, 649, 652, 653.)
Este santo é patrono dos agricultores e é venerado no mês de Maio. A romaria é na altura da Ascensão, tendo sido inicialmente na 5ª feira respetiva – 40 dias após a Páscoa – quando era feriado, passando depois para domingo seguinte. Atualmente, no sábado, que é mais adequado à vida atual, pois, sendo romaria, vem muita gente de Monte da Pedra, que vive fora.
(O painel do santo, em azulejo, na atual igreja restaurada, é de autoria de Quim Bragança.)
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Por agora, e em Aquém-Tejo, fico por aqui
Foto de Chamiço, tirada na visita efetuada em 02/02/23.
Simbolicamente, a Ponte. Verdadeiro Monumento ancestral, arquitetonicamente de grande harmonia, mas que está em processo de degradação. Deve ser classificada, como todo o conjunto envolvente - material e imaterial – a romaria e também as tradições do séc. XX inerentes.
Em primeiro lugar, os meus parabéns à Rádio Portalegre, ao programa “Gentes da Gente”, ao Sr. César Azeitona, pela operacionalização desta iniciativa.
Vai ser, de certeza, um excelente programa, como habitualmente são programas em que o valor fundamental são as Pessoas.
Estou intrigado como irá o Sr. César Azeitona equacionar três questões fundamentais relativamente a esta “povoação perdida”.
O passado: valorização do respetivo património material e imaterial.
O presente: a romaria, romagem, presença atual, ligação ao passado. O património arbóreo.
O futuro: equacionar, estruturar a classificação do sítio como “Monumento”, interligando passado e presente.
Vou esforçar-me para, no próximo sábado, ouvir ainda com mais atenção este interessantíssimo Programa da Rádio Portalegre.
E o/a Caro/a Leitor/a, vai também ouvir a Rádio Portalegre no próximo sábado, entre as 7 e 9 da manhã?
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(Fotos cedidas gentilmente pelo Sr. César. Na segunda, junto à ponte centenária, está de camisola vermelha. Prenúncio de fim de semana que vai ser ao rubro. Não sei se ele é benfiquista ou não, nem importa ao caso. Quero um final de semana benfiquista!)
Mas o que eu quero e pugno realmente é para que valorizemos o nosso Património, nas suas vertentes: material, imaterial…
E, nesse objetivo, a Rádio Portalegre, o Programa “Gentes da Gente” cumprem, de forma excelente, o seu papel:
Ontem, publiquei um postal em “Apeadeiro da Mata” sobre um túnel formado pelas árvores e arbustos, na “Azinhaga da Fonte das Pulhas”. Que também poderia ser designada “Azinhaga do Porcozunho”, porque nos direciona para a respetiva Ribeira e Horta. (Porcozunho: Porcos Unho?!)
Azinhaga / Caminho vicinal, nome moderno, que funciona quase diariamente como meu “circuito de manutenção”, ao ar livre e com música ambiente: o cântico dos rouxinóis e outra passarada.
Hoje, resolvo publicar um postal em Aquém-Tejo sobre outro percurso, onde também está formado um túnel pelo arvoredo.
Túneis que são imprescindíveis de manter, melhorar, pelas características, pelas sombras e porque são ecossistemas onde convivem várias espécies de animais. Já falei dos rouxinóis?!
Este segundo túnel arbóreo situa-se a leste e montante da Fonte da Bica, na respetiva Azinhaga, que se dirige às Alminhas Novas.
(Integra-se num percurso pedestre devidamente assinalado e homologado, que se inicia em Flor da Rosa, junto ao Mosteiro. Segue na direção do Crato, posteriormente dirige-se para Aldeia da Mata, aonde vem entrar pela Fonte do Boneco. Depois para a Fonte d’Ordem, posteriormente Fonte da Bica, seguindo pela respetiva Azinhaga, concluindo-se na Anta do Tapadão. É quase circular. É considerado “Percurso Histórico”. Em Aldeia da Mata, aproxima-se muito das duas “Alminhas”, as “Velhas” e as “Novas”. Mas, à data em que tive conhecimento do respetivo traçado, não as referenciava. Dei conhecimento do facto às entidades promotoras. Não sei se fizeram alteração.)
Bem se observa como a árvore ultrapassou a torre. Nesta foto, estamos a Leste da Aldeia. Por isso, a planta aparece à direita da igreja.
Também pode apreciar as flores das figueiras da Índia, junto à estrada.
Linda cor salmão, mas os frutos não são tão bons como os das plantas que temos no Chão da Atafona. Mas estou tentado a surripiar um ramo para plantar, pela cor das flores.
E por aqui fico!
Relembrando como é fundamental manter e trabalhar os túneis arborícolas, em clima tão destemperado como este nosso alentejano.
(A primeira, no "Vale de Baixo". A segunda no "Vale do Meio". Nas respetivas paredes.)
(Há muito tempo que não publicava um postal subordinado a este tema - "Que planta é esta?!". Julgo que o último terá sido o nº XVII. Numero este postal como o XVIII. Confirmarei melhor.)
O “Vale de Baixo”, no seu melhor. Uma herbácea para fenos enxameia a planura. Julgo que se designa azevém e será o terceiro ano que produz, após a sementeira. Haverei de confirmar.
Paisagem enquadrada por duas exóticas: as Catalpas e o Eucalipto, plantado pelo Pai, há cerca de trinta anos.
Amoreira preta, carregada de amoras
Carregada?! Carregadíssima. Um verdadeiro aeroporto - mercado abastecedor da passarada. É um ver se te avias, de aves a chegar e abalar da árvore. Melros são os reis. Vão e vêm a todo o minuto. Também estorninhos. Pardais. Outros pássaros que não sei os nomes. E o imperador, certamente também a imperatriz: Pegas Azuis!
(E, a propósito de aeroporto, já descartaram o de Beja. É pena! Já há muito trabalho feito. Daqui a cinquenta anos, Beja é já ali. Promoviam uma região subalternizada. Descentravam da Grande Lisboa. Sei lá!...)
Sombra das Catalpas
Árvores exóticas, muito bem-adaptadas ao Alentejo. Semeei-as, posteriormente dispu-las, à entrada do Vale, há cerca de trinta anos. (As minhas manias de sementeira de árvores. A taxa de insucesso é muito grande, mas não tenho desistido. Algum dia terá de ser. Dão imenso trabalho e já me canso muito. Mas dão uma sombra frondosíssima e, em breve, estarão floridas. Lindíssimas! Depois, os frutos, em vagens. Pessoa muito querida chama-lhes Árvores dos Feijões!)
Destas árvores há imensos exemplares pelas estradas deste Alto Alentejo, de há mais de meio século, de quando as estradas eram bordejadas por arvoredo.
Pessoas que, navegando habitualmente no Universo SAPO, participaram este ano na Antologia Virtual, organizada pelo Instituto Cultural de Évora, subordinada ao tema “Era uma vez… Alentejo”
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«Sinopse
A Coletânea “ERA UMA VEZ…ALENTEJO” é uma obra que inclui poemas, fotografias, ou obras artísticas originais cujo tema e foco principal seja o Alentejo, e está abrangida no projeto europeu “Antologias Digitais”. Tendo a cidade de Évora sido recentemente nomeada Capital Europeia da Cultura 2027, faz todo o sentido homenagear não só a cidade como também toda a beleza circundante e riqueza cultural da região, e observar as maneiras como estas inspiram as pessoas de vários pontos do globo.»