Há quem do Tejo só veja
o além porque é distância.
Mas quem de Além Tejo almeja
um sabor, uma fragrância,
estando aquém ou além verseja,
do Alentejo a substância.
Há quem do Tejo só veja
o além porque é distância.
Mas quem de Além Tejo almeja
um sabor, uma fragrância,
estando aquém ou além verseja,
do Alentejo a substância.
«O pregão do casamento é feito na igreja ou no registo civil, três meses antes do dia marcado para a voda.
Neste dia o noivo procura os rapazes da sua idade, casados ou solteiros e faz-lhes o convite nestes termos: «Vou-me casar (e diz o dia). Queres vir ao meu casamento?». A noiva procede de igual modo para com as raparigas da sua idade, mas solteiras, ou de idade inferior à sua, e também solteiras.
Pode também convidar uma rapariga casada da sua idade, mas isto é pouco frequente.
No dia do pregão os pais dos noivos convidam também as suas famílias para o casamento. Qualquer convite feito fora deste dia pode ser considerado como ofensivo pelos convidados.
Uns 15 dias antes do casamento os pais dos noivos mandam aos convidados um presente de bolos caseiros, designado por frete, constituído por 1 pão de ló, 1 bolo de orelha ou fatia, 1 dúzia de biscoitos e argolas.
Os convidados são obrigados a fazerem as seguintes ofertas:
Os do noivo oferecem-lhe 50$00 cada um, importância a ser entregue no dia do enlace à noite, após o acompanhamento dos noivos, já em casa deles.
Os da noiva oferecem-lhe uma prenda, no valor de 20$00 a 30$00 e dão aos pais da noiva a importância de 20$00, um quilo de arroz, um quilo de massa, um quilo de açúcar e uma quarta de café de cevada (250g).
Os convidados dos pais dos noivos pagam 100$00 por casal ou 50$00 cada um.
Os padrinhos dos noivos são obrigados a dar uma conta de pão (20 pães de quilo), uma cabeça de gado (ovelha ou cabra), no valor de uns 400$00 a 500$00, 10 litros de vinho, um quilo de arroz, um quilo de massa, um quilo de açúcar, um quilo de chouriço vermelho, um pacote de café e um lacão (perna de porco).
As madrinhas são também obrigadas a dar uma conta de pão, uma dúzia de pratos de louça ou de esmalte, um lençol de linho ou de outro tecido, um quilo de arroz e um quilo de lacão.
Antigamente os padrinhos davam ainda uma quarta de grão (cerca de 4 litros) e um bucho (estômago de porco cheio de sangue e de gordura de porco com condimentos e depois cozido), que tem um sabor agradabilíssimo.»
Na fila do almoço, no restaurante do Museu, onde teremos estado mais de meia hora, observámos muitas cenas, variadas personagens, e ocorrências diversas. Umas mais caricatas que outras. Aliás, uma das coisas que aprecio, quando estou nas filas, é a observação dos casos e ocasos que vemos e assistimos!
À entrada do espaço de restauração, vemos surgir uma rapariga grávida, entrando e saindo. Um funcionário, algumas das pessoas esperando, nós, inclusive, indicámos-lhe a direção da caixa, para pedir a refeição, que tinha prevalência, dada a sua condição. Supostamente era o que deveria fazer. Mas não. Andou por ali, não sei por onde, mas não foi comprar a refeição, como era seu direito. Nós estivemos aguardando e prosseguindo até à nossa vez, à vontade, mais de meia hora. Pois não é que, quando nós estávamos precisamente para comprar a refeição, ela se apresenta, numa trupe de quatro elementos, a requerer o respetivo direito de grávida?! Nada que não pudesse fazer, nem que nós lhe negássemos essa prerrogativa, como é óbvio. Mas porque o não terá feito anteriormente?!
Deduzimos que seria porque estivera esperando que chegassem outros acompanhantes, pois quem pediu as refeições foi outra senhora. Para seis! Estariam todos grávidos?!
Ela, a grávida, a senhora requerente dos almoços, mais dois cachopos traquinas. E um indivíduo e outra senhora, que já se haviam amesendado, açambarcando os lugares e a quem os funcionários chamaram à atenção, por se terem instalado antes de compra dos repastos e respetiva atribuição de mesa.
Há gente que se anda sempre a aproveitar! (Eu que, ultimamente, não me calo quando vejo as coisas desarticuladas e gente a aproveitar-se, acabei por “lhes puxar as orelhas”!
(Elas?! Ter-lhes-á entrado por um ouvido, saído por outro…)
*******
Nesse último domingo de Setembro, vinte e oito, consequência óbvia da reabertura do CAM – Centro de Arte Moderna, a vinte e um; na Gulbenkian, muito especialmente nos jardins e no abrigo da pala, havia multidões. Como nunca me lembro de ter visto!
Quando saímos do CAM para irmos ao edifício principal – sede da Gulbenkian, já a tarde se prolongara. Já na rua, dirige-se-nos um japonês (?), apontando para um livro turístico, com algumas fotos pequenas e a escrita na respetiva língua. Pretendia saber a ida para o museu. Deduzimos pelas fotos e após lhe perguntar, no meu inglês atravessado, se queria ir para o Museu Gulbenkian. Que sim, reforçando com o abanar da cabeça e expressão cordialmente contente. Lá lhe expliquei. Mas, como íamos na mesma direção, sugeri-lhe nos acompanhasse. E fomos. Pela parte do parque ou jardim(?) sudoeste, atualmente uma verdadeira floresta.
E foi aí, no decurso da viagem, que tive uma das minhas ideias peregrinas. Em tempos, fiz coleção de moedas (não do Carlos!), mas de diferentes países, nomeadamente os que visitei, que até foram pouquíssimos.
Perguntei-lhe se tinha algumas moedas do Japão e me podia dar uma, que fazia coleção.
Achou piada, riu-se ao jeito dele, que aquele pessoal não parece muito expansivo, não se riem abertamente, são mais uns risinhos. E sacou do bolso várias moedas, quis dar-me duas, mas aceitei apenas uma. Não sou açambarcador!
E só mais tarde me questionei! E se aquele japonês fosse o artista – autor da pala?!
E por aqui me fico, crónicas a partir da pala já vão três, quase quatro.
O objetivo do nosso passeio de domingo na Gulbenkian não fora propriamente ir ver a pala. Todavia, ouvimos pessoas comentar terem ido ver a pala. Dá nas vistas, obviamente.
Por vezes, quando podemos, vamos almoçar na Gulbenkian e aproveitar o passeio pelo jardim, durante a tarde. Costumávamos ir à cafetaria / restaurante no Centro de Arte Moderna, antes deste ter fechado. Nos últimos anos, quando passou a ser possível após as clausuras da Covid e quejandos, experimentámos o restaurante do Museu. Não era tão interessante como o do CAM, mas que fazer, se esse esteve fechado até final deste verão de 2024? Todavia temos constatado que veio melhorando, a ponto de gostarmos de lá almoçar, como fizemos no pretérito domingo. Domingo em que tudo esteve cheio. Uma multidão nos jardins, como nunca me lembro. A fila no CAM era demais, à sombra da pala. Imensa gente esparramada pela relva. Crianças por todo o lado, numerosas famílias jovens com crianças atreladas. Onde estas se juntavam, era uma vozearia ensurdecedora. Os pais não têm, nem estão para ter, qualquer controle nos filhos. Estes mexem em tudo sem qualquer reparo dos papás. Nesse domingo andava tudo frenético, talvez do sol, do calor, dum ar de férias. Este jardim tem uma restrição saudável: não dá autorização à entrada de cães. Se fosse livre, haveria de ser uma canzoada!
O restaurante do Museu também esteve cheíssimo, a ponto de alguns funcionários comentarem. Não davam pano para mangas, apesar de serem eficientes. São também eles que controlam a amesendação, pois que a procura é muita e há picos que exigem atenção redobrada, gerindo quem termina a refeição e quem pode usar mesa. Após encomendarmos e pagarmos, atribuem-nos um identificativo numérico, que colocamos na mesa. Onde nos irão servir. São lestos, práticos, sem salamaleques, mas com eficiência. Não param!
Não nos sentamos previamente, para apanharmos lugar. Alguns clientes em grupo, por não saberem ou por cretinice, mandaram um elemento açambarcar lugar. A uma estrangeira, disse-lhe, no meu inglês arrevesado, que deveria esperar na fila. Ou porque não percebesse, ou se fizesse desentendida, não fez caso da minha sugestão. Acabou por se ver confrontada com uma família, com a respetiva marcação numérica, de mesa destinada e almoços pagos, sugestionando que saísse. Mesmo assim teve de ser o empregado a reforçar-lhe o pedido/ordem. Acabou por se levantar, ir para fila e, mais tarde, verifiquei que ficou com as amigas em mesa ainda melhor. Não valia a pena ter-se feito de desentendida. Mas situação idêntica ocorreu ainda mais duas vezes.
Já sabe, se for ao restaurante do Museu, e acho que vale a pena, aguarde a sua vez na fila. Na altura própria terá o seu lugar de comensal.
E como é no restaurante do Centro de Arte Moderna? Não sei ainda. Fomos lá na hora de lanche, havia imensa gente, ainda estivemos na fila, mas fomos embora e acabámos por ir comer um gelado noutro local.
Um dos objetivos da nossa ida fora também irmos experimentar o restaurante – cafetaria. Ainda não aconteceu no pretérito domingo. Está bastante diferente. A equipa, que era excelente, não é a mesma, provavelmente nem a gestão. Por enquanto, desconheço completamente o respetivo funcionamento, não formulando qualquer juízo de valor. Aguardamos visitas futuras.
O acervo museológico também ficará para outra oportunidade. Afinal já o visitámos por diversas vezes, ao longo destes anos. Será, todavia, interessante observar as mudanças.
Também observámos mudanças nalguns espaços.
Talvez venhamos a falar disso, quando lá voltarmos.
Mas, qual pala?! Perguntar-me-á, o/a caro/a leitor.
Pois… a pala da Gulbenkian, melhor, a pala do CAM – Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian.
É uma pala e peras!
Se em Lisboa ainda houvesse “Revista à Portuguesa” - na verdade, ignoro se há – mas se houvesse, já haveria cantiga dedicada à pala.
“Olha a pala, olha a pala…” isso é referente à mala. Também se diz que “quem tem capa, sempre escapa.” E sobre a pala?!
“Quem tem pala não se rala / Se há sol ou se chover / Vira cara, tira fala / Tem sempre que s’esconder!” Poderia continuar reportando-me para a situação atual. Com um pouco de brejeirice muito ou pouco poderia sair.
No domingo passado, tarde ensolarada de calor, milhares se abrigaram debaixo da pala. Foi um corrupio de gente sob a pala, serpenteando, na espera de entrar a visitar o renovado Centro. Fechado desde 2019.
Para ver esta nova estrutura, simultaneamente arquitetura, e obra de arte escultórica, e abrigo do sol, certamente também da chuva, não é preciso visitar o museu, pagar entrada, fazer fila. Ela é bem visível, até da rua, é marcante, estruturante e emblemática do Centro e da Fundação.
Tudo indica será uma nova identidade, uma novel marca, destas instituições.
Olha, vamos ali ver a pala da Gulbenkian. Ou, como perguntei no início: Já foste ver a pala?! Mas qual pala?! Mas das novidades do Centro e da Fundação só me interessa a pala?!
Não! Do que vi e está disponível para qualquer turista ou visitante ou passante, o que mais me agradou foi o novo espaço ajardinado, a partir do antigo “Jardim da Dona Gertrudes”! O Arvoredo! Que inveja – saudável – de tão belas e profusas plantas e ainda mais da possibilidade de regas autónomas e regulares. (Se as minhas árvores tivessem essa oportunidade! Regas sistemáticas, automáticas. Só São Pedro lhes vale!)
As árvores maiores, mais antigas, são certamente do “Jardim da Outra Senhora”. Não sei se ficaram todas, se só algumas, se tiveram de abater outras. Ignoro! Mas do que observei é que plantaram e tornaram a plantar uma boa plêiade – é mesmo este o termo – de árvores e arbustos notáveis! E da nossa flora autóctone e adaptados ao nosso clima mediterrânico.
Árvores de grande porte futuro: Sobreiros, Azinheiras, Carvalhos Cerquinhos!
Outras árvores mais arbustivas: Aroeiras, Lentiscos, Murtas, Loureiros… que, com as regas de que dispõem, depressão atingirão porte arbóreo.
Não observei ou não reparei, se também terão plantado medronheiros, aloendros. Bem sei que estas duas plantas poderão ser nefastas para jardins onde brincarão crianças.
Sim! Do passeio domingueiro, na Gulbenkian, o que mais me cativou foi o recente jardim. Mas percecionei a dimensão do espaço inferior ao que imaginara. Também não posso dizer que apreciei totalmente o derrube do muro. E questiono: O que foi feito do portão que “guardava” o “Jardim da Dona Gertrudes”?!
Poderiam tê-lo colocado perto da entrada, como uma peça escultórica!
A origem das visitas em Aquém Tejo, nos últimos 30 dias, a partir da Alemanha, foram superiores ao somatório das visitas a partir de Lisboa e do Porto!!!!!!