Há quem do Tejo só veja
o além porque é distância.
Mas quem de Além Tejo almeja
um sabor, uma fragrância,
estando aquém ou além verseja,
do Alentejo a substância.
Há quem do Tejo só veja
o além porque é distância.
Mas quem de Além Tejo almeja
um sabor, uma fragrância,
estando aquém ou além verseja,
do Alentejo a substância.
Esta série francesa, de 2009, que tem estado a ser transmitida pela RTP2, desde 29 de Março transato, com sete anos de atraso, mas ainda muito a tempo, pois reportando-se a um passado paradigmático, de há setenta anos, mantém todo o interesse.
Quanto mais não seja pele imperiosidade de lembrar, de uma forma bastante didática, um passado que convém não esquecer.
Que a memória dos Homens é curta e, pasme-se (!) até negacionista.
Entrou ontem, dia 19 de Maio, na sua 5ª Temporada.
Intitula-se no original “Un Village Français”, vertida naturalmente para português, como “Uma Aldeia Francesa”.
Decorre a ação em Villeneuve, uma cidade, sim, cidade, porque Villeneuve, de aldeia, não tem nada. Os recursos de que dispõe: câmara municipal, “polícia política”, “gendarmerie”, hospital, hotel, restaurante “5 estrelas”, estação de caminho-de-ferro, camionagem, indústrias, vários grupos profissionais, que me lembre, categorizam-na mais como cidade do que como aldeia. Apenas no ensino se comparará a uma aldeia, dado que, do que me apercebi, só tem ensino primário.
Mas vamos adiante, que ninguém me convidou para padrinho.
Cidade fictícia, situa-se no Departamento do Jura, no Franco Condado, no Leste de França, junto da fronteira com a Suíça e perto da “Linha de Demarcação”, que separou a França em “Zona Ocupada” pelos alemães, e a designada “Zona Livre” sujeita ao governo de Vichy.
A cidade fica na zona ocupada.
A ação desenrola-se de 12 de Junho de 1940, data de início da ocupação alemã, até 1945, já após a Libertação.
Nesta série, os personagens organizam-se por laços familiares, englobando o núcleo central da família, mas também membros colaterais numa estrutura mais alargada; e ainda personagens segundo laços sócio- profissionais.
As relações amorosas entrecruzam-se nestes grupos.
Estrutura-se em sete temporadas, das quais já foram visualizadas as quatro primeiras, iniciando-se, agora, a quinta.
Cada temporada tem um título englobante dos temas narrados e reporta-se a um tempo específico, sendo que, em cada episódio se estrutura e desenrola a narrativa respeitante a um dia, por várias vezes, dias com algum significado histórico, no respeitante à ocupação e à guerra ou concernentes à história política ou social de França.
Vejamos a 1ª Temporada, 1940: “Viver é escolher.”
Tem seis episódios e decorre de 12 de Junho de 1940, dia de início da ocupação da França pelos alemães, como vencedores. Até ao sexto, respeitante ao dia 11 de Novembro, dia de feriado nacional em França, habitualmente de grandes festejos nacionalistas, porque celebra o dia 11 de Novembro de 1918, em que os alemães, através do Kaiser, se renderam, capitulando e assim se deu fim à “Grande Guerra”, assim designada, porque nessa data ainda não houvera outra de caráter mundial e com efeito tão devastador. E os alemães foram vencidos!
Episódio 1 – O Desembarque – 12 de Junho de 1940
Episódio 2 – Caos – 24 de Junho de 1940
Episódio 3 – Atravessar a Linha - 30 de Setembro de 1940
Episódio 4 – Assim na Terra como no Céu – 15 de Outubro de 1940
Episódio 5 - Mercados Negros – 7 de Novembro de 1940
Episódio 6 – Rajada de Frio – 11 de Novembro de 1940.
Desta temporada apenas vi o 1º e o último episódio.
Esta 2ª temporada, também de seis episódios, já relata ocorrências de 1941, de Janeiro a Março.
Não me debrucei sobre nenhum dos episódios, apenas vi excertos de alguns.
Do episódio três, “Aula Prática”, lembro-me da entrada dos alemães na Escola, na sequência de uma denúncia, à procura de uma arma de fogo, supostamente guardada pelo professor Jules Bériot, e que viria a ser descoberta no relógio de parede. Uma velha arma de caça, já enferrujada, do seu avô.
A tudo assistiram as crianças, nesta aula prática, presenciando, no seu dia-a-dia, o abuso discricionário da ocupação alemã.
Episódio 1 – A Lotaria – 10 de Janeiro de 1941
Episódio 2 – O Aliciamento – 5 de Fevereiro de 1941
Episódio 3 – Aula Prática – 12 de Fevereiro de 1941
Episódio 4 - O teu Nome assemelha-se um pouco a Judeu – 4 de Março de 1941
Episódio 5 – Perigo de Morte – 10 de Março de 1941.
Episódio 6 – Golpe de Misericórdia – 11 de março de 1941.
“Esta 3ª temporada retrata as ocorrências em Villeneuve, durante o Outono de 1941, de Setembro a Novembro.
O quotidiano dos habitantes degrada-se. A ocupação e as consequências da guerra acentuam-se.
Os racionamentos, a penúria e falta de víveres essenciais, o mercado negro, as requisições forçadas, os toques a recolher e o recolher obrigatório, as arianizações, fazem sentir-se pesadamente nas populações.
Sofre-se no corpo, os espíritos exaltam-se...
Mas cada um vive as suas próprias escolhas, que nem sempre são tão fáceis quanto aparentam.
Há os que colaboram com os alemães, os que celebram o marechal (Pétain), mas também os que radicalizam a luta, arriscando as suas próprias vidas e a de familiares.
O Amor circula sempre no ar, ou não tivesse esta série também o seu lado romanesco bastante acentuado.”
Estas foram algumas ideias base que explanei no relato sobre os “Episódios”.
Remeto também para a narração respeitante ao episódio 6 – “La Java Bleue”.
Nesta temporada já consegui ver alguns episódios, nomeadamente o sexto, que também contextualiza a ação, remetendo para uma festa tradicional francesa, os festejos de “Les Catherinettes” e para uma canção romântica, em voga na altura, intitulada “La Java Bleue”.
A 4ª temporada, iniciada a 3 de Maio e esta semana concluída, 18 de Maio, centra-se fundamentalmente na problemática dos judeus e na sua deportação para os campos de concentração.
E na ação da Resistência e dos Resistentes, fundamentalmente estruturados em dois grupos: os comunistas e os gaullistas e na sua tentativa de realização de ações conjuntas.
Intitula-se “A hora das escolhas”, e reporta-se a 1942 e ao mês de Julho, nos primeiros seis episódios e ao mês de Novembro, nos restantes seis.
Episódios:
1 – “Le train” – “O comboio” - Dia 20 de Julho.
2– “Un jour sans pain” – “Um dia sem pão”, ou melhor, “Um dia sem comida” – Dia 21.
3 – “Mille et une nuits” – “Mil e uma noites”, parafraseando Xerazade: Dia 22
Começo com a tentativa de resposta à pergunta formulada na última narração.
O que fora fazer Rita De Witte, de bicicleta, na direção do local onde o namorado, Jean Marchetti, participava na armadilha montada aos Resistentes?!
Pois, lamento, mas não vos posso informar. Ontem só consegui visualizar o final do episódio e a possível resposta a essa interrogação já teria sido apresentada.
Só pude ver a partir do facto de Rita manifestar o seu descontentamento face a Jean, o informar que se iria embora, que não se esquecia do que ele fizera à sua mãe, nem o ia perdoar.
Bem pôde ele manifestar-lhe que tudo fizera por Amor, que isto do amor é como um cesto roto, cabe lá tudo o que se quiser... Que, se não fora assim, e a mãe nunca a libertaria, (há mães muito possessivas com as filhas...), que tinha um filho dele, que a amava, a não queria perder, que iria com ela para a Suíça...
Nada a demoveu, sarcasticamente lhe induziu se o filho seria dele (?!), que nunca o conheceria e partiu mesmo para a Suíça.
E, nisso, ele ajudou-a em tudo o que pôde. Primeiro a saber o modo e o como, o caminho de ir e, segundo, acompanhando-a e, como já disse, querendo segui-la para viverem nesse país.
Deixaria a polícia, teria outra identidade, ela também, e começariam nova vida, esquecendo o passado.
Nada, nada a fez voltar atrás e seguiu só, descendo a montanha, na direção do vale, onde corria o rio e, no outro lado, a libertação.
E ele também só, a chorar, de certa maneira, redimindo-se, capaz também de atos abnegados e altruístas, apesar de todas as perfídias cometidas.
E mais! Notando a presença de um policial de fronteira, ajustando o seu rifle telescópico e pronto a disparar, pediu-lhe que o não fizesse, e face à respetiva recusa, ordenou-lhe que parasse, mostrando-lhe o seu cartão também de polícia. Perante a persistência do atirador, que tinha ordens expressas de matar, não esteve com meias medidas e ele próprio puxou da sua pistola e assassinou o colega.
Estranhos, insondáveis e dramáticos, os caminhos do Amor, que levam a atos supostamente impensáveis de quem é tão apegado ao Dever.
Deste modo, a sua amada seguiu descansada, como ele e nós pudemos observar, através do monóculo da arma do colega.
Assim também ele se terá, de certo modo, libertado, aliviado, do mal que aos outros tem feito, reportando para si mesmo um castigo, a que não ficará certamente impune. Aguardemos futuras narrativas, em próxima temporada.
O que sei, tive conhecimento pela boca de Raymond Schwartz, que lia as “Notícias”, jornal local, que dava conhecimento da morte de Albert Crémieux, com foto estampada na primeira página e outra de Marie Germain, mas não me perguntem sobre o respetivo destino.
Estranho o Destino que nos dá conhecimento do ocorrido, através da boca de Raymond que, como sabemos, fora amante de Marie, cuja quinta onde ocorreu o acontecido, aliás, lhe fora oferecida pelo próprio.
E a forma como ele larga o jornal para o chão: páginas caídas, espalhadas e esvoaçando pela rua enlameada...
Arrancou com o carro e a nova amante (?), namorada (?), já mulher? Também não sei ainda, nem ele nos convidou ou participou do casamento...
Esta, que se chama realmente Joséphine, empregada na firma, antes de subir para o carro com o patrão, questionou-o sobre qual era sua posição sobre os acontecimentos narrados.
Muito diplomaticamente, desviou-se da resposta, que era empresário e o que fazia eram negócios.
Como também sabemos ele fora e era um dos grandes fornecedores dos alemães ocupantes, com quem negociava bastante.
Os factos, que presenciava e lia através do “Notícias”, não lhe seriam indiferentes, como é óbvio, tanto no aspeto pessoal, como social e de cidadão francês. Conveniências!
Sabemos que, em futura temporada, virá a envolver-se também com a Resistência. O apelo da Razão e do Afeto, digo eu, far-lhe-ão tomar um posicionamento.
Que, para todos os efeitos, é isso que tem feito. Fez as suas próprias escolhas e, até ao momento, e principalmente, tem agido do lado dos ocupantes. Em seu próprio benefício, diga-se.
E não há mais notícias?!
Ah! Há, sim!
Sabemos que Lucienne gostou muito das novas experiências com o marido, Jules, a ponto de pretender saber onde foram as aprendizagens.
Embasbacado, tímido, meio atrapalhado, acabou por induzir que foi em novas oportunidades!
E, por aqui ficamos, que talvez ainda traga outras novas.
Que, em princípio, irá iniciar-se, hoje, a 5ª Temporada!
E, ainda me ocorre reportar que o ex- Presidente da Câmara, Daniel, vai abandonar Villeneuve, com a família nuclear que lhe resta. Irá para Besançon, para casa de uma tia!
E, também finalmente, pudemos ver o pequenote e traquinas Tequiero!
“La Souriciére” – “A Ratoeira / A Armadilha”: 12/11/1942
Na apresentação de cada episódio há uma estruturação técnica sempre comum, sob vários aspetos. Um deles é um introito em que, de algum modo, nos ligamos ao episódio anterior e ao que vai ser apresentado a seguir, como se fosse um leit-motiv do mesmo. No final, também nos apresentam algo que nos deixa em suspense para a temática do episódio seguinte.
No anterior, décimo primeiro, em ambos estes excertos da narrativa, foi dada relevância a uma mesma personagem, que nestes últimos episódios tem sido destacada no enredo. Trata-se de Rita De Witte.
(Sinceramente, não sei se esta tem sido a metodologia de todos os episódios. Neste, observei-a.)
Voltando à personagem.
No introito, apresentou-se ela perante o namorado, Jean Marchetti, na subprefeitura, após ter vindo do médico, conhecedora da existência da carta, ignorante do respetivo conteúdo.
Apreensiva, temerosa e com cautela, que muitos dissabores já passou, confrontou-o, muito subtilmente e com cuidado, sobre eventuais notícias que ele pudesse ter da mãe, sem nunca aflorar algo que a pudesse indiciar de conhecimento da missiva. Os medos serão múltiplos e diversos.
A conversa ficou-se por muitas e meias palavras, sentimentos aflorados e retraídos, tensão de ambos os protagonistas, que ele é um personagem cheio de contradições, aliás, próprias de qualquer ser humano, por demais em tempos tão conturbados e incertos. E ela é uma mulher só, num mundo hostil, uma náufraga perdida, em que o amado é um pedaço de madeira, frágil e inseguro, mas o único que lhe ofereceu um amparo e sustento e mais um rebento a nascer.
E que, apesar de todas as improbabilidades, a ama, a quer fazer sua mulher, e ser pai da criança a caminho.
Rita andou todo o episódio ausente.
Foi motivo de preocupação exacerbada do amante, que, inclusive, esqueceu as suas prioridades profissionais, ordenando imperiosidade na sua procura (!)
Dirigiu-se, arrogante e prepotente, a casa do médico Daniel Larcher, arrombou-lhe a porta, agrediu-o, invadiu-lhe os espaços, até ao quarto onde agonizava Madame Morhange, que aproveitou para, no leito de morte, o confrontar com a sua crueldade e cupidez, que fora ele que deportara a mãe da própria amada, a quem ela dera conhecimento do facto.
Desesperado, louco por saber do possível paradeiro de Rita, ameaçou de morte Sarah, chantageando Daniel, que apenas lhe disse o que sabia, que Rita planeava fugir para a Suiça.
Providencialmente, chegou o tão desejado Henri de Kervern, namorado de Madame Morhange, que enfrentou a fera enraivecida, lhe disse, com os punhos, o que ele há muito pedia, que é um pulha, um canalha, um escroque. E estatelou-o no chão.
Só assim a besta fugiu.
Fugiu. E foi dedicar-se, de alma e coração, ao frenesim da sua missão. Prender, matar ou enviar para a morte franceses como ele, mas que vem perseguindo já anteriormente ao começo da guerra e da própria invasão nazi. Comunistas, bolcheviques, judeus e agora também os gaulistas. Em suma, os oprimidos e os lutadores pela Liberdade.
À data, já ao serviço dos boches, dos nazis, dos ocupantes. Querendo agradar-lhes, servi-los e dar-lhos como prémio.
Assim montaram a “ratoeira / armadilha” para apanharem os resistentes que se reunirão na quinta de Marie. Mercê da delação de Albert Crémieux, que mantem a sua falsidade e colaboração com os seus próprios algozes até ao fim.
Constate-se o aparato nessa armação, com todos os meios que os representantes de Vichy dispunham. Todos os efetivos policiais, exceto Vernet; um batalhão de “gendarmes”, o subprefeito em pessoa, Servier, servil instrumento da ocupação.
E até um novo personagem que tem andado a contracenar com a também fascista, Jeannine, de nome Philippe Chassagne, à procura de protagonismo, finalmente alcançado, que soubemos, foi nomeado novo presidente de câmara, que Daniel Larcher já não servia, nem compactuava com o colaboracionismo.
Todo este aparato para tentarem prender, de preferência matar, mais propriamente, chacinar compatriotas! Que era esse o seu propósito.
Aguardemos o episódio doze, derradeiro desta 4ª temporada.
E que viram e vimos nós também no final do episódio?!
Um ciclista que se aproximava.
Mais um membro da célula que vinha para a reunião?!
Que apenas houvera chegado um outro ciclista, Marcel Larcher. Comunista, mas muito voluntarioso e idealista, insistira em comparecer, apesar das recomendações de Edmond, mais conhecedor que ele do funcionamento partidário e dos cuidados da clandestinidade. Que um outro camarada, Roger, não comparecera previamente, sinal que haveria algum perigo e a reunião deveria ser suspensa.
O aviso transmitido por Jules Bériot à “menina” da “Maison Berthe” terá sido eficaz.
(Muitas, muitas situações ficam cortadas nesta minha narração, mas é de todo impossível transcrevê-las. Também não sou o guionista, não é?)
E, voltamos ao ciclista.
Marchetti pediu o binóculo para visualizar.
E quem viu ele, juntamente connosco?
Pois, nem mais nem menos que a sua amada Rita!
E que fará ela, ali, naquele momento tão crucial, agora que estão quase a atacar?!
Tanta força e energia, tantos recursos, para atacarem gente quase indefesa e não se voltarem contra os ocupantes que planeiam continuar a invadir a Zona Sul! E que perspetivam os franceses ocupados, como diminuídos.
E aqui bem caberia falar de Hortense... Que bem personifica a situação da França ocupada, face aos ocupantes.
Mas não. Vou terminar com o que previra começar.
A morte assistida de Madame Judith Morhange.
Assistida pelo médico Daniel Larcher, em ambos os sentidos, e pelo seu amado, Henri de kervern.
Ambos choravam.
Antes de se tornar “invisível”, ainda pode contar os horrores que presenciara em Drancy!
“Des nouvelles d’Anna” – “Notícias de Anna”: 12/11/1942
Anna, reporta-se a Anna Crémieux, judia austríaca, mulher de Albert, judeu francês, antigo industrial e, atualmente, resistente gaulista, a viver clandestino no campo e que foi preso no final do episódio anterior, nono, a 11/11/1942.
Afinal, constatei, com base na carta enviada por Anna a Albert, que Hélène, a filha de ambos, não fora resgatada, conforme eu julgava.
A partir dessa missiva, houve notícias de Anna para o marido, enviadas de Drancy.
Notícias deturpadas por Marchetti e colega, que redigiu nova carta, alterando-a, de modo a dar falsas esperanças a Albert de que, caso ele colaborasse, poderia vir a ter novamente a mulher e a filha, que Marchetti intercederia nesse sentido junto de Servier e dos alemães.
E, Albert, fragilizado pela prisão, pelo isolamento em que estivera, desesperado da ausência de ambas, que não falava de outro assunto, cedeu. E delatou todos os nomes dos colegas resistentes, local de refúgio e reunião, meios de que dispunham...
E, no próximo episódio, 11º, os polícias franceses irão montar uma armadilha aos Resistentes Gaulistas.
Abominável atitude e desmesurada ambição destes polícias, que preferem prender e levar à morte os seus compatriotas, que lutarem pela Libertação da sua Pátria!
Mas Marchetti fez ainda pior.
Porque houve outra carta, esta enviada a Rita, pela sua mãe, presa nesse mesmo campo temporário, em trânsito para um dos campos de concentração e extermínio, no Leste da Europa.
No final do episódio, constatamos que Rita de Witte, grávida de Jean, foi à consulta do Drº Daniel, contrariamente ao que o amante lhe recomendara, mas pela questão fortuita do outro médico da cidade ter faltado ao serviço. (Situações das que ocorrem nos seriados, para empolar a narrativa.)
Após consultada e, ao despedir-se, o médico, numa atitude simpática, interpelou-a sobre se ela terá gostado de ter tido notícias da mãe.
Perante a admiração da mesma, questionou-a se ele não lhe deu a ler a carta.
“- Que carta?!”, interrogou-o, Rita, estupefacta e apreensiva.
Nós que estamos de fora, como telespetadores, a observar tudo, vimos bem o que o malvado fez... todavia, figura ambivalente, um espelho da França, que simultaneamente que assim procede, também anda a tratar de tudo para casar com a moça, arriscando-se, bem como a própria carreira, ao pretender ligar-se a uma mulher judia!
Aguardemos o próximo desenrolar do enredo.
Mas estamos abordando sobre cartas... E como foi o correio?
Quem serviu de correio, clandestino, foi Madame Morhange, antiga Diretora da Escola, que foi “devolvida” do campo de Drancy, por estar muito doente, mercê da intervenção de Servier. E foi recebida na casa do médico, Daniel Larcher, pois ela pretendia que este lhe “achasse” o namorado, Henri de Kervern, bem como entregar-lhe as cartas. Só que estas foram surripiadas por Marchetti, como vimos, e que lhes deu aquele destino...
Daniel teve uma ação fundamental neste episódio, desdobrando-se nos seus múltiplos papéis.
Tio extremoso de Gustave, a quem ajudou nos trabalhos de casa; para além do médico de serviço, sempre pronto a ajudar os pacientes; e do seu papel de “Resistente”, não propriamente oficial, elo de ligação mais ou menos voluntário, entre todos. Tem ainda tempo para aturar a mulher, Hortense, que o manipula sistematicamente, que faz dele “manso”, aconchegando-se-lhe no corpo, como uma criança carente e mimada, após ter regressado de um jantar com o boche torturador e assassino.
Quem ficou despeitada e perturbada, com a perceção desse evidente arrulho, foi Sarah, que tendo vindo inesperadamente da Zona Sul, de manhã, certamente para matar saudades, se depara com a evidência dos factos. Supostamente viria para ser amante, mas factos são factos e dez anos de casamento, para Daniel, não se atiram assim borda fora. E de amada, reduziu-se à condição de criada e foi fazer ovos estrelados!
Mas altiva, bela, jovem e recatada (?), não deixou de lhe atirar: “Ela faz de si o que quer. Vou partir amanhã. Prefiro desenrascar-me sozinha!”
Veremos o que acontecerá no futuro!
E preparando e lutando pelo Futuro destacam-se os “Resistentes”.
Após um conciliábulo, parcialmente fortuito, entre Jules Bériot e Marcel Larcher, em casa de Madame Berthe, comunistas e gaullistas, reúnem-se de forma estruturada. Confianças e desconfianças recíprocas, resolvidos alguns mal entendidos iniciais, alterada a chefia da célula comunista, no decurso da própria reunião, acabam por definir estratégias de atuação, futuras reuniões e ações conjuntas, na luta contra o inimigo comum: o invasor e ocupante alemão e os colaboracionistas e o governo de Vichy.
Aguardemos que, como também já referimos, Albert Crémieux, também da célula gaullista, denunciou-os e Marchetti prepara-lhes uma ratoeira.
Nesta reunião houve, acidentalmente, o esclarecimento de um assunto que já vem na narrativa há vários episódios e que tantos atritos tem provocado na célula comunista. O da possível delação de Suzanne relativamente a Yvon.
Foi aqui desvendado, fortuitamente, que ela não fora a traidora, nem terá havido propriamente um traidor. Apenas fora Edmond que, na sequência do atentado, fora visto pelo polícia Vernet, a sair do local onde se acoitava Yvon. E Vernet, também participante na reunião, pois é resistente gaullista, e que, como policial, nunca esquece um rosto, reconheceu Edmond.
(Não compreendi todas as cambiantes desta situação, pois talvez não tenha visto o episódio.)
Não quero deixar de ainda abordar um pequeno, de somenos importância (?), pormenor.
O que foi o Professor e Diretor da Escola, Jules Bériot, fazer a casa de Madame Berthe, caftina da cidade, pelos vistos, pela primeira vez, tendo ele uma mulher tão bela, jovem e sedutora, em casa?!
Terá ido angariar alunas para algum curso noturno?! Para umas novas “Novas Oportunidades”? Preparar para exame ad-hoc à Universidade?
Não, ele foi precisamente buscar aconselhamento, com a experiente Madame, para dar outra cor e uma nova oportunidade ao seu casamento.
E, pelo que foi supostamente visto e ouvido, parece ter dado resultado.
Será a partir de agora que começam a tratar-se por tu?!
Parabéns à equipa da Benfica, a todos os seus jogadores!
E, como sempre, algumas questões...
Não posso deixar de referenciar este tema.
Hoje, agora, mais arrefecido o calor dos festejos, o clamor da vitória menos exacerbado, que as redes sociais quase entupiram de tanta comunicação.
Felicitações, ao seu treinador, que conseguiu levar o conjunto de todos eles, a vencer este trigésimo quinto título de campeão nacional.
Vitória merecida, mas muito suada e sofrida, por isso ainda de mais valor. Vitória que, hoje, não se conquista apenas no campo, porque todo o enredo, todo o ruído, barulho ensurdecedor, que se desenrola à volta dos campeonatos, é de levar qualquer pessoa à loucura. É preciso muita serenidade, cabeça fria, não se envolver em questiúnculas despropositadas, trabalhar, trabalhar sempre, para se alcançarem resultados. E foi isso que obtiveram.
Renovadas congratulações a todos!
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Uma Questão desprovida de sentido, dado o modo e o móbil atual do futebol, mas que não quero deixar de colocar:
- Porque é que os jogos de futebol não se realizam todos à mesma hora, no mesmo dia, como ocorriam no tempo, não saudoso, em que este País era categorizado de “3 FFF”?! (...) (...)
(Bem! Digamos que nunca, como agora, este nosso País foi tanto de effes. Que até me apetecia dizer um palavrão, devidamente contextualizado, realce-se!)
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Igualmente de parabéns o jovem que irá para a Alemanha.
Mais um emigrante. Só que este não será um emigrante qualquer. Nem um emigrante qualificado, mas, em contrapartida, prevê-se muitíssimo bem remunerado. Pelo que proporcionará considerável retorno financeiro... Em princípio, que, agora, com tantos paraísos fiscais longe da costa...
Questiono:
- Não é impressionável como se fala assim, despudoradamente, levianamente, de milhões, a torto-e-direito?!
- Donde provem tanto dinheiro?!
Abençoado País que tem tais talentos!
Não olvidando que estes casos são como uma moeda. Não têm só uma face.
Há sempre o outro lado. Para que haja um Ronaldo ou um Renato, há milhões de ronaldos, de renatos, que os idolatram, que sonham e almejam virem a ser como eles, de eRRe grande, sustentando-os, suportando-os, naquilo que eles se tornaram.
Sim, porque seria do futebol se não houvesse milhões e milhões de adeptos que aspiram aos seus ídolos, idealizando serem um deles e com eles se identificando e neles se projetando?!
Que o dinheiro não suba à cabeça do rapaz! Que saiba construir o seu futuro. Que não esqueça nem renegue as suas origens. Que se inspire em Ronaldo, naquilo que este tem de valor!
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E ainda outra questão:
- Não faz alguma impressão o facto de, perante estas “transações”, sim, porque é disso que se trata, falar-se de “Fulano foi vendido...”, “Sicrano foi comprado...”?!
Que esta é a pura verdade, trata-se de uma transação, uma compra, uma venda, uma troca, em suma. De Seres Humanos.
- Mas não será, de algum modo, incongruente, que, quando se prevê “descoisificar” juridicamente a situação dos animais, os Seres Humanos sejam tratados como simples mercadorias, afinal como coisas, que se compram e se vendem?!
- Não ficamos com a ideia de assistirmos a um certo retrocesso civilizacional?
Bom, que não tenhamos quaisquer dúvidas, não nos iludamos. Os senhores Donos do Dinheiro, que é como se diz, “Donos Disto Tudo”, percecionam todos os outros seres humanos, com letra minúscula e como simples coisas e mercadorias!
Antes de explanar algumas ideias sobre o tema, abordo o significado do título e do subtítulo.
No concernente ao título - “Seres Humanos e Animais” – pode ser interpretado de dois modos. Primeiro como referindo duas entidades distintas: “Os Seres Humanos”, por um lado e os “Animais” por outro.
Ou então lido e interpretado como um todo, categorizando os “Seres Humanos” como “Animais”.
Escolhi-o com base na primeira interpretação, mas não desdenho da segunda.
Quanto ao subtítulo... guardo a “explicação” para o fim.
Suscitou-me interesse a questão que tem sido debatida sobre os “Direitos dos animais” e a respetiva categorização jurídica.
Penso que é um assunto que nos deve interessar e sobre o qual convém refletir e legislar, dado que os animais, e todos os seres vivos, fazem parte do ecossistema em que o Homem também se integra, não podendo esquecer que o Homem, antes de tudo o mais, é também, na sua essência e no fundamental, um Animal, ainda que esta verdade possa custar a ser aceite por muitas Pessoas bem pensantes.
E a relação Homem e animal é umbilical e milenar, acompanha o Homem desde o seu surgimento.
E há imensos, inumeráveis interesses mútuos entre estas duas entidades indissociáveis.
Mas certamente há muitas questões sobre que urge refletir, legislar, quiçá agir e preparar alterações, mudanças comportamentais, de atitudes, de princípios e de valores.
Mas temos que reconhecer que legislar sobre esta matéria é tão ou mais complexo do que legislar sobre o Ser Humano. Porque a espécie humana é só uma. Todos os Seres Humanos sujeitos, como princípio, aos mesmos Direitos e Deveres.
Mas no respeitante aos animais, muitas interrogações nos podem suscitar.
Mas terão os animais consciência, para estarem sujeitos a direitos e deveres?!
Ou essa dualidade direito – dever, reportar-se-á para o homem que detiver a posse do animal?
E, por outro lado, quantas espécies de animais existem?
E estão todas na mesma categoria?
E essa categorização é idêntica em todas as culturas?
Mesmo num País relativamente pequeno como o nosso, os assuntos respeitantes às atitudes face aos animais são suscetíveis de consenso facilmente homogéneo?
Este assunto, teoricamente, não tem fim. Por vezes, nem sei se tem princípio, mas tem que ter.
Mas é melhor traduzirmos este assunto na prática.
E, antes de entrarmos em aspetos por demais polémicos e fraturantes, situemo-nos na questão, aparentemente mais simples, dos “Animais de Companhia”.
Pesquisei e encontrei as seguintes definições:
"D. Lei n.º 276/2001, de 17 de Outubro - APLICAÇÃO DA CONVENÇÃO EUROPEIA P/ PROTECÇÃO ANIMAIS COMPANHIA"
“Artigo 2.º - Definições
1 – Para os efeitos do presente diploma, entende-se por:
– “Animal de companhia” qualquer animal detido ou destinado a ser detido pelo homem, designadamente no seu lar, para seu entretenimento e companhia;”
“Animal de companhia: qualquer animal possuído ou destinado a ser possuído pelo homem, designadamente em sua casa, para seu entretenimento e enquanto companhia. (Decreto-lei 314/03, de 17 Dezembro).”
Analisando estes textos depreende-se, à partida, que a definição de “animal de companhia” é demasiado genérica, ambígua e imprecisa, centralizando o problema na pessoa, no dono e não no animal em si.
Isto é, animal de companhia será o animal que uma pessoa quiser, desde que seja seu, que o tenha na sua casa, para seu entretenimento e companhia.
Nem mais! O que, na prática significa que qualquer animal pode ser considerado de companhia. Não depende dele, depende de quem o escolher como tal.
Então quais são os animais considerados de companhia?!
Na nossa cultura ocidental, de portugueses, qualquer pessoa dirá, com facilidade, que o cão e o gato são os animais de companhia por excelência.
E o canário? E o periquito? E os peixinhos no aquário?! E o papagaio, a catatua, o grilo, o melro e o pintassilgo, na gaiola? E os pombos?
E um borreguinho criado à mão, no quintal? E o pónei, o cavalo, o burrito? E o coelho, as galinhas do Zé Maria, os patos no laguinho, os perus a fazerem glu, glu, os porquinhos-da-índia?
E o porquinho?! Ou será que um porquinho Babe não tem direito a ser de companhia? Ou uma Miss Piggy?
E um lagarto, uma cobra, uma iguana, um cágado, uma aranha, toda uma espécie de animais que por aí há, para serem comprados, para se tornarem de companhia...?!
Ainda há pouco tempo, ia um rapaz no metro, com uma cobra exótica, tentando a todo o custo guardá-la numa caixa e ela sempre a sair. Finalmente lá conseguiu colocá-la num saco plástico, que fechou. O que vale é que as cobras são animais de sangue frio e era Inverno. Porque pensei, se fosse Verão, trinta e tal graus, o que poderia ocorrer?!
Será que todas as pessoas consideram estes animais como de companhia?!
Certamente que não. Mas, todavia há pessoas que consideram que sim e que têm, nas suas casas, qualquer um dos animais referidos como sendo de companhia.
E no respeitante às casas?!
Será que todas as pessoas têm condições nas suas casas para terem mesmo os animais considerados consensualmente de companhia?
Por vezes questiono-me como é possível terem-se certos animais de companhia, nos apartamentos minúsculos que habitamos.
E no referente ao tratamento dado aos animais?
Como será considerado o tratamento dispensado a um cão que passa uma vida inteira preso a uma corrente?
E um periquito, um canário, uma catatua, e os seus ascendentes e futuros descendentes que passam uma vida inteira numa gaiola, será que cantam para alegrar o dia ou choram de tristeza?
E um melro e um pintassilgo apanhados no campo para serem aprisionados numa gaiola, como classificar o respetivo tratamento?
Digam-me, por favor, pessoas que assim procedem, gostam ou não dos animais, são ou não suas amigas? Procedem no interesse do animal ou no seu próprio interesse?!
Então, mas essas pessoas gostariam de ser fechadas numa gaiola e postas a cantarolar para um possível amo e senhor, que as alimentaria devidamente a ração comprada no supermercado?
E, já agora, e para desconstruir...
Uma mosca varejeira que entra pela casa dentro é um animal de companhia ou uma intrusa?!
Uso o mata moscas ou o inseticida?!
É agressão contra um animal ou não?!
Estas são só algumas questões reflexivas que este assunto me suscita. Também algumas perguntas. Umas pertinentes, outras de todo e, propositadamente, impertinentes.
Muitas situações ainda ficam por abordar.
E vamos agora ao subtítulo: “Porque não pegar o touro pelos cornos?!”
Que seria, evidentemente, uma pega de caras. Que nem toda a gente consegue fazer, claro!
E são ou não são heroicos os homens que pegam os touros pelos cornos?!
Sobre este assunto ainda voltarei e também, e novamente, e ainda, com um excerto do Clássico Almeida Garrett, sobre que ando há muito para trazer outra vez ao blogue. Os Mestres são assim! Conseguem ser atuais mesmo passados séculos!
E porque é que os nossos legisladores, no referente aos animais e ao seu bom ou mau tratamento, não levam à ribalta legislativa as questões que são realmente importantes, como seja a “tortura sobre os animais”?
Tenho plena consciência que este tema, pela sua materialização concreta na vida de pessoas e animais, é demasiado fraturante na sociedade; que não é possível, por enquanto, trata-lo com alguma distanciação; que há muitos interesses de todas as ordens e sentidos interligados ao assunto e não será nada fácil uma abordagem sobre o mesmo.
Mas, respondam-me, se fazem favor.
É ou não necessário, mais cedo ou mais tarde, discutir, em sede própria, essa temática?! Isto é, pegar o touro pelos cornos!
Ainda voltarei a este tema.
E sobre a “descoisificação” jurídica do conceito de animal? (...) Porque, no contexto da nossa vida social, todos temos plena consciência que os animais não são coisas. (Todos, digo eu, que sei que um animal é um ser vivo como todos nós.)
E se um cão, algo que acontece todos os anos, agride o dono, um vizinho, uma criança, um transeunte incauto, fere e até mata, digamos que está no exercício do seu direito de cidadania canina, não?!
E como atuar e autuar os donos dos canídeos que deixam as “prendas / presentes” dos respetivos animais de companhia, espalhadas pelos passeios?!
Nota Final:
Cabe um reparo que me poderá ser feito. (Só um?!, dirão.)
Mas, então, não disse que neste blogue não se usavam palavrões?
E será que “cornos” é palavrão?! Direi que é uma palavra conotativa, forte, constante do Dicionário. Aliás como chifres, talvez mais suave, e até chavelho, termo ainda mais poderoso. São palavras vernáculas!
(Episódios globais 31, 32 e 33 – 11, 12 e 13 de Maio de 2016)
RTP2
A última vez que me debrucei sobre a Série, reportei-me ao 4º episódio da 4ª temporada, ainda a decorrer.
Intitulava-se “Une Évasion” / “Uma Evasão” e relatava as peripécias ocorridas a 23 de Julho de 1942, correspondendo ao episódio global nº 28, tendo sido transmitido na RTP2,na 6ª feira, 6 de Maio de 2016.
Anteriormente, na transmissão desta 4ª Temporada, intitulada “A hora das escolhas”, cujo início de transmissão aconteceu a 3 de Maio, tinham sido apresentados quatro episódios, todos reportados a 1942 e ao mês de Julho:
8 – “Tel est pris qui croyait prendre” – “Quem quer apanhar, apanhado se vê”, ou seja, “o jogo do gato e do rato”. – 9 de Novembro de 1942
E o 9º episódio: “Baisers volés” – “Beijos roubados”. – 11 de Novembro de 1942.
Ficarão ainda os episódios, 10, 11 e 12, para a próxima semana.
10 – “Des nouvelles d’Anna” – “Notícias de Anna”: 12/11/1942 (Anna, julgo que será Anna Crémieux, judia austríaca, mulher de Albert, judeu francês, antigo industrial e, atualmente, resistente gaulista, a viver clandestino no campo e que foi preso no final do 9º episódio, 11/11/1942.)
11 – “La souriciére” – “A ratoeira / armadilha”.
12 – “La frontière” – “ A fronteira”.
Nos episódios que visualizei, sétimo, oitavo e nono, a ação já decorre em Novembro de 1942 e o teatro de guerra na Europa e no Mundo ganha outros contornos.
Os americanos já haviam entrado na guerra, o ataque a Pearl Harbor fora em 7/12/1941. Iniciariam a ofensiva no Norte de África nesta data, Novembro 1942. Simultaneamente na frente Leste ocorria o célebre cerco a Estalinegrado.
A Resistência ganhava força dentro da própria França, não só a liderada pelos comunistas mas também a gaulista, infiltrada em vários setores da vida quotidiana de Villeneuve. Começavam a receber ajuda externa, ainda que limitada, da “França Livre”, através da Inglaterra.
Os comunistas, aliás, pretendiam organizar uma Frente Nacional de Resistência, englobando todos os Resistentes.
Mesmo a população mais alheada dessas problemáticas via-se confrontada a tomar posição, que a chegada do comboio com os prisioneiros, as sevícias a que foram sujeitos e o povo anónimo presenciou, não podiam deixar ninguém indiferente, mesmo os corações mais empedernidos e os espíritos mais arreigados à ideologia pétainista.
O papel da rádio, iniciático, tornava-se um meio comunicacional que alimentava a Esperança dos que resistiam e almejavam a Liberdade.
A consciencialização do papel e importância de oposição ao governo de Vichy e à ocupação alemã ganhava mais adeptos.
Restavam os indefetíveis, às ordens cegas do Marechal e aos pés dos ocupantes, querendo ser mais eficientes que os próprios nazis, na perseguição aos judeus, aos comunistas e gaulistas, lutadores pela Liberdade, mas intitulados de “terroristas”. Mostravam assim o seu servilismo ao marechal e aos ocupantes boches. Marchetti e Servier eram os protótipos máximos desta atitude, apesar das contradições próprias da condição humana, que Jean Marchetti mantinha em segredo uma amante, Rita, que era judia e de quem esperava um filho.
Essas contradições explicitavam-se noutros grupos, mesmo entre os resistentes. Na célula comunista os atritos entre os “camaradas” estavam bem presentes, nomeadamente no pressuposto da denúncia do camarada, Yvon, atribuída a Suzanne, mas muito mal sustentada pelo acusador, Edmond; nas lutas pelo poder, na estrutura triangular entre ele, Max e Marcel; nas atitudes estalinistas do mesmo Edmond, na suposta abnegação e entrega ao “Partido” e sua clarividência, no purismo ideológico de atitudes dimanadas da origem de classe de cada um. “Enfin, camaraderie”!
Também na polícia, apesar da sua ação persecutória aos próprios franceses, a Resistência agia, na pessoa de Vernet, que servia de contacto com os gaulistas, informando-os das ações da mesma.
O presidente da câmara e médico da cidade, (já o afirmei, Villeneuve não é, de modo algum, uma aldeia, uma cidade, sim, tais os recursos de que dispõe), o “maire”, Daniel Larcher, desenvolve uma ação notável no contexto da ajuda aos seus concidadãos, conforme pode, servindo de elo de ligação entre as várias forças presentes, dado que, pelas suas funções e cargo que desempenha, contacta com todas elas, mas procurando sempre reverter benefícios para os seus munícipes. Ideologicamente e face às atrocidades que tem vindo a presenciar e ele próprio sofreu, o seu posicionamento deixou de ser “pétainista”, cada vez menos colaboracionista e mais adepto da Liberdade e dos oprimidos.
O comboio com os prisioneiros judeus já partiu, para destino desconhecido pela maioria dos franceses, sabemos agora, que para destino e “solução final”. Facto acontecido em anterior episódio, que não visualizei, mas os resistentes conseguiram resgatar Hélène Crémieux.
No episódio sete, “Le visiteur” – “O visitante” – 8 Novembro 1942, Villeneuve recebeu a “visita” de três paraquedistas provenientes de Inglaterra, mas dos quais apenas um conseguiu escapar ileso, Vincent. Um foi logo morto pelos alemães, ao aterrar, outro ficou ferido, acabando por ser capturado pela polícia, mas suicidou-se, ajudado pelo médico Daniel, com cianeto contido num providencial anel, com receio de falar e denunciar a sua ação e os seus correligionários da “França Livre”.
Vincent, o único que se safou, procurou o camarada “Dominique”, desconhecendo que não era um Domingos, mas, afinal, uma Domingas, Marie, chefe da célula gaulista da cidade.
Mas além destes visitantes caídos de paraquedas perto da cidade e do seu aeródromo, quanto a mim, houve um outro visitante que também vagueou por Villeneuve. Aliás, tem estado sempre constante na narrativa romanesca. E esse visitante tem sido, o sempre presente, Cupido.
Visitou Lucienne, através do seu marido Jules Bériot, embora este se distraísse com as notícias da Rádio Londres, que anunciou a invasão dos territórios franceses no Norte de África, pelas tropas americanas. Logo notícia tão importante em momento tão crucial!
Também visitou Daniel, através de Sarah Meyer, jovem judia, por ele libertada (?)
Teve também uma visita de todo improvável, mas concretizada, na pessoa de Rita e Jean, vitima e carrasco, que as setas desse pequeno deus não conhecem alvos impossíveis.
E houve ainda outra visita, esta permanente e também renovada, mas de um cupido, simultaneamente anjo exterminador e abominável. Trata-se de Heinrich Muller, oficial das SS, que novamente se instalou na cidade, para as suas ações de exterminação, agora como chefe máximo da polícia do Leste de França ocupada.
E este cupido não tem feito outra coisa, além da sua função de carrasco, à procura de vítimas, que não adejar as asas junto de Hortense, que, para o próprio, também não passa disso: uma conquista a obter, um prémio a ganhar, tão mais apetecível, quanto mais difícil de alcançar.
Esta, contudo ainda não esqueceu o seu lado torturador e, segundo a mesma, apenas o recorda como um sonho mau, ou seja, um pesadelo!
Agora toda virada para as artes plásticas, virou pintora de auto retratos, tal o narcisismo da personagem, e embevece-se com a possível comparação a Modigliani e outros pintores célebres, opinião de apreciador italiano, arrematador de todos os seus quadros, que a faz sonhar com vernissages em Florença e Veneza, mas que não é, mais nem menos, que o alter ego de Heinrich Muller, um italiano às ordens de um alemão, que, de certo modo, também era assim que Hitler via Mussolini! Que os nazis consideravam-se superiores a tudo e todos!
Na França ocupada, na série, representada pela ação narrativa centrada em Villeneuve, qualquer que fosse o lado em que estivessem, aguardavam, com ansiedade, as notícias veiculadas através da rádio, que lhes permitia acederem ao que se passaria no Mundo e aos “palcos” onde se desenrolava a guerra, à data mundializada, mas especialmente preocupados com os acontecimentos relacionados com a sua Pátria, não sei se dizer preferencialmente, Pátrias, porque, afinal, coexistiam duas Franças.
Os defensores da Liberdade, dos ideais da “França Livre”, ancorados na tradição republicana “Liberté, Égalité, Fraternité”, ansiavam por notícias da Rádio Londres, sonhavam com a vinda dos americanos que os libertariam da opressão alemã.
Os apaniguados de Vichy, desesperavam pelos discursos do Maréchal, que receavam desertasse para a Argélia, conforme corriam os rumores que tal aconteceria e os deixasse órfãos, no seu desespero de enteados de uma França Republicana, que tinham plena consciência haviam traído e de que temiam o julgamento da História futura, que adivinhavam e pressentiam.
Nem a propósito, no final do nono episódio, “Baisers volés” – “Beijos roubados” – 11 de Novembro de 1942, Marie Germain, ex-mulher de Lorrain e ex-amante de Raymond; e Vincent, o paraquedista provindo de Inglaterra para enviar informações da cidade para o governo da “França Livre”, chefiado por De Gaulle, e sediado em Londres, presenciam a invasão pelas tropas nazis, da designada “Zona Livre”, parte de França, governada por Pétain e que, até à data, não estava ocupada pelas tropas alemãs.
(...) (...)
Então, e fica-se por aqui?!
Nem mais! Que se fosse a contar tudo ao pormenor dos três episódios, nem amanhã terminaria.
Mas, ainda assim, não quero deixar de referir um aspeto mais técnico, do que outra coisa, na estruturação da narrativa.
A perseguição ao filho de Marie, Raoul, movida pelos policiais, Marchetti e quase todo o seu departamento policial. Durou tanto tempo, percorreu tantos espaços, urbanos e rurais; envolveu todos os agentes da polícia, com exceção de Vernet, e utilizou diferentes meios, que só não terá sido detetada pelo perseguido, porque certamente o rapaz será tremendamente distraído. Ou então vinha tão enlevado e absorvido pelos beijos roubados, no linguado que conseguiu surripiar naqueles tempos de escassez alimentar, que lhe passou completamente despercebida tal ação persecutória!
E, por agora, de série, fico-me realmente por aqui, até que tenha oportunidade de visualizar outro episódio.
Quero também ver se trato mais dois temas sobre que se tem falado muito, um dos quais já aqui abordei a propósito do Mestre Almeida Garrett.
O tema do “Ensino Privado” e o respetivo financiamento estatal, era algo sobre que me propusera debruçar, desde logo, quando, ainda em Setembro do ano transato, estruturei os posts com perguntas a Sua Excelência o Senhor Ministro da Educação, antes das eleições legislativas. À data, cargo desempenhado por outra pessoa/personagem política, que não o atual e enquadrado numa estrutura governativa diferente.
Sobre estes aspetos, (políticas, politiquices, ...) várias vezes tenho vindo a “perorar”. Muitos assuntos têm ficado para trás, alguns eventualmente interessantes de comentar, mas essa não é propriamente a “minha praia” e só abordo quando de algum modo o tema me interessa. Não ando propriamente a reboque do que a comunicação social destaca.
Entretanto... “muita água tem corrido debaixo das pontes”, neste ano, inclusive em Maio, que esta semana tem sido de verdadeiro Inverno...
E sobre o assunto fui deixando ficar...
Mas voltando à matriz do discurso. Chegou agora a altura de abordar / opinar, sinteticamente, sobre esta questão, sobre que tanto se fala! (Lá está o efeito mediático.)
Antes de tudo o mais e como premissa inicial, afirmar que considero que a existência de Ensino Privado é um Direito inequívoco de qualquer Sociedade.
Mas também frisar que “...a César, o que é de César”. Isto é, o que é privado, em princípio e como princípio, não deve ser financiado pelo Estado.
(Situação, infelizmente, demasiado frequente neste nosso Portugal, em que muitos dos que mais defendem, com todo o direito e justiça, a “iniciativa privada”, e que mais denigrem “o intervencionismo estatal”, sabe-se lá por que razões, são dos que mais se “encostam” aos benefícios do tão “vilipendiado” e mesmíssimo Estado.)
O que nos reporta para o caso vertente, e sobre que tanto se tem falado agora nos media e que tão paradigmático e que tão bem espelha o que foi explicitado em parêntesis.
E vamos então à pergunta.
Deverá o “Ensino Privado” continuar a ser financiado pelo Estado?
Pois acho que, salvaguardadas as devidas precauções cautelares e legais, compromissos irreversivelmente assumidos, e outros considerandos que desconheço, deverá esse financiamento ser extinto, gradualmente, de modo a ser o menos impactante possível nos contextos em que vier a ocorrer.
Então mas não haverá situações em que o ensino privado deverá ser apoiado pelo Estado?
Claro que sim. Casos em que pelo seu projeto, pelos fins a que se propõe, pelo público-alvo a que se destina, pelo enquadramento social, geográfico, económico em que se insere, essa intervenção e ajuda estatal se torne necessária, quiçá imprescindível, à concretização e continuação do projeto, do qual resultem evidentes benefícios para a Sociedade, globalmente entendida, e para o público-alvo a que se destina.
Existe sempre a possibilidade de o financiamento para a frequência do ensino privado ou público, ser direcionado para o aluno, através de subsídio, bolsa, etc.
Os dois modelos de ensino fazem todo o sentido, e são imprescindíveis, desde que cumprindo os normativos legais estabelecidos nacionalmente.
Face à situação tão abordada atualmente e à consequente quebra de financiamento e perante os casos concretos que nela serão envolvidos, deverá o assunto ser tratado com toda a atenção, para não haver questões demasiado problemáticas. (Reporto-me muito especialmente às pessoas que trabalham nessas instituições privadas e que possam vir a ter as suas profissões em risco!)
E volto a mencionar algo que já tenho abordado, isto é, a mania dos governos fazerem e desfazerem, sem haver um “pacto de regime” (?), que defina assuntos básicos e transversais que não andem sempre uns a fazer e outros a desfazer, porque, no final, quem paga é sempre o “Zé”...
Mas, então deixa-se ficar tudo sempre na mesma?! (...)
Outros temas sobre Educação e Ensino que já apresentei no blogue.
“Une Évasion” / “Uma Evasão” - 23 de Julho de 1942
(Episódio nº 28 – 6ª feira – 6 de Maio de 2016)
Desde que se iniciou, na passada 3ª feira, a transmissão desta 4ª temporada, intitulada “A hora das escolhas”, foram apresentados quatro episódios, todos reportados a 1942 e ao mês de Julho:
1 – “Le train” – “O comboio” - Dia 20.
2 – “Un jour sans pain” – “Um dia sem pão”, ou melhor, “Um dia sem comida” – Dia 21.
3 – “Mille et une nuits” – “Mil e uma noites”, parafraseando Xerazade: Dia 22
4 – “Une évasion” – “Uma evasão”- Dia 23.
Nesses escassos quatro dias do mês de Julho, em que decorre a ação, desde que o comboio chegou a Villeneuve, com famílias judaicas a caminho de serem deportadas para os supostos “campos de trabalho”, muitos acontecimentos ocorreram nessa prisão improvisada a que crianças, velhos e adultos, homens e mulheres, estiveram temporariamente sujeitos na cidade.
Situações dramáticas, como a da alimentação de tantas pessoas, num contexto de penúria geral na cidade sujeita a racionamento e senhas para compras de bens.
(Não posso deixar de me reportar para a realidade e lembrar que essa situação de carência de bens, com especial realce para os alimentares, porque mais imprescindíveis, foi geral em toda a Europa, mesmo nos países que não estavam diretamente envolvidos na guerra. Como, no caso, Portugal, onde o racionamento e o comprar com senhas também foi comum durante o mesmo período.
Todo o trabalho produtivo era canalizado para o designado “esforço de guerra”.
Pasme-se e medite-se sobre a insanidade humana: andar a produzir só para destruir! E além de matar, deixar milhões morrerem à fome. Porque a guerra afetou todos: agressores e agredidos e esta situação dual alterou-se completamente no decurso da mesma.)
Mas deixemo-nos de “devaneios”... e não nos desviemos da matriz essencial deste meu contar.
Uma das situações ocorridas, mais dramáticas e chocantes, foi a separação das crianças dos respetivos progenitores.
Ontem, na parte final do episódio, era suposto que as crianças se juntariam novamente aos pais e mães... Ação resultante do esforço negocial do Presidente da Câmara e de Madame Morhange, a porta-voz do grupo de judeus.
Era suposto... E, inclusive, chegou mesmo a concretizar-se parcialmente. Que Madame Crémieux conseguiu juntar-se com a filha, Hélène, e, ao chegar, anunciou que o autocarro com as crianças já aí vinha.
E é de imaginar o alvoroço, especialmente daquelas mães ansiosas, esperando a chegada dos filhos, mais ainda quando se ouviam os motores de carros se aproximando...
E chegaram! Mas anunciando-se com alarido e choque, estacionaram carros de tropas alemãs, soldados e oficial, boches, melhor dizendo.
Chegaram gritando e ameaçando tudo e todos, que o oficial berrou, para melhor atemorizar, que todos iriam pagar, porque houvera uma evasão, de entre os prisioneiros.
E, perante a abordagem e aproximação do chefe dos “gendarmes” franceses, não esteve com meias medidas, e pespegou-lhe um valente chapadão, que o deixou estatelado no chão!
E esta chapada e o estatelanço do “gendarme” traduzem, metaforicamente, a situação da Nação francesa colaboracionista. Estatelada no pó, às ordens do exército alemão.
Mas, frise-se, que essa obsessão pela perseguição aos judeus e aos comunistas não era “idiossincrasia” apenas dos nazis alemães. Em França, como noutros países europeus, ela fazia parte da práxis dos regimes vigentes, pelo menos desde a década de trinta.
Na série, esse aspeto é bem presente, por ex. na atuação do chefe da polícia de Villeneuve, Jean Marchetti, cuja preocupação profissional é prender uns e outros.
E é isso que torna a fazer neste episódio: consegue prender Sarah Meyer, que se escondia em casa do presidente da Câmara, Daniel Larcher, com o seu consentimento e da ainda esposa, Hortense.
E nos quedamos por aqui.
Que sobre Hortense muito haveria que contar.
E o comboio que levará os prisioneiros ainda vai demorar...
Continuo divulgando acontecimentos respeitantes a Poesia.
Porque nunca é demais dar a conhecer o que se realiza nesse âmbito, um pouco por todo o País, mas de que eu conheço apenas uma parcela.
Que Poesia é Luz! E, parafraseando o "Provérbio", 'não se acende uma luz, para fechar numa arca!'
E ainda reportando-me a uma metáfora, que cada um faça como fez o colibri para apagar o fogo, digamos, também metaforicamente, para iluminar a escuridão. Da ignorância...
Neste post, dão-se a conhecer as atividades integradas no contexto da Associação Portuguesa de Poetas, sobre que já me tenho aqui debruçado, por variadas vezes, no blogue.