Há quem do Tejo só veja
o além porque é distância.
Mas quem de Além Tejo almeja
um sabor, uma fragrância,
estando aquém ou além verseja,
do Alentejo a substância.
Há quem do Tejo só veja
o além porque é distância.
Mas quem de Além Tejo almeja
um sabor, uma fragrância,
estando aquém ou além verseja,
do Alentejo a substância.
Resolvi republicá-lo, atendendo a todas as alterações que se têm verificado na sociedade. E também aos modos de dizer esta poesia, que também fui alterando.
Esta nova versão, com a referência à Covid, ainda não foi testada em público, pois que não tem havido tertúlias ao vivo.
Algumas em zoom, mas ainda não entrei nessas tecnologias.
Era para ter abordado o assunto ontem, mas acabei por escrever sobre o “Intrigante Pássaro Preto”, finalmente esclarecida a respetiva identidade!
Hoje, domingo, ainda que em confinamento, observo um pouco mais de movimento, tanto de carros, como de pessoas. Em contrapartida, a passarada parece menos ativa. O dia também está menos agradável. Chuvinha, sem sol, será suscetível de menor atividade do passaredo…
E sobre o Natal?!
No Céu há milhões d’estrelas
Todas elas a brilhar
Deus Menino no meio delas
Vai nascer/descer p’ra nos salvar!
Neste postal, vou deixar algumas ligações para postais anteriores, que traduzem a minha abordagem natalícia.
Desde já friso que não tenho seguido a temática natalina, de acordo com os cânones mais tradicionais e iconográficos.
De certo modo, até fujo um pouco a essa conceção mais usual de poetar sobre o Natal, seguindo os parâmetros festivos desta quadra.
São modos de abordagem, perspetivas pessoais, sobre assuntos sociais e universais. Nem melhores nem piores que outras perspetivas.
Mais uma vez, este é um modo de desejar um Natal Feliz, com muita Saúde, a todos/as Leitores/as. (Respeitando os necessários cuidados!)
Mas é também um modo de desejar um Natal também com Felicidade e muita Saúde aos Grupos de Poesia, de Artes, de Letras, que tenho muito orgulho de pertencer enquanto Poeta.
Com quem gosto de compartilhar esse condão da Poesia, que nos une.
“Com isto de Covid”, se há coisa que me chateia é não haver as célebres Tertúlias de Poesia.
Bem! Haver, há, que ainda no passado domingo a APPtinha prevista a sua tertúlia mensal na Sede, como havia antes de Covid, no último domingo do mês. Neste caso, 27 de Setembro. Ter-se-á realizado, que não sei, que não fui.
Portanto, haver, há, eu é que ainda não me mentalizei a andar por aí em vários transportes públicos. E, depois, nos espaços de realização das sessões, quantas pessoas podem estar presentes?!
Também D. Olívia Diniz Sampaio, presidente do CNAP, festejou o seu aniversário, no passado dia 26, sábado, num restaurante da Av. de Berna - Lisboa. Também não fui, não sei quantas pessoas estiveram, não sei se disseram poesia, terão dito, certamente, mas sei que correu muito bem.
Faz agora um ano, estava a decorrer a Exposição de Poesia Visual, na sede da SCALA, em Almada. Algumas fotos são de alguns dos quadros expostos. Outras são da Costa da Caparica; do Tejo, visto da Ponte, vindo no comboio e de Portalegre.
Também tenho saudades das tertúlias de poesia na sede da SCALA, da “Poesia à Solta”. Em Almada: na Sede, na Oficina de Cultura.
Por aqui, o mundo gira igual, louco, caótico e indiferente.
O sol volta a pôr-se magnífico em fogo, lá no horizonte
Há vidas que hoje se te vão juntar e amanhã
Sempre a vida brotará de outros seres e haverá novo sol.
Perdeste o respirar, o olhar, a magia desta Primavera
Saberás de nós nesse outro lado? Como tudo é insondável!
E assim nos deixaste sem queixas, sem remorsos, como um guerreiro.
Onde estarás agora?
As tuas coisas, os teus objectos estão iguais no seu canto
Mas não são mais os mesmos sem ti
E esperam, esperam, sem jeito.
No bosque dos meus afectos sinto-te mais perto
O rio escorre seus murmúrios e continua
Com as libélulas, os peixes, os minúsculos insectos
Tudo no seu ritmo natural de sempre.
Flores selvagens, os pequenos algodões e os fulgores.
É primavera, as aves cantam e tudo mexe,
Há sinais ao redor, há perfumes, há rastolhadas,
Seres da terra de que não sei o nome
E por vezes o vento, nas ramagens,
Que tudo agita e tudo harmoniza.
Olha, meu irmão
Oiço o Réquiem de Mozart e deixo-me sucumbir
É tão belo, é tão triste, tão fora deste mundo
Como tu estás, agora!
Se por alguma razão que não sei
Se por algum profundo mistério
Se também tu estiveres a ouvir…
Será, será que também te comoves?”
ROLANDO AMADO RAIMUNDO
24 DE MAIO DE 2020
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Voltamos à Poesia.
Como algumas vezes neste blogue, um lindíssimoPoema de Despedida. Também tenho alguns meus escritos e aqui divulgados, acenando Adeus a Pessoas que nos são queridas. Também de outras pessoas.
Muito bonito, este Poema.
De Rolando A. Raimundo, também sócio do CNAP – um dos organizadores e participantes nas Tertúlias do Círculo. Também um dos colaboradores do Boletim Cultural, tal como D. Olívia, Alma Mater do Círculo, ativa divulgadora e promotora da Cultura ligada à Poesia e Artes; António Diniz Sampaio e Luís Filipe Soares, sócio nº 1 e fundador da APP, organizador e dinamizador das Antologias de Poesia, das Maratonas e outras atividades culturais, nos anos oitenta do séc. XX.
A divulgação deste Poema insere-se num dos propósitos deste blogue que é a divulgação de Poesia de “Outros Poetas e Poetisas”! Desiderato bastante bem documentado, com Poesia. De elementos da APP, do CNAP, de “Momentos de Poesia”, da SCALA; de Pessoas de Aldeia da Mata.
Poucos blogues, ou nenhuns (?), neste universo (digital), realizam ação igual ou semelhante.
Eu também agradeço a amabilidade de todos os participantes, que desse modo também engrandeçam este universo particular e específico de Aquém Tejo.
Fafá de Belém, Waldemar Bastos, Dany Silva - André Dias e Bernardo Viana
Apresentação de José Gonçalez
Programa da RTP1, tertúlia transmitida às 6ªs feiras, à noite. Na passada sexta, dia 19, já o nono programa. Em semanas anteriores, algumas vezes visualizei excertos do programa. Neste último, face aos tertulianos presentes, deixei-me, em boa hora, levar na onda. Quando e onde podemos ouvir, assim numa assentada, Fafá de Belém, Waldemar Bastos, Dany Silva, acompanhados por André Dias e Bernardo Viana, dois jovens músicos, engrandecendo a tríade de cantores?! Dany e Waldemar também executantes.
Num jeito muito informal, apresentação de José Gonçalez, precisamente na Casa de Amália, à Rua de São Bento, na sala, deduzo eu, bem bonita, por sinal.
Programa, homenageando a Diva do Fado, recriando, de certo modo, as tertúlias que Amália promovia na sua própria casa. Neste programa foi precisamente lembrada a célebre tertúlia em que participou Vinícius de Morais, também Ary, Natália Correia, David Mourão Ferreira, em 1968, génese de disco editado em 1970: Amália – Vinícius.
Programa excelente! Parabéns aos participantes. E Obrigado pela beleza de Música e Canções que nos trouxeram.
E que saudades tenho das tertúlias. Das Tertúlias de Poesia, confinadas, com esta coisa do Corona!
Da APP – Associação Portuguesa de Poetas. Na sede, aos Olivais; no Vá – Vá, na Avenida de Roma. Ambas em Lisboa.
Do CNAP - Círculo Nacional D’Arte e Poesia. Ultimamente no Café Império. Anteriormente, ao Centro de Dia de S. Sebastião da Pedreira. Também em Lisboa.
De “Momentos de Poesia”, no Café José Régio, antigamente “Café Facha”, em Portalegre.
Da SCALA – Sociedade Cultural das Artes e Letras de Almada, na Sede – R. Conde Ferreira – Almada Velha ou na Oficina de Cultura, no centro de Almada.
E.. Viva a Poesia! Viva o Fado! Viva Amália!
E novamente parabéns a todos os participantes e organizadores do Programa da RTP1, supramencionado.
No post anteriormente publicado, 7 de Novembro, escrevi sobre a “Chaga do Mundo”, reportando no final também para a “Chaga do lado”, isto é, para as desgraças que ocorrem, bem ao nosso lado, que praticamente ignoramos, ou fingimos ignorar. Quem me diria que estava já a acontecer o tão badalado assunto do abandono de criança em contentor de lixo?!
Pois é precisamente sobre esse tema que me debruço neste post, através do poema “Natal em contentor!”.
Poema escrito a nove de Novembro, (09/11/19), inspirado nessa ocorrência.
Nessa tarde, ocorreu “Momentos de Poesia”, no Hotel José Régio, em Portalegre. Aí, li pela primeira vez este poema, no decurso da tertúlia celebrativa do décimo terceiro aniversário do referido evento cultural, que tenho vindo a divulgar regularmente no blogue. Entretanto já o decorei!
(Habitualmente sobre Natal, os meus poemas realçam o lado trágico da Vida, do Nascimento…)
O título do post remete-nos precisa e propositadamente para José Régio.
Nem a propósito, no dia seguinte, dez de Novembro, (10/11/19), havia “Visita guiada na Casa – Museu José Régio”, integrada num evento associado à Enologia. Visita super interessante, guiada por Drª Olga. Obrigada e parabéns à Casa e à Cidade, que comemoram dignamente o cinquentenário do falecimento do Poeta. (É esta a faceta que mais admiro!)
Aí, li o poema “Cristo”. Hei - de publicá-lo no blogue e falar da Casa e da visita.
Frise-se, que a Cidade e a Casa lembram Régio sob as suas múltiplas e variadas facetas, enquanto Cidadão e Artista. Parabéns!
“Integrado no ano em que passam cinquenta anos após a morte de José Régio, Momentos de Poesia no dia 21 de Setembro lembra também o seu nascimento, com o seguinte programa:
15h – Visita guiada à Casa Museu José Régio
16h 15’ – Poesia de Régio e canto, no Hotel José Régio.”
Organização: Deolinda Milhano ------ Apoio: Hotel José Régio
Bem que gostaria de (re)visitar a Casa, e “Dizer Poesia” no Hotel, mas é-me impossível, pois estarei na inauguração da Exposição de “Poesia Visual”, na SCALA, em Almada. Onde já por diversas vezes, em "Poesia à Solta", ouvi excelentes “Dizedores” de Régio: “Cântico Negro”, “Toada de Portalegre”.
Aproveito também esta oportunidade para frisar que a “Casa José Régio” tem organizado variadas atividades de divulgação de José Régio, segundo as suas múltiplas e variadas facetas de Homem de Cultura e Arte, não apenas enquanto Poeta, que é, todavia, a que melhor conheço e aprecio.
Ainda não tive oportunidade de comparecer, mas algum dia poderei!
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Obrigado pelas informações e parabéns às duas entidades: “Momentos de Poesia” e “Casa José Régio.”
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E aproveito para referenciar uma ideia que já explicitei no blogue: A Cidade precisa criar a “Marca Identitária Régio”, relacionando a identidade Cidade, com a identidade poética de Régio!
Romance – Publicações Dom Quixote – 2006 – 1ª edição
“Momentos de Poesia” de Julho foi subordinado à divulgação de um Autor Portalegrense atual, Rui Cardoso Martins, que nesse contexto tive oportunidade de conhecer pessoalmente. Sabia da sua existência, apesar da imagem mental que tinha dele ser a de outra pessoa das “Produções Fictícias”. Situação, aliás, que reportei ao próprio. Também não é devidamente conhecido e valorizado na Cidade, como merece. Frise-se!
Posteriormente a “Momentos”, na net, pude aprofundar sobre o Autor. E pude constatar do seu valor.
Entretanto na “Nun´Alvares” comprei o livro “E se eu gostasse muito de morrer”. Que já li e estou a reler. Muitíssimo interessante. Todo o Portalegrense, todo o Alentejano deveria ler! E não só! Porque é um livro universal.
Lê-se muitíssimo bem, dada a forma como as várias narrativas se entrelaçam. Seguir as várias histórias num livro tão impregnado da Cidade foi uma experiência única!
Conhecendo os espaços da ação, como tão bem conheço, vários dos enquadramentos tantas vezes e por vários anos calcorreados por mim, foi um modo de ler e fruir a leitura com maior envolvência.
Vários dos locais vêm identificados pelo nome próprio (colégio, hospital, seminário, praceta de Camões, plátano do Rossio, castelo, sé, paço do bispo, algumas ruas também…)
Outros foram batizados com outros nomes, o que a partir de certa fase da leitura, o meu modo de integração do processo de compreensão do que ia lendo, foi escrever, por cima, o nome exato do local. (Café Cortiça / Tarro, Rua Directa / Direita, Assentados / Assentos, Penhasco / Penha, Senfim / Bonfim, Porta da Defeza / Devesa, tasca do Marchito / Marchão, Av. João XXI / Pio XII, …Café do Centro / Central, Corredor / Corredoura, Rua dos Canastros / Canastreiros, Ribeira da Lixeira / Lixosa, …)
Os factos narrados, vários são por demais conhecidos, alguns bem na memória de muito boa gente, outros ter-se-ão desvanecido com o tempo. Não conheço todas as situações, aliás questiono-me se terão todos, um fundo de verdade…?
Os / As personagens, melhor, as pessoas reportadas no romance, algumas também com os nomes ligeiramente alterados, outros / outras com o nome próprio. Alguns identifico, a maioria, não…
Saliento desde já, que acho que neste livro o Autor homenageia bem por demais a Cidade! Presta um grande tributo à sua vivência nesta Cidade Transtagana. Apresenta de modo peculiar, talvez até um pouco descontraído, as nossas tragédias, melhor a nossa tragédia máxima, que é a Morte, a única e acutilante certeza com que nascemos. E que a todos os seres humanos coloca em pé de igualdade. “Ninguém cá fica!”
Apesar da temática, a narrativa não é relatada de forma mórbida. Há muito sentido de humor, ironia por demais, até graça, no relato dos acontecimentos. Tão peculiar esta nossa forma alentejana de encararmos as vicissitudes do Destino! …As nossas “fezes”…
E por “sorte macaca”, caso o Autor viesse a dar continuidade a esses relatos de mortes violentas e trágicas, várias ocorreram na Cidade, após o término da ação transcrita no romance. Fatalidades! Todavia… “… Não devemos perder a capacidade de nos rirmos de nós próprios…” p.115. Cito!
Faça favor de ler! (Contudo, atrevo-me a vaticinar que muitíssima boa gente torcerá o nariz ao livro.) Atreva-se! Ouse, que é inteligente! Irá divertir-se, tenho a certeza!