Há quem do Tejo só veja
o além porque é distância.
Mas quem de Além Tejo almeja
um sabor, uma fragrância,
estando aquém ou além verseja,
do Alentejo a substância.
Há quem do Tejo só veja
o além porque é distância.
Mas quem de Além Tejo almeja
um sabor, uma fragrância,
estando aquém ou além verseja,
do Alentejo a substância.
A Ciência ao serviço da Humanidade… e o desespero de Mãe!
CONTINUAÇÃO…
Neste retomar da narração, volto a debruçar-me sobre temas específicos de dois episódios, o nono e o décimo, uma vez que já foram ambos transmitidos.
Investigações e descobertas científicas!
Centremo-nos na investigação científica dos ataques. Sobre este assunto, os cientistas, Vincent e Natalie, concluíram que os ataques perpetrados por Liam e Shirley foram idênticos, há um padrão comportamental comum entre ambos os casos.
O que nós também pudemos observar, mas nós temos o privilégio de sermos espetadores.
Contudo, a senhora governadora, Hildur, que acompanha e encoraja as investigações, acha preferível que não se relacionem esses comportamentos comuns, para não se instalar o medo!
A sua autorização para o desenrolar das investigações é sempre condição sine qua non à sua operacionalização e ela pretende que tudo seja esclarecido, por isso as apoia e incentiva.
A investigação que estava em curso, antes dos crimes, e que fora o motivo principal da vinda do cientista Vincent, centrava-se nas alterações comportamentais dos ursos: ursus marítimus.
Paralelamente investigavam também o número crescente de nados mortos entre as renas e fizeram a surpreendente descoberta que, nesses seres, se desenvolviam paralelamente ovário e pénis, sendo hermafroditas. Segundo a tradição local isso acontecia quando um demónio vivia no meio da manada…
Relativamente aos ursos, os estudos centravam-se num urso adulto que matara outro urso adulto e o comera.
Nesse animal, que está no topo da cadeia alimentar, descobriram cem gramas de mercúrio acumulado no fígado. Revelação surpreendente que necessitou ser logo revelada a Hildur, a governadora, que estando em conversa amena com Morton, recebeu chamada para se deslocar, desde logo, ao laboratório, aonde disso foi informada, juntamente com Morton que a acompanhou.
“Este lugar é perigoso! Não é seguro viver aqui!” Alguém disse, mas não me lembro quem. Talvez Morton.
Tudo isto se passou, obviamente, antes de Morton ter ido perseguir Henry e, supostamente, ter morrido.
Da observação dos ursos e perante a gravidade da descoberta, foi decidido observar também o cérebro de Shirley, procedimento efetuado por Vincent e Natalie, tendo esta revelado algum constrangimento na execução desta tarefa.
Dessa observação descobriram haver PFA no cérebro de Shirley e que não era simples coincidência essa constatação. Esta descoberta reforça a tese de que o padrão alimentar dos seres vivos da ilha conduz a esta situação.
Qualquer ser humano, tal como o urso, é um predador de topo, está no vértice da cadeia alimentar. Daí a acumulação de PFA em Shirley, tal como no urso.
PFA que não sei o que significa. Se alguém souber e me puder esclarecer…
Este assunto não é para brincar nem ironizar, porque sabemos que a alimentação está na base de múltiplas e variadas doenças da Humanidade. E, como diz o ditado, “pela boca é que morre o peixe”, embora este provérbio possa ter vários outros significados. Também alguns historiadores atribuem a degenerescência do Império Romano à utilização de chumbo nos mais variados utensílios de uso doméstico e alimentar, que posteriormente se incorporava nos próprios alimentos, e consequentemente, através da alimentação, nos seres humanos.
Mas no caso de Shirley, empregada no mini mercado; filha de Margaret, a médica; namorada de Markus, o professor, ela era mesmo uma verdadeira consumidora/predadora de topo. Situação reforçada e alimentada pelo próprio Markus, que lhe metia na boquinha, colherzinhas de comidas altamente energéticas. Uma verdadeira patologia, que lhe ditou a morte, no local e móbil do crime: o frigorífico recheado de comida.
Continuando a investigação científica e verificando-se um padrão comportamental comum em ambos os assassinatos, importava equacionar e testar se em Liam também haveria essa componente PFA, encontrada em Shirley.
Posta a questão como hipótese, seguir-se-ia a sua verificação experimental.
Questão complicada porque a experimentação tinha que ser feita numa pessoa com vida, para mais numa criança, Liam, criança tão sofrida e que já tanto sofrera, apesar do sofrimento que também provocara.
E era necessário que os pais autorizassem que fosse extraída medula óssea, operação delicada, complicada e dolorosa!
Chamados os pais à presença da governadora Hildur, esta lhes explicou, como boa política que é, o enquadramento e operacionalização da situação e da vantagem que daí poderia advir para Liam, caso se provasse a existência desse químico no seu cérebro, que lhe tivesse alterado o comportamento e levado ao ato por ele executado.
O que significaria que ele não fora culpado.
Concedida a autorização, passaram os cientistas à execução da tarefa de extraírem a medula, na presença dos pais, para angústia de Frank, que se ausentou momentaneamente, incapaz de presenciar o sofrimento do filho.
Só que tanto trabalho e sofrimento resultou inglório, pois que em Liam não foram detetados vestígios de PFA.
Desânimo entre os cientistas, Natalie e Vincent, mais da parte deste, que a cientista considerou que a hipótese que haviam formulado estava eliminada, mas havia que seguir em frente. E seguiu. Fez novas observações… e descobriu algo. Um vírus?
Recordou que Liam estivera doente e fora observado por Drª Margaret, mãe de Shirley.
E, se houvesse contágio da filha para a mãe e esta por sua vez tivesse sido o agente transmissor à criança?!
Alertada mais uma vez a governadora sobre esse vírus e a sua possibilidade de transmissão, que era relativamente fácil, Hildur questionou como poderia continuar a manter a ilha aberta, e aumentar a probabilidade do vírus sair de Fortitude.
Decidiu que anunciassem quarentena de raiva, para não inquietar tanto os habitantes com esse vírus desconhecido e suscetível de causar ainda mais medo e inquietação da que já se observava em Fortitude.
Estas conversas eram sempre com Dan, o seu xerife, que lhe lembrou haver centenas de civis armados na ilha. Que todos os adultos tinham que usar um rifle, por receio de ataques dos ursos.
E já que a narração nos leva por este caminho, por ele vamos seguir.
Seguidamente Hildur transmitiu a Jules os resultados negativos da experiência, no próprio hall da sede do governo, por insistência da jovem, que não quis ir para o gabinete, e na presença apreensiva e desconfiada de vários habitantes, alguns de rifle a tiracolo.
Jules transmitiria essa informação ao marido Frank, que ao ouvi-la interioriza-a como se fosse uma sentença condenatória de si mesmo, homem incapaz de defender a sua própria família. Lembremos que ele era militar, que de algum modo fora expulso da instituição castrense, que estivera no Afeganistão, isso logo num dos episódios iniciais o professor referira, apontando com o dedo para a testa, quem lhe diria, nessa altura, que haveria de conhecer a doideira desse ex-militar! Mas Jules também o conhecia e pudera observar, in loco, o que ele fora capaz de fazer ao professor e constatava como a sua situação se degenerava.
Convenceu-o a ir comprar os ingredientes para ela fazer o jantar, que jantariam os três, com Frank à cabeceira da mesa. E ele foi, que as mulheres, quando querem, convencem sempre os maridos e estes deixam-se convencer por elas, com ou sem querer!
Mas a ideia dela era outra. Lembrando-se também, digo eu, que na parede da casa grafitaram a palavra “monstro” e do perigo que o filho correria, arrumou o que pode para levar, pediu a colaboração do filho e levou Liam com ela para o aeroporto, para fugirem daquele pesadelo.
Aeroporto encerrado! Protocolo de raiva!
Jules não desiste, que vira um avião que iria partir.
“Não leve Liam!” Gritou-lhe a polícia.
“Dispare! Força!” Gritou-lhe Jules. E Liam também soltou um dos seus gritos profundos de ser ancestral.
Mas Jules não fugiu, não pode fugir, nem libertar-se do pesadelo em que vivia, desde que chegara àquelas terras de fim de mundo! Nem daquele marido, homem que a tomara ainda jovem, que ela fora mãe de Liam ainda aos dezassete anos!
Aviso os amáveis leitores destas simples narrações, que se sobre os outros capítulos tenho sido parcial e não muito fiel à narrativa… Nesta narração que apresento, reporto-me a dois episódios e apresento apenas excertos do enredo, numa visão muito parcelar e parcial de alguns temas da trama, que não tenho tido tempo de me debruçar mais profundamente sobre a série, como gostaria, e de que peço antecipadamente desculpa, mas sem prometer que voltarei a desenvolver os aspetos que me faltam, porque de promessas não cumpridas, estamos todos fartos!
Mas se puder…
Desenvolvimento (parcelar e parcial, como já frisei!)
Fui eu que falei em Esperança?
Quando idealizei esse conceito, lembrava-me do afeto crescente de Elena por Carrie, da confiança nascente entre Dan e Morton, mais da parte de Dan, que Morton joga mais distanciado; do apreço cada vez mais próximo daquele por Elena, da sua manifestação de um amor, muito recalcado, mas que se vai soltando, ténue, mas progressivo. Aproximação que o interesse mútuo por Carrie tem ajudado. Que Elena vai compreendendo e aceitando melhor a estima de Dan.
Da amizade entre Dan e Henry, mas essa está estruturada desde o início. E o que mais veremos…
Mas que dizer das sessões de tortura infligidas por Frank a Markus?
Que dizer da devastação que Ronnie está suportando e que em breve será revelada?
Como equacionar as descobertas de patologias cerebrais nos ursos, possivelmente causadoras das respetivas alterações comportamentais?
E se essas patologias também existirem nos humanos e forem elas as causadoras dos estranhos assassinatos ocorridos?
E se essas doenças resultarem da acumulação de elementos venenosos, através da ingestão contínua e sucessiva de alimentos contaminados?
E os nados-mortos entre as renas?!
E, se em última análise, se concluir que aquele ambiente, extraordinariamente belo e aparentemente imaculado, não passa de uma eficaz armadilha e engodo, que devora de forma trágica os seus habitantes humanos e animais?!
Pois diremos que nem Esperança nem Redenção, que Fortitude caminha inexoravelmente para o abismo!
Frank, severamente auto culpabilizando-se pela ação do filho, por tê-lo negligenciado, abandonando-o, recusa-se a aceitar o respetivo comportamento e mais irracional ainda, que não há qualquer explicação plausível para o que faz, no limiar superior do sadismo, tortura de forma atroz, gratuita e cruel, o professor Markus. Com o intuito de lhe obter uma suposta confissão de culpa dos atos da criança, que ele o levara ao local do crime, lhe dera a faca para o miúdo esventrar o cientista, lhe metera a mão na ferida, aí colocara uma unha arrancada a Liam!
Estranha obsessão paranoide, não suscetível de qualquer condescendência, porque ele agride violenta e sadicamente o homem, preso, amordaçado com fita-cola, levando pancada na cara e, para cúmulo, arrancando – lhe uma unha, esvaindo-se em sangue, e incapaz de qualquer ato de defesa, que está acorrentado.
E preocupante, porque sabemos, e não podemos ignorar, que essas práticas de tortura foram e são praticadas por seres que não merecem a designação de humanos, mas que por tal se intitulam, se consideram superiores a quem torturam e dessa prática fizeram e fazem modo corrente de atuação no seu dia-a-dia. Para obtenção de possíveis confissões de atos nunca praticados pelas vítimas, ou porque estas são defensoras de ideias e ideais contrários aos defendidos pelos torturadores e/ou seus mandantes.
E será que ainda irão continuar no futuro?!
Valeu, não sei se valeu de alguma coisa, a Markus, a chegada de Jules, mulher de Frank, que o desata, não desprende totalmente, o deixa ficar prostrado no local onde ele já estava.
Jules não o terá desatado totalmente, mas deixou-o em condições de o fazer.
Que o vimos já no episódio X, dirigindo-se ao local onde estava o corpo de Shirley, ter pedido para vê-la, ao que Natalie, a cientista, relutante, mas condescendente, acedeu. Após comentar que não havia violência em Shirley, ter sabido que o corpo seria entregue à família, no caso a ninguém, que a mãe continua hospitalizada, e a ter beijado, saiu.
Mais tarde vê-lo-emos entrar nesse espaço onde estivera antes e levar o corpo da namorada, na maca, para a sua carrinha.
Para junto do mar a levou e num barco a vimos, deitada como num esquife, barca de Caronte, rodeada de livros esventrados(?) ou outros papéis e fotos de Shirley e ainda o seu ursinho de estimação, que Markus aí colocou, qual óbolo para pagar a passagem. Ter-lhe-á derramado algum líquido inflamável, se não o fez deveria tê-lo feito, e pegou fogo ao conteúdo do barco, para igualmente incinerar o corpo de Shirley. E empurrou-o na direção da corrente descendente, qual Estige, que terá levado as cinzas para outros mundos.
No final do 10º episódio, comentou Hildur para Dan:
“Não é de um hotel que precisamos, é de uma morgue maior!”
Porque as mortes se sucedem.
Morton prosseguindo nas suas pesquisas sobre a morte do geólogo Billy Pettigrew perseguiu Henry, que se ausentara na moto.
Apesar das contrariedades, encontrá-lo-ia estendido na neve, ouvindo ópera e buscando uma superior qualidade de luz, que o gelo do glaciar lhe proporcionava, permitindo-lhe morrer mais purificado.
Purificação é também o que Morton pretende. Purificar aquele ambiente pesado de assassinatos e sobre isso confronta Henry, com a imagem do braço espoliado do corpo, preso na rede de proteção. E que não fora Dan que alvejara Billy, mas o próprio Henry e que sabia de tudo o que se passara.
Este, enervado, descontrolando-se, puxa da pistola e dispara sobre Morton, atingindo-o no peito, e, em breve, o vermelho tinge o branco imaculado do glaciar.
E ficam estes dois homens morrendo, contaminando aquela paisagem sublime, confrontando-se, enquanto a bala liberta o sangue de um, e com ele a sua vida, no outro, o cancro corrói-o internamente, comendo-lhe o fígado.
E nesse encontro de vidas em busca da morte, se Henry ao seu encontro viera, porque há muito a ela fora entregue, Morton não viera na sua procura, mas haveria de encontrá-la; que a moto não tinha gasolina, Henry planeara uma viagem só de ida, e o sangue dele escorria. Ocorreu-lhe que o fotógrafo poderia ligar para a polícia, a pedir ajuda a Dan.
E Henry, lento de raciocínio e pouco lesto na ação, que o cancro comia-o por dentro, talvez também lembrasse que o detetive sabia do que ele e o polícia vinham escondendo e protelou… Falou de si, da sua vida e de que amara a mãe de Dan, mulher de Nils, seu melhor amigo e pai de Dan, cuja mãe, Henry tanto desejara. E que nasceu Dan.
E que ele, Henry, os abandonara, entregues a Nils, que se tornara um monstro!
E Morton concluiu, e nós também, que Dan era filho de Henry. E assim também sabemos que a amizade entre ambos é, da parte do fotógrafo, amor, paternal. Desconhecemos se Dan sabe dessa filiação.
E Henry telefonou para a polícia, formulando um pedido de socorro, tendo atendido Dan, o xerife. Mas também frisando que Morton sabia de tudo o que eles vinham escondendo, que tinha todas as provas.
E Dan ficou petrificado, colou-se ao sofá onde se sentou, apático, absorto, asténico, sem ação. Anestesiado pelo que soubera, não agiu, voluntária ou inconscientemente, procrastinou! Atitude e comportamento antagónico do que deverá ser apanágio de um policial, cumulativamente xerife! Agir, refletida, mas expeditamente.
E com esse adiamento, essa indecisão…
O operador de câmara mostrou-nos o que se passava no glaciar.
Henry assiste à agonia e morte de Morton!
Finalmente, Dan decide-se!
E, com o mesmo revólver que alvejara Morton, Henry sobre si próprio dispara.
E com esta deixa, vos deixo. Com as falas de Hildur para Dan, já apresentadas, mas que serão apenas do Episódio XI, e, por isso, com direito a bisar.
“Não é de um hotel que precisamos, em Fortitude. É de uma morgue maior!”
E eu que, quando delineei a estrutura ideativa deste blogue, quase há um ano, que me mentalizara que, em princípio, não falaria da dita cuja, política.
Mas não me posso abstrair, ignorar a vida da “Pólis”, na “Cidade”, de pôr em prática o conceito de CIDADANIA.
Daí, quer quisesse ou não à partida, a realidade e a interação com essa mesma realidade, leva-me à abordagem de situações ligadas à Política, porque estão ligadas à Vida e ao nosso dia-a-dia!
E a forma que muitas vezes encontro para tratar esses temas, de uma forma mais distanciada, é abordá-los sob o ponto de vista dos filmes, da ficção!
Estranho, não?!
Mas, por vezes, e cada vez mais com a comunicação interativa, ficção e realidade estão entrosadas, para o bem e para o mal.
E o Poder que têm os Media!
Assim, e novamente, volto a Borgen, apesar de ontem não ter visto o episódio desta reposição da série. Vira o de oito dias antes. E na 1ª transmissão dos episódios, vi-os quase todos. Nesta reposição vejo quando me é possível, e ontem não o vi.
Sobre esta série escrevi alguns posts, que refiro aqui! E aqui!
A personagem principal é Birgitte Nyborg.
E que falta nos fazia termos assim alguém na Política.
Alguém que defenda Valores Humanistas, Ideais de Liberdade, os Direitos Humanos, que trabalhe para as Pessoas e não em função de si mesma, que defenda e lute por Valores Altruístas, que defenda os valores do seu próprio país e não esteja à mercê dos interesses de outros.
Que saiba negociar.
Que saiba criar acordos, mesmo não governando com maioria, muito menos com maioria absoluta. Porque não é preciso ter necessariamente maioria absoluta para se poder governar. E muito menos é conveniente.
Porque é preciso saber equacionar, criar acordos de convergência com outros partidos, até porque em variados campos é mesmo necessário haver um amplo consenso. Saber criar consensos. Discutir ideias e ideais, orientar-se por Princípios, num mundo em constante mudança.
Saber e aprender a sentir o pulsar das Pessoas, dos Cidadãos.
Relevar o papel da Mulher na sociedade e na política.
Atender a causas fracturantes, defender a integração das comunidades imigrantes.
Saber dizer não à demagogia do lucro fácil.
Respeito pelo Ambiente. Procura de soluções alternativas no campo da energia.
Saber e poder dizer não à ditadura dos mercados financeiros, que controlam a economia e a política. Porque na Europa, e se na União Europeia se quiser, isso é possível.
Participar na construção de um União Europeia mais solidária.
Nesta série, o enredo ficcional entrosa-se regularmente com a própria realidade. O que se passa no filme, assemelha-se ou enreda-se na própria realidade.
Sendo que na série, e pela primeira vez na Dinamarca, uma mulher ascendia ao cargo de 1ºMinistro, tendo a visualização do seriado passado em 2010, no ano de 2011, e de facto e pela primeira vez na realidade, uma mulher passou a exercer esse cargo na política dinamarquesa, a célebre Helle Thorning-Schmidt, que algumas dores de cabeça terá provocado em Michelle, com já referi em post anterior.
Mas deixemos essa cusquices tão peculiares nas duas jornalistas loiras, só loiras, da televisão dinamarquesa, uma delas, agora, é spin-doctor de Birgitte e do seu novo partido, “Novos Democratas”.
E que falta nos fazia termos uma política e um partido assim!
E o papel dos media?! E como eles controlam e determinam a opinião pública?! Sabendo que eles têm dono. “His master voice”!
Respeito pelas Pessoas, nomeadamente por quem trabalha,
Tratar as pessoas com Dignidade, nomeadamente quem já trabalhou e deu o melhor ao seu País.
Trabalhar na Política para o País, para os Cidadãos, para as Pessoas e não em função dos seus partidários e da sua pessoa, não ao compadrio e jogos de interesses.
Altruísmo! Trabalhar politicamente para os Outros e não para si próprio e amigos do partido.
Penalizar o capital e não tirar a quem já pouco tem. Que os lucros da Banca têm sempre crescido exponencialmente e comparativamente com o empobrecimento de quem trabalha e, na base da sociedade, sustenta a pirâmide socio económica.
Não à corrupção, ao nepotismo.
Atenção ao Ambiente, Educação, Integração, atenção às minorias.
Consciencialização e conscientização de que Cidadania assenta em Direitos, mas também em Deveres, de Todos, de todos os Cidadãos!
E com este enumerar de princípios, estratégias, conceitos, e sei lá mais o quê, onde, em que partido os vou encaixar?!
Sabendo que a candidata Birgitte Nyborg não irá dirigir nenhum dos futuros governos em Portugal?!
E estas ideias desarrumadas, como se uma “tempestade mental” integrassem, reportam-se todas ao ideário da mencionada protagonista, da série supracitada, ou algumas serão minhas, que as coloquei como se fossem da líder partidária?!
Bem, tantas perguntas e só preciso de colocar uma cruzinha.
E, agora, porque já começou a “Volta dos Mercados”… em que cada um dos participantes se aprimora…
Avisamos, desde já, que este texto pode ferir algumas susceptilidades…
Uma anedota, lida, algures, num almanaque, não sei quando, nem há quanto tempo!
Infelizmente, julgo que tem alguma atualidade, agora que já começaram as tournées pelos mercados… E que já alguns impropérios foram lançados… E alguns tiros nos pés foram arremetidos… E antes que mais atoardas sejam atiradas nas mais diversas vias comunicacionais…
Dir-me-ão que a historieta é de algum mau gosto e até me disponho a admitir que sim.
Mas e então os Mercados e as Pessoas que neles trabalham não merecem mais consideração?
E a temática que a Ida aos Mercados representa e simboliza não merece também mais consideração?!
E quem lhe tira essa consideração, inteiramente merecida, não serão os seus principais protagonistas que nela se envolvem, que se desrespeitam uns aos outros e a nós a quem querem vender a mercadoria?!
E vamos, então, à Anedota!
“Num Mercado, duas raparigas discutiam. Uma porque torna, a outra porque deixa, cada uma se aprimorava no que dizia à outra. A mãe de uma delas, que acompanhava a discussão, dizia para a respetiva filha:
Oh filha, chama-lhe!
Oh, filha, chama-lhe…
Perante a insistência da mãe, a filha dirige-se-lhe e pergunta:
Oh mãe, chamo-lhe, mas chamo-lhe o quê?!
Oh, filha, chama-lhe p***, antes que ela te chame a ti!”
E dita e escrita a anedota, que me andava “engasgada” há tanto tempo, que “para bom entendedor, meia palavra basta” e, nós somos seres inteligentes, formulo ainda um pedido, aos diversos Orgãos de Comunicação Social:
Não nos encham de sondagens e mais sondagens! Não nos tentem manipular!
Neste post nº 170, volto aos contos, ou estórias, como gosto de lhes chamar...
Estórias do arco-da-velha, assim eram nomeadas. Gostaria de as designar, agora, como "Estórias do Arco da Dona Augusta", parafraseando uma série de situações...
Esta é uma "estória" sobre aspetos de como era a Escola, antigamente.
Não há aqui qualquer saudosismo, nem qualquer constrangimento sobre essa "Escola de Outros Tempos".
São apenas vagas lembranças desses mesmos tempos.
Ocorreu-me divulgar este texto, também já escrito há alguns anos, hei-de ver quando, e que também ainda não fora publicado, inédito, portanto!
Trazê-lo a lume, agora, que em breve irá começar novo ano letivo. Neste dia sete, de Setembro, que na época era também a sete, mas de Outubro, que o ano letivo se iniciava. E, digamos, sem quaisquer artificialismos, chegava muito bem!
E tenho dito neste intróito. Faça favor de ler a estória e espero que goste.
Uma questão de orelhas
O Zé entrou na escola primária na década de sessenta, a sete de Outubro, data fixa da altura.
No primeiro dia de aulas a mãe foi levá-lo e, ao despedir-se, disse à professora:
- Senhora Professora, dele só quero uma orelha no final do ano!
Esta expressão fez-lhe muita confusão e ficou a matutar nela.
No dia anterior fora o pai que lhe dissera, à noite, após o jantar:
- Amanhã vais para a Escola. Olha que não quero aqui orelhas de burro em casa!
Para burros, aqui na rua, basta o burro do Mestre Paulo.
O dito burro conhecia ele. Toda a gente conhecia. Era tema do anedotário local.
Mas orelhas de burro?! Já ouvira contar, mas não sabia bem o que era.
Quanto a ficar só com uma orelha no final do ano, não se conformaria com tal.
Também nunca percebera muito bem o que isso significava: se, no final do ano, voltaria para casa só com uma orelha, mas mantendo tudo o resto, ou se dele restaria, no final do ano, apenas uma orelha, ficando o restante na escola.
Não tardou muito até saber o significado dessas expressões.
Mal começava a escola, também se iniciavam os famigerados trabalhos de casa.
No dia seguinte a serem marcados, logo no início da aula, a professora pedia os trabalhos de casa e todos colocavam os cadernos em cima da carteira.
A professora foi chamando os alunos um a um...
Após observar as contas, dar uma vista de olhos à cópia, punha um visto, guardando os cadernos, para ler as cópias mais tarde. Também prestava atenção ao asseio dos cadernos, alguns tão cheios de nódoas, de quem fazia os deveres na mesma mesa onde comia e enquanto comia... Também reparava para a limpeza da roupa.
Chegou a vez do Oliveira, da 2ª classe, mas já um corpanzil. Corpo grande alma de pau, dizia a avó. Anda cá, Oliveira! Oliveeera! Gritava-lhe, quando ia para o campo da bola, um naco de pão, surripiado sem que a avó o visse escapulir para a brincadeira...
O Oliveira pegou no caderno, com aquela cara meio apalermada, sempre meio ausente das realidades... Andas sempre com a cabeça na bola! Parecia ouvir a avó.
Ao mostrar o caderno amarrotado, a professora torceu logo o nariz.
Então isto é caderno que se apresente?! E os trabalhos?
O Oliveira tentou abrir a boca, deglutiu a voz, fez-se vermelho e embatucou!...
No caderno estava iniciada uma cópia que não fora terminada, porque teve que ir marcar um golo na equipa do Saco, o bairro a que pertencia, contra a equipa do Terreiro, o outro bairro em que se dividia a aldeia: Terreiro – Saco, os dois rivais locais.
E os trabalhos?! Gritou a professora, atordoando os ouvidos do Oliveira...
Das contas apresentava apenas uma salganhada sem nexo, porque para a aritmética é que ele não dava mesmo nada e a tabuada ficara enredada nos passes mágicos dos adversários e nos gritos de gooollooo!!... do Sporting, que o Artur Agostinho ecoava na Emissora Nacional, aos domingos à tarde.
O grito da professora chamou-o à realidade. Oliveira!!! O-li-vei-ra!... Sílabas e letras bem pronunciadas e sublinhadas. Queres ficar novamente de burro?! Ficas de castigo no intervalo, a fazer os trabalhos e agora vou mostrar-vos o que é ficar só com uma orelha!
Enfim, o Zé iria saber o que era isso. Ainda bem que não era a sua orelha!
A professora mandou o Oliveira sentar-se, começando a puxar-lhe uma das orelhas, sem deixar que ele se levantasse, pois com o braço esquerdo segurava-o na carteira, enquanto com a mão direita lhe puxava a respectiva orelha, que esticava, esticava... Era agora que ele ficava sem uma orelha, pensava o Zé e lá se cumpria a profecia da mãe, se calhar de todas as mães. Dele, só quero uma orelha no final!
Ainda bem que era o Oliveira, também a oliveira tem tantos ramos e folhas que, mais ramo menos folha, tanto faz. Ficava o Oliveira sem orelha e a oliveira sem folha.
Mas a professora acalmou e a orelha do Oliveira ficou a ganhar e, por enquanto ainda, no respectivo lugar, apesar de muito vermelha, cheio de dores o miúdo.
Quanto à segunda expressão orelhas de burro, só mais tarde, já próximo ao final do ano, haveria de saber o seu significado.
O Joaquim da Corneta andava na 4ª classe, sendo o mais velho da escola. Já repetira vários anos. Tinha este anexim, já de família, todos os irmãos o herdaram do pai, o ti Xico da Corneta, sendo que esta alcunha era quase um sobrenome.
À medida que se aproximavam os exames da quarta classe havia revisões de preparação, testando com provas escritas e orais os conhecimentos de cada um.
Quando chegou a vez do Joaquim a professora foi desesperando gradualmente.
Na leitura e interpretação do texto trocou alhos com bugalhos, nos problemas de Aritmética e Geometria derrapou ao comprimento e largura, estatelou-se na prova dos noves, porque já era velho, na História e Geografia trocou rios com serras, astros e linhas de caminho-de-ferro. Foi um desastre. O comboio descarrilou de vez.
Pensar em bater-lhe a professora pensou, mas achou que não valia a pena, não só por ser mais velho, como para tanta asneira não havia porrada que chegasse. Mas tinha que castigar, para dar o exemplo, para haver respeito. Vai daí usou a estratégia mais radical.
Enfiou-lhe na cabeça as ditas orelhas de burro, um círculo com duas grandes orelhas do dito animal e mandou-o colocar à janela, com a cabeça de fora, estando assim exposto todo o dia, sujeito aos ditos e dichotes dos passantes, que teciam comentários, uns divertidos, outros humilhantes ou toleirões, conforme quem lhos atirava à cara.
Notas Finais.
Imagem de livros antigos da Escola, in: ciberjornal.wordpress.com.
Do saudoso Artur Agostinho in: restos decolecçao.blogspot.com e tesouroverde.blogspot.com.
Sobre "Orelhas de burro", busquem aqui e encontrarão imagens engraçadíssimas!
(Posteriormente foi publicado em: Boletim Cultural do C. N. A. P. Nº 125 - Ano XXVII - Nov. 2016.)
Odete entrou na “Livraria Portugal” e, dirigindo-se ao empregado, perguntou:
- Pode destrocar-me cinco contos, se faz favor?!.…
- Depende dos contos que quiser, respondeu-lhe o empregado da Livraria.
- Ora, destroque-me cinco contos, mas como lhe der mais jeito. Podem ser de quinhentos ou de mil…
- Já que quer de Mil, ainda tenho das “Mil e uma Noites”, em banda desenhada… Bom! De Quinhentos não há. Ah! Talvez se arranje… Ali Babá e os Quinhentos Ladrões. Como quer cinco, aconselho o da “Carochinha” o do “Tourinho Azul” e… porque não?! O do “Capuchinho Vermelho”. Sempre é bom prevenir, não é?! Nunca se sabe os maus encontros que se podem ter.
- Não é desses contos que quero, mas em notas, retorquiu Odete.
- Alguns têm notas, há-os até bem anotados. Um deles, que é uma análise dos contos de fadas, está cheio de anotações. Já sei! Quer uma obra mais intelectual, com muita bibliografia e referências a outros livros de consulta… talvez, peut-être…
- Não quero dos seus contos ou notas. Nem talvezes ou pó d’éter. E não estou doente para ir à consulta… ao médico. Sugiro…
- Não me chame Sugiro, não sou nenhum japonês. Fui nascido e criado em Alfama, João Amaral, de meu nome.
- Dane-se! Vá dar uma curva, vá ver se chove. Vá ao outro lado! Respondeu-lhe, exaltada, Odete.
O empregado da “Livraria Portugal” deu meia volta, olhou para o outro lado, mas não viu nada de especial. Nem sequer estava a chover!
E Odete saiu, com a nota de cinco contos na mão, apressada em destrocá-la, antes da chegada do euro. Do Euro, dinheiro, não do Euro, futebol, duas entidades afinal tão interligadas, mas que aqui convém destrinçar.
Nota: Um versão deste texto foi publicada no Boletim Cultural Nº 69 do Círculo Nacional D'Arte e Poesia, Ano XV, Outubro 2004.
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Provavelmente seria uma nota idêntica a esta que a menina Odete andava a tentar destrocar.