Há quem do Tejo só veja
o além porque é distância.
Mas quem de Além Tejo almeja
um sabor, uma fragrância,
estando aquém ou além verseja,
do Alentejo a substância.
Há quem do Tejo só veja
o além porque é distância.
Mas quem de Além Tejo almeja
um sabor, uma fragrância,
estando aquém ou além verseja,
do Alentejo a substância.
Ontem, a RTP2, antes da emissão do 8º episódio da série, resolveu dar-nos música. E que Música! O Festival Jovens Músicos da Gulbenkian. Ainda ouvi um pouco, só que não estava para aí virado.
Adiando a transmissão em quase duas horas.
Só que apesar desta série não ser tão apelativa como a galega, mesmo assim aguardei. Não que ouvir as execuções musicais não valesse a pena, não, muito pelo contrário, mas não me apetecia. Mas acho meritória a transmissão de programas do género e daquele especificamente, só que desvincula os espetadores dos programas predeterminados, afastando-os. Ficam os indefectíveis!
E, mais uma vez, zapping!
Futebol: Magazine – Liga dos Campeões!
Um resumo do Atlético de Madrid – Benfica: Vicente Caldéron. Que Benfica venceu por dois a um!
Os comentários da praxe. Nada contra os comentadores, são certamente especialistas do ramo. Mas tanto, tanto tempo se gasta a comentar o que espremido, não dá nada…
Porque não termos analistas que, resumidamente, nos referissem o que cada partido defende, por ex.
Para a Educação
Para a Saúde
Para a Segurança Social
Para a Indústria…
E, mais especificamente: horário de trabalho, condições para a reforma…
Setores estratégicos onde investir…
(..)
Sem demagogias, sem sectarismos, porque comentadores encartados e enfeudados é o que mais temos.
Se calhar, ninguém ligaria, não sei!
Se calhar até há, eu é que tenho estado distraído!
Continuação…
Mas vamos aos finalmentes, deixemos os entretantos…
Dan, que está a acontecer-nos?! Shirley foi uma vítima. Há algo mais! Disse Elena.
Elena é aqui uma peça chave no enredo. Sente-se o aproximar de Dan, o aproximar de ambos. Dan sorri-lhe, lhe fala com franqueza e abertura. Elena retribui.
Recebeu Carrie de braços abertos, como se uma filha recebesse. Irmã mais velha lhe chama Carrie. Hermanita preciosa, lhe diz Elena, na casa de Carrie, para onde a levou, aconchegando-a para dormir descansada. Perplexa e apreensiva Elena!
E assim este assunto que nos preocupava, pelo menos este e pelo lado da criança, parece estar resolvido. Não ficou a menina perdida naquela imensidão de fim de mundo gelado!
Por sua própria iniciativa arribou a bom porto, que com o pai não chegou a porto nenhum. Este ficara de borco na neve, mas também conseguiu chegar à cidade e à própria casa, só que deve estar escondido, já viu até uma projeção vídeo, em que a esposa ensinava, mas certamente estará nalgum recanto da casa, que nem Carrie nem Elena o viram. Mas Carrie, que já adormecera, acordou aos gritos, que o pai estava na casa.
Elena tranquilizou-a, isto estando também Dan presente, que as fora visitar para saber se estavam bem. E foi aí que houve palavras amigas e sorrisos doces e enlevados, entre ambos.
A Shirley era incapaz daquele tipo de violência, também já Elena dissera a Dan.
E chorara!
Realmente ninguém acredita em tal possibilidade. Mas foi isso o que aconteceu, que nós vimos, e foi algo semelhante ao que acontecera com Liam. Inverosímel, mas real!
E os analistas neste novo processo de assassinato, Dan & Morton também já isso concluíram.
A doutora esventrada, o seu sangue nas paredes da casa, o sangue nas mãos e roupas de Shirley, o sangue na rua, nas pisadas deixadas na neve gelada, que isso também vimos nós.
E para onde se dirigiu Shirley, que a vimos nesse caminhar?!
Nas buscas, as policiais Ingrid e Petra, não sei se terão seguido as pisadas, se a neve entretanto as apagara, entraram no mini mercado. Estava tudo desarrumado, alguém andara a fazer das suas… De pistolas em punho, não fosse aparecer o assassino, buscaram e encontraram esparramada no chão, Shirley, a linda flor, maja nutrida e anafada, agarrada a frascos de compota. O doce acrescento eu, que ela era um docinho, como lhe dizia o seu querido professor, Markus, que também a apelidava de flor.
Foi então que surgiu no cenário, em contraluz, a menina Carrie! Que, esfomeada, ter-se-á logo dirigido ao mercado, também deduzo eu.
E vamos aos analistas.
Os policiais verificam que a primeira pessoa no local do crime foi o professor Markus. Vai de investigar por aí.
Chamado este à pedra, é posto perante os factos, os locais onde estivera e até quando estivera, o que fizera e não fizera, as conjeturas, as hipóteses, as suposições, as metáforas, os sentimentos, as razões, as relações com filha e com a mãe, doutora, e com a sua própria mãe, de Markus, em análise e pretensa psicanálise, e após tanta pesquisa e pergunta, com ou sem resposta, chegaram os analistas à briosa e portentosa conclusão, que não havia nada a concluir, por lado nenhum, sobre a hipotética culpabilidade de Markus, apenas umas provas circunstanciais fracas e que o melhor era deixarem ir o professor para casa.
E nós vimos, Markus, carregado de livros, dirigir-se para a sua casa. No meio de grande alvoroço e alarido na cidade.
Que ninguém quer ou pode, ou se pode não quer, acreditar que os assassinatos ocorridos tenham sido cometidos por quem realmente foram. Porque tamanha suposição se afigura a todos como inconcebível ou imaterializável!
E, assim, questionam Dan, põem-no em causa, ameaçam fazer justiça pelas próprias mãos e, os mais exaltados ou inconscientes, nessa tarefa se ombreiam.
Um grupo de mineiros, liderados por Jason, se atira aos russos, estrangeiros naquela terra de estrangeiros e de ninguém, só fim de mundo. Incidem num deles, que ameaçam, lhe pedem explicações, que não sei sequer se ele os entende, naquela babel de tantas nações e línguas, lhe despem as roupas, não todas, que o gelo o queimaria de todo.
Valeu-lhe a chegada providencial de Carrie e Elena, que à criança perguntou o nome de cada um deles, como se lhes questionasse a consciência, chamando-os ao julgamento da razão, e providenciou que o russo se vestisse e daquele julgamento sumário, primitivo e grotesco, se ausentasse.
E elas, as duas irmãs, manas, hermanas, também se ausentaram, sem que antes Jason soltasse uma das suas atoardas e a Elena chamasse de cabra! Cabra, a tradução, que não ouvi o original e não sei se não seria vernáculo, ainda que cabra nalguns contextos, naquele precisamente, também já o seja.
E Carrie a tranquilizou, que o seu pai considerava Jason um louco. E foi então que Carrie, carente, pediu a Elena que fosse com ela para sua casa, aonde esperariam o seu pai. Não sabendo ela que ele já lá estava.
E também louco por fazer justiça pelas próprias mãos se apresentou Frank. Que até averiguações por sua própria conta ele fez. Da casa do professor, aonde foi por sua conta e risco, trouxe documentos vários, principalmente fotos que, assim retiradas do contexto, poderiam induzir a situações supostamente incriminatórias. Que entregou aos investigadores, Dan e Morton, que, apesar da ilegalidade do ato, as usaram e utilizaram para confrontarem Markus sobre elas.
Mas que, como já vimos, não aduziram nada ao processo, nem à hipotética culpabilidade de Markus, que não tinha nada a ver com o crime em si, e por isso fora libertado.
O único crime de que ele poderia ser acusado, se isso for crime, é o de pretender matar Shirley com tanta comida, como Morton referiu. Cenas de ganso, ingerindo gorduras, que já abordámos em narrações anteriores!
Mas voltando a Frank, este, após a libertação do professor e não estando, não querendo, ou não podendo admitir a culpabilidade do próprio filho e menos ainda a sua culpabilização por tê-lo deixado só, mal pode, tratou de ir exigir contas ao professor! Fardado de jogador de hóquei no gelo ou de outro desporto similar, munido de taco, na casa de Markus surgiu de rompante. O agrediu nas pernas, e acorrentou a uma cadeira, não sei para que futuras agressões, que provavelmente ficarão para próximos episódios.
Mais lhe valia ter ido procurar Ronnie, como Dan lhe dissera, e este seria o seu dever!
E em Dever estamos. Dever e Direito, cara e coroa de Cidadania!
E no exercício do seu Dever, ausente nesta narração até ao momento, embora sempre presente na narrativa do guionista, esteve a governadora, Hildur.
Ao Continente fora tratar de assuntos da sua comunidade, mais concretamente o que mais a preocupava, a instalação do abrigo – hotel, no glaciar. Falara com investidores, tentara convencê-los que os recentes acontecimentos, os dois primeiros assassinatos, não influíam em nada, não sei se obtivera bons resultados.
Ainda no decurso dessa reunião, recebera um SMS de Dan, a dar-lhe conhecimento do ocorrido com a doutora e que Shirley estava desaparecida, isto no início do acontecido na narrativa, que nesta narração já aconteceram cenas posteriores. Que Dan se mantivesse de cabeça fria, o que ele fez e se esforçou por manter a calma, mesmo quando foi interpelado pelos mineiros exaltados!
Face a esta nova ocorrência, Hildur alterou a sua agenda e pediu, solicitou, não sei se mendigou, audiência, com um responsável do governo central. O que, após muita espera, aconteceu. Não sei se ela foi atendida ou desatendida, tal o deficiente atendimento que recebeu desse membro do governo central, que a tratou sempre com sobranceria, apesar de ela não dar parte de fraca, nem propriamente se ter rebaixado. Sempre as mesmas desculpas, falta de recursos, de meios, a crise, os cortes… as prioridades…
Acho que dali partiu, que o seu carro, um táxi, havia chegado, com uma mão cheia de nada. Nem sequer promessa de recursos extra para investigar as macabras situações ocorridas, para mais agora sem a médica Margaret.
“Não são os lugares que nos isolam”, dissera ela na conversa com o tal elemento do governo central.
E, ao partir, não se esqueceu de agradecer!
“Obrigada pelo café!”
E chegou a Fortitude, que não vimos a chegada, num avião de um amigo, Kent, um aeroplano frágil, para ela que tinha medo de voar, mas que, agora, como dissera ao marido, Eric, deixara de ter qualquer medo!
E chegou em boa altura, que uma reunião, assembleia de cidadãos exaltados, se desenrolava, não sei em que local, mas certamente nalguma sala da sede do governo local. Que Dan tentava liderar, mas lhe faltava pulso, carisma e poder, afinal era só e apenas o xerife da governadora…
E ela, a poderosa, a chefona, chegou!
E, chegando, os ânimos serenaram, como se um Cristo no feminino acalmasse as águas do mar da Galileia.
E, ao chegar, enfrentou-os a todos com o olhar!
Calmos eles, ela lhes disse que acabara de vir do hospital, aonde fora ver a médica e lhes lembrou tudo o que ela fizera por todos em todas as situações perigosas que já haviam vivido. E lhes pediu que fizessem um minuto de silêncio e se recordassem o que ela tinha feito por todos.
E eles assim fizeram e se calaram, meditando na médica ou em si mesmos e nas suas vidas.
Que até Morton, que ali estivera apenas observando, em atitude clínica, ele que não pertence àquela comunidade, apenas ali está para investigar, e por isso há que manter a cabeça fria, ficou surpreendido, pela forma sábia como ela lidara com a situação.
Que comentando com Dan, este lhe respondeu, que por isso é que ela é a governadora!
E nestas falas também Dan e Morton se mostraram afáveis e colaborantes, sorrindo, enfatizando empatia como bons profissionais, já quebrada a desconfiança e hostilidade iniciais.
E, após o minuto de silêncio meditabundo, Hildur, a governadora, a chefona, lhes agradeceu e lhes pediu que se esforçassem por conseguirem manter a calma, para trabalharem todos juntos, como sempre haviam feito.
Não me lembro é se ela lhes referiu se iriam ou não ter ajuda do Continente, mas julgo que mencionou que essa ajuda iria ser positiva, que ela para isso se irá esforçar!
Pegando na bola da última narrativa, sobre o triângulo amoroso, Trish, Eric e Hildur. Se a governadora não sabia ou fingia não saber, agora, se não sabe é porque não quer, ou não quer ver. Que o abraço entre os dois amantes, no hall do departamento policial, não engana ninguém. Tal o afeto e a força do amor escondido!
Então a Trish está bem?, perguntou Hildur. Não, a Trish não está bem. Está desfeita!, respondeu Eric.
E continuamos nesta área do campo narrativo. A do amor.
Que há casos preocupantes, não sei se efeitos da euforia provocada pelas condições climáticas de Svaalbard!
O professor e a sua Shirley são um caso patológico. A rapariga já está anafadinha, como se vê, abusa dos hambúrgueres, como se observa no comensal de Helena… e o mestre ainda insiste em que a moça coma sempre mais uma colherzinha, de uma comida processada à base de natas, que até lha mete pela boquinha, como se ela fosse um ganso, a enfiar-lhe gorduras pelas goelas para lhe deformar o fígado… Estranho e louco amor aquele, para na cama lhe dizer que ela está no bom caminho de um ideal de beleza, enquanto a acaricia nos bracinhos rechonchudos e lhe vai dando cabo da saúde.
A mãe de Shirley, Margaret, a médica de serviço na comunidade boreal, não aprova, vê-se no seu olhar de preocupação materna, até porque a filha, que tanto ama a mãe, lhe dá carne de baleia e lho diz a meio da refeição, como se dissesse que lhe serve maçã bravo esmolfe!
Inusitado e estranho amor!
E ainda de amor se trata…
A médica foi à prisão tratar de Frank, todo escavaqueirado por Dan, isto porque Frank ama e é amado por Elena, que não ama nem tem nada de amor com Dan, macho assim rejeitado, que o amor que lhe tem a ela, nele se transformou em ódio a Sutter, a ponto de o ter deixado, macho rival e pelos vistos alfa, naquele estado lastimoso de meter dó. Que a suposição de que ele seria o assassino do cientista, porque uma camisola ensanguentada, achada na casa de banho de Frank Sutter, a essa suposição poderia ter levado, apenas foi o pretexto inconsciente e irracional, para eliminar e sobrepor-se ao concorrente e vencedor. Também efeito desse estado de espírito resultante dessa mudança da noite eterna, para o quase sempre dia, mas também prova que os instintos animais mais primários permanecem eternamente no homem, emergindo com mais facilidade em situações extremas como as que se vivem nesse ambiente inóspito. E, mesmo no dia-a-dia. Basta lermos as notícias e relancearmos as redes sociais!
Ambiente de onde ainda provirão estranhas ameaças, que talvez Billy tenha descoberto, que Charlie também já conhecia e talvez, por isso, tenha morrido.
Que naquele espaço e tempo tão peculiar nem tudo é racional!
Nem sequer se sabia se o sangue da camisola seria de homem ou de animal, muito menos identificá-lo como pertencente a Charlie Stoddart, que só se soube mais tarde neste quinto episódio, quando já todo aquele tresloucamento de Dan acontecera, ainda no episódio quatro.
E ainda de amor vamos falar e também preocupante.
O amor paternal de Ronnie pela filha Carrie que o leva a levar uma criancinha para o meio de nenhures, onde só existem ursos famintos e desregulados também, que o ritmo biológico daquelas paragens de fim de mundo está-se alterando e ainda se aguardam novas, preocupantes e extraordinárias alterações.
Que a guarda numa tenda de campismo, a meio de uma paisagem gelada, ainda que exorbitantemente bela, mas de que serve a beleza, se a vida está em risco e ameaçada por múltiplos e variados perigos, conhecidos uns e outros de que se espera conhecer novos conhecimentos.
Ao mesmo tempo que a sossega e tranquiliza, mentindo-lhe, lhe ensina sobre o poder dos glaciares.
Que quem deveria andar na busca deles, como de todos os que eventualmente se perdem naqueles ambientes, isto é, Frank Sutter e Dan, estão estupidamente presos no departamento policial, por conta da doideira de Dan, num inquérito policial conduzido por Morton, na presença de Hildur, que já lá vamos.
E assim estão todos esquecidos de pai e filha, mas não o guionista que no-lo lembrou ao longo do episódio, mostrando a situação precária e limite em que estão, que o mineiro até já tem uma das mãos quase ou mesmo queimada.
E já que pegámos no inquérito, por aí vamos… que do amor ainda quero falar.
Morton, detetive britânico, ao serviço de Sua Real Majestade, The Queen, veio a estas terras para inquirir sobre a morte de Billy Pettigrew, igualmente cidadão do Reino Unido, como já sabemos. Agora com o assassinato de Charles Stoddart assumiu também a liderança da inquirição do caso, coadjuvado por Hildur, a governadora da ilha e da comunidade internacional Fortitude.
Inquérito que incidiu prioritariamente em Frank, que negou ter algo a ver com o assassinato, o que separadamente foi confirmado tanto pela mulher, Jules Sutter, como pela amante, Elena, através das questões e problemáticas sabiamente colocadas pelo guionista na boca do detetive.
Dessa inquirição outras respostas colaterais foram obtidas, outros conhecimentos da trama foram sendo desvendados tanto para nós espetadores, como para os personagens do enredo.
Destaco o que se soube de Elena, que Morton até já lhe perguntara de que fugia ela, e soubemos que fugia dela própria. Que já se chamara Esmeralda, algures numa terra de Espanha, que fora outra pessoa, que já se passaram mais de sete anos, que um psiquiatra lhe dissera que os átomos, palavra que não soubera designar, mas que o detetive ajudou, que os ditos cujos mudam nas pessoas a cada sete anos. E, que sendo assim, que ela acreditava na palavra de psiquiatra, ela que fora Esmeralda, agora era Elena!
Que muito aqui fica por contar sobre Elena, antigamente Esmeralda, ambos nomes lindos que o guionista soube bem escolher. Esmeralda, o mesmo da cigana do “Fantasma…” e Helena o da mítica de Tróia, ambas mulheres sedutoras.
E sobre o inquérito, muito mais fica por narrar, que não é propriamente propósito da minha narração, o de ser fiel e fidedigno à primogénita narrativa.
E ainda sobre o dito e cujo, assinalo, não me lembro bem se no episódio soubemos no decorrer da inquirição se já no fim, que o sangue da t-shirt era do cientista assassinado, Charles Stoddart.
Logo Frank Sutter, contrariamente ao que aparentemente houvera sido concluído, era o assassino!
Só que aqui, e também não consegui perceber outra vez, Dan teve mais um dos seus ataques de “gletti”. E que Frank não era o assassino e que não podia ser, e barafustava como só ele sabe, quando parece que está possesso, que às vezes é só o que nesta série se parece sugerir, que alguns personagens são possuídos por forças estranhas e irracionais. Comportamento que parece contradizer o que tivera no episódio anterior, em que agredira Frank.
Mas por outro lado esta atitude de inocentar, agora, o outro macho, alpha, só confirma o que escreveramos anteriormente, que toda a animosidade e agressão dirigida a Sutter era motivada por pulsões sexuais recalcadas.
Algo que o guionista nos sugeriu também, bem como a todos os outros personagens da série, neste 5º episódio, na sequência e decurso do inquérito.
Uma das conclusões colaterais…
Voltamos, e para terminar esta narração tão parcelar e parcial, a de amor falar.
No de Frank e de Elena, que é amor e paixão, que até o fez esquecer o filho doente, para seguir a fogosa espanhola, que indo junto da casa dele, ao atirar-lhe uma pedrinha à janela como sinal, lhe fez sinal e o chamou para uma casa isolada aonde estiveram.
Que ambos confirmaram separadamente no inquérito, como firmaram o que estiveram fazendo, que ele até o disse usando vernáculo, que eu não escrevo aqui por pudor, que este é um blogue em que, até ao momento, ainda não se usaram palavrões. Que acho não deverem ser usados a torto-e-a-direito só porque sim, mas também não vejo objeção, quando devidamente contextualizados.
O que até poderia ter sido utilizado aqui!
E para findar, findo com a descrição infiel, que as imagens dizem mais que palavras, do acontecido no final do episódio, em que Dan, nessa sua tresloucação, se dirigiu a casa de Frank, onde estava apenas a esposa, Jules, que ele está na prisão e o filho no hospital, e revolteou tudo à procura de não sei quê, muito menos a mulher, também espantada com aquele desregulamento de alguém, Dan, com quem há pouco até conversara tão calmamente.
E Dan procurou, e tanto vasculhou, que acabou por encontrar, no quarto do miúdo, Liam, detrás da cama, uma outra t-shirt também ensanguentada.
Estranha e nova descoberta!
Que a primeira camisola ensanguentada revelara ser sangue do assassinado, mas Frank sempre dissera, ao ser inquirido, que tinha a camisola dele com sangue, porque o filho tinha um abcesso que rebentara e lhe sujara toda a t-shirt.
E, agora, aparecia uma outra camisola, igualmente toda ensanguentada.
Depois não entendi a subsequente sequência narrativa, não percebi se ainda estavam a narrar o episódio cinco, se era já uma sinopse do sexto, mas falaram de um xamã, ou qualquer coisa assim, que Frank não era de facto o assassino, não sei…
Aguardemos o episódio seguinte, o sexto, só na próxima 2ª feira.
E que terá sido feito do documento roubado e de quem o roubou?!
E, obrigado por me ter lido até aqui, diz o texto narrado, e eu, narrador infiel.
Dan ficou como que louco, possesso de um estado de espírito, que não era apenas efeito da exaltação própria de “glethi”, nem da informação recebida. Toda a raiva e rancor recalcados, testosterona acumulada, de macho preterido por Elena, amante de Frank Sutter, voltou-se contra este. Entrou tresloucado no hotel, dirigindo-se ao andar superior, aos aposentos de Elena e ninho de amor do casal. Desta vez não se ficou apenas ouvindo os gemidos e, de rompante, entrou no quarto da fogosa espanhola, diria que os encontrava no leito, enroscados… Mas não. A moça folhearia umas revistas, a entreter-se. O namorado, agora companheiro, estava no duche.
Dan, o xerife, atirou-se-lhe como touro enraivecido, que viesse das terras da hoteleira, bateu em Frank, esmurrou-o, derrubou-o no poliban, deixou-a a sangrar e não o matou logo ali, que a rapariga interveio, ele também se desequilibrou e quem acabou por se duchar vestido e fardado foi ele mesmo.
E o que acontecera que tal desacato originara?!
Eric, policial coadjutor de Dan e marido de Hildur, a governadora, fora a casa de Frank, aonde agora apenas morava a esposa, Jules, que o marido abandonara a casa. E o filho, Liam, estava hospitalizado, não melhorara, e até convulsões tivera…
Com Jules conversara, da vida, da vida dele, conversas de circunstância ou não, que não sei se a sua ida fora intencional, ou com que intenção, se foi profissional ou com outros objetivos. Fossem quais eles fossem, ele foi à casa de banho, vasculhou os perfumes, que até experimentou e abriu o balde da roupa suja e nele encontrou uma t-shirt de Frank, toda ensanguentada.
Tamanha descoberta esta, que após analisada no laboratório da polícia, se revelou que, na t-shirt, os vestígios de sangue eram humanos.
E sabedor desta notícia, uma bomba, Dan, de cabeça quente, sangue a ferver, encolerizado, teve o procedimento que teve e já descrito anteriormente.
Comportamento observado pelos seus colegas polícias, uma das jovens e o próprio Eric, para além de Morton, que calmamente fazia a barba e que mal tivera tempo de acabar.
E estes foram praticamente os últimos acontecimentos ocorridos no episódio e que deixaram todos os que os observaram intrigados, perplexos e embasbacados.
Aguardemos o que se seguirá no episódio de hoje, o quinto.
Dan e Frank fazem parte da mesma “equipa de busca e resgate” e haviam estado a colaborar juntamente na procura de Ronnie que fugira com a filha.
A fuga deste não seria uma simples fuga, que descobriram que Ronnie sofria de psicose e por isso era medicado, mas ao fugir não levara os medicamentos, daí a comunidade ainda ficou mais preocupada. Através do GPS conseguiram decifrar a rota do barco em que ele fugira, que ele avançara e recuara e Dan e Frank acabaram por localizar o barco ao largo, numa baía, a meio de uma paisagem soberba de imensidão e encanto! Mas entrando no mesmo, de pistolas apontadas, que aquela gente atá há pouco pacífica, andava toda stressada, no barco, de vida só acharam o coelhinho branco de Carrie. De pai e filha nem sinal.
Estes caminhavam a pé, julgo que na própria ilha e dirigiram-se para um abrigo guardado por huskys, cães que são ferozes com os ursos, mas nunca atacam os homens, assim Ronnie tranquilizou a filha, quando a levou para o abrigo e lhe pediu que fizesse comida, enquanto ele iria buscar algo para lhe fazer uma surpresa. E foi ao casarão onde ele e Jason têm o mamute escondido e a este cortou um dente, enorme, que assim eram os dentes dos mamutes, e trouxe à filha, que identificou a surpresa como sendo do “monstro”.
Anteriormente Jason, que também fora libertado por falta de provas, também estivera nesse armazém, casarão ou lá o que seja, a confirmar se “o monstro” de Carrie, ainda lá estaria.
E antes de lá ter ido, já fora visitar Natalie, com saudades certamente e a comunicar-lhe a sua libertação, estando ela ainda às voltas com o dente do mamute, que isto de um dente com 32000 anos, confirmados por ela, tem muito que se lhe conte.
E ela quis saber, e agora coadjuvada por Vincent, o novo cientista, que também já fora suspeito do assassinato, tal como Jason, quiseram ambos saber, se haveria mais, além de apenas o dente, e onde estaria o resto e se haveria um mamute na ilha, o que seria algo inédito, que aquela ilha estava a ser uma descoberta!
E Jason deu uma resposta desajeitada, de qualquer coisa a ver com as coisas e loisas que havia no sótão, de um tio qualquer.
Jason e Vincent, pelo menos por agora, pareciam livres da suspeita de assassinos, que nesta fase parece recair em Frank.
Já o professor de que falámos no episódio anterior e que almoçava com a namorada no hotel de Elena, para essa pista apontara. Investigar Sutter. Essa gente que esteve no Afeganistão… e com o dedo indicara para a testa, em sinal de doideira.
E pegando nesta deixa de doidice, quem se sente endoidecer, mas de desespero, de impotência, de remorso, culpabilização, de raiva, por não conseguir controlar o Destino, como faria se usasse o obliterador da sua máquina fotográfica, quem se sente assim é Henry, fotógrafo, que o cancro avança inexorável, que a culpa e remorso de ter morto Billy, doem mais que a doença, e o desespero de não poder ficar eternamente na terra que escolheu, ainda o martiriza mais, ter que regressar ao continente, que, na ilha, as doenças não morrem na terra…
Aos tiros numa cabana acabada de velha, de rifle em punho, ameaçando quem entrasse. E Dan, o xerife, entrou, que é amigo de Henry, o compreende e aceita, outra alma perdida nessa terra gelada dos confins da terra, que se entranha nos ossos, nas carnes, como o frio e o gelo que tudo preserva. Que uma vez nela entrando, para sempre se quer ficar, que a terra nem come os que nela ficam, antes os acolhe e guarda eternamente no seu seio, como fez ao mamute, “monstro” de Carrie.
E Henry entregou o rifle a Dan e lhe pediu que o matasse. Mas Dan não matou, quem ele terá querido matar foi Frank, o que acontecerá posteriormente no episódio, mas eu já contei nesta narração.
E no episódio aconteceu, logo no início, que Morton foi ao laboratório científico, que está selado, mas ele entrou e não foi o único, que outro alguém, que não consegui reconhecer, também lá entrara antes e que foi saindo esconso nas sombras, descendo, enquanto Morton subia.
E vasculhando tudo quanto pode, papéis e computador, o detetive encontrou um documento importante, entre os papéis do professor Charlie Stoddard, sobre a extraordinária descoberta que Billy Pettigrew fizera e que tanto tutela o enredo, ao ponto de os dois cientistas estarem tragicamente mortos.
E esse documento é deveras importante, direi importantíssimo, porque acabou por ser roubado do quarto de Morton, no hotel de Helena, quase debaixo das saias desta que, mulher atarefada, no hotel faz de tudo e fazia de camareira, enquanto esse homem misterioso, assaltava um hóspede no seu próprio hotel. Que o roubado, Morton, senhor roubado de documento tão precioso, também estava no hotel e também não se apercebeu desse homem misterioso que circula na narrativa, escondido, desapercebido, mal poisando os pés, como se o chão tivesse medo de ser pisado.
Não sei se seria o mesmo que também fora ao laboratório científico, enquanto Morton lá estivera e saíra enquanto este entrara.
O que sei, ou julgo saber, é que ele se intitula de russo e fala em língua que será a russa, que ele falou, que ouvi, mas não sei dizer que língua seria, por não sabê-la falar ou entender.
Mas ele também se entende e fala noutra língua que falou, com um senhor negro, que não sei quem é, não sendo Frank Sutter, agora principal suspeito do assassinato do cientista Charlie.
E neste episódio houve outros confrontos verbais entre os protagonistas principais, duetos mais ou menos acalorados, que Morton vai-os confrontando a todos sobre o crime e as eventuais culpas de cada um no processo, buscando descobrir um desenlace para o enredo.
Entre Morton e Henry, na casa estúdio deste, apreciando as fotos por ele captadas. Que como especialista em tecnologia fotográfica, é confrontado com técnica fonográfica, através de uma gravação de uma mensagem telefónica, que Henry enviou e em que afirma que foi o xerife da governadora, a seu mando, que matou ambos: Billy e Charlie.
“Essa voz não é a minha!” E Henry abriu a porta a Morton, que a porta da rua é a serventia da casa!
E a governadora, Hildur, também confrontada. Que Trish acha que a governadora matou o marido dela, que este não lhe passaria um estudo de impacto ambiental favorável à implantação do hotel-abrigo.
De uma conspiração envolvendo a governadora e o seu xerife.
E Trish também se confrontou com Hildur, por sua própria iniciativa, que Trish não é mulher de apenas se confrontar com o marido daquela na cama… que não sabe ou finge não saber.
E Trish lhe disse ser ela a responsável da morte do marido cientista, "mão indutora", sendo o xerife o pau mandado, ou a “mão executora”, como diria o nosso conhecido Inquisidor, na anterior série “Hospital Real”, de agradável memória.
Que Hildur ouvira a gravação do cientista sobre a ameaça provinda do gelo e que fizera delete, apagando-a do registo fonográfico.
Mas que Morton, dela tudo sabia…
E Hildur rematou que deitaria o hotel, o glaciar, a ilha, tudo deitaria ao mar, se isso trouxesse Charlie de volta!
Não sabemos se a bola entrou na baliza, se foi remate à trave ou voou por cima ou aos lados da guardiã…
Aqui em Portugal. Porque em Fortitude, no arquipélago de Svalbaard, na Noruega, para lá do Círculo Polar Ártico, será sempre Inverno…
E, neste terceiro episódio, já entrou em ação o detetive Morton, em nome da viúva e ao serviço do Governo Britânico, para investigar a morte de Billy Pettigrew. E, agora, também a do cientista Charlie Stoddard, assassinado, não sei se no final do 1º episódio se já no segundo, tempos narrativos que não visualizei.
Investiga em todas os contextos, não sendo especialmente bem recebido nos setores mais ligados à polícia, havendo mesmo animosidade da parte de Dan, comandante do posto de polícia, o xerife, e do coadjutor Eric, igualmente marido de Hildur, a governadora.
Apesar de todos os atritos entre Morton e Dan, animosidade e desconfiança da parte deste, mais por despeito, terminaram o episódio a beber um copo e a falar de uma bebida cavalgante das que fazem trepar um homem e uma mulher se a beberem jutos; no bar de Elena, a espanhola, que trepava no andar de cima com Frank, marido de Jules e pai de Liam, que estava doente, agora numa incubadora, talvez por ser doença contagiosa. (!)
Pelas razões já apontadas, ignoro partes do enredo, há tramas que não lhes apanho propriamente a ponta, mas irei tentando dar algum sentido aos novelos que for desfiando… Que podemos constatar estão todos centrados na morte do minerador, Billy, e mais recentemente também na do cientista, Charlie, situações inovadoras e inusitadas na pequena comunidade onde a polícia se queixava que não tinha nada para fazer. Agora, a tentativa de descoberta dos causadores destes crimes torna-se o fulcro da narrativa.
E é para isso que o nosso detetive Morton está na povoação.
Morton vai interrogando os vários membros da comunidade, hipoteticamente passíveis de terem algum relacionamento com os crimes. Entra em todos os ambientes e fala com todos por igual, sem se deixar propriamente envolver, antes mantendo uma certa distanciação técnica e científica.
Vincent estava preso, supostamente suspeito do assassinato de Charlie, talvez por ter sido a última pessoa a ser vista no respetivo apartamento. Entretanto pelas investigações que foram fazendo a polícia liberta-o no final.
Jason, o mineiro que no primeiro episódio tentou vender o mamute ao cientista e que este recusou, por ser contrário à lei, … está desaparecido. Depois de muito procurado, até por satélite, acabaria por ser localizado numa cabana isolada, aonde se aconchegara com Natalie, a cientista, que o tempo está muitíssimo frio, trinta graus negativos.
O outro mineiro, Ronnie, pai de Carrie, e que acompanhou Jason na tentativa de venda do achado, com medo que fosse associado ao assassinato do cientista, em que ele julgava Jason estar envolvido, resolveu agarrar na filha e fugir num barco para o continente norueguês.
Paralelamente, Hildur também faz as suas investigações.
Em casa de Henry, doente terminal, sabe que ele viu Charlie na manhã do assassinato e também acaba por saber que este não iria deixá-la fazer o pretendido hotel no glaciar.
Cabe aqui um parêntesis para explicar que a grande promotora do propalado hotel era a governadora, no sentido de dinamizar o mercado de trabalho na ilha, agora que a mina iria findar. Para instalar o hotel-abrigo precisava do parecer favorável do cientista, que tinha que elaborar um relatório técnico científico.
Outro aspeto inerente a esse parecer respeitava a algo que Charlie teria descoberto, algo desconhecido, mas precioso.
Henry também não sabia, questionava o tão grande empenho da governadora no hotel e quanto esta nele já teria investido.
Hildur interrogava se seria velho lixo tóxico, o que o cientista descobrira…
Hildur também falou com Trish, a esposa de Charlie, cientista assassinado, e também soube que este lhe dissera, julgo que via telemóvel, que haveria qualquer coisa terrível vinda do gelo.
A governadora também se disponibilizou para ajudar a viúva, que esse era também o seu papel de manda-chuva na ilha, que nem sei se, com aquele clima, alguma vez chove se não é apenas neve que cai do céu.
Morton, detetive, também foi interrogando todos, como já referi.
Iniciou com um casal, Markus e Shirley, sua namorada. O primeiro é professor de várias disciplinas até 7º ano e Shirley, além de o namorar, não sei o que faz. Aparentemente parecem não ter nada a ver com os assassinatos, mas o professor lembrou uma das máximas de Fortitude. Ninguém pode aí morrer ou ser enterrado, que os corpos não se decompõem. A ilha é uma casa de tesouros forenses.
E, neste ponto, voltamos à conversa de Hildur e Henry. A governadora, toda poderosa, informou-o que já assinara a ordem de exílio. Ele teria de ir para o continente, que as doenças não morrem no solo.
E a conversa entre Morton e Trish, a mulher do cientista, também incide sobre o que este teria descoberto e sobre o relatório de impacto ambiental. Ela o informou que recebera uma mensagem do marido, falando-lhe em algo de especial, mas que também desconhecia.
E não sei como, mas Morton descobriu que Eric andava a comer Trish. Desse modo pode chantagear o marido da governadora para visualizar, pelo circuito interno de TV, o interrogatório a que Jason estava a ser sujeito noutra sala do departamento da polícia. Interrogatório dirigido pela governadora, Hildur, e pelo chefe do departamento da polícia, Dan, o xerife.
Que Jason era um dos principais suspeitos do assassinato de Charlie.
Eric, Trish e Hildur constituíam um triângulo amoroso, sendo que a governadora supostamente desconheceria, sempre envolvida com os problemas da ilha.
E este terceto acabou jantando em casa do casal, Hildur a fazer de dona de casa e pau-de-cabeleira, neste negócio a três, ela preocupada com o refogado e os amantes a refogarem-se por estarem juntos.
Hildur também foi organizando as suas próprias investigações, como governadora superentendia na polícia e ela também era uma mulher de armas e ação. Não era de ficar quieta!
Entregou a Natalie, a cientista, o dente de mamute que obtivera de Jason. Para que ela estudasse, para que se soubesse se seria de facto desse animal extinto e se algum exemplar desse antigo parente do elefante estaria em território da ilha. Que, se isso fosse um facto, ela teria que lidar com essa nova realidade.
E se hipoteticamente esse poderia ter sido o móbil do crime. Assassinato, de que Jason era suspeito, mas que Natalie inocentou, afirmando que estava com ele. Se estava ou não, não sabemos, que é ela que o diz e, como se diz, o amor é cego.
Natalie também recebeu a visita de Morton, detetive ao serviço de Sua Majestade britânica e também da viúva, no caso do minerador Billy. Estando ela de volta do dente, não pôde o detetive deixar de colocar também a hipótese de ser tal achado a motivação criminosa, ouvindo a cientista, em replay, o mesmo pedido de exclusividade de conhecimento das conclusões, agora por parte do enviado de Sua Majestade!
E, anteriormente, também Morton visitara a família de Jason e interrogara a esposa.
Também Elena, no seu hotel, recebera o detetive anglo-saxónico, que também aí fora o último poiso do minerador Billy, antes de ter morrido de bala que por engano se desviara, que fora pensada e destinada ao urso que o esganava. Questionada sobre de que fugia, que uma fogosa mulher vinda das Espanhas, terras calientes de sol, praias e mar, para um fim de mundo gelado, sem sol nem calor, só podia estar fugida. Ela lhe respondeu sabiamente que, ali, todos andam fugidos de qualquer coisa. E Morton se quedou calado, que tamanha afirmação não tinha resposta e ele ainda tinha muitas perguntas para fazer…
E também já falara com Trish, a mulher do cientista assassinado, e lhe pedira a chave do gabinete do marido, para que pudesse ir revistá-lo e lhe pedira autorização para lá ir e pudesse fazer essa revista e que ela verbalizasse tal. O que ela verbalizara: “ Dou-lhe autorização para ir e revistar o gabinete do meu marido”. E assim ele foi.
E igualmente falara com Vincent, cientista recém-chegado à povoação, logo em maré de crimes, mas pouco falara, que não o deixaram porque ele era suspeito. Mas o suspeito, na cela onde estava, com o detetive falou, por telemóvel, que isto agora é assim e lhe disse, que embora preso, não matara o professor. Fora dos primeiros a chegar ao local do crime, que não o primeiro, que Dan, o xerife, já lá estaria dentro e a polícia chegou de repente.
Morton também iria visitar Henry Tyson, na sua própria casa, que agora era muito frequentada, mas estando este a dormir de ressaca, aquele o informou que voltaria mais tarde, quando ele estivesse sóbrio.
E Morton também participou de uma reconstituição do crime que estava a ser efetuada, no próprio local, por uma das policiais, de que não sei o nome, não sei se seria Ingrid. Esta não queria que ele participasse, mas não teve outro remédio se não autorizar, que o detetive se foi equipando ao modo de investigação, com modos e trajos apropriados e na reconstituição participou, formulou hipóteses e conjeturas. Esperemos que conclusivas e que essa colaboração continue e se torne frutuosa.
E terminamos como iniciámos, com Dan, o xerife e Morton, o inspetor, a tomarem um copo, no hotel de Elena, a espanhola, e a trocarem confidências de bar, em simultâneo estudando-se mutuamente.
Terminou recentemente, 6ª feira passada, esta excelente Série de “Television de Galicia” que a RTP2, em boa hora, resolveu adquirir. Aliás, na sequência de outras séries europeias que vem transmitindo, desde 2014 e com as quais me comecei a “prender”, a partir de “BORGEN”.
Sobre estas obras fui escrevendo alguns posts, sobre que fui notando o agrado crescente das Pessoas que têm a amabilidade de visitar o blogue. Assim também me fui entusiasmando na escrita e, após Agosto, em que apenas coloquei dois posts, em Setembro procurei responder ao crescente interesse constatado, colocando textos maioritariamente sobre a Série supra citada, mas também diversificando outros temas.
Obrigado a todos os Visitantes e Visualizadores, pelo estímulo e desafio a que me incentivaram.
E, agora e sob a forma de síntese, registaria alguns aspetos relevantes desta série, que me fizeram ficar “pegado” ao écran durante estas três semanas e ainda escrever textos comentando os episódios.
A saber:
- O facto de ser uma série histórica.
- No respeitante a História, enquadrar-se numa época de grandes mudanças na sociedade europeia. O final do Antigo Regime, a eclosão da Revolução Francesa e o mais que virá, caso a série continue.
- Cuidado nessa reconstituição, embora não saiba muito sobre o assunto, mas o vestuário; os temas abordados tanto na medicina como na ciência; os objetos utilizados pelos médicos e enfermeiras, as plantas usadas na botica; o papel e transformações nas classes sociais; as problemáticas na Igreja e os vários posicionamentos relativos dos vários intervenientes, por vezes até contraditórios e contrários à própria essência do cristianismo; a Santa Inquisição.
A intencionalidade em ir-nos situando no tempo narrativo, referência à decapitação de Luís XVI, à declaração de guerra da Espanha a França. E, até no tempo meteorológico. Talvez nem sempre se reparasse, mas quando a narrativa foi avançando e já se estava na Primavera, após a declaração de guerra, quando apresentavam exteriores, tinham o cuidado de mostrar flores, aves a chilrear e saltitar nos arbustos.
- A ação decorrer em Santiago de Compostela.
- Os temas, o texto e os diálogos. Eram sugestivos e ricos.
Valores, atitudes e comportamentos da época e possibilidade de comparar com a atualidade, constatar mudanças ou verificar persistências.
Preconceitos e tabus, versus surgimento de novas ideias e problemáticas.
A estruturação classista da época, papéis sociais, funcionais e profissionais bem definidos. A estruturação sexista da sociedade.
- A representação. Os atores fizeram um ótimo trabalho individual e resultaram muito bem no plano coletivo.
- O enredo romanesco. Não posso de deixar de frisar o romance entre os protagonistas, Daniel e Olalha; o par engraçado que formaram Cristobal e Rosália. O Amor de Dom Andrés por Dona Irene.
- A intriga, a luta pelo Poder dos vários interessados. As alianças táticas que foram estruturando. Os conluios que foram congeminando.
- O mistério dos assassinatos que se vai desvendando, em termos de narrativa, embora não tenham chegado a conclusões finais, mas que para o espetador foi revelado mais cedo, quando Duarte retirou a máscara, após assassinar o Padre Damião.
Mas, e lá vou eu com opiniões, se só tivessem revelado quando ele matou o fidalgo, Dom Leopoldo, ter-se-ia ficado mais tempo na dúvida e consequente expetativa.
A estruturação da narração e desenrolar do enredo, como se de uma partida de xadrez se tratasse, sugestão que o narrador formula num diálogo entre Mendonza e Elvira.
- A caraterização das personagens através das ações que vão executando e como também vão evoluindo, mudando até na sequenciação temporal e também conforme o contexto e a contracenação.
Destaco mais especialmente Duarte, que foi ganhando protagonismo.
Dona Elvira que se foi afundando, tal qual a classe que simboliza.
… … …
- O enquadramento num perfil psicológico e de personalidade, personagens que nos vão revelando princípios, valores, atitudes caracterizadoras, agindo nos seus comportamentos em função desses princípios. Os seus conflitos interiores, os seus dilemas, ...
Contudo, acho que se esta série fosse produzida por outros canais televisivos com muitos mais recursos, teria sido tecnicamente muito mais enriquecida.
Veja-se que nos exteriores não há utilização de quaisquer outros meios que não os humanos.
Estando-se em guerra ou em vias disso, não há qualquer sinal, para além da presença de três atores, vestidos de soldados. Não há cavalos, coches, canhões… Não circula qualquer veículo de transporte. A explosão foi filmada como se estivesse a ver-se ao longe… …
Mas cada um faz o que pode, com o que tem e, nesse aspeto, o trabalho de Television de Galicia foi excecional, sob todos os pontos de vista.
E como não tenho a pretensão de esgotar o assunto, diga-nos também a sua opinião sobre o que reteve como síntese da Série. Se faz favor!
Ah! E por último: Seria de todo importante que a RTP2 pensasse numa reposição desta série, como está a fazer com Borgen!
Este enredo, neste décimo quinto capítulo, enredou-se bastante, devido aos desempenhos e ações de alguns personagens.
Para esse facto muito tem contribuído Duarte. Ao fazer-se passar por Doutor Alvarez de Castro, roubando-lhe a identidade em dois momentos da narrativa, cria situações problemáticas a várias personagens, nomeadamente ao próprio roubado.
A partir da certidão de nascimento do filho de Alicia e Cristobal, e que se chamava Martiño, mas que só agora o pai teve conhecimento, conseguiu que este se desentendesse com Rosália. Lembramos que Duarte soube do segredo de Alicia, quando a ouviu em confissão, como se de clérigo se tratasse. Pelo que a sua ida à paróquia de Santa Susana, a falar com Padre Manuel, já fazia parte dum plano….
Cristobal, na posse dessa certidão, confrontou Alicia sobre o facto de ter sido ela que a obtivera e colocara no quarto de Rosália.
Aquela completamente desconhecedora do facto, negou e supos ter sido Dona Úrsula que diligenciara nesse sentido e, sem mais delongas, a ela se dirigiu e, no calor da discussão, logo a ameaçou de dar a conhecer a situação desta com os Dominicanos, pois juntamente com Duarte haviam lido a carta que a Enfermeira Mor lhes enviara.
Foi como dar-lhe veneno a beber! Nunca víramos Dona Úrsula tão exaltada, tão fora de si, tão extravasada de emoções, que quase matou a jovem. O assunto em causa é sobre algo que mexe completamente com ela, no mais profundo do seu ser, ao ponto de ter deixado a sua postura seráfica, estátua ausente de sentimentos, que se move nos corredores e enfermarias, entre doentes, como se visitasse museu de cera…
Atirou ao rosto de Alicia tudo o que haviam feito por ela, que a haviam tirado da rua onde vivia e se entregava por um naco de pão. Que voltaria à rua, de onde nunca houvera de ter saído, que seria expulsa do Hospital, logo que o Administrador resolvesse abrir os portões.
O que logo que aconteceu, foi vê-la carregando a sua trouxa, com os seus pertences, na direção do portão de saída, sem lugar ou rumo a seguir, sem eira nem beira, nem dinheiro que Cristobal lhe quisera oferecer, que não queria esmolas e o dinheiro já viera alguns anos atrasado.
Dona Úrsula, torre preta, foi confrontada pelo Inquisidor, Dom Gaspar Somoza, bispo preto, que também quer depor o rei branco, pelo facto de ter na sua posse o original do tão célebre testamento do Padre Damião, que bastantes voltas já terá dado no túmulo, quantas o testamento tem volteado nos episódios. Que Somoza já encostara Dona Elvira à parede, que isto de um bispo querer ser Rei tem que se lhe diga. Que Dona Elvira fora a mão executora e Dona Úrsula a mão indutora do crime, pois mexer com a Santa Inquisição tem muito que se lhe diga e termos técnicos próprios de designação dos crimes. E, à partida, bastava ser suspeito. Era-se desde logo criminoso e, sendo ou não sendo, havia sempre maneira de o provar, para isso havia os suplícios. E não havia crime sem castigo e mesmo sem crime sempre se arranjava castigo. Que o dissesse o Padre Bernardo, que nada fizera, só não revelara um segredo de confissão.
E já que falamos de Padre Bernardo, que no tabuleiro poderia ser visto como bispo branco, mas agora de pouco valia porque decidia como preto, condicionado a Somoza… Ou seria antes um peão?
E o Padre Damião, enquanto vivo, não teria sido o bispo branco? Não esqueçamos, que na narrativa, o Arcebispo só apareceu mais tarde! Bispo branco que também foi comido, nas jogadas de poder do rei preto, assassinado pelo peão Duarte.
E ainda sobre Bernardo… Foi ele portador da carta de Aníbal, paciente que falecera no Hospital e que, no leito de morte, escrevera a célebre carta dirigida ao Doutor Sebastian Devesa, que erradamente fora parar às mãos de Úrsula, que a entregou a Somoza, para incriminar o Padre. E que o levou à prisão de que, há pouco, saíra.
E saíra e trouxera uma cópia dos ditos da dita carta, que ele transcrevera de memória, com a sua própria letra, pois que Somoza lhe dera o original a ler, para que lendo ele dissesse a quem ela se destinava na verdade. Só que ele não lhe revelara o nome proscrito, embora soubesse quem era, porque o ouvira em confissão, na qual se escudava para manter o segredo. Pagando com isso os costados na prisão. Que ele além de Homem de Honra era ungido e juramentado de Sacerdote.
E entregando a cópia dessa famigerada carta a Doutor Devesa e deixando-o a sós na Igreja, para que este a lesse para si próprio, este a leu alto, para que também ouvíssemos as palavras que nela estavam escritas, com o punho de Bernardo, pois também estávamos curiosos. E para que passados mais de dois séculos, pudéssemos também ajuizar da gravidade ou não de tão afamadas palavras, capazes de levar um Homem à prisão, condenação antecipada e fogueira do Santo Ofício.
Pois ouvida a leitura da carta, mas não retidas todas as frases, porque a memória nos atraiçoa, mas nos recordamos que genericamente continha só e apenas palavras formando frases bonitas, de um Amigo para outro Amigo, expressando-lhe o seu sentimento de Amizade, uma amizade mais forte e apegada, de que se subentendia o Amor.
E lendo, Doutor Devesa chorou. E das frases ditas me lembro de uma “… Uma vida arrebatada pela incompreensão…”
E, será pecado amar Alguém?! O próprio Jesus o disse dirigindo-se aos seus Apóstolos. “Amai-vos uns aos outros como eu vos amei!”
E sobre Doutor Sebastian Devesa, nos quedamos por aqui. Que ele anda atarefadíssimo nas suas funções de médico do Hospital Real de Santiago de Compostela, aonde chegaram dezenas de estropiados e feridos, moribundos e mortos, queimados vivos, tal qual ele teria sido se tivesse sido denunciado por Padre Bernardo. Provenientes da explosão havida no armazém de pólvora seca da Cidade Compostelana.
Não lhe bastariam já os doentes do mal que desconheciam o nome, bem como a cura, que é isso que o médico precisa saber; mas que inoculando transfusões de sangue da ama primeiramente atingida pela doença, constataram que nem todos morreram, alguns sobreviviam, que Doutor Daniel já lhe dissera. O que não sendo, per si e desde logo, conclusiva esta constatação, nos mostrava haver já algum avanço na Medicina e na Ciência, que aos poucos progrediam.
E permanecendo no Hospital e na enfermaria, cheia de doentes, olhamos agora para a nossa querida Olalla, a mocinha e heroína da história, aflitíssima com tanta gente precisando de ajuda, que as enfermeiras não tinham mãos a medir.
De entre a muita gente que chegava ao Hospital, nem todos eram feridos, também vinham familiares procurando por eventuais doentes seus e veio também o Capitão Ulloa, que não chegara a ir para a frente do Rossilhão, porque ficara na busca dos rebeldes de Laurier, que haviam despoletado a explosão, que eles isso mesmo comunicaram através de um bilhete, não foi por vídeo, que ainda não havia essa tecnologia, mas, pelos vistos, também conheciam os métodos de guerra psicológica.
E o Capitão também veio, para também ver a mocinha, por quem também era apaixonado, que para a heroína nunca faltam candidatos a heróis, mas também viera para lhe dizer que, entre os feridos com gravidade, estaria o seu irmão Breixo, que fora encontrado no próprio local da explosão.
E entre palavras e ações, a tranquilização de Dom Andrés para Olalla, de que fariam todos os possíveis por ele e ela que fosse para junto do irmão, que o ajudasse, lhe dissesse tudo o que havia para dizer, palavras também de Ulloa, pois supostamente Breixo iria morrer.
E nesta confusão de palavras e sentimentos, de atos e ações, não posso deixar de realçar uma sugestão de Padre Bernardo, sobre a forma de operacionalizar o modo de lidar e gerir o tratamento dos feridos.
E, como?! Colocando uma fitinha colorida em cada um dos doentes, de acordo com o respetivo grau de gravidade. O designado “Método de triagem de Manchester”, antes de tempo. Que era um dos méritos do Hospital, antecipar-se ao progresso e avançar cientificamente!
E Olalla foi para junto de uma cama onde estava um doente quase totalmente queimado, rosto irreconhecível, tapado por ligaduras, e supostamente seu irmão Breixo, a ele se dirigiu, o consolou, lhe disse o que achou ser importante dizer nessa hora atormentada e aí se deixou ficar, chorando.
Posteriormente, já mais consolada, por acaso, encontrou o seu amado Daniel, que o Destino assim quer e como haveria de ser se trabalham no mesmo Hospital, que não é nenhum Santa Maria ou São João, pois haveria de ser, se isto se passou há mais de duzentos anos!?
E Daniel não perdeu tempo e lhe disse que a amava e se beijaram, quando a sua esposa, Clara, chegou e os viu, ficando enraivecida, chamando mosca morta a Olalla e foi quando ela disse ao marido, Daniel, que ele iria ser pai. Mas isto já contei anteriormente e não volto a esse Caminho!
E terá sido também daí que ficou com raiva a Olalla e, quando esta estaria descansada no muro da escadaria, a empurrou e ela caiu no lajedo e Duarte lhe foi pegar, levando-a.
Aparentemente morta, mas eu estou em crer que não, pois assim se fecharia uma porta importante no enredo, pois como me referiram num comentário, com os protagonistas mortos, a série perderia completamente o interesse. O que é inteiramente verdade.
Mas eu estou convicto que nenhum deles morreu. Os guionistas apenas nos quiseram induzir nessa sugestão.
E, mesmo agora, li outro comentário em que me dão conhecimento que a 2ª temporada vai estrear na Galiza no Outono e que os protagonistas não terão morrido.
Pois é mesmo assim que eu também acho, que os guionistas devem dar seguimento à Série e ouvir ou ler o que dizem os “fazedores de opinião” das redes sociais.
E Muito Obrigado a quem tem a paciência de ler o que escrevo e ainda comentar!
E com este remate, proponho-me findar este comentário enviesado, mas sem antes também lembrar que não valia a pena tanto desconsolo de Olalla, porque o seu irmão, Breixo, supostamente quase morto na explosão, afinal não morreu, que nós o vimos posteriormente na Cidade. E mais uma vez o Destino teceu a sua teia na narrativa, e fez com que ele se cruzasse, melhor dizendo, esbarrasse com o Alcaide Mendonza, que o vinha procurando insistentemente, que isto como se diz, “quem procura, acha”, só que Mendonza procurando e achando, afinal não achou e mesmo dando um encontrão em Breixo, não o encontrou.
Porque Mendonza, agora, também era procurado, porque os homens do Arcebispo, procurando na sua casa, encontraram, acharam a máscara do assassino, em Série, “serial-killer”!
Pelo menos é dada como terminada, pelo menos por agora. Pois ficou quase tudo em aberto. Certamente para quando tiverem tudo a postos para a subsequente temporada. Que é essa a estratégia dos guionistas das séries.
E vamos jogar com algumas personagens… parafraseando-as como se situassem num tabuleiro de xadrez. E pressupondo até que haverá uma possível continuidade na Série...
O par Dom Andrés - Dona Irene, permite continuidade na Amizade, que os amigos são para as horas difíceis.
No Amor não se sabe, agora que ele lhe revelou o seu segredo, de que tem a mulher enclausurada, sob vigilância, forma que encontrou para a proteger de si mesma, resguardar a filha desse conhecimento e confronto com essa realidade cruel, de a expor aos outros ou enviar para um hospício, que seria matá-la em vida.
Por enquanto, Dona Irene fica no Hospital, mas a sua permanência deverá ser sujeita a votação do Cabido, que reunido extraordinariamente e já com a presença de Padre Bernardo, Capelão Mor, votou que ela deveria ser entregue à Justiça Civil e entregue ao Alcaide. Porque, Bernardo, liberto do calaboiço da Inquisição e seguindo a sugestão de Doutor Devesa votou de acordo com a cascavel Somoza e a víbora Úrsula. Tendo-se abstido Dona Irene, porque ninguém pode ser juiz em causa própria, é só fazer contas. Apenas dois votos a favor de ela permanecer no Hospital.
Mas numa jogada tática de xadrez, o rei branco, Dom Andrés, face ao rei preto, Mendonza, que, afinal, é apenas segundo Alcaide, condição de bastardo, determinou que a rainha branca, Dona Irene, fosse presa, sim, mas na prisão do Hospital.
E neste ínterim até que surja nova temporada, muita água irá correr debaixo das pontes. E quem sabe, irá Dona Irene salvar-se das garras do Alcaide, que o que realmente pretende é atingir o Administrador e ocupar o seu tão cobiçado cargo. Rei contra Rei.
E Mendonza ser efetivamente condenado por mandante dos crimes já cometidos, quiçá mesmo como autor dos mesmos, dado que a máscara usada pelo criminoso foi encontrada na sua própria casa, pelos homens do Arcebispo, Malvar de nome.
Arcebispo que desse facto teve conhecimento pela denúncia efetuada por Duarte, o verdadeiro assassino, mais uma vez fazendo-se passar por Doutor Alvarez de Castro. E as consequências que essa delação teve!
E dado o poder que tinha no contexto da História e a Classe social a que pertencia, à época; e nesta história, sob a perspetiva de xadrez, quando joga, como que peça joga o Arcebispo?
Só pode ser bispo branco, não acha?! O seu ataque é contra o rei preto e, taticamente também se opõe ao bispo da mesma cor.
E quem será o bispo negro?
E, esta forma de relatar o episódio de ontem, como se de uma partida de xadrez se tratasse, foi-me sugerida a partir do diálogo de Mendonza com Dona Elvira.
Que o texto e os diálogos nesta série estão muitíssimo bem trabalhados. A vantagem de ser também uma língua irmã da nossa melhora ainda a situação.
E, Dona Elvira, que peça prefigura?
Sendo aliada, dependente e interdependente do rei preto….
E, agora, Duarte que, ao longo de todo o enrolar/desenrolar do enredo, foi ganhando um protagonismo cada vez maior, construindo e desconstruindo a história.
Numa perspetiva de xadrez, em termos de importância relativa no Hospital, será apenas um peão. Mas estes, por vezes, põem em xeque o rei e, neste caso, o rei preto, Mendonza, foi por ele colocado nessa situação. Não foi xeque-mate, que por mim, e fora eu o guionista, já teria sido. Duarte matar Mendonza e assim faria justiça pelas próprias mãos. Só que o rei preto tem poder, que usa de múltiplas formas e Duarte, apesar de o enfrentar, dele também tem medo. E podemos mencionar que, na forma como atuou, fez uma jogada muito inteligente.
E Duarte, sendo peão, será preto ou branco? Penso que de ambas as cores, conforme com quem joga.
E tem sempre a vantagem de, como peão, passar despercebido.
Peões que, muitas vezes, vão comendo peças importantes do xadrez, e foi isso que ele foi fazendo, assassinando-as.
Com Olalla, é peão branco, em silêncio a ama, ou não fosse ele mudo, com desvelo a recolhe e ampara, quando foi atirada do varandim.
Será que ela se vai salvar?
E já que estamos em Olalla, que esta história é um novelo, foi ela atirada para o fosso das escadarias, por Clara, despeitada?!
E será que a nossa mocinha, salvando-se, vai voltar para o herói?!
E, eu, mais do que narrar o que aconteceu ontem ponho-me a especular sobre o que poderá ocorrer num futuro, que nem sei se virá a existir, pois nem sei se haverá outra temporada…
Mas a narrativa tem poder… e leva-nos por caminhos que não prevíramos. E para Santiago também há muitos Caminhos, embora todos se dirijam ao mesmo Lugar Santo: o Túmulo do Apóstolo.
E os Caminhos para Santiago continuam atualmente também perigosos, tal como em finais de século XVIII. Que o diga a turista americana que desaparecida há meses, já foi encontrado o corpo em local ermo, indicado pelo próprio assassino, entretanto preso.
E já que estamos em assassinatos, de que esta série está cheia, e de mortes, mesmo de crianças e de recém-nascidos, que estamos numa época de grande mortalidade, para mais agora em guerra, e o que ainda estará para vir, se a história continuar, que a História continuou e nós sabemos o que foi em Espanha, nos anos que se seguiram e em Portugal também, que Napoleão, à data desta história, 1793, ainda não chegara ao Poder, na França Revolucionária, mas, em breve, lá chegaria.
E quem chegou agora à narrativa foi o nosso herói, o nosso Daniel, Doutor Álvares de Castro.
Herói, anti-herói, salvador de vidas, tem, agora, a vida em perigo, arrastando-se, ferido por golpes de navalha desferidos por Mendonza, rei preto. Nesse arrastamento, estica e ergue o braço na direção da câmara… pedindo ajuda… querendo alcançar algo (?)… ou suplicando ao guionista que não o mate, que lhe dê mais uma oportunidade, tal como pediu a Clara e que continue o seriado?!
Não sei! Saberão os/as estimados/as leitores/leitoras?
O que ele também não sabe é como pode ser Pai de alguém que está ainda por nascer, sabendo ele que não foi visto para o assunto, embora tenha sido chamado, porque Clara o chamou, e por diversas vezes, só que ele não ouviu, fez que não ouviu, viu e não viu e, deste modo, a que deveria ser só sua mulher, foi mulher de outro, que dela fez mulher e, pelos vistos, irá fazer mãe.
Quando esta lhe disse, porque decidiu que o filho seria do pai que ela quisesse, Daniel ficou parvo de espanto, mudo de estupefação, branco de pasmo! Só não desmaiou, porque os homens não desmaiam; só não caiu para o chão, porque os heróis não caiem, embora ele tivesse terminado arrastando-se, como já referimos, mas para a câmara. E, os heróis, mesmo caindo, levantam-se sempre, que era assim que acontecia nos filmes de cow-boys, em que o herói tinha sempre sete vidas e até se desviava das balas.
Só que ele não se desviou dos golpes certeiros da navalha de Mendonza, equivocado sobre quem o tinha denunciado ao Arcebispo, porque Duarte, peão, fizera jogo de Rei.
Daniel, herói, de papel principal, torna-se vítima.
E que peça de xadrez?!
Por mim, acho que cavalo branco, ou não fosse ele herói.
Os heróis montavam sempre um cavalo dessa cor.
E quem montará o cavalo preto, isto é, quem representa essa peça no tabuleiro do xadrez da política hospitalar?
Eu acho que, neste momento da narrativa, essa peça já foi comida. E pelo peão.
Era, só podia ser, na minha perspetiva, o pai do nosso herói, que também montava a cavalo, já que era nobre, e essa era uma das funções dos nobres, montarem a cavalo, terem cavalos para as guerras dos reis, formarem as cavalarias.
Dom Leopoldo, era o cavalo preto, entretanto já comido e fora do tabuleiro.
E a Enfermeira Mor, Dona Úrsula, que peça simbolizará?
Dada a forma como se desloca no tabuleiro do Hospital, o peso pesado que é o seu corpo naquelas vestes de monja, e as ações que pratica, só pode ser a torre preta.
E há alguém que simbolize a torre branca?!
Só pode ser...
Dona Elvira de Santa Maria, fidalga de nobre e antiga linhagem, só pode ser... a rainha preta.
Bem e vou voltar ao princípio, fechando o círculo, que vou terminar este post, para o publicar.
Mas vou terminar a narrativa? Tão incompleta, face a tudo o que se passou ontem?!
Não! Descansem caros leitores e leitoras, que ainda vou voltar.
Irei continuar a contar esta estória, a partir da história de “Hospital Real”, mergulhando também, e algumas vezes, na História.
Só que o poder da narração vai-me levando por caminhos diferentes dos que delineara, esta foi a forma de Caminho que encontrei. Não sei se será o francês, se algum dos espanhóis ou algum dos portugueses.
Mas há outras formas de contar, que isto de que quem conta um conto…
E ainda fica muito por contar, como dizia a minha avó e também Xerazade!
E ainda vou voltar para contar sobre personagens e aspetos de que não falei.
Deixo-vos esta foto do grupo de atores que representou o enredo da série.
Mas não consigo identificar todos, personagem - versus ator/atriz.
Por ex. Úrsula, Alicia, Duarte,…
E há uma figura feminina por detrás de outras que não sei quem é…
E muito obrigado por terem a amabilidade e paciência de me terem lido até aqui.
E vamos de abordagem ao décimo episódio, ontem apresentado.
Não tendo morrido Dona Clara, será que ressuscitou?
E, mais uma vez, se colocam em confronto, perspetivas contraditórias próprias de uma sociedade à beira de grandes transformações.
O lado científico, positivista, afirmava que teria havido uma sobredosagem de estramónio, tomado por iniciativa da própria paciente, mas que nós sabemos ter sido obra da malvada bruxa, encarnada de “Dragão”, disfarçada de monja.
Propunham-se comprová-lo, experimentando com uma rã, o que fizeram, confirmando a hipótese formulada e afirmando a tese de que a dose excessiva do medicamento provocou o pretenso estado de morte, aparente, e o subsequente despertar, após passar o efeito do mesmo.
Estavam deste lado da barricada os médicos, o boticário e o administrador.
Do outro lado, uma perspetiva metafísica, suportada pelos clérigos, afirmando ter sido uma Ressurreição. Mas com opiniões contrárias. O capelão, que fora Obra Divina, o inquisidor, que fora ação do Demo, querendo partir para exorcismo!
Valeu a chegada inesperada, mas providencial, do Arcebispo Malvar, que afirmou diretamente para o Administrador que “ Na recuperação de sua filha, não esteve o demónio, mas Deus!” e, deste modo, encerrando uma questão, que sendo experimental e científica, se tornara teológica e perigosa de discutir, porque ideologicamente contrária à vontade e desejo do Inquisidor, tornando-se motivo de heresia, com as consequências inquisitoriais da época.
Arcebispo que, publicamente, não se coibiu de afirmar a sua Amizade para com o Administrador, apesar de se verem pouco.
O Inquisidor, literalmente, “meteu o rabo entre as pernas”, desculpe-se-me a expressão e foi congeminar intrigas para corredores e esconsos do Hospital.
Aproveita-se da sinceridade ingénua do Capelão, que lhe entrega o original do testamento do Padre Damião, confirmando que houve troca fraudulenta do mesmo; e coloca em "xeque" o “Dragão”, Dona Úrsula, confrontando-a com o facto de ela ser, por isso, responsável e exige-lhe, em troca do seu silêncio, que ela diligencie no sentido de o Capelão ser expulso do Hospital, invocando que é Jesuíta, sendo que ele mesmo também o é.
Duas cobras-cascaveis em confronto, quem vencerá?
A Enfermeira Mor sempre a bisbilhotar tudo quanto se passa na Instituição, arrastando, silenciosa, o hábito, que a cobre e protege, as mãos que tantos crimes cometem, sempre escondidas, mas prontas a esconder, nesse mesmo manto encobridor, qualquer objeto que possa incriminar outros indefesos, desde um simples botão, achado em local inusitado, a uma carta possivelmente comprometedora.
E, a propósito de cartas, lembramos que, no nono episódio, Dom Andrés recebeu uma anónima, em que se afirmava “Conheço o teu segredo.”
E, no episódio de ontem, décimo, a empregada Flora, que trata da sua mulher, cujo nome ainda não fixei, entregou-lhe outra, quando ele foi visitar a esposa, que andara desaparecida, que supostamente regressou sozinha, mas nós sabemos que foi a bruxa má que a levou e que até bebericou um chazinho e papou, regalada, uns bolinhos, que ela é gulosa como a sua parenta da célebre história, que queria papar os meninos, na casinha de chocolate.
E nessa carta o que dizia?!
Que ele deveria ir depositar mil cruzados na Fonte de São Pedro, não sei se aí haveria alguma caixa de multibanco, nem se ela teria dado o IBAN, mas as chantagens já eram comuns na época!
Para que o seu segredo fosse guardado.
E a narrativa vai neste ponto. E São Tiago observa e vela para que tudo se estruture bem no respetivo Caminho!
Mas quando idealizei este post, pensei estrutura-lo de outro modo. Mas a narrativa toma conta de mim e leva-me por outros caminhos, que por vezes são atalhos.
Inicialmente projetara falar de Amor, Amizade e Morte! Mas comecei por Ressureição e daí o narrador foi seguindo ao sabor da narração.
De Morte que compõe e estrutura todo o enredo, seja provocada ou natural, que tanto assusta o novel médico, porque é suposto que a Medicina ajude a salvar quem precisa, mas que está sempre rodeada pela presença da imagem do segador de gadanha, ceifando a Vida.
Morte que, pelos vistos, também atemoriza o médico experiente, como é Doutor Devesa, que também soçobra perante a iminência da sua chegada junto de um Amigo de longa data, mas de prolongada ausência e afastamento, e que chegou ao Hospital, na esperança que o Amigo Sebastian o ajudasse a salvar-se. Este, consciente da sua impotência e incapaz de enfrentar a situação, refugia-se no álcool, percorre as tabernas da Cidade Santa, à procura de Baco e é achado por Duarte, essa figura providencial, para o Mal, mas também para o Bem, que o carrega de volta para o seu mester, a mando de Doutor Daniel, que foi incumbido de informar o paciente da irreversibilidade da chegada, dolorosa, da Dona Morte!
Da Morte, cujas novas também vêm por carta (agora chegam de SMS), mas foi por carta que o Intendente informou o Administrador que o soldado Salcedo fora enforcado nessa manhã. E também assim se soube que o Capitão Ulloa seria sujeito a castigo por ter participado na fuga do soldado e sorte tiveram as enfermeiras novatas de não serem também castigadas.
E o Capitão foi sujeito ao suplício das basquetas, passando entre duas filas de soldados, sendo que cada um deles o sovou nas costas com uma bastonada. Livrou-se da forca, que bem poderia ter acontecido. O facto de o Intendente ser seu tio terá tido alguma influência?
E cumprido o castigo, ficou o Capitão com as costas em chaga, para que a enfermeira Olalla lhe fizesse o curativo. E aqui falamos também de Amizade!
Mas ao falarmos de Olalla também falamos de Amor!
Do Amor que a une a Daniel, mas que agora convencionam ser Amizade, porque ele é casado com Clara, que sendo morta foi ressuscitada.
“Seremos Amigos, os melhores que há!”, lhe disse ela, ingénua, mas sensata, que foi o que lhe valeu, a sua sensatez! Se não, o que não valeria um simples botão encontrado em local inusitado?
E, por causa de um simples botão, foi sujeita a prova de fogo, humilhada pela bruxa má, à procura da integridade do seu botão de rosa!
E de Amor, também nomeamos o da enfermeira Rosália e do boticário Cristobal, apatetado é certo, mas confirmado, que nem foi precisa a intervenção cruel, cínica e despótica do “Dragão”, sempre pronta a humilhar os mais fracos.
E, de Amizade, também falamos da que une Dona Irene e Dom Andrés, que até se poderia transformar em Amor, até cheguei a supor que isso aconteceria, mas não pode, que a esposa ainda é viva e ele por ela demonstra muito carinho e também Amor. Pena que esteja louca!
E também de Amor e Paixão falamos dos sentimentos que unem Ulloa e Rebeca.
E de Amizade, embora já velha, também falamos da que unia Doutor Sebastian Devesa ao doente à beira da morte. Moribundo, que redigiu uma carta dirigida ao seu Amigo, mas que, desencaminhada, foi parar às mãos da bruxa má, sempre ela, que a guardou no regaço e logo que pode, abriu e ficou a conhecer o que nela estava escrito.
Alguma confissão, um hipotético segredo, que ela usará como melhor lhe convier! Ou não fosse ela uma das grandes condutoras dos trilhos do enredo da série.
Também podemos designar como Amizade o sentimento que Duarte nutre por Ollala e que vai manifestando por gestos simples, mas carinhosos, ao longo da trama. Ontem, após ela ter sido sujeita à humilhante e cruel prova de fogo, arrefecendo ao relento nos claustros, chegou este e colocou-lhe o seu casaco nos ombros.
Também podemos informar que Dona Irene, afinal, não está grávida. Na consulta com Doutor Daniel, este deu-lhe conhecimento que ela tinha um pólipo, que lhe seria extraído através de uma pequena operação.
À data, já seria possível realizar tal operação?! Não sei, foi o que foi verbalizado pelo médico, ele é que sabe…
E voltando ao início deste, já longo texto, de que se vive uma época de grandes transformações, de que eles próprios se apercebem, como referem os nossos protagonistas, o par romântico.
“Vivemos tempos extraordinários. Os reis perdem a cabeça. As moças da aldeia são enfermeiras no Hospital Real. Os mortos ressuscitam!”
Antes de escrevinhar alguns comentários sobre o nono episódio, devo, antes de tudo o mais, enquadrar algumas palavras neste breve prólogo.
Prologuemos então.
Estimado/a leitor/a,
Quero agradecer-lhe a amabilidade em visitar este blogue, a gentileza em percorrer os posts que nele vou colocando. As suas leituras muito têm contribuído para que as visitas e visualizações deste “canal de comunicação” tenham crescido substancialmente. Relativamente ao contexto em que se insere, claro!
Espero que aprecie os textos, que se divirta e que tire algum proveito dos mesmos.
Não tenho qualquer pretensão com o que escrevo. Apenas transmitir algumas opiniões, tecer uns breves comentários. E, sinceramente, desenvolvo esta atividade com gosto e por gosto! Sabendo que há quem leia, ainda me dá maior satisfação.
Pois continue lendo. Desejo que ganhe gosto a estas leituras. E que continue vendo a série.
E o meu sincero muito obrigado!
Desenvolvimento
E prossigamos, então, para alguns comentários sobre a Série e o Episódio 9, de 5ª feira.
O desenrolar desta série não deixa de nos surpreender. Quando julgamos que vai terminar e o enredo se vai desenrolar, lá aparece outro nó na trama.
Ontem equivoquei-me, pois na 4ª feira vira mal a programação e supusera que na 5ª feira, ontem, haveria dois episódios e deste modo finalizariam a série. Erro meu… e o meu pedido de desculpas.
Que eu já estou ansioso não que ela termine, que as temáticas nos prendem ao enredo, mas por saber o final.
Se fosse livro, já o tinha lido todo. Como quando leio determinados romances, como já referi em post anterior, no respeitante a Jorge Amado.
Mas esta pequena novela tem algumas características que no-la tornam muito apelativa.
À partida é uma série histórica, pelo que se me torna desde logo e, à priori, apetecível. E, neste aspeto, é impecável, reconstituição exemplar do tempo histórico a que se reporta. Inclusive com o cuidado de nos ir situando nos momentos cruciais. Ontem, soubemos que a Espanha já estava em guerra com a França. Guerra de que já falámos em post anterior. Logo, a ação que ocorria nos primeiros meses de 1793, já foi também precisado o mês de Fevereiro, agora estará a processar-se na 2ª quinzena de Abril de 1793.
Num cenário de Guerra, o que altera completamente as vivências e o quotidiano das personagens. O Hospital já reuniu o respetivo Conselho, na sequência do conhecimento que o Administrador teve dessa declaração de Guerra, por meio de carta enviada diretamente do Rei, através de um emissário militar.
Militares que agora passam a ter um papel mais importante na narrativa, para além do que já desempenhava o nosso célebre Capitão, mas o desempenho deste, até agora, resumira-se apenas a outras lutas, que não as militares, nomeadamente o ferimento que o levara ao Hospital, nada teve a ver com Guerras. Só as de alcova.
E abrimos já duas vias neste pequeno excerto: falámos do Conselho e do papel dos Militares na narrativa…
No concernente ao Conselho, presenciámos a respetiva constituição: além do Administrador, o Cirurgião Mor, o Capelão Mor, Dona Irene e o Inquisidor e a Enfermeira Mor.
Surpreendeu-me não ter visto o Alcaide. Não pertencerá? A sua função será outra? Ou terá ido buscar o dinheiro do desfalque que fez?! Pois, sinceramente não sei!
Os jogos de Poder decorreram em cenas de momentos seguintes, nos corredores e meandros do Hospital.
O Inquisidor pressiona o Capelão, situando-o na sua verdadeira missão ali: agir no sentido de que o Inquisidor venha a ser o Administrador!
Por sua vez, faz um jogo tático com Dona Úrsula… é um verdadeiro jogador de xadrez, cerebral, no xadrez e campo de luta da política hospitalar.
E tomando o rumo dos Militares… Quem foi para o xadrez, por enquanto apenas no Hospital, foi um soldado, cuja arma se disparou ou que ele fez disparar na mão esquerda. Em tempo de Guerra, tal procedimento, quando propositado, tem sentença de morte: a forca.
Que será, provavelmente o destino do imprudente soldado, que na ânsia de perder dois dedos com o disparo, com medo a perder a vida com os disparos na Guerra, acabará, provavelmente, por se finar, mas numa morte considerada desonrosa para si e família.
Foi submetido a julgamento, no próprio Hospital, que é autónomo jurisdicionalmente no respetivo espaço e contexto institucional. O Administrador considerou não haver provas suficientes de que o jovem militar agira propositadamente, mas o Oficial Militar, presente como membro do Júri, teve opinião contrária.
Pelo que o rapaz será condenado à forca, após estar curado.
“Então vamos mandá-lo para a morte depois de o termos curado?!” Interrogou a nossa mocinha, enfermeira ingénua, Olalla.
E fica esta questão como ponto de reflexão sobre a Guerra, sobre o sentido de todas as Guerras.
E pegando na deixa, Olalla… esta e o seu amado já avançaram bastante, no seu próprio quarto, no que de Amor se trata, mas por enquanto ainda se ficaram apenas por preliminares, valeu-lhe a sua própria sensatez! Que ela é uma verdadeira mocinha!
Já o seu amado, Daniel, o herói, resolveu armar-se em cow-boy e teve honras de abertura deste nono episódio, numa cena de pugilato, numa taberna dos subterrâneos de Santiago, para onde fora levado por Duarte, para afogar o desgosto pela morte da, agora, sua esposa, Clara. Enraivecido pela sua impotência enquanto médico, na incapacidade de salvar uma vida, quase matou, de raiva, o seu opositor. Valeu-lhe Duarte!
“… na nossa profissão, temos que nos habituar a conviver com a Morte…”, já o alertara o Cirurgião Mor, seu mentor, quase Pai espiritual. Que também lhe lembrou a importância das suas mãos, na profissão que exerce.
E a narrativa direciona-nos para o assunto com que queremos finalizar… mas aguardemos ainda.
Voltemos ao quarto de Ollala e da sua colega Rosália, enfermeira Castelo.
O quarto agora transformado em alcova…
Pois a enfermeira Rosália, mais expedita, não se ficou apenas pelos preliminares com o seu boticário…
E se ela já andava sempre meio na lua, agora ficou totalmente de olhar vagueando no espaço sideral.
O boticário tem também outras evasões, quem as não tem (?), mas tenta libertar-se da sua dependência do ópio.
Dona Irene descobre, sim, ela tomou consciência disso a pós a consulta com Doutor Daniel, apercebe-se que está grávida.
E, imagine-se, naqueles tempos de tantos preconceitos, uma senhora da sua condição, viúva, ficar grávida…
E cumulativamente resultante de uma violação, de que apenas ela tem conhecimento e também o seu bom amigo, Dom Andrés, para além de Dona Elvira, que presenciou a cena, que ocorreu no seu palácio e na sua mesa da sala!
Imagine-se a bomba, quando se souber… Numa sociedade tão recheada de tabus, falsidades e aparências.
Aguardemos como este assunto irá ser abordado.
Que outro aspeto enriquecedor nesta série é a forma como vai apresentando várias temáticas, sempre num contexto de época. Há certamente um trabalho de pesquisa prévio muito relevante.
Veja-se como nos apresenta os problemas do exercício da Medicina, agora a problemática da Guerra nos seus reflexos na Sociedade…
E ainda sobre personagens, Dona Elvira de Santamaria e Dona Úrsula.
Já foram episodicamente aliadas, agora definitivamente inimigas. Que Dona Úrsula já avisara que sempre cobra as dívidas. Mas não sabemos quem deve mais a quem, ou quem tem mais a temer.
Duas mulheres, no mesmo tempo e espaço ficcional, pertencentes a duas Classes Sociais distintas, mas poderosas na altura, uma da Nobreza, ainda que falida, a outra do Clero Regular, cada uma usando as armas de que dispõe, sempre tecendo e enredando a narrativa, pelo lado da malvadez. Harpias, que não se limitam a profetizar, mas agem condicionando e dirigindo a narração, no sentido que pretendem: o seu benefício pessoal, o seu egoísmo, os seus apetites, a sua fome de poder e influência, a fome que se avizinha com as guerras que se aproximam. Recorrendo a táticas e estratégias diversas, mas sempre com uma metodologia comum: pisar os outros, especialmente os mais fracos e indefesos; bajular os ricos e poderosos, mas apunhalando-os pelas costas, sempre que possível.
E, julgo que, agora, finalmente, vamos ao cerne do episódio.
Enquanto todos estes acontecimentos decorriam e os que eu não relatei, porque de todo não me é possível, Clara, a jovem que padecia de doença psíquica, incurável, que sofrera um ataque de epilepsia, provavelmente provocado pela bebida de estramónio que a “Dragão”, bruxa má e malvada, lhe dera, Clara, dizia, jazia no esquife, na Capela do Hospital.
Velada pelo pai, por Dona Irene, pelo marido, Dom Daniel, não sei se por mais alguém, que não vi e nem sempre foi possível estar gente a velar o seu corpo defunto.
Enquanto todos estes acontecimentos aconteciam, se desenrolavam intrigas e conluios nos corredores, nas enfermarias os doentes padeciam, os amantes se enrolavam nos quartos e escadarias do Hospital, e nas respetivas salas se discutiam assuntos nobres e se sabia de Guerras que aconteceriam nos Pirinéus, lá para a França e na taberna galega se guerreavam dois homens enraivecidos pelo Destino, e Dona Irene desmaiava e vomitava; enquanto tudo isto acontecia, Clara Osório, permanecia imóvel no seu esquife, uma quase santa, na Capela Real do Hospital de Santiago de Compostela, na Galiza, uma das Pátrias de Espanha e irmã de Portugal, aguardando que a Morte chegasse e a viesse buscar.
Só que a Morte tardou… Não chegou. E não a veio buscar!
E a jovem doente e que fora prometida e agora já não era, porque sendo noiva se casou… a jovem Clara, não morreu!
Passou, ontem, o 1º episódio. E prevê-se o 2º para hoje.
Este filme documento deveria ser de passagem obrigatória, simultaneamente, em todas as televisões generalistas, em horário nobre.
E não apenas em Portugal, mas por toda a EUROPA!
Talvez assim os políticos europeus compreendessem melhor o drama dos refugiados que todos os dias batem às portas da Europa, a pedir asilo.
Mas porque será que os media, quem manda neles, quem os tutela, remetem para canais secundários, em termos de audiências, os programas que nos contam a Verdade dos factos e dão apenas futilidades nos canais de maior audiência e nas horas de maior visibilidade?