Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Aquém Tejo

Há quem do Tejo só veja o além porque é distância. Mas quem de Além Tejo almeja um sabor, uma fragrância, estando aquém ou além verseja, do Alentejo a substância.

Há quem do Tejo só veja o além porque é distância. Mas quem de Além Tejo almeja um sabor, uma fragrância, estando aquém ou além verseja, do Alentejo a substância.

CAMINHADAS

 CAMINHADAS

 

Pouco a pouco, os Sonhos são quimeras

Arredados nos Caminhos percorridos em Outrora.

 

No tecido da urbe que habitamos

Os passos do presente registamos

Deixando sempre outros caminhos

Passos, ruas, por correr…

 

Entramos em casas, nunca em todas

Qu’impossível se torna estar em todas.

Saímos, fechando algumas portas

Que abertas, ficar deviam. Todas!

Mas nem sempre podem.

Vai havendo sempre novas portas

Para abrir.

Enquanto conseguimos.

E portas há que nunca abrimos

Fechadas “ab aeterno” pelos Deuses.

 

Mas cada vez mais quedados em nossas casas

Quando não no nosso quarto, já sem asas

Cada vez mais em si mesmo dados.

 

Por vezes nos achamos em becos sem saída

Ou em quartos sem janela

Nesta cidade cada vez menos construída

Para nós, Homens, vivermos nela.

 

Resta-nos rasgar paredes e, nelas

Inscrever o Sol, a Luz, o Mar de barcas – belas

O Tempo das calmarias sem procelas.

Sabendo que mais fácil é dizê-lo

Do que, todavia, será fazê-lo.

 

Marca-nos sempre ao Longe termos

O Campo Santo que a Natureza 

Povoou d’esguias árvores apontando

O Céu, o Astro, o Sol, a Vida!

 

E, enfim, os olhos descansaremos

Nessa imensidão Sem Fim, do Mundo!

 

 

Escrito em1986.

Publicado: Revista “Família Cristã”, rubrica “Lugar aos Novos”, Fev. 1987.

"A Nossa Antologia" - APP - XIII Vol. 2006 

 

Caminhadas. Foto de D.A.P.L. 2014

 

 

 

SONS míticos (místicos)

 

SONS míticos (místicos)

 

Sinfonia de luz, calor, cor e cigarras

Cal, barra na parede, fuga – contraponto

De nómadas ciganos trinam as guitarras

Vagabundo na planura, marcando o ponto.

 

O falar das gentes é um cantar de mouras

Ansiando Liberdade e seu Destino

O marulhar das searas maduras – louras

Compassadas pelo vento e sol a pino.

 

No silêncio da noite e luar, as relas

Gorgoleja vinho nas tascas de ruelas

Piar de mocho, dissonante e zombeteiro.

 

Requebrando saias, um rosto trigueiro

De ofegantes seios, declama com vaidade

Um Soneto d’Espanca, “Soror Saudade”!

 

Escrito em 1988

Publicado em:

Boletim Cultural Nº 7  do Círculo Nacional D’Arte e Poesia, Fev. 1991.

 I Antologia Poética do Círculo Nacional D’Arte e Poesia – CNAP – 1994.

 

 

 

 

ALENTEJO

Divulgamos hoje o nosso post nº 50. Que é também o 1º trabalho que colocamos em 2015. E, como não podia deixar de ser, pois também é esse o nosso propósito, damos a conhecer neste enquadramento uma poesia sobre o nosso Alentejo.

Este conjunto de vinte e seis quadras foi escrito em 1982, numa época em que trabalhava no Alentejo e resultaram da observação poética da planície transtagana nessa altura. Alguns aspetos ter-se-ão modificado. Atualmente há realidades que, à data, eram ainda ficção científica. De qualquer modo é um flash desse tempo nesse espaço, que nos é tão querido e idealizado.

 

 

 

ALENTEJO

 

Horizontes infinitos

Extensões de montados

Manchas de olivais bonitos

No meio, campos lavrados.

 

Campos a perder de vista

Vista do cimo do monte

Altaneiro como crista.

No vale, a horta e a fonte.

 

Montes quase abandonados

Sem caseiro nem patrão

Pois carros motorizados

A casa trazem o aldeão.

 

Casas de branco caiadas

Barras azuis e amarelas

Cheias de esmero, asseadas

Alegra os olhos vê-las.

 

Rasteiras, bem alinhadas

De quando em vez solarengas

Varandas, janelas bordadas

Casas, nossas avoengas.

 

Chaminés de sol e lua

Portas de cantaria

Abrindo a casa à rua

Dão beleza à frontaria.

 

Ruas de casas juntinhas

Fazem terras afastadas.

De noite é ver as luzinhas

Dar vida à planura, encantadas.

  

De dia banhadas pelo sol

Alegria e tormento

A brancura dum lençol

A secar na planície, ao vento.

 

Do Alentejo aldeias

De gente calma e fagueira

Amiga de trocar ideias

Embora nem sempre à primeira.

 

Gente mais moça abalando

P’ra Lisboa e outras bandas.

Os mais velhos vão ficando

Até que Deus queira, em bolandas.

 

Pela manhã, o Destino

Os leva à soalheira

Aquecer sangue latino

Que já falta companheira.

 

Durante a manhã, as comadres

Dominam as ruas mercando

E estando fora os compadres

Com as amigas vão conversando.

 

À tarde e à noitinha

Após um dia de trabalho

Homens enchem a tendinha

Causa de brigas e ralho.

 

Mas após tanta fadiga

No campo, a maioria

Faz bem beber uma pinga

Dá esquecimento e alegria.

 

Terminar a cavaqueira

Que à janta a mulher chamou.

Esperar sentado à lareira

Que a novela começou.

 

Migas, açorda e mais

Sopa de cachola e tomate

De miolos, gaspacho, é demais

Tanto pão e tanta arte.

 

Hoje não é tanto assim

Comida vai variando.

Borba, Redondo, enfim

Rico tinto acompanhando.

  

Após a janta, o descanso

Que amanhã é de trabalho.

Antes, um breve remanso

Aquecendo-se ao borralho.

 

De manhã o sol levanta

Trabalhador para a jornada.

Dantes a pé, agora espanta

A quem tem motorizada.

 

Lavoura, azeitona e cortiça

São trabalhos desde outrora.

Conforme a época, a liça

Novas culturas agora.

 

O tomate, o girassol

Culturas de regadio.

As barragens são um rol

Mas não chegam p’ró sequio.

 

Os serviços na cidade

Algumas indústrias também.

Desemprego, ansiedade

De quem quer algum vintém.

 

Pau bucho, chifres, cabaças

Argila, pedrinhas e linho

Nelas, flores e sonhos traças

Objetos de amor e carinho.

 

Trabalho feito com as mãos

Na cortiça, ferro ou barro.

Homens de arte, artesãos

Ourives de bilha e tarro.

 

Mas artistas todos são

De pincel ou de trator

Na tela ou terra chão.

Basta trabalhar com amor.

 

Amor que a nós, Homens, une

E à terra que nos viu nascer.

Mais nos liga que nos desune

Todos juntos a conviver.

 

 

 

Escrito nos inícios de 1982.

Publicado na VII Antologia do Círculo Nacional D’Arte e Poesia, 2003.

A desilusão de ser Árvore de Natal!

 

 Foi numa tarde ensolarada, mas fria, por acaso véspera de Natal, que assentei  raízes no local que é agora a minha casa. Foi em Dezembro, que o meu dono me plantou no seu valado, junto à casa, com vista para a igreja de São Martinho. Foi em clima de festa que eu nasci, de novo, nesta cidade. Para mim foi mesmo Natal, Nascimento. E, pensei, como seria lindo, uma festa, em que todos plantássemos uma Árvore, que todos fizéssemos sempre Natal. E, ao mesmo tempo sonhei, é agora, finalmente, que eu vou ser Árvore de Natal!

E o local não podia ter sido melhor escolhido. Da minha nova morada posso avistar, altaneira, a torre da igreja, vejo e ouço os sinos repicar de contentamento, miro as crianças que passam alegres e festivas na esperança do Natal, dou alento aos velhotes que recordam a sua infância e, aos adultos, lembro o tempo de paragem e reflexão, o apelo à Paz, à Amizade e Amor, à quadra que se vai aproximando e a todos poderei desejar sempre um Santo e Feliz Natal.

 

Como disse, esse sonho de vir a ser árvore de Natal, sempre me acompanhou, no viveiro onde nasci, no entreposto/viveiro onde residi temporariamente até ser comprado pelos meus novos donos e mesmo aqui, no valado onde agora moro, ainda vivi algumas semanas nesse sonho. Ele foi a fanfarra, os foguetes, o contentamento das pessoas, a aproximação real do Natal. Mas foi já este ano que eu tive um lampejo, um corte violento e brusco, sobre esse meu sonho, que agora considero devaneio, mania, fixação até.

 

Todo esse vai e vem de Dezembro, que depressa chegou e mais rápido se esvaiu, me deixou numa tremenda excitação, euforia, enlouquecimento. Mas, passadas as festas, a azáfama das compras, as consoadas, a passagem do ano, chegado outro de novo e, com ele, Janeiro, já depois dos Reis, a vida pareceu recuperar a sua habitual normalidade, bonomia proverbial. Mas eis senão, quando, numa tarde enevoada, um destes senhores que não respeitam o ambiente, trouxe no atrelado do trator uns quantos arbustos escanzelados que, a trouxe-mouxe, arremessou para o meio de um silvado, junto de uma parede velha, perto do local onde moro.

 

Quis gritar, barafustar, chamar-lhe à atenção pela falta de respeito, pela atitude do senhor, mas a voz ficou-me embargada de comoção e espanto, não me saindo nada do tronquito onde me encerro. E ele abalou, aos solavancos com o atrelado, roncando o motor, pelo meio dos pinheirais de onde proviera. Mas a minha emoção foi maior ainda por reconhecer, nesses arbustos escanzelados, amarelecidos, esfoliados, amigos meus, pinheiros e abetos, por quem eu, no viveiro, nutrira tanta admiração e, diga-se, uma pontinha de inveja, por lhes ser destinado virem a ser Árvores de Natal.

Não resisti à curiosidade, quase saltei do terreno onde estava, bem puxei as raízes, para saltar o muro e aproximar-me desses amigos e colegas que gemiam, reclamavam da sua sorte, alguns pediam ajuda, outros já mal se ouviam nas suas lamúrias e preces e, aos poucos, foram estiolando, morrendo à minha beira e eu sem nada poder fazer.

 

Mas, enquanto viveram, morrendo aos poucos, puderam contar-me o seu destino.

 

Chegado o tempo e a altura própria, foram destinados para o que fora o seu maior sonho de glória: serem Árvores de Natal. Quando vieram os lenhadores com as suas moto-serras, embiocaram-se nas melhores vestes, empertigaram-se eretos na coluna, tremeluziram as agulhas de contentamento, piscaram olhos à moto cortante, gemeram ai, ui, num misto de prazer e dor e desfaleceram às dezenas no solo, ao ranger da lâmina serrante.

Iniciava-se o seu sonho ou devaneio…

 

Foram amontoados, empilhados uns sobre os outros, enrodilhados os abetos numa fina rede, distribuídos em camionetas por supermercados, lojas, praças, lugares e lugarejos nesta moda consumista. Mas ainda sonhavam e, por isso, valia a pena tanto sacrifício!

Regateados no preço por senhores e senhoras, pirraças de meninos e meninas, lá foram no porta-bagagem até casa, vivenda ou andar, indubitavelmente à sala, junto à televisão ou à lareira. E, uma vez aí chegados, foram devidamente abonecados: fitas e fitinhas, laços e laçarotes, bolas e bolitas, estrelas e estrelocas, luzes e luzinhas tremeluzindo, faiscando, pisca-pisca toda a noite e santo dia. E caixas e caixinhas e mais caixas, embrulhos, sacos de artigos de marca, devidamente enfeitados de lacinhos, corações e pais-natais, tudo em volta do pinheiro ou abeto. Agora sim, eram Árvores de Natal. Tinham finalmente alcançado a sua noite de glória, todo o seu glamour, apoteose, aparato, atingiram a condição de estrelas, super-estrelas. Mas, alguns, já aí se sentiram abafados pela tremenda confusão de objetos, pessoas e coisas, acessórios e associados dos festejos.

 

Mas assistiram, participaram nos festejos de Natal, vivenciaram beijos e abraços, votos de felicidade e alegria, participaram na troca de prendas, levaram até alguns safanões na euforia desta vivência, vislumbraram o fogo-de-artifício, pela janela aberta, na passagem do ano, chegaram até ao Dia de Reis, mas aqui foi dada por finda a sua função. Passaram a ser um estorvo, um estropício, um empecilho na sala e o seu destino foi, inexoravelmente, o caixote do lixo, a lixeira da Câmara, ou o aterro sanitário, quando não uns encontrões, junto à parede, no meio do balsedo.

 

“Foi este o destino da nossa quinzena de glória. Foi este o final do nosso sonho de grandeza, por que tanto ansiávamos. Não há lugar a final feliz. Ser árvore de Natal passa invariavelmente por terminar no lixo”, disseram-me, lamuriando, os meus amigos pinheiros e abetos.

 

E, perante esta dura e cruel realidade, apercebi-me então como vão e balofo fora esse meu sonho de ser Árvore de Natal.

 

- Para quê luzinhas piscando, se no céu estrelado estão milhões de luzeiros eternos?! A estrela d’alva, a estrela matutina, a estrela boieira, o set’estrelo, eu sei lá…

- Porquê bolas coloridas, se o sol e a lua cheia me iluminam os ramos e inundam todo o meu ser de luz eterna?

- Anjinhos de fantasia para quê, se crianças escorregarão, um dia, nos meus braços fortes e me subirão no tronco, na busca de mitos e heróis?

- Sala iluminada por quê, se tenho este lameiro verdejante onde vivo, vislumbro a cidade e os seus arrabaldes, os pinhais e vinhedos em redor, sinto o murmurejar dos regatos que junto a mim passam, em direção ao Rio do Tempo e do Esquecimento e as aves nas minhas ramadas pousarão e farão ninho, quem sabe! E tenho como teto a abóbada celeste e como lustre o sol, a lua e as estrelas?!

 

E foi assim que eu, de nome vulgar Castanheiro, do latim Castaniariu, de nome botânico, Castanea Sativa, da família das Castaneáceas ou Fagáceas, perdi a mania de vir a ser, um dia, “Árvore de Natal”.

 

 

 

Este texto corresponde à 2ª parte (final) do texto publicado neste blog, a 11/11/14.

Deste conto tenho várias versões já publicadas noutros suportes, a saber:

  • Boletim Cultural nº 75 do Círculo Nacional D’Arte e Poesia, Ano XVI, Dez. 2005 – “Sonho e desilusão de uma Árvore de Natal!”.
  • Boletim Cultural Nº 80 do Círculo Nacional D’Arte e Poesia, Ano XVII, Dez. 2006 – “A ilusão de ser Árvore de Natal!”.
  • Boletim Cultural nº 109 do Círculo Nacional D'Arte e Poesia, Ano XXIII, Dez. 2012 – “O impossível sonho de um Castanheiro que queria ser Árvore de Natal!”.
  • Jornal “A Mensagem”, Nº 481, Ano 44, Nov./Dez. 2014 -“O Castanheiro que sonhava ser “Árvore de Natal”.

 

 

 

 

Domingo de Futebol

 

“Domingo de Futebol”

 

“Hoje, dia 14 de Dezembro de 2014, vamos divulgar um poema que já anda para ser publicado há algumas semanas.

Teria que ser publicado em domingo, de preferência em Novembro e com sol, porque futebol há sempre!

Conviria ser também em dia de “Clássico”, preferencialmente o Benfica a jogar em casa.

Com tantas premissas e restrições, nunca mais calhava o dia!

Chegou hoje.

É Domingo, não me parece que haja sol, há futebol e os dois grandes a jogarem. Só que o Benfica não joga na condição de visitado, pois vai ao Porto. Não há, hoje, um Benfica Porto, mas sim um Porto Benfica!

No “Clássico” que o poema indiretamente evoca, o Benfica ganhou por 3 -1. E também venceu o campeonato, ficando o Porto em 2º lugar.

Pois o que desejamos é que a história se repita hoje, 14/12/14. Que o Benfica vença no Dragão e que ganhe o campeonato!

Segue o poema…”

 

 

O texto anterior foi escrito no sábado, 13/12/14, à noite, para ser publicado no domingo de manhã. Só que a Vida, por vezes, “prega-nos partidas” inesperadas e, por isso, só hoje, 3ª feira, volto a ter possibilidade de “pegar” no computador.

De modo que o poema mantem-se. O enquadramento explicativo é que é diferente.

O que era prognóstico e desejo passou a ser uma certeza.

O Benfica ganhou, no estádio do Dragão e também com um diferencial de dois golos. Continua a liderar, agora com seis pontos de avanço relativamente aos segundos classificados.

Que assim continue e no final do campeonato se repita o facto de 1982/83: O Benfica a vencer o campeonato!

Divulga-se então o poema:

 benfica 2.jpg

“BARRETES”

“Domingo de Futebol”

 

 

Hoje é domingo…

E cheio de sol.

Lisboa é linda

Pois que ainda

Tem futebol.

 

Muitos barretes

E cachecóis.

Peúgas soquetes

Dos apanhados

Apaixonados

Dos futebóis.

 

Que barretes enfia

Somente quem quer.

Azuis ou vermelhos

Ou outro qualquer

Novos ou velhos…

Dão ilusão

Espontânea alegria

A quem os enfia.

Homem ou mulher

Criança ou adulto

Integram num culto

Na mesma irmandade

Da fraternidade.

E quem na cidade

De qualquer idade

Solitário entre gente

Que não conhece…

Se os vê de repente

Logo lhe apetece

Travar amizade

Com outro alguém

Também zé-ninguém

Da mesma irmandade.

 

031031_120.jpg

 

Notas:

- Poema escrito em 14/11/1982, em Lisboa, num domingo de sol, em dia de Benfica - Porto.

Publicado em: Boletim Cultural nº42, do Círculo Nacional D’Arte e Poesia, Junho 1996.

As imagens foram retiradas da net.:

loja.slbenfica.pt

loja.fcporto.pt

.

 

 

 

Mais sobre mim

foto do autor

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Arquivo

  1. 2024
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2023
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2022
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2021
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
  53. 2020
  54. J
  55. F
  56. M
  57. A
  58. M
  59. J
  60. J
  61. A
  62. S
  63. O
  64. N
  65. D
  66. 2019
  67. J
  68. F
  69. M
  70. A
  71. M
  72. J
  73. J
  74. A
  75. S
  76. O
  77. N
  78. D
  79. 2018
  80. J
  81. F
  82. M
  83. A
  84. M
  85. J
  86. J
  87. A
  88. S
  89. O
  90. N
  91. D
  92. 2017
  93. J
  94. F
  95. M
  96. A
  97. M
  98. J
  99. J
  100. A
  101. S
  102. O
  103. N
  104. D
  105. 2016
  106. J
  107. F
  108. M
  109. A
  110. M
  111. J
  112. J
  113. A
  114. S
  115. O
  116. N
  117. D
  118. 2015
  119. J
  120. F
  121. M
  122. A
  123. M
  124. J
  125. J
  126. A
  127. S
  128. O
  129. N
  130. D
  131. 2014
  132. J
  133. F
  134. M
  135. A
  136. M
  137. J
  138. J
  139. A
  140. S
  141. O
  142. N
  143. D