“A Agência Clandestina” - T2 - Ep.8
“Le Bureau des Légendes”
Episódio 18
(2ª feira – 14/11/2016)
Só neste episódio constatei quem era a agente a quem chamavam de “A Mula”.
A senhora faz realmente de moça de fretes, isto é, pau para toda a obra, no que respeita a serviços externos, mais ou menos secundários, mas que são tarefas imprescindíveis para o funcionamento e bem-estar dos agentes principais, mas a que estes não têm tempo para se dedicar. Vai às compras, trata das bagagens, faz de taxista, intermedeia entre o pessoal, eu sei lá, tudo o que é preciso em termos de logística.
Neste episódio até fez de conselheira com a filha de Guillaume, Prune, (Ameixa?!) em crise de namoro, nos seus verdes vinte anos.
Tarefas e funções podendo ser tabeladas de menores, mas indispensáveis ao bom funcionamento do todo.
Pelo que consultei, não parece ter direito a nome próprio de agente. Apenas anexim.
Nessa noite teve direito a jantar com pai e filha.
Guillaume continua obcecado em deixar confissões e desabafos “post mortem”.
No “Diário”, comunica com a filha “Ameixa”, lembrando essa última noite que passaram juntos, em que ambos beberam do mesmo álcool do desespero, do desatino, do desalento.
Falou-lhe da sua alcunha e da dos seus colegas.
Não sei o que ele pensa fazer a seguir, mas fico apreensivo, que o guionista sobre as deixas que nos deixa entrever não são para menos. Diz-lhe que ficou comovido, lamentando tudo o que lhe irão contar…
Nessas confissões, constrói a sua própria narrativa, dos seus atos e ações, que o atormentam e conduzirão certamente a destino trágico. Confessa-se, de algum modo, arrepende-se, faz a sua contrição, expia a sua culpa.
Também com Nadia procede na sua “confissão”, na sua “contrição”.
Visita-a no esconderijo da DGSE, na Picardia, a saber se estará bem, naquele isolamento, ausente de vida própria, ela lendo as inquietações de Roberto Saviano, pós “Gomorrra”.
Leva-a a passear a Paris, à casa onde habita, não sua, que é da DGSE, mas onde vive segundo a sua própria identidade, que lhe revelou: Guillaume Debailly. Porque gostaria que entre eles houvesse alguma verdade, que se esforçou por lhe conseguir outra vida. Que não voltarão a ver-se e, futuramente, ao pensarem um no outro será doloroso.
(Nesta narração não sigo exatamente a sequência narrativa do episódio, mas foi por aqui que o enredo me puxou. Se tivesse escrito ontem ou hoje, pela manhã, certamente teria seguido outro caminho.)
A descoberta de que Shapur se tornara agente dos americanos deu brado, fez mossa na Agência, mas rapidamente passaram às averiguações. Atualmente, o trabalho dos agentes principais centra-se mais na descoberta da origem das fugas de informação.
Sem deixarem de preparar o ataque suicida ao jihadista francês, de alcunha “Deep Bleu”, nome que gosto mais de usar, porque mais fácil de escrever e fixar.
Marine Loiseau teve direito a cinco dias de férias em Chipre, como forma de ser interrogada por Henri Duflot, sem levantarem suspeitas.
Ficou surpreendidíssima ao saber que Zamani trabalhava para a CIA. Nunca se apercebera de que os americanos o rondassem, nem em Paris, nem em Teerão.
Aliás, esse era, supostamente, o seu papel na capital iraniana: recrutar Shapur Zamani, para trabalhar para a DGSE.
Ação que envolveu tantas peripécias ao longo das duas temporadas e que, ao estar à beira de concretização, saiu gorada por artes do demo, que eles ainda não conseguem, nem se atrevem a explicar ou congeminar.
Tal como Marine, nem Marie-Jeanne se apercebeu desse namoro, nem o próprio “Malotru”. Oficialmente, diga-se, no referente a este último.
Então como sucederam as coisas? Como houve casamento sem namoro?!
O único que terá presenciado o namoro foi Clément, no Qatar. Mas, à data, já era casamento.
O que não deu nem namoro nem casamento foi a relação dele com Marie-Jeanne!
Mas ela também não pareceu ficar especialmente ralada, que ele também se confessou especialmente sacana com as mulheres! E, para sacanices e imbróglios, já lhe bastam os da Agência.
E para deslindar o imbróglio do “toupeira” na Agência que, como sabemos, tanto Duflot como Marie-Jeanne apontam para “Malatru”, definiram outro plano de ataque, centrando-o nos sírios retidos: Nadia e Nadim.
Mas nem Nadia, nem Nadim. Nada! Não conseguiram nada de ambos.
Duflot centrou-se em Nadim, para saber como fora o encontro de Lefebvre com Nadia, se propositado e organizado ou por acaso.
Por um acaso, dos que não acreditamos que nos acontecem na nossa profissão, mas que existem, esclareceu Nadim. Respondeu segundo as instruções que o superagente lhe recomendara.
Também Marie-Jeanne não teve melhor sorte.
Ao visitar Nadia, de surpresa, ainda esteve com rodeios para formular a questão fatal que para aí a direcionara, mas Nadia pô-la à vontade.
“ - Se quiser interrogar-me, seja direta. É mais agradável.”
E a pergunta era sobre se Paul Lefebvre lhe dissera o verdadeiro nome. Não, nunca lhe disse.
O que nós sabemos que nem Nadia nem Nadim falaram verdade. Protegeram-se e protegeram “Malotru”.
E nem Marie nem Henri encontram ponta por onde lhe pegar.
Na preparação da próxima missão, o ataque ao “Deep Bleu”, de que Céline é responsável direta, ir-se-ão socorrer de um jornalista alemão, que é tu-cá-tu-lá com o “Computador”, este anexim lhe atribuo eu.
O seu provável “executor” será o jovem suicida já mental, ideológica e religiosamente preparado, na Líbia, agora com reforço de conhecimentos técnicos como operador de câmara. Que será essa a função que irá exercer junto do jornalista alemão.
Provavelmente será na câmara que será acoplada a bomba, mas esse pormenor (?) ainda não nos foi revelado nem ao jovem, ansioso por saber, que é essa a sua especial “vontade”!
(Estou a saltar muitos entretantos, que entrementes se faz tarde. O meu pedido de desculpas.)
Volto finalmente ao fulcro da questão narrativa neste episódio dezoito e que é o leitmotiv do subsequente episódio, o de hoje, e que não podemos perder.
Shapur Zamani, já sabemos nós e também na Agência, bem como entre os agentes responsáveis, trabalha para os americanos.
Marine foi especialmente recomendada para ter cuidado, para se ir afastando dele, gradualmente, sem dar nas vistas, não pensasse ele ser pelas suas novas atribuições.
Ainda pensaram retirá-la, acho que foi Marie que o sugeriu, mas deixaram-na ficar, apesar dos perigos que pode correr, dado que não consideram Zamani prudente!
(Sem comentários…)
E, de facto, o jovem, talvez por essa condição, também pelas suas características pessoais, pelo ambiente em que foi criado, pelo mundo em que vive, revela-se deslumbrado, mais ainda do que já era.
A sua nova situação, para mais no meio em que vive, deveria alertá-lo para não dar nas vistas, para ter uma vida mais recatada. Faz precisamente o contrário.
Os seus novos patrões também não tiveram certamente tempo para o industriar devidamente. Houve muita pressa no casamento, sem um devido preparo no namoro.
“Trabalha” na sala de jogos eletrónicos, onde passa informações a outro agente. Até aí certamente nada de mais.
Pertence, juntamente com o pai, a um grupo restritíssimo de análise das situações referentes ao nuclear do País. (Não perguntem o quê nem como, que não entendi muito bem.)
Mas, imprudência das imprudências, puerilidade abissal, mal sabe informações sigilosas sobre uma instalação nuclear, logo, aproveitando um breve intervalo, as vai transmitir, no wc, via telemóvel, ao seu contacto (“Agnus”?)!
Mal regressou, houve controlo de telemóveis, pois que fora detetada a ocorrência de uma chamada, a partir do edifício onde estavam em reunião.
Estranho agente, ele, que não apaga sequer a chamada que fez, que nem com esse gesto lhe apagaria o rasto. (Bem não faço mais comentários, que o guionista tem que dar um determinado rumo à narrativa.)
E, para encurtar, na minha narração, que já se faz tarde, quem acha que vai pagar a fatura, por tabela?!
Pois, como calcula ou já sabe se também seguiu o episódio, a bela, a discreta, a prudente, Marine Loiseau!
E, mais uma vez, as ações de “Malatru” vão fazer pagar inocentes.
Visualizemos o próximo e penúltimo episódio desta segunda temporada!