« Alentejo, Meu Alentejo»
«ALENTEJO, MEU ALENTEJO»
«Alentejo, meu Alentejo!
(boca fechada) mmmmmm
Alentejo dos loiros trigais
Onde os ceifeiros cantam madrigais
Alentejo, planura sem fim
Que, todo, cabes dentro de mim
Mais do que a neve da serra
Mais do que a espuma do mar
O Alentejo é brancura
À luz branca do luar.
Solidão do Alentejo
Fontes, cruzeiros e alminhas
Cantam rolas e cigarras
No silêncio das tardinhas!
O pastor do Alentejo
Encostado ao seu cajado
Vai namorando a campina
Que é a mesa do seu gado!
Olhos vagos e profundos
Num sonho distante imersos
Há neles mais poesia
Do que num livro de versos.
Alentejo das debulhas
Das ceifas e dos montados
Dos ranchos de mondadeiras
Fiéis aos seus namorados
E do cavador tisnado
P’lo sol quente do meio-dia
Rude, branco e altivo
Fiel à sua Maria!
Alentejo dos sobreiros
Azinheiras e olivais
Alentejo, minha terra,
Eu quero-te sempre mais.
Alentejo das searas
Em Abril a ondular
E das chaminés branquinhas
Ao sol posto a fumegar.
Dos tarrinhos de cortiça
Das samarras e safões
Dos pastores e dos morais
Dos manajeiros e ganhões,
Símbolos deste Alentejo
Que eu pra bem poder cantar
Hei-de beijar a planície
De joelhos a rezar.»
“Exibiu-se no rancho de Aldeia em 1960.”
Notas explicativas:
Mão amiga fez chegar no ano passado, 2016, um conjunto de “cantigas” impressas em duas folhas A4, às mãos de D. Maria Belo. “Cantigas” essas que faziam parte do espólio de Srª D. Maria Águeda, distinta Professora Primária, natural de Aldeia da Mata, que exerceu o Magistério em Vila Viçosa, terra natal da célebre Florbela.
Além de “ALENTEJO, MEU ALENTEJO”, nesse conjunto, incluem-se ainda:
“O sino da nossa Aldeia”, “As moças da nossa Aldeia”, “Namoro”, “Marcha de Aldeia”, “Festa de Aldeia”, “Cantigas das nossas ruas (desafio)”, “Balada de Aldeia”.
Estas cantigas eram precisamente para serem cantadas e foram exibidas “no rancho em Aldeia da Mata no Verão de 1960”.
Esta publicação e divulgação no blogue é também uma homenagem e tributo de amizade e de consideração pela estima mútua.
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As fotografias são originais de D.A.P.L., de campos alentejanos, na Primavera, de 2016 e de 2017. A primeira tem como fundo a aldeia de Alagoa e a segunda foi tirada perto de Monforte.