Antologia da APP – Associação Portuguesa de Poetas (II)
XX Volume - 2016
(57 Autores)
Editor: Euedito
Introdução:
Conforme prometido, divulgo, no blogue, um segundo conjunto de poesias.
Autoria de:
- António José da Silva, António Pais da Rosa, António Teles, Aurélio Tavares.
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ANTÓNIO JOSÉ DA SILVA
“POEMA DUM DIA AUSENTE”
“Hoje não te vi, nem li, nem ouvi…
Vi o teu corpo como se fosses pedra,
esculpida no colo do meu poema.
Ontem, falámos muito… Deixaste-me letras que só nós
sabíamos,
Decifrámos palavras que só nós entendíamos!
e quando apaguei a luz, desliguei a própria lua, e disse-te:
Até amanhã, anjo!...
Depois dormi como tempo, e sabia que ao acordar tinha uma
palavra tua… e tive!
Mas sabia que hoje não estavas, não me decifravas, nem me
lias, nem ouvias.
A tua imagem soprou nos meus cortinados, trazendo os teus
lindos olhos de veludo.
Esperarei por ti!... Porque me disseste que vinhas.
Hoje!...”
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ANTÓNIO PAIS DA ROSA
“CANAS DE SENHORIM”
“Tua beleza talhada,
Com cores do meu pensamento,
Em ouro foste gravada,
Como era meu intento.
És a luz do meu olhar,
A beleza do meu ser,
Não te posso olvidar
És fulcro do meu viver.
Quando lá longe… bem longe,
Em terras ricas, pomposas,
Seguia-te, como monge,
Meu rico jardim de rosas.
Quero avivar meu passado,
Ser refém do meu presente
Ou de um futuro sonhado,
Mas tão frágil como ausente…
E, assim, CANAS te vejo,
Dar brilho ao meu ser,
E, como último desejo,
Vou cantar-te até morrer.”
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ANTÓNIO TELES
“TUDO TEM UM TEMPO”
“Neste momento eu queria estar
Olhando todas as mulheres que amei
Talvez até pra me decepcionar
Se se confirmasse que me enganei
Cada coisa no seu tempo é essência
Quando se elabora com convicção
O coração sempre manda na ciência
Mesmo quando ela nos vence na acção
É consabido não ser racional
A força que emana de um grande amor
A intensidade não tem igual
Nesse mais que desejado sabor
O amor só acaba quando nos damos
Conta, da queda das folhas da flor
Então, e mesmo que o chão, varremos
Jamais brilhará a antiga cor”
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AURÉLIO TAVARES
“UM LINDO FILHO”
“Eu tenho longe um lindo filho
Para além do mar há muitos dias
Triste espero que por muito sorrindo
Esteja vivendo sãs alegrias
É longa e vai sendo maior ainda
Esta primeira longa separação
Mas não é por estar longe que finda
A nossa já bem longa comunhão
Meu coração triste vai batendo
Bem mais fraco e quase sem vigor
Mas tenho eu mesmo de ir vivendo
Porque é bem vivo o nosso amor
Se assim não fora eu não vivia
Desde que há muito a medo vivo
Perdi muita coragem e alegria
Por ti tão só à vida estou cativo
Já velho e triste resta-me o sonho
Dum filho lindo longe mas risonho.”
Nota Final:
Ilustro o post com uma foto original de D.A.P.L., 2015, igualmente com a imagem de uma hortense rosa, no bonito “Solar dos Zagallos”, em Almada.
Sugestionado a partir da capa da XX Antologia.