As Árvores também têm História?!
As Árvores também têm História?! (I)
A pergunta poderá surpreender. Terão as Árvores também História ou terão pelo menos a sua história?
Já apresentei imagens de árvores impregnadas de História ou uma oliveira várias vezes centenária, quiçá milenar, é ou não um ser vivo carregado de História?! Um verdadeiro monumento vivo!
E esta “auracária-de-norfolk”, estando embora em propriedade particular é quase um ex-libris da Aldeia, pois faz sempre recorte na paisagem, nos mais diversos ângulos sobre a localidade.
Esta que apresentamos quantos anos tem? Diz-se que cada anel de ramos representa um ano de crescimento. Quem a semeou? Quem a plantou? Quando?
As árvores têm a sua História, a sua origem enquanto espécies, muito antes da Humanidade. E como seres vivos são complementares e interdependentes de e com os outros seres vivos, nomeada e especificamente com o Homem.
Todas as árvores têm a sua idade marcada nos respetivos anéis de crescimento. Ao cortar-se uma vêem-se perfeitamente no tronco esses círculos concêntricos que delimitam o quanto a árvore se desenvolveu anualmente, segundo as estações.
A Amendoeira, como espécie, é originária da Ásia Menor, outras fontes referem o Norte de África. É uma árvore tipicamente adaptada ao clima mediterrânico.
Esta, cujas fotos apresentamos, tem cerca de quarenta anos. Foi semeada no início da segunda metade da década de setenta do século XX, num caqueiro, resto de um asado ou infusa de barro que se partira, ficando apenas o fundo e parte do vaso.
Neste caqueiro coloquei terra estrumada e a semente, uma amêndoa de casca. E aí nasceu a planta.
Quando atingiu uma certa altura, passados dois, três anos, talvez, transplantei-a para o local onde se encontra. Plantada, protegia-a com uma rede para que o gado, as ovelhas, não a comesse. Devidamente regada no verão aí está ela, entrando nos quarenta…
Não é muito produtora, alguns anos em que muito apressada, ou enganada pelo tempo, logo floresce em dezembro e começa a frutificar, vêm geadas e tudo se perde.
Mas permanece e resiste ao clima destemperado do Alentejo interior e às vicissitudes da vida isolada, com poucas irmãs, por vezes com dificuldade na própria fecundação.
É proveniente de semente que trouxe de amendoeiras que bordejavam a estrada Crato – Aldeia, na zona das “Covas de Mau Vinho” até à “Meia Légua”, junto à “Lage do Meio Dia”. Havia várias, mas só já resta uma que ainda há pouca permanecia florida frente à Tapada da “Meia Légua”, onde muitos anos guardei ovelhas, nas férias. Provavelmente terá sido dessa ou de outra que havia perto que trouxe a amêndoa de casca para semear no vaso improvisado, mas usual na época, para plantar “flores”.
Todos os anos, ultrapassando todas as contrariedades, alegra o espaço e o caminho que bordeja com o seu manto alvar e virginal.
E algo que nunca vemos, mas que é um dos papéis imprescindíveis das árvores e de qualquer planta, até da mais rasteira ervinha. Dá-nos todos os dias, durante cada dia, através da fotossíntese, a sua dose de oxigénio, que nos é tão indispensável à nossa vivência diária.
A nossa vida é complementar e interdependente da das plantas.
Nunca lhes somos suficientemente gratos.
Realidade que não visualizamos, que a maioria de nós desconhece, que poucos de nós valorizam. Mas é um bem inestimável e incomensurável, esse contributo da mais humilde violeta, para além do inebriante perfume das suas flores ou mesmo de qualquer erva daninha! O oxigénio, O2, que todos os dias nos ofertam, sem nada nos pedirem em troca!
P.S.
Estou a escrever este post scriptum a 1 de Setembro de 2015, 3ª feira, pela tarde. Vantagens de escrever online. Pode-se sempre reescrever!
E é só para frisar que, este ano, a Amendoeira foi extraordinariamente produtiva!
É de inteira justiça frisar este facto!
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E volto a escrever diretamente no post.
Para informar que, em 2017, a árvore floriu apenas em Fevereiro. No dia um de fevereiro de 2017, apenas estavam em flor os ramos do lado leste e sul. Os do lado norte e oeste, ainda estavam em botão.
Este Inverno tem sido muito problemático. Apenas arrefeceu e começou a chover, ainda que pouco, no final de Janeiro. Até aí, houve sol, temperaturas moderadas e nada, absolutamente nada, de chuva. Que só caiu mesmo nos últimos dias desse primeiro mês. Terá esse facto influenciado a floração da árvore?
Como será a produção neste Verão de 2017?!
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Ainda outra questão, esta técnica. Se, hoje, oito de Fevereiro - 2017, refizesse facilmente este post, colocaria as fotografias mais realçadas, nomeadamente noutra dimensão. Merecem! Só que não é fácil refazer o post.
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Hoje, dia 9/Março/2018, volto a escrever no post.
No ano de 2017, todos sabemos como foi o Verão. Incêndios desde 17 de Junho, até 15 de Outubro.
Verão sequíssimo. Contudo a árvore deu quase 1000 amêndoas.
E a árvore também secou, apesar de ter um rebento nascido, que já protegi do gado.
Neste Inverno de 2018, o quintal e o caminho ficaram mais pobres. A árvore já não floriu!
E, finalmente, e só em Março, choveu de jeito. Hoje, até demais. Chuva e vento!