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Aquém Tejo

Há quem do Tejo só veja o além porque é distância. Mas quem de Além Tejo almeja um sabor, uma fragrância, estando aquém ou além verseja, do Alentejo a substância.

Há quem do Tejo só veja o além porque é distância. Mas quem de Além Tejo almeja um sabor, uma fragrância, estando aquém ou além verseja, do Alentejo a substância.

Crónica do Feijó 1 - A força do coletivo!

No dia 4 de Outubro, aconteceu magia e encanto em duas coletividades de cultura e recreio na novel freguesia do Laranjeiro - Feijó: O Encontro de Coros, no CIRL – Clube de Instrução e Recreio do Laranjeiro, comemorativo do 29º aniversário da Freguesia do Laranjeiro e o 4º Serão de Cante e Poesia Alentejana – “O Cante a Património Imaterial da Humanidade, UNESCO”, no salão de festas do CRF – Clube Recreativo do Feijó.

No 1º evento, ocorrido pelas 16 h, participaram: Coro Polifónico do Clube do Sargento da Armada, Coro Polifónico “Carpe Diem”, Grupo de Cantares Vozes na Idade de Ouro e Coro Coral Stravaganza, dirigidos pelos respetivos maestros. Cantaram e encantaram cada grupo a seu modo e seu saber, modas populares, tradicionais e clássicas, tendo cantado, no final, sem ensaio prévio, “Acordai” de Lopes Graça, dirigidos pelo maestro Edgar Saramago. Épico, acutilante e atual. Belas melodias e belas vozes proporcionaram uma tarde de salutar deleite espiritual, como só a audição de lindas músicas e canções pode proporcionar!

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À noite, pelas 21h, iniciou-se o segundo evento: Serão de Cante e Poesia. Participou o Grupo Coral e Etnográfico Amigos do Alentejo do Feijó, grupo anfitrião e organizador, o Grupo Coral da Adega da Vidigueira, o Grupo Coral Os Reformados de Ferreira do Alentejo, O Grupo Coral Os Alentejanos da Damaia e o Grupo Coral Os Bubedanas de Beja. Em Poesia enlevou-nos o Poeta César Salvado. Relativamente à Poetisa Rosa Dias também prevista de atuar, a Organização informou que não compareceria, por estar doente. (Votos de boas melhoras!)

No salão de festas do CRF, repleto, num palco tendo como cenário a projeção de uma paisagem alentejana, destacando-se um sobreiro, uma carroça e uma seara, atuaram os cinco grupos entremeados pelas prestações poéticas.

Parabéns a todos os intervenientes, muitos deslocando-se centenas de quilómetros, atuando por amor à arte, a troco de nada material, lutando com nobreza e galhardia por um ideal, oferecendo os seus préstimos a uma comunidade de ouvintes e amantes do Cante.

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Ouviu-se o murmúrio do vento nos trigais de antanho, viu-se o ondular das searas e das ondas do mar distante, escutou-se o balir dos rebanhos ausentes, o marulhar forte e agitado das águas em tempestade, as vozes telúricas das profundezas do mundo e entranhas da terra, o sussurrar doce e meigo da palavra amor num ouvido de mulher… Esteve ali vincada e majestosa a força da terra transtagana! A Alma de um Povo e de uma Cultura, a força do coletivo, da coesão de grupo, que não se deixa amordaçar por modas e consumismos estereotipados.

Em contraponto, de forma sempre atuante e oportuna, interveio o Poeta. Talento, mestria, saber, intuição e improvisação, sabedoria e estética, mas também força, intervenção e verdade nua e crua, disse excecionalmente poemas seus e de Ary dos Santos, tendo terminado, de forma brilhante, com “Soneto Presente”.

 

O último grupo atuante tem um nome que, à priori, não nos remeterá para a qualidade que ostenta e encerra na juventude dos seus componentes. Estavam apenas oito rapazes muito jovens, mas como referiram se iam esforçar para valerem por quarenta. E valeram, mas mais que isso. Valeram por oitenta! Tal a força, a energia, a garra com que agarram as modas. Modas em que conciliam a tradição e a modernidade, que bem apresentam inclusive no trajar.

 

Todos os grupos mereceram aplausos rasgados do público que desse modo não regateou encómios a nenhum dos participantes e que foram amplamente merecidos.

Parabéns também e especialmente à organização do evento, ao grupo anfitrião e seus elementos, às entidades autárquicas do concelho de Almada, que tão bem sabem acarinhar a Cultura, nas suas mais diversas manifestações artísticas e desportivas.

E também parabéns aos espetadores, pois nos momentos de intervenção dos artistas o silêncio era absoluto, quase religioso, mágico. Bem sei que esta atitude é um dever! Mas, por vezes…

 

E não resisto a questionar, como já fiz noutras ocasiões e também ouvi da voz do Srº Afonso, da Organização:

Que fazem as TVs portuguesas que deixam passar estes acontecimentos?

 

Nota:

Publicado em:

Boletim Cultural Nº 117 do Círculo Nacional D'Arte e Poesia, Ano XXV, Out. 2014

Boletim Informativo e Cultural Nº 69 de Associação Portuguesa de Poetas - Out./Nov./Dez. - 2014

 

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