Crónica do Feijó 2: CATS
CATS: Gatos e Gatas
Na pretérita 5ª feira, na noite de 16 de outubro, fomos Além Tejo para assistir a um espetáculo numa centenária sala (1892), renovada e adaptada aos tempos e modos atuais. Sendo, à nascença, sala de lides tauromáquicas, por onde passaram nomes lendários da festa brava, registados com as respetivas datas de atuação nos diversos camarotes por toda a praça, tem agora uma função generalista e polivalente, quem sabe talvez num futuro a sua única função, apresentando os mais diversos eventos, para além de funcionar também como um centro comercial. Nessa noite o espetáculo era de gatos e gatas, ou seja CATS, na praça de toiros do Campo Pequeno!
Lisboa já há alguns anos faz parte da rota dos grandes espetáculos internacionais dos mais diversos artistas e repetiu agora a exibição de tão afamado musical!
Com um cenário estruturado à base de objetos atirados ao lixo, um carro velho, pneus de carro e rodas de bicicleta, parte de uma porta velha, o resto de um fogão, um cano de esgoto e outros artefactos não identificáveis, tudo num enquadramento de semi-destruição e abandono de lixeira, em noite de lua cheia, como convém a gatos e gatas… Neste enquadramento, só ligeiramente alterado em poucas cenas, se desenrolou a ação e o enredo da peça musical.
A música é um dos grandes chamarizes desta peça, uma fábula sobre vários tipos humanos, sentimentos, estados de alma e estádios de vida, com realce para a velhice, os velhos, a sua sabedoria, a ascensão à merecida felicidade eterna, em contraste com a pujança, a força e os arroubos da juventude. As melodias, muitas são ícones da música, quem não recorda “Memory…”, mal começam os primeiros acordes? Recorda-se e persiste na memória a lembrança de tão bela melodia. Mesmo das mais desconhecidas ressalta geralmente uma lembrança. Passando das baladas para os ritmos mais frenéticos são todas empolgantes, tendo os artistas-cantores um desempenho notável. São artistas, atores, cantores, bailarinos, contorcionistas, ágeis como verdadeiros gatos e gatas, corpos de elástico, representando tipos humanos mascarados de felinos.
Com variadas mudanças de indumentária ou de acessórios se passava de uma cena à seguinte, transportando-nos ao cerne do enredo. Realce aos artistas que se transfiguravam nessas mudanças e personagens, sempre artisticamente maquilhados e caraterizados, verdadeiras obras de arte, sendo sempre felinos, mas gatos diferentes ou outros animais: canídeos, baratas, ratos.
Eram no total 28 artistas envolvidos, sendo 6 apenas cantores. Curioso que, no decurso das várias cenas coletivas, nunca estavam mais que vinte e um, três vezes sete, ou não tivessem os gatos sete vidas!
Coreografias e bailados mágicos e alucinantes, jogos de luzes, música a jorros, sempre encantatória ou não fosse Andrew Lloyd Webber o compositor.
A sala estava bastante bem composta, não estando totalmente cheia. Assistindo ao espetáculo da galeria, pese o inconveniente da distância, tem-se uma visão global da sala e da assistência e para quem tem que se socorrer das legendas até é conveniente.
O público não era o que habitualmente encontro nos espetáculos locais, como seria de esperar. Sinais de bem-estar e desafogo económico notavam-se sob vários ângulos, sendo que o trajar era o mais óbvio. Muitos jovens!
Antes do musical, ou chamar-lhe-ei ópera?, petiscámos na zona da restauração. Cheio, cheio, o espaço! (Crisis, what crisis?!)
Qual não é o meu espanto, quando vejo chegar, marcante presença e atraindo as atenções, a “tia Tété Gui, a rainha dos reality shows”. Mal chegou ao espaço restaurativo, talvez surpresa por ver tantos comensais em tempo de crise, sei lá!, estancou naquela atitude tão peculiar pondo a mão na anca! Mas, passada a surpresa inicial, fez pose e lá seguiu, provavelmente à procura de mesa.
Este não será o melhor final para esta crónica, mas uma fofoca apimenta o conteúdo.
Final, final, é dizer que adorámos o espetáculo!!!
E que tal pesquisarem no Youtube uma versão da melodia "Memory". Por ex. a versão de Barbra Streisand, a de Susan Boyle ou uma original de CATS?
Nota final: as fotos foram quase todas digitalizadas a partir do programa - www.uau.pt