"Culpas e Desculpas" – “The Guilt”
Série Britânica – RTP2 – 1º Episódio – 31 de Julho 2020
Imagem. In. https://www.zapping-tv.com/rtp2-estreia-minisserie-escocesa-culpas-e-desculpas/
Há muito que não escrevo sobre séries. Todavia, tenho continuado a visualizá-las na RTP2. Tenho visto, tenho apreciado, mas não me têm puxado para a escrita. Mais ou menos interessantes, acompanhar os seriados da RTP2, depois das 22h, é rotina.
Interessante o modus operandi deste canal sobre a transmissão dos episódios.
Quase sempre começam nova série à 6ª feira, de forma a deixar-nos presos para segunda, sem haver a quebra do final de semana. Porque, se findassem na sexta, quebrar-se-ia o elo entre uma terminada e o eventual começo de nova?! Seria?!
Vamos então à nova: “Culpas e Desculpas” – “The Guilt”, da BBC.
A ação decorre nos tempos atuais, na Escócia – Edimburgo.
Dois irmãos, bastante diferentes, nas perspetivas e percursos de vida, atropelam e matam um senhor, aparentemente na terceira idade, em frente da respetiva vivenda, numa zona residencial. O atropelamento ocorre à noite, sem testemunhas visíveis.
Provindos de uma festa de casamento, bebidos os dois, bem mais o mais velho, Max, que continuava a emborcar no carro, entregara a condução respetiva ao mais novo, Jake.
Este, com a desconversa do irmão, e também não muito seguro na condução, não se apercebeu do vulto no escuro, embateu no homem e mandou-o desta para melhor.
Sim, para melhor, dado tudo o que ficámos a conhecer posteriormente.
Perante a situação, o que fazer?!
Acionar o procedimento correto, segundo Jake, isto é, chamar autoridades, providenciar apoio ao sinistrado?! (Jake, irmão mais novo, dono de loja de discos, comprada pelo mais velho, músico falhado, sem vida familiar, meio desestruturado.)
Ou fazer o que dizia o mais velho, Max, casado, advogado bem sucedido. Isto é, ignorar, irem-se embora, ninguém vira, livrarem-se de responsabilidades acrescidas?!
Foram mais ou menos por esta via, após hesitações, dúvidas e peripécias, acabaram por arrastar o corpo para o interior da habitação, mesmo em frente. Sentaram-no na poltrona, como se tivesse morrido de morte natural, afinal descobriram que tinha cancro terminal, até lhe fizeram um favor, aliviaram-lhe o sofrimento dos meses finais.
Ficaram por aí?! Não! Para que servem as narrativas das séries, aliás muito bem contadas, como esta?!
Enlearam-se num novelo, de onde aparentemente não parecem sair, num pântano de dúvidas, de culpa, pecado e remorsos, de desculpas, que quanto mais querem esconder ou recalcar, mais fica de fora e à vista, que até houve uma vizinha que tudo viu, apesar do escuro da noite…
E já regressara a única sobrinha, provinda de Chicago, armada em detetive; a mulher de Max é coscuvilheira como poucas, sempre desconfiada do marido; este tanto quer esconder e mostrar inocência, que até recontrata ex detetive às suas ordens…
Bem, um imbróglio em que se meteram, que para sabermos como termina, só mesmo seguindo a mini série. São apenas 4 episódios!
E algumas questões que me azucrinam os ouvidos…
O homem não se terá atirado voluntariamente?! E como saber?! (…)
E aqueles sentimentos?! Culpa e remorsos… Crime a puxar para o castigo… A permanente ida e vinda ao local de ação criminosa… A dualidade de perspetivas entre os dois irmãos, que tanto se afastam como se aproximam… (?)
Todos estes aspetos narrativos, este modo de contar, não nos lembrarão outras leituras, outros romances, de um conhecido escritor novecentista russo?!