Descortiçamento. Uma pipa de massa?!
A saga do Descortiçamento no Ervedal – Aldeia da Mata – Crato
(15 de Junho de 2022)
Relativamente a esta tirada da cortiça, Caro/a Leitor/a, dissera eu que poderia ter pensado: “Mas que pipa de massa este gajo terá ganho!”
Lancei essa pergunta em anteriores postais, prometi divulgar o assunto, tanto a “Cheia”, como a “Rykardo”.
Lembro que esta venda a um empresário do ramo, incluiu também uns eucaliptos.
Atentem, meus caros! A verba que recebemos foi, nem mais nem menos, quinhentos euros! Uma fortuna, já se vê! Nem chega a um ordenado mínimo!
E ainda sobre este descortiçamento de 2022, friso que o empresário, o Sr. João Alves, que conduz a furgoneta onde vai transportando as pranchas de cortiça, traz, nesta faina, cinco pessoas, nas quais se inclui o filho, engenheiro Nuno Figueiredo, que como comentei com o pai “mede meças”!
Esta faina é sazonal e os trabalhadores são temporários nestas funções. Não sei se, além do filho, alguns dos outros profissionais serão efetivos na empresa.
Na data mencionada, a atividade envolveu o conterrâneo António Caetano, um senhor com quem nunca cheguei a falar e mais dois senhores, um da Cunheira, que enquadrei em postal e outro do Crato. Apesar de ter falado com eles, não cheguei a perguntar-lhes os nomes. Pensara fazê-lo numa entrevista final, mas quando surgiu essa possibilidade, no intervalo que efetuaram cerca das nove horas, para breve descanso e uma bucha, eles não quiseram ser entrevistados. Estavam visivelmente extenuados e esfomeados. Naturalmente.
Iniciam o trabalho pelas seis horas da manhã, andam numa lufa-lufa três horas seguidas, fazem essa pausa cerca das nove horas, para comerem e relaxarem um pouco e continuam até às treze horas.
E quanto ganha cada trabalhador?!
Já respondi em comentários, tanto a “Cheia”, como a “Rykardo”.
Ganham cem euros limpos, por dia. E o empresário paga-lhes seguro e segurança social.
O que ronda cerca de 150 euros diários por cada trabalhador.
Estes são assim alguns dados sobre esta atividade tão peculiar.
E porque divulgo nos blogues estas narrativas sobre “Descortiçamento”?!
Porque, nas já algumas dezenas de anos de vida que tenho, este ano foi a primeira vez que assisti a esta faina. Provavelmente nunca mais presenciarei esta atividade!
Cumulativamente, ocorreu em propriedade nossa e em sobreiros que meu Pai e eu semeámos.
A atividade, per si, é por demais digna de relevo, divulgação, registo. É única, sazonal, periódica, merece valorização e ser dada a conhecer. Pena tenho que ainda não consiga deixar registados alguns dos vídeos que gravei!
É um trabalho artesanal, ancestral, quem sabe se, daqui a alguns anos, terá continuidade?! Pouca gente sabe fazer, são profissionais já não muito jovens. A pessoa mais nova está na casa dos quarenta. Os outros cinquenta e sessenta.
A cortiça é uma das nossas especificidades económicas. E até sócio cultural!
Penso que é uma experiência que se devia proporcionar, dar a conhecer a jovens.
E fica registado, para memória futura!
E já agora e também para memória futura:
Em Almada, a Câmara Municipal tem territórios em que há sobreiros enormes que não são descortiçados há anos. E bem que precisam. Lancem-se nessa empreitada. Promovam-na e aproveitem-na sob as múltiplas perspetivas em que pode ser enquadrada. Desenvolverei sobre o assunto, algum dia…
Saúde! E Paz!
E bom Verão! Hoje já se parece um pouco mais consigo mesmo, o Verão.