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Aquém Tejo

Há quem do Tejo só veja o além porque é distância. Mas quem de Além Tejo almeja um sabor, uma fragrância, estando aquém ou além verseja, do Alentejo a substância.

Há quem do Tejo só veja o além porque é distância. Mas quem de Além Tejo almeja um sabor, uma fragrância, estando aquém ou além verseja, do Alentejo a substância.

"Hospital Real" em 2ª reposição na RTP2

Television de Galicia

5º Episódio, ocorrido no sábado dia 10 de Dezembro de 2016

 

De facto, a RTP2 volta a repor esta excelente série galega.

 

Agora, aos sábados, após a hora do almoço, em vez da sesta, que é inverno, pode ver ou rever esta notável série. (Não sei ainda a hora exata, mas haverei de saber, e contar.)

No sábado passado ainda ocorreu apenas o Episódio nº 5 – quinto episódio.

 

Não é uma série de grandes recursos técnicos, nem de grandes efeitos especiais. Também não terá um orçamento por aí além, digo eu, que não fui visto nem achado no assunto.

Mas consegue captar-nos a atenção. E muito!

E, pelos vistos, não apenas a mim, pois se a RTP2 já vai na terceira apresentação da série é porque ela está a ser vista e apreciada. O que eu também noto nas visualizações dos posts respetivos no blogue.

 

E porquê?! Porque terá este seriado tanto sucesso?!

 

Falo por mim, evidentemente que revi este último episódio, lembrava-me muito bem do enredo, mas visualizei-o com o maior dos interesses.

Indubitavelmente, pela sua qualidade.

hospital-real-tvg2- Atores. In. ABC Galicia.jpg

O facto de ser um seriado histórico, sobre uma época conturbada, o dealbar do século XVIII, 1793, o ocaso do Antigo Regime, o prenúncio de uma nova sociedade, a ascensão da burguesia como nova classe a tornar-se dominante, o declínio e perda de importância da nobreza e do clero.

Fundamentalmente as mudanças sociais e políticas que se sentem e pressentem na vida, no Hospital, um microcosmos da sociedade mais geral.

Em pano de fundo, a Revolução Francesa e seus efeitos

 

A reconstituição histórica, nomeadamente no trajar dos personagens. Apesar da teatralização representativa com aqueles fatos sempre tão impecáveis. Sente-se muito esse sentido de palco que, se por um lado, nos afasta do conceito mais real, associado a filme, por outro nos aproxima mais do conceito de teatro.

 

E que falta faz o bom Teatro na televisão!

Talvez o facto de esta série, de algum modo, tão “próxima” do teatro, ter agradado tanto, talvez, digo eu que sou leigo no assunto, talvez seja sinal de que o público anda ávido de bom Teatro e de boas representações.

Deixo esta dica à consideração de quem gere a programação das RTPs.

 

Talvez, precisamente essa representação tão teatralizada funcione como um chamariz para o público.

Na verdade, temos que reconhecer que o Teatro é um tipo de espetáculo que anda praticamente ausente das nossas televisões, assoberbadas com outros processos narrativos.

Há quanto tempo não passa um bom Teatro na televisão?

 

Os diálogos, estruturando um enredo, em que com o que dizem é mais o que escondem do que o que demonstram abertamente, sempre em jogos táticos, definidores do poder e posição social de cada um.

Os olhares dizendo-nos tanto ou mais do que o que foi verbalizado oralmente.

O trabalho dos atores e das atrizes, com excelentes desempenhos, praticamente sustentados nas falas de cada um, nas réplicas, tréplicas e subentendidos.

Representação quase apenas centrada nos rostos, na expressão facial, traduzindo-nos ideias, pensamentos e sentimentos. Que com aqueles trajares pouco se observa dos corpos, nem assim vestidos pouco podem transmitir de expressivo.

Mas os trajes, per si, são definidores de cada personagem, do seu papel a desempenhar.

E, nestes aspetos, acentuamos novamente o lado da teatralização.

 

O jogo do poder pela conquista da gestão do Hospital, como se de um jogo de xadrez se tratasse, cada personagem, uma peça, no xadrez dessa batalha pela conquista do almejado lugar de administrador.

Estruturante também os assassínios em série(?).

hospital-real-tvg1- Medicina In. ABC Galicia.JPG

A questão da Medicina. Dos conhecimentos, da respetiva prática, da deontologia médica, dos valores de cada um e dos “progressos” que se sentem. Os instrumentos cirúrgicos. Os meios disponíveis, se tal se pode assim mencionar.

Este é também, indubitavelmente, um dos campos de interesse na narrativa.

 

O enredo, o guião, os atores e atrizes, já o disse, mas não é demais repetir.

 

hospital-real-tvg3 Heroi e Mocinha In. ABC Galicia

 

E o(s) romance(s), claro!

 

Todos estes aspetos e mais alguns, que não disse, ou a minha perspicácia não observou e aqueles que fui abordando nas minhas narrações sobre a série, que fará o favor de ir lendo, todos estes aspetos nos prendem ao seriado.

 

Veja, se faz favor.

Reveja, caso já tenha visto. Ou até reveja o revisto, que até está a ser o meu caso!

 

E, espante-se e maravilhe-se!

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