"O Lugar das Árvores Tristes"
Livro de Lénia Rufino, romance, 1ª edição – Manuscrito - Lisboa – Março 2021
O título reporta-nos para um dos locais que temos mais certos na nossa Vida. As árvores, como dedos apontando para o céu, são marcantes e identitárias do espaço, pelo menos em Portugal.
Nas imagens elucidativas, ilustrando o postal, não tendo nenhuma foto específica, optei por utilizar fotos de cedros, plantas que eu próprio semeei e plantei no Chão e no Vale. Para aí nos anos noventa. (Mas, com estes particulares, estou-me desviando do essencial.)
A ação da narrativa decorre no Alentejo Norte, em duas pequenas povoações, uma mais um lugarejo, outra, um pouco maior. Nos anos de 1992, tempo presente na narrativa e 1968, tempo pretérito.
As personagens principais?
Isabel, jovem estudante de dezoito anos, inquiridora, pesquisadora, “perguntadeira”, querendo obter respostas sobre pessoas da localidade, já falecidas, nomeadamente sobre as respetivas mortes, que a intrigavam sobremaneira. (Esta personagem funciona, de certo modo, como alter-ego da Escritora?)
A mãe de Isabel, Lurdes, alvo primordial das perguntas da filha. Ela será mesmo a personagem principal. Ao não responder, ou fazê-lo por evasivas, ou desviar o assunto e o rumo da conversa, só aumentava a curiosidade e o interesse de Isabel.
Esta sua curiosidade e perspicácia policial levaram-na a equacionar a possibilidade da mãe, Lurdes, ter um diário. Daí a procurá-lo, foi um ápice.
Encontrá-lo-ia no sótão da casa, entre papéis velhos e fotos.
E a partir da respetiva leitura, clandestina, todo um desenrolar de um ou diversos novelos sobre a vida da mãe, enquanto jovem e o seu modo de ser e de estar como adulta, vieram à superfície e conhecimento de Isabel. E também possíveis respostas ou pelo menos suposições, para as mortes inexplicáveis de algumas pessoas da localidade e que tanto intrigavam a jovem.
Nós, enquanto leitores, somos levados nesta inquietação de Isabel e, com ela, queremos também descortinar e esclarecer os segredos que aquele diário revela e os mistérios que pairam sobre mortes e vidas de algumas pessoas das localidades.
Outro personagem, também crucial no desenrolar do enredo, é Monsenhor Alípio: pároco nas duas localidades, cujos nomes desconhecemos. Primeiramente, na localidade mais lugarejo, nos anos sessenta, onde Lurdes nascera e vivera na infância e na primeira adolescência. E nos anos noventa, na segunda localidade, onde decorre a narrativa no tempo presente, onde passou a viver Lurdes a partir dos catorze anos, onde casou e lhe nasceram as duas filhas, Isabel, a mais nova e Luísa, a mais velha.
Ele, personagem enigmática e de poder, em ambas as aldeias, funciona como contraponto de toda a vida de Lurdes e do desenrolar da ação e enredo.
(Não vou contar a história, que não sou escritor, nem narrador.)
Mas, digo ainda, que Lurdes teve outro filho resultado de uma violação aos catorze anos. Violação, crime, a que Monsenhor assistiu, mas não interveio. Esse filho foi-lhe retirado por Monsenhor, que o enviou a criar por uma irmã, para os lados de Viseu. Mais velho que as duas meias-irmãs, estudará no Porto.
Este livro lê-se com muitíssimo agrado, envolve-nos na narrativa e queremos obter respostas para as dúvidas e questões da jovem.
Um livro nos moldes tão atuais: funcionará como uma saga. Digo eu, que não falei com a Escritora.
Surgirá outro volume, assim espero. E, nele, Isabel procurará encontrar o irmão, chamado João, em homenagem a João Tordo, mentor da escritora Lénia. É ela que o diz, nos “Agradecimentos”.
E esclarecerá quem foi o violador de Lurdes?!
Provavelmente, sim!
E Caro/a Leitor/a, se, por acaso, teve oportunidade de ler a narrativa, quem acha que foi?!
Na minha opinião foi uma pessoa de poder! Quem?! Tenho uma suposição, mas não a divulgo.
Muita coisa fica por contar.
Um último reparo, que pensara escrever inicialmente. Esta é uma obra de ficção, como refere a Escritora.
Parabéns à Escritora, a Si, Caro/a Leitor/a e Boas Leituras!
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