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Aquém Tejo

Há quem do Tejo só veja o além porque é distância. Mas quem de Além Tejo almeja um sabor, uma fragrância, estando aquém ou além verseja, do Alentejo a substância.

Há quem do Tejo só veja o além porque é distância. Mas quem de Além Tejo almeja um sabor, uma fragrância, estando aquém ou além verseja, do Alentejo a substância.

Pós Descortiçamento: Pintar o 2, nos sobreiros do Ervedal!

Um trabalho, numa agradável manhã de nevoeiro: Aldeia da Mata.

Calor! Calor! Isto está um inferno, aqui por este Norte Alentejano. Por todo o Portugal. Só de manhã está algum fresquinho que permite executar alguns trabalhos no campo. Regas, principalmente. Quem tem hortas, hortejos, quintais, quintarolas, jardins e outros espaços que tais, é de manhã ou ao final da tarde, bem final, que realiza essas regas.

Mas não é destes meus trabalhos diários, que atualmente realizo, sobre que vos venho falar.

Alguns dos últimos postais, que publiquei em semanas anteriores, de Junho e de Julho, abordaram o Descortiçamento realizado a 15 de Junho no Ervedal. Aproveitei para observar, fotografar, registar em vídeo essa atividade. Que divulguei. Como forma de dar a conhecer e documentar.

Sobreiros marcados. Foto original. 2022.07.06.jpg

O/A Caro/a Leitor/a sabe certamente, já terá observado, quando viaja por este Alentejo profundo(!)… (Acho este termo um tratado! Profundo mesmo!)… Digo, quando se desloca por estas Terras Aquém do Tejo e passa junto a sobreirais, verifica que cada árvore tem registado, pintado, um dos dez algarismos. Saberá também, certamente, que esse dígito se reporta ao algarismo das unidades, do ano em que foi descortiçado. Como a cortiça é retirada de nove em nove anos e os algarismos são dez, nunca há razão para haver engano face ao último ano em que se descortiçou e o ano em que será descortiçado a seguir.

Face a este facto normativo, os sobreiros descortiçados no Ervedal também tinham de ser marcados com o algarismo 2, dígito das unidades deste Ano de Cristo: 2022. (Inferindo-se que o próximo descortiçamento será lá para 2031!)

Foi esse trabalho que realizei na passada semana, a seis de Julho, 4ª feira. Fui de boleia com o Sr. José António, bem pela manhã e pouco depois das seis já lá estava. Estava um tempo como há muito, muito tempo, não vivenciava! Maresia, nevoeiro baixo, neblina, encobrindo a paisagem. Corri toda a propriedade, de sul a norte, e vice-versa, de leste a oeste, de poente a nascente, por todo o espaço onde os sobreiros se espalham naquele meio planalto, de colinas suaves, de cerca de onze hectares. Sempre aquela frescura abençoada, envolvendo plantas e animais numa neblina refrescante, permitindo realizar a tarefa com imensa agradabilidade. Nalguns pontos, debaixo de algumas árvores, pingavam gotas de água. Parecia chover! Mas não. O vapor de água que forma o nevoeiro, em contacto com o tronco, ramos e folhas da árvore, condensa-se, passa ao estado líquido e, pingando, dava a sugestão de chuva. Abençoada manhã! Bendita tarefa que realizei com imenso gosto, cerca de três horas. Pouco depois das nove já estava despachado.

Fresco, fresco. Nada deste calor infernal em que estamos, em que tudo se torna penoso de realizar. E, além do mais, estes fogos, um inferno de verdade. (Tomara cá o Inverno, para refrescar!)

Estando o Sr. José António ainda demorado no respetivo trabalho, na Taipa, vim a pé até à Aldeia. São cerca de dois quilómetros e meio, meia légua. E o sol só apareceria para lá da neblina, depois das dez horas!

Bendita e refrescante manhã. Abençoado trabalho que adorei realizar!

A foto documenta Sobreiros, dos que meu Pai semeou, pintalgados com o 2.

 

5 comentários

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    Francisco Carita Mata 15.07.2022 18:06

    Obrigado, Maria João. Que lá cheguemos, daqui a 9 anos! Com capacidade para ir lá pintar o algarismo 1!
    Saúde, paz e continuação de excelência poética. Tenho um poema iniciado sobre o tema, que "escrevi" parcialmente, enquanto pintava o 2... naquela manhã brumosa...mas a Musa?!
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    Maria João Brito de Sousa 15.07.2022 20:40

    Muito me conta, Francisco :) Provavelmente a sua Musa resolveu juntar-se à minha , de cujo paradeiro não faço a menor ideia desde que escrevi A Censora...

    Musas?! Não sabemos viver sem elas, nem com os caprichos delas :)
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    Francisco Carita Mata 15.07.2022 22:56

    Está visto que a Censora fez censura. Saúde e que venha tempo mais fresco. Obrigado pela atenção.
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    Maria João Brito de Sousa 16.07.2022 14:09

    Pelos vistos, fez... :) Mas, hoje, a Musa lá se dignou a fazer-me uma brevíssima visita e impôs a Razão à censura.

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