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Aquém Tejo

Há quem do Tejo só veja o além porque é distância. Mas quem de Além Tejo almeja um sabor, uma fragrância, estando aquém ou além verseja, do Alentejo a substância.

Há quem do Tejo só veja o além porque é distância. Mas quem de Além Tejo almeja um sabor, uma fragrância, estando aquém ou além verseja, do Alentejo a substância.

“A Fraude” - “BEDRAG” - Série Dinamarquesa

Série da RTP2

Dez. 2016

 

Temporada 2 – Episódio 6

(4ª Feira – 28/12/2016)

 

Bedrag saison II  in.IMDb.jpg

 

A Sìntese possível e o Enquadramento do Enredo e de Personagens

 

Mais uma Série Europeia!

A RTP2 tem-se especializado e esmerado nas séries dos países europeus e faz muito bem. Dizem-nos mais. Pelas suas temáticas, mesmo quando provindas dos Países Nórdicos, caso da Dinamarca, de que nos apresentaram, até agora, a inultrapassável “Borgen”, das que abordam temas atuais, e também a muito interessante “A Herança”.

 

A que atualmente projetam, “BEDRAG”, no original, certamente da palavra dinamarquesa “bedrageri”, fraude, e é esse o título em português: “A Fraude”.

 

Só peguei na série já na 2ª temporada.

Ocorreu ontem, 28/12/16, o 6º episódio da temporada em curso. Provavelmente estará quase a terminar.

 

Mundo atual, com todas as suas idiossincrasias. Alta finança, corrupção, canibalismo bancário, políticas e polícias anti fraude, os cordelinhos da lei, que permitem apanhar o peixe miúdo, mas o graúdo, passa pelas respetivas malhas. Aspetos da vida pessoal dos personagens mais marcantes…

 

Um banco poderoso, “Nova Bank”! (Onde já ouvi este nome tão original (?), e onde já se viu atribuir nome de novo ao que é tão velho?!)

 

Neste banco, um diretor /presidente / chefe / dono / acionista maioritário, que ainda não fui informado das respetivas funções no organigrama bancário, de nome Knud Carl Christensen  - KCC, está fartinho de fazer das suas, (dele!), no banco e na sua relação com clientes e outras instituições, inclusive tendo levado à morte de inocentes, mas que continua cá fora, numa boa, a comandar ações, de actos e ações, de finanças, usando outros como fautores do que é ilegal e/ou criminoso.

“Atualmente”, através do seu Nova Bank, prepara-se para engolir outro banco, com reputação de honestidade e valores diferentes (?!), o Absalon Bank, gerido até aqui, por dois irmãos gémeos, não verdadeiros, Amanda, o cérebro criativo e Simon, mais executivo.

 

A trabalhar com os dois irmãos, “mano & mana”, está Cláudia Moreno, advogada talentosa que fora tramada por KCC na primeira temporada, no contexto de fraudes ligadas a uma empresa de energia “Energreen”, trama que a levara à prisão com todas as sequelas subsequentes.

Agora, liberta, ainda sob liberdade condicional, procura retomar a sua vida profissional e também pessoal, em que se destaca a tentativa de conquista do afeto do filho, de quem se viu separada e, porque não?, também de um novo amor!

 

Convém frisar que a sigla KCC também define uma firma de uma holding, sediada nas Antilhas Holandesas. O esquema de que estamos pelos cabelos, de tanto o constatar nas nossas tristes realidades!

 

Cláudia está a fazer tudo por tudo, para que o dito cujo KCC seja apanhado, como merece. A sua associação aos manos vem nesse contexto e objetivo.

BEDRAG policias. in. IUDb. jpg

No combate à fraude, uma Unidade Anti Fraude, nela pontificando dois polícias Alf e Mads, que tudo fazem, com profissionalismo e algum sentido de missão e ideal, para conseguirem apanhar os criminosos, que estão muito bem blindados, com todos os suportes habituais nestes esquemas, infelizmente demasiado verdadeiros.

 

As investigações e perspetivas dos vários intervenientes, focalizadas em KCC, (uma espécie de DDT?) hão-de cruzar-se e, certamente, engavetar o manda chuva.

Assim esperamos a não ser que os guionistas queiram prolongar a temporada ou, para nossa desgraça e frustração, imitar a realidade.

 

Voltando a KCC, que manipula a narrativa da estória, ele dispõe de personagens que executam ou mandam executar as tarefas violentas e ilegais.

 

Um, marcante, intermediário primordial, é designado como Sueco, certamente devido à sua naturalidade: “Svenskeren”. Significa sueco em dinamarquês?

Este é o mandante das ações violentas, agindo às ordens de KCC.

Por sua vez, delega estes atos, pois tem às suas ordens um mecânico de automóveis, seu homem de mão nos atos de violência ou fora da lei: roubos, colocação de escutas, vigilância e entrada abusiva em domicílios, … E, por vezes, mortes. Que me parecem ter acontecido mais por acidente, descuido e inépcia do autor, rapaz meio destrambelhado, de nome Nicky, marcado por uma infância violenta, passivo de agressões paternas.

Este executa tudo quanto é ilegal, já tem à sua conta algumas mortes, ocorridas nem sempre de forma direta e intencional, e agressões, inclusive ao agente Mads.

Já se cruzaram várias vezes, esteve quase a ser descoberto, neste 16º episódio, na casa onde sequestrara a jovem que viria a morrer.

 

A narrativa encaminha-se para esse cruzamento acontecer, e quando tal ocorrer e simultaneamente a investigação dos agentes anti fraude se encontrar com os conhecimentos da advogada talentosa, Cláudia Moreno, e concernentes investigações, teremos o clímax do enredo.

 

Teremos?!

Depende do guião ou guiões previstos e do eventual, hipotético e sempre possível prosseguimento da narrativa em futuras temporadas.

Que os guionistas, quando tal lhes convém, esticam o conteúdo narrativo até ao limite, por vezes, enredando, por demais, o enredo!

 

Por agora, aguardemos o resultado da OPA do Nova Bank sobre o Absalon Bank.

 

E, como sempre, fica muito por contar. E personagens de que falar!

 

E como isto tudo soa a tão tristemente real!

política, politiquices, “fait – divers”, aforismos

Cultura – Cidadania

Bofetadas e Outras Coisas Mais

 

Quando criei este blogue não foi para falar de política, muito menos de politiquices.

 

Nem de fait – divers.

(Note-se que, aqui, e neste caso, este termo francês, não é para ser lido com a locução original, mas para ler “à portuguesa”, como fazia um peculiar participante do primeiro “big – brother", quem ainda se lembra disso?! Aquele que foi ganho pelo célebre Zé Maria. O concorrente acho que se chamava Marco.)

Sim! Porque este episódio, que tem enchido os Media, em todos os suportes e contextos, não passa precisamente de um excerto de um “bigue brader”, de um qualquer “reality-show”, em que se tornou a política em Portugal.

 

E vai lá a gente resistir a comentar também?! E não é para isso que existem a Liberdade de Expressão e estes novos suportes mediáticos, que democratizam o acesso à Informação?!

 

Pois então, aí vamos nós!

“Areia para os olhos”, para “divertir o pagode”! Assim poderia designar este acontecimento. E aqui entramos no domínio dos aforismos.

E, ainda neste campo, poderia parafrasear o célebre dito de que “com amigos destes...”, sentenciando que: “Um governo com ministros assim não precisa de oposição.”

 

Que este governo vai estar permanentemente escrutinado e debaixo de fogo, que não me interesso especialmente por este ou por outro, mas, como já referi, o que é preciso é termos Estabilidade e uma Governação que traga Dignidade, especialmente aos que dela foram espoliados em anteriores governações. E esta governação teve a peculiaridade de constitucionalmente suportar uma maioria, que os “Senhores Bem Pensantes da Alta Cultura Nacional” tanto anatematizaram ao longo de quarenta anos de Democracia!

E os “Senhores Fazedores de Opinião”, colocados estrategicamente nos media, vão sistematicamente bombardear a governação, aproveitando os lados mais fracos. E, digamos que descobriram um alvo ideal para o efeito, que até se põe a jeito!

E, não têm esse Direito? Claro que sim, têm!

E o ministro não tem Direito de resposta?

Claro que tem. Mas, enquanto Ministro, a resposta deveria ser dada de outro modo, até noutro contexto, ou fazer como diz o rifão: “Mulher séria não tem ouvidos!”

Ou parafraseando Ghandi, “Que as obras falem mais que as nossas palavras!” (Não será exatamente assim, que cito de memória e em tradução livre.)

 

E, continuando ainda no contexto de adágios, poderia dizer que: “Tantas vezes vai o cântaro à fonte, que lá deixa a asa.”

E isto a propósito do cargo e de quem o ocupa. Que entre partir-se o cântaro ou ficar apenas desasado...

E, por enquanto, segundo também os media veiculam, apenas houve “advertência”, nem sequer “cartão amarelo” e, aqui entramos noutro enquadramento também tão querido neste país de “big-brother”, o universo futebolístico, outro campo que é tão utilizado como venda para os olhos do “zé povinho”.

 

E que falta nos fazia um Bordalo! E um Eça!

 

Grabado de Francisco de Goya se quebro el cantaro.

 

E, para ilustrar, escolhi da net, uma imagem de uma célebre pintura de um Génio dessa Arte: Goya. Da série “Los Caprichos: Se quebró el cantaro”. Remeto para o link.

E isto tudo, porque se trata de Cultura. E Cidadania!

(Que face à notícia cujo link registo no final, ainda torna a imagem mais sugestiva. Pois acho que o castigo foi demasiado. Acho que é um sinal de que o cântaro é de barro. Lá se vai a Estabilidade. Haverá já muita gente a "cantar de galo! De novo, aforismos!)

 

*******

 

E Outras Coisas Mais?!

Também sobre outra notícia muito menos destacada: Aqui!

As nomeações que um Outro Senhor Ministro fez para o “seu” Ministério.

Certamente por uma questão de segurança. E de apoio social, a tantos desvalidos da Sorte!

 

Que, isto das nomeações, o que é preciso é ter a Cor Adequada: amarelo, grená, anil... (...)

E tornando às máximas. Para quando “Cor de burra a fugir”?

 

E quem vai já fugir deste post, sou eu.

 

Não, sem antes sentenciar, ainda:

- Que os Senhores Detentores do Poder Político deste País, desta Nação, deste Estado, que se chama Portugal, tenham a Coragem de agir segundo a Lei, de que todos os Cargos Públicos estejam sujeitos a Concursos Públicos Nacionais! Que valha a Competência e não o Compadrio!

 

Já agora, gostaria de deixar uma Questão.

Qual o peso que terá ou não a distribuição de prebendas nestes azedumes entre Poderes?

O que acha, Senhora Leitora? Senhor Leitor?!

(Todos sabemos como as sinecuras são importantes. Muito! Mesmo nas Altas Culturas! Que até me lembram Kim e Gro da pretérita série “A Herança!)

 

Nota!

Acabei de escrever este post e, ao publicar, vejo esta notícia:AQUI!

 

Máxima Final:

Antes que se partisse o cântaro, quebrou-se a asa!

Mas não esqueça, cara Leitora e caro Leitor que, o cântaro já fica desasado. E as pedras a serem atiradas à bilha vão continuar, Para mais, agora...

Terá, este País, conserto?

 

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“A Herança” – Série Dinamarquesa - T 2 – Ep. 7 - (17º Episódio)

Arvingerne” / “The Legacy

 (28/03/16 – 2ª Feira, de Páscoa)

 

Pela boca morre o “Peixe” ou como Gro não conseguiu fazer render o dito.

Nem ver os seus dotes artísticos reconhecidos pelos irmãos!

 

Em episódios anteriores, Gro fora fazendo dinheiro à custa de parciais “falsificações” das peças da Mãe.

“Falsificações”, apenas parcialmente, porque todas aquelas peças tinham sido produzidas, ainda que isoladamente, por Veronika. Gro limitou-se a juntá-las, enquadrando-as numa certa perspetiva pessoal, soltando, de certo modo, a sua própria veia de artista. E, ninguém como ela trabalhara tão de perto com a mãe, presenciando o seu processo criativo. Nada do que ela fez foi virgem no contexto da Arte, que esse comportamento foi ato corrente entre os Clássicos e mesmo com outros artistas, de que Salvador Dali é um exemplo paradigmático.

De outras peças produziu mais que um exemplar, que vendeu para diferentes países. E foi sempre por uma boa causa: obter dinheiro para conseguir libertar o irmão Emil, do presídio no paraíso tailandês.

Ao todo, terão sido quatro, as supostas falsificações.

 

E vem este assunto a propósito, porque Emil e Frederik, também já a viver no Solar, se puseram a esgaravatar no celeiro onde funcionava a arrecadação das peças sobresselentes da Artista, todos os restos de coleção e, a partir, precisamente das peças isoladas que foram encontrando, intuíram que a célebre Obra-Prima, intitulada latinamente “Corpus”, fora afinal fabricada postumamente à morte de Veronika e, portanto, falsificada. Por Gro.

Disso deram conhecimento a Signe, sempre acompanhada por Melody, e ficaram os três muito apreensivos, preparando-se para enfrentarem Gro, mal ela chegasse, o que não tardaria. Melody, cada vez mais da Família, que Isa, a mãe biológica, terá abalado de vez e o pai Tomás está preso a uma cama de hospital, paralisado, sem se conseguir mexer, e a alimentar-se por uma sonda. Melody, repito, limitou-se a chorar, mas de fome que, de legislação artística não percebe nada, e fomita e algum desleixo, apesar de tantos cuidadores, que até Frederik dela cuida, é do que ela padece, de falta de cuidados parentais, apesar de tantos pais e mães adotivas.

 

E Gro chegou ao local do crime. Melhor, ao lugar ou palco das suas encenações artísticas.

Confrontada pelos irmãos, primeiramente negou, mas acabou por confessar, que a sua expressão facial foi logo uma revelação. Justificou-se com a libertação de Emil, acusou Frederik de quase a ter morto. (...)

Mais uma vez estão nas mãos de Signe, que não quer ser envolvida, nem acusada de falsária. Que até já vendera essa célebre Obra-Prima ao sapientíssimo Kim. Com o dinheiro obtido, investira novamente na agricultura: o seu Sonho. (Mas ela tem lá direito a sonhar, com aqueles irmãos de permeio? Só pesadelos!)

Através de Leone, sua advogada, diligenciou para que Kim lhe vendesse novamente a Obra, oferecendo-lhe mais dinheiro.

Mas é evidente que o especialista não quis. Com essa Obra única na sua posse, na sua Fundação, vai lá agora desfazer-se dela, nem pensar!

 

E Signe fica entre a espada e a parede.

Irá ela denunciar a meia-irmã ou não?

O que acha, caríssima leitora e caríssimo leitor?!

 

Façamos um hiato.

Como já constatámos, Frederik também assentou arraiais na Casa.

Separado da mulher, Solveig, que o abandonou, deduzo que já se terão divorciado também, perdeu a custódia dos filhos.

Mas neste episódio assistimos à visita de Villads e Hannah, ao pai, Frederik, acompanhados da mãe que os trouxe.

Encontro muito desejado, mas igualmente algo constrangedor para todos. Esse constrangimento observou-se muito especialmente no miúdo e na mãe, que, entretanto, após ter entrosado o filho nas brincadeiras do pai e do tio Emil, se ausentou, regressando ao final da tarde a buscá-los.

Emil faz habitualmente bem estas interligações, dadas as suas caraterísticas pessoais. Frederik revela sempre alguma tensão. Brincaram à “Casa na Árvore”, como já faziam em crianças com o progenitor, Carl Gronnegaard.

 

Vieram encontrar os elementos do núcleo principal da Família, na situação constrangedora da falsificação das obras de arte, como sabemos.

Mas se alguém se apercebeu teria sido, talvez, e friso, talvez, a rapariga, Hannah, que foi à arrecadação, a ver da tia Gro, andava esta naquela azáfama de esconder o “Peixe”.

Mas a miúda estava principalmente preocupada com a saúde mental do pai.

 

E, pós este excerto, voltamos à hipotética ação de denúncia de Gro, por parte de Signe.

 

É evidente que esta não vai denunciar a irmã, irmã, ainda que só pela metade materna.

Só que, e mais uma vez, diz que não a quer na sua cave a vasculhar as coisas dela!

O que acham, Gro irá nessa?!

 

Fazem mais um pacto familiar, encobrindo as falcatruas de Gro.

(E questiono, em futuros episódios, quiçá na terceira temporada, serão elas descobertas?

Robert também sabe e foi colaborante ativo. E Leone, sabe? Thomas também praticamente sabe, mas também coadjuvou ao confirmar verbalmente que vira Veronika a trabalhar na aclamada Obra-Prima! E o pai Tomás está numa situação tão periclitante!)

 

Está uma equipa constituída, de sete elementos. Não sei para que modalidade desportiva dará. Andebol?

A propósito, de John não me pareceu saber nada neste 17º episódio; de Andreas também não e Martin ficou estatelado no chão com o murro de John e, provavelmente, nunca mais se levantou.

 

E para completarem a falsidade e serem todos co-autores, Emil e Frederik entretiveram-se a reconstituir a Obra, a fotografá-la e a desenharem os respetivos esboços, em papel da época e com os lápis da Mãe, para serem formal e devidamente entregues ao grande especialista Kim, que fazia questão de os ter, para acompanharem documentalmente a peça, certificando-a ainda mais e atribuindo-lhe ainda maior valor comercial e artístico.

“Et, voilá! C’est fait le Chef-d’oeuvre!”

 

Contemplando Obras no Aterro in. pinterest.com

 

Mas os irmãos, Emil e Frederik, bem como Signe, não queriam compactuar com os procedimentos de Gro. E, para evitarem futuras tentações, resolveram desfazer-se do material restante na arrecadação, restos de coleção, levando-os para um aterro sanitário.

(Daqui a séculos, futuras civilizações, com sistemas ultra especialíssimos, que atualmente nem vislumbramos, descobri-los-ão soterrados e ficarão intrigadíssimas com tais obras de arte!)

Por enquanto, apenas vemos os quatro irmãos, acompanhados de Melody, também considerada irmã, ao colo de Signe, mãe subsituta, a contemplarem os restos da coleção, no fundo do aterro.

E, a regressarem, juntos novamente, ao Solar!

“O Grupo dos Cinco - A Família Gronnegaard!”

Final de Temporada?

Inferência para a terceira?!

 

“A Herança” – Série Dinamarquesa - T 2 – Ep. 6 - (16º Episódio)

Arvingerne” / “The Legacy”

 (25/03/16 – 6ª Feira)

The Legacy In. amazon.com

Retornando ao referido no último post, quem herdou o lado artístico da Matriarca Veronika foi Gro. Após a “descoberta” da célebre Obra, em que Signe está representada, de 1989, ano em que a Mãe “abandonou” a Filha, intitulada pelos peritos (Robert e Kim) como “Corpus”, Gro já delineou uma outra, a partir dos restos de coleção da Mãe: uma cabeça de peixe, com uns galhos na boca. Robert já se prepara para a certificar e atestar, preocupado inclusive com o nome a dar-lhe.

 

Então, e as medidas implementadas por Signe no sentido de ter alguma privacidade e independência no Solar?!

Acha que ela conseguiu?! Tiveram os resultados esperados?

 

Tomas Gro Emil In. dailymail.co.uk.jpg

 

Conhecendo as peças que constituem aquele jogo desconjuntado, de personagens destrambelhadas, já se vê que Signe não conseguiu alcançar os objetivos pretendidos.

Não só continuam a invadir-lhe a Casa, a torto-e-a-direito, como lhe tomam conta da própria Vida, fazem asneiras como crianças traquinas e ainda Signe assume a responsabilidade pelas parvoíces daquelas prendas.

Thomas, pai de Gro e de Melody, supostamente pessoa adulta é o mais irresponsável de todos. Não toma conta de si mesmo, nem da filha bebé, deixa Isa tomar álcool, e conduzir sob esse efeito e age com Emil, como se fossem dois adolescentes retardados, à descoberta do tempo perdido.

Tinha que dar bronca. Isa a conduzir, na tentativa de parar, enervada e bêbeda, espetou o carro de Emil no avião estacionado no átrio da Casa. Tomás teve que ser hospitalizado, meteu bombeiros e polícias, mas quem ficou como responsável e encobriu os factos, foi Signe.

Signe herdou o Solar, e aquela família desconjuntada, como os galhos que Gro colocou na boca do peixe, talvez a próxima obra de Veronika, “descoberta” por Gro, atestada por Robert e “comercializada” nos circuitos da “Alta Cultura”, por Kim.

E assim prossegue a saga desta Família.

Signe a tomar conta deles todos, mesmo das asneiras. Sem privacidade, quase sem vida própria, a casa devassada e novamente ocupada, indo ela viver para a barraca de Tomás, que este, convalescendo, foi ocupar o quarto de Veronika, por sugestão de Gro, que mexe os cordelinhos institucionais da Família.

 

Frederik está fora de toda esta trama.

Continua isolado e cada vez mais só.

Robert, entretanto, contou a Solveig do ataque de loucura que ele teve na Tailândia, em que estrangulara Gro, quase a matando, e para ela ter cuidado com os filhos.

Solveig matutou no assunto, proibiu-o de visitá-os, e deu-lhe conhecimento que se vai divorciar.

No final, vê-lo-emos, finalmente, a chegar ao Solar, estava Emil a consertar o automóvel e, muito pesaroso, quase a chorar, abraçado ao irmão e a queixar-se de que a mulher o proibira de ver os filhos.

Retornou ao Solar, a Gronnegaarden, porto de abrigo de todos aqueles náufragos, apesar de todos os contratempos e contrariedades, face ao espaço e tempo em que nele terá sido menos feliz!

Mas o Solar é um espaço referencial para todos eles, memória de um tempo mais ou menos gratificante para todos, como habitualmente é a Infância, sempre imbuída de algum sentido de segurança e felicidade, indispensáveis a qualquer Ser Humano!

 

Quem vemos nesta fase é Melody. Anda e ciranda de colo em colo, de braço em braço, de mão em mão, tal qual as “Pombinhas da Katrina”!

 

Isa resolveu fugir daquele ambiente, gente sempre em movimento e altercação, perturbante para uma pessoa frágil como ela. E levou a filha.

Sorte, Emil e Signe terem-se apercebido e impedido que ela levasse a criança.

Pois que seria da menina entregue aos cuidados daquela rapariga?!

E quem fica a tomar conta da miúda, cada vez mais engraçadinha?!

Signe, pois claro!

“A Herança” – Série Dinamarquesa T 2 – Ep. 4 e 5 (14º e 15º Episódios)

“Arvingerne” / “The Legacy”

 

 (22 e 23/03/16 – 3ª e 4ª Feira)

 

Depois de dois dias sem publicar, fiz como que uma espécie de luto, volto à Série!

 

Signe in. independent.co.uk.jpg

 

Mas, já estou como Signe. Farto daquela Família!

Que viver naquela e com aquela família é um verdadeiro pesadelo!

Diz ela: “Vivo com uma família que estraga tudo e não quer saber de mim!”

Os que fazendo parte daquela família alargada, ali vivem naquela Casa, Solar Gronnegaard, vive cada um a seu jeito, não querendo saber nada de Signe. Basicamente todos se aproveitam dela, da Casa, cirandando por ali, nos seus interesses, sem cuidar dos dela.

Thomas, sempre numa boa, tudo bem, que a passa ajuda muito, teve o desplante de semear cannabis por entre o cânhamo industrial. A fiscalização que, nestes aspetos é rigorosa, mandou cortar tudo e queimar. Lá se foi a produção agrícola. E Signe, que projetara ser agricultora, vê os seus sonhos serem consumidos pelo fogo.

 

O namoro com Martin, com um papel também relevante no Clube de Andebol, em que John é treinador, também se foi abaixo com o estatelamento de Martin, socado pelo Mister, pai da moça.

 

Decididamente a rapariga vai ficar para Tia!

 

Animal mitochondrion diagram In. wikipedia.png

 

Mas ela tem sangue de Verónica e, certamente, as respetivas mitocôndrias.

 

Tenta vender a Casa, prioritariamente a Frederik, cada vez mais alienado, vivendo isolado na casa de campo, com vista para braço de mar ou lago, que não observo sinais de marés. Abandonado pela mulher e filho, que é impossível viver com ele, dedica-se à pesca e abate de árvores centenárias. Acompanha-o a filha Hannah, mas mesmo esta será expulsa pelo pai, cada vez mais em perigo, para si mesmo e para os que o rodeiam.

Frederik não quer comprar.

Gro também não, exalta-se também com Signe, mas acaba por lhe oferecer um empréstimo de 200 mil, para ela continuar com o negócio agrícola e os seus Sonhos!

Signe não aceita.

 

Todavia, face aos fracassos: na venda do solar, no pretendido abandono da família alargada, na impossibilidade de voltar, ainda que temporariamente, à família de adoção, e a uma noite mal dormida no carro, à beira do porto, Signe retorna à sua Casa. O Solar Gronnegaard, seu, por Direito Familiar!

 

Começa por convidar a sair, melhor, expulsa o bando de artistas que Thomas, em mais uma das suas ideias luminosas dos anos sessenta, para aí levara, para formarem uma casa ou família comunitária, que não me lembro bem do termo exato.

Depois decide reunir todos os familiares que ali vivem: Tomás, Emil, Leone, Gro e Isa, entretanto também retornada com Melody.

E decide aceitar o empréstimo de Gro, impondo condições. E define regras e normas de conduta aos irmãos e Thomas, que são os que mais coabitam os espaços e deles usufruem.

Restringe e confina cada um deles a espaços específicos na Casa, proíbe-os de circularem livremente pela sua própria parte da Casa, fechando inclusivamente uma das entradas ao 1º andar.

Impõe-lhes uma renda pela utilização dos locais que lhes destinou, pois, de facto, tudo é sua propriedade. Aos que terão mais dificuldades financeiras, define-lhes trabalho na Casa, que há muito que fazer.

Ou seja, assumiu as rédeas da sua própria propriedade, de que eles usufruíam a seu bel prazer, sem pensarem nela.

Assumiu o Poder. Da sua própria Vida e Destino.

Interiorizou o papel de Matriarca, da matriarca Veronika, que, neste aspeto de Educação, deixara os filhos cada um para seu lado. Custa-me dizer, mas a palavra exata será que ela falhou na educação dos filhos, mais dedicada ao seu lado artístico.

Signe tomou esse papel de Educadora.

Impôs limites, regras, normas. Definiu quem manda ali. Quem é quem!

E, pelo menos aparentemente, todos aceitaram.

Isa até a elogiou: “És fantástica!”

 

No final, Robert regressou novamente cheio de amor por Gro.

Seguindo o seu conselho, fora a Hamburgo visitar os filhos, falar com a mulher Cláudia, mas voltou. Decidido a comprar um apartamento em comum, com quartos para os filhos os visitarem.

Por enquanto, regressaram ainda ao apartamento de Gro, em Copenhague, desejosos de renovarem os votos de amor eterno.

 

Mas quem tinham à espera, no corredor do andar?

 

Hannah, sobrinha de Gro, filha de Solveig e Frederik, que fora expulsa por este e de que não sabiam o paradeiro.

Aflita com o comportamento do pai, recorre à única ajuda, que julga possível.

A tia Gro, de certo modo também a Matriarca daquela Família!

 

Nota final:

Hoje decidi ilustrar o post com uma imagem diferente.

E o que será?!

Poderá ser o protótipo de uma nova instalação de Veronika, ainda não “descoberta” por Gro; também poderá ser o esboço de um berço ou porta bebés para Melody, mas também não.

E o que é?

É o desenho de uma “mitocôndria”, de que sabemos Signe será portadora das de Veronika.

E, hoje, ficamos por aqui, aguardando o desenrolar de próximos episódios, que não me admira que Signe ainda agarre a veia artística da Mãe biológica!

 

“A Herança” – Série Dinamarquesa T 2 – Ep. 3 (13º Episódio)

“Arvingerne” / “The Legacy

the legacy in. theeurotvplace.com

 

 (21/03/16 – 2ª Feira)

 

O episódio de ontem foi dramático e assustador.

 

Porque as condições daqueles prisioneiros são inumanas, terríficas. E, neste ponto, julgo que os guionistas também pretendem acentuar uma questão de denúncia, de uma clara e aviltante violação dos Direitos Humanos.

 

Também foi aterrador aquele excerto em que Frederik se lançou à irmã e quase a estrangulou.

Já antes fora assustadora a sua atitude com o procurador e o advogado, quando naquela reunião, enquadrada numa receção aparentemente cheia de nove horas, mas apenas de pura hipocrisia e falsidade, Frederik se passara, perante a verdadeira chantagem, disfarçada de lábia cheia de finura, em que o procurador procurava extorquir, disfarçadamente, mais dinheiro. Realmente seria difícil manter a calma, para mais para Frederik sempre destrambelhado.

Já anteriormente manifestara esse destrambelho, na visita ao irmão. (E em que condições se processam aquelas visitas!)

E eu que supusera que a leitura daquelas trocas de mensagens ente Emil e Solveig não o haviam perturbado. Que nada! Resolvera ir à Tailândia precisamente para se vingar!

 

Mas sendo inteligente como é e também profundamente apegado aos irmãos, especialmente aquele irmão, Emil, a quem o Pai, Carl, recomendara que o protegesse, em sua substituição, antes de se suicidar.

Todas estas situações marcam tragicamente Frederik, o perturbam, tornando-o um perigo para si mesmo, mais ainda para os outros que o rodeiam, como se viu.

(Neste ator, igualmente para os outros, realce-se o extraordinário desempenho do personagem, pessoa em permanente tensão.

Transparece nele, personagem, um forte recalcamento de pulsões primitivas. Que o ator muito bem evidencia.)

Mas, arrependido, tenso e perturbado como sempre, resolveu ir procurar o Governador, certamente daquela Província, sabendo que ele desenvolvia uma luta contra a corrupção, nomeadamente no respeitante ao Procurador e à Polícia.

E, interrompendo uma sua visita a uma Escola, arriscando-se a ser também preso ou mesmo morto, arrojou-se aos seus pés, tal qual faziam os antigos suplicantes em tempos ancestrais na nossa cultura ocidental, antes da constituição dos Estados de Direito e da consagração dos Direitos Humanos. E lhe rogou insistente e emotivamente que se dignasse ler o relatório que apresentava sobre o “julgamento” e prisão do irmão Emil.

E o Procurador leu e levou consigo para ler com mais atenção.

E, ao outro dia, o advogado, surpreendidíssimo, os informou que o procurador alterara a decisão judicial e que Emil seria libertado no dia seguinte, que podiam ir buscá-lo.

 

E foi Gro. Frederik não se atreveu!

 

E, nos entretantos, como correram as situações no Reino da Dinamarca?!

 

Bem e mal!

 

Bem, porque Signe lá vai dando conta do recado de agricultora.

Também diria que ainda dá em artista, tem veia de Veronika. Observe-se aquela instalação dos espantalhos nos campos de cânhamo. Num determinado campo visual e num certo contexto, pode ser considerada uma verdadeira “instalação artística”! Tal Mãe, tal filha! (Filha fica com letra minúscula, porque, artisticamente, Signe ainda não se compara com Veronika!)

Cumulativamente, a avaliação da Obra que ela adquirira foi um verdadeiro sucesso.

Para mais estando ela própria lá representada.

Todos ficaram agradavelmente surpreendidos com o impacto forte da peça.

“Pode mesmo ser a Obra-Prima dela!” Afirmou Kim.

A avaliadora valorizou-a de pelo menos novecentas mil coroas!

“Fizeste um negócio da China!”, lhe disse a advogada, Leone.

Também de amores as coisas estão a encaminhar-se bem e poderiam ter ido melhor.

Não fora...

 

Então o que correu mal?!

Estava Signe numa boa com o pretendente, julgo que se chama Martin, mas não tenho a certeza, quando chegou um intruso, indesejado.

Henrik, pai de Isa, veio com a própria, buscar a neta Melody e, apesar dos esforços de Signe e de Thomas, entretanto chegado, aquele conseguiu levá-la, melhor, roubá-la, para ser educada em família “normal”!

 

E por aqui ficamos. Que sobre normalidade e patologia há milhares de páginas escritas.

 

(Para mais informações:Ep. 12)

“A Herança” – Série Dinamarquesa - Temporada 2 – Episódio 2 (12º Episódio)

“Arvingerne” / “The Legacy”

A Herança

(18/03/16 – 6ª Feira)

 

"Família Gronnengaard

Especial "Dia Do Pai!"

 

Antes de começar numa abordagem a algumas ideias fundamentais do episódio, quero informar do seguinte.

Na 6 ª feira, constatei na programação da RTP2, que, ao referirem-se ao episódio dessa noite o etiquetavam como Temporada 2, Episódio 2. Eu não me apercebi dessa mudança de temporada, embora tivesse havido referência àquele hiato de “Um ano depois...”.

Logo, na 5ª feira, o episódio que numerei como 11º, é o 1º da Temporada 2.

O de 6ª feira é o segundo da segunda temporada. Mas vou ainda numerá-lo também como décimo segundo.

 

família. in. series2see.com

 

E vou narrar os acontecimentos principais, relativamente ao meu ponto de vista, que, como já explicitei anteriormente, é um foco de análise sempre parcelar, parcial, por vezes enviesada, conscientemente incompleta... para além de outras limitações que, agora, não me ocorrerão. Subjetiva, também!

 

O título do seriado continua o supracitado, não me apercebi de qualquer mudança.

Todavia, estando a questão da herança sempre presente na narrativa, esse aspeto vai-se desvanecendo simultaneamente que avança o enredo.

Não fora o título “Família ...” ser um estereotipo no “batismo” de dezenas de séries e filmes, eu atrever-me-ia a designar, melhor, subintitular, esta série, pelo menos a partir desta 2ª temporada, como “A Família Gronnengaard”.

 

E, neste episódio, o conceito de Família esteve sempre bem presente.

Conceito de Família no contexto e modo de funcionamento das famílias atuais. O modelo de família nuclear, tradicional, tentam Frederik e Solveig estruturar e manter. Com dificuldades, muitas dificuldades na 1ª temporada, agravadas com aquela cena do irmão “entrar”, “biblicamente” falando, na cunhada. Mas o disfuncionamento já existia antes desse facto.

Nesta 2ª temporada parecem muito entrosados. Frederik aparenta muito melhor aspeto, está muito mais descontraído, mais calmo, mais solto. Mais à vontade com todos, nomeadamente com os filhos. Moram numa casa de campo, mas também perto do mar ou de um braço de rio, ou canal. Lembremo-nos que a Dinamarca é formada por várias ilhas relativamente próximas.

Essa vivência no campo, longe do bulício da cidade, estar-lhe-á a fazer bem. Não sabemos se continuou ou não a fazer terapia, mas melhor, está, é evidente.

 

Mas ele, como todos os outros, se integra ou vive na órbita da “Família Gronnengaard”.

Um conceito de família alargada, disfuncional é certo, já no tempo de Veronika.

Neste início de temporada foi essa família alargada contemplada com mais um rebento, Melody.

Filha de mãe ausente, e doente mentalmente, Isa; de um pai babado, Thomas, extremoso, mas muito ocupado ultimamente, e com outra namorada, Leone, também integrante dessa grande família. Com duas mães substitutas, Gro, a “Grande-Mãe” e Signe, a madrinha, agora mãe de filha de outra mãe, ela que não quis assumir uma maternidade biológica com o namorado Andreas. (Sabemos, agora, que ele, Andreas, tão obcecado andava por ser Pai, hoje é 19 de Março, que até já se adiantou com a fisioterapeuta do clube, Mette, para esse papel. Não festeja é ainda neste ano, ela só está de meses...)

E a criança, Melody, anda sempre nesta roda-viva, de uns para outros, que é tudo gente muito ocupada. Signe, mesmo assim, paradoxalmente e, por ironia do destino, é a mais presente.

Emil, ausente fisicamente, porque preso nos calabouços tenebrosos da Tailândia, (reparei melhor, neste episódio, que os presos estão acorrentados nas pernas), como disse, Emil, embora ausente, está bem presente nas preocupações dos irmãos, muito acentuadamente em Gro, naquele seu instinto maternal.

Soube, agora, nós já soubéramos anteriormente, que o irmão foi acusado de traficante e que o castigo, que pensavam ser apenas uma multa, seria de prisão de vários anos.

Ela desdobra-se toda para conseguir a libertação do irmão, abandona uma reunião importante que coordenava, delega noutra pessoa essa função; vai falar com a advogada que contratara e, face ao não resultado obtido, despede-a; chateia o irmão Frederik para este lhe arranjar outro advogado melhor; este consegue um amigo, que, por favor, acede a analisar a situação, mas este lhe dá a mesma opinião da advogada recentemente despedida.

Finalmente e, após muita insistência e rogos, consegue que Frederik aceda a analisar o processo. Afinal ele é advogado de gabarito, apesar de ter jurado não querer nada com o irmão “traidor”, que lhe “comera” a mulher! (Comer é forma de falar que, a moça está bem vivinha da silva e Emil não é antropófago!)

Mas após analisar e verificar que no relatório policial constava a acusação de que Emil tinha oitenta charros, (oitenta!), ele pediu à irmã para saber que roupa ele trazia no dia em que fora preso.

E ela continuou no seu propósito, e conseguiu telefonar ao irmão e saber a password do seu e-mail e a hipótese de, no facebook do amigo Neil, haver alguma foto dele desse fatídico dia.

E, na posse desses dados, juntamente com Frederik, analisaram as fotos e a roupa e os bolsos da dita. E o irmão face ao tamanho de cada bolso e dos charros, que ele também conhecia, que Thomas os industriava nesses meandros, deduziu que era impossível Emil trazer na sua posse oitenta charros, mesmo que tivesse os bolsos todos completamente cheios. E esse seria o argumento a utilizar para rebater na polícia. E deu este trunfo à irmã, que partiria brevemente para a Tailândia, para aí analisar a situação com os advogados.

Mais tarde, já noite, e na posse da palavra passe, entrou, não biblicamente falando, no facebook do irmão e leu a respetiva correspondência, e aí achou a conversa entre ele e a sua mulher, agradecendo-lhe o que ela por ele fizera, pois, como sabemos, Solveig é que deu o dinheiro a Emil para ele viajar novamente para a Tailândia, para vender o empreendimento turístico.

Fiquei expectante sobre qual seria a respetiva reação, temi que estrambelhasse novamente, que voltasse àquele estado neurótico em que andara, mas não, manteve uma postura muito calma e tomou uma decisão muito racional, vindo ao de cima aquela função paternal que sempre tivera com o irmão mais novo e que o Pai, Carl, lhe recomendara.

Acordou a mulher, Solveig, por momentos pensei que faria algum disparate, despediu-se, deu recomendações aos filhos e informou que ia ter com Gro, que acompanharia à Tailândia.

E foi vê-los a encontrarem-se, e abraçarem-se, já no aeroporto, puxando as bagagens a caminho do avião. Para a Tailândia, mas não para Phuket! (E assim terminou este episódio. Veremos os resultados que obterão. Mas foi uma decisão sábia. E, mais uma vez, o conceito de Família a funcionar!)

E, lembrar, mais uma vez que todos os dias são “Dias de Pai”, mas, hoje, convencionou-se dedicar-lhes muito especialmente este Dia!

 

E, ficamos por aqui de enredo da série?!

 

Até poderíamos ficar e teríamos ficado com “chave de ouro”, lembrando este Dia!

Mas não!

 

Ainda referimos que Signe anda numa azáfama com a sua cultura do cânhamo, que precisa de ser regada, será verão, e teve que improvisar um aspersor com a ajuda de “Pai Tomás”, que faz papel de ambos os progenitores com a filha Melody.

Que a cultura, além da rega, ainda precisa de ser financiada e que o banco não lhe concedeu esse empréstimo, porque na Dinamarca ainda não perceberam as potencialidades do cânhamo como cultura industrial, sustentável e não poluente.

Que terá perdido Andreas, apesar de se amarem, mas ele com a pressa de ser Pai, que se aproximava Março, terá esquecido Signe, que não o esqueceu. Quem não a teria esquecido, palavras do próprio, teria sido um dos adjuntos do Pai de Signe, John, que continua arrastando a asa à jovem, que, por enquanto, parece não corresponder. Mas nunca se sabe, isto de enredo novelístico tem que conter romance, e o rapaz mostra-se persistente. “Ficas extremamente sensual, quando falas do cânhamo”, piropo que lhe ofertou o moço. (Piropo não é legalmente condenável naquele Reino, Estado muito liberal! E o cânhamo, quando usado com outros fins não industriais, também tem o efeito de soltar as pessoas e os afetos, que o diga Tomás, sempre a enroscar-se com Leone, que até Signe os encontrou naquele preparo!)

 

Ainda de Pai falamos, que nem a propósito. Quem chegou à trama da novela foi o pai de Isa, Henrik.

Signe, mais uma vez ela, telefonara-lhe, a saber de Isa, e ele foi ao Solar, no intuito de ajudar na criação da neta. Mas perante aquele panorama, ver Tomás a fumar um charro na presença de Melody, passou-se. Queria levar-lhe a criança e foi uma cena caricata ver Tomás a fugir com a menina na sacola, vestido com uma espécie de saia, também faz papel de mãe, e o avô da bebé, a correr atrás dele.

Explicaria que não podia ver tal coisa. Um Pai a tomar uma passa, que fora a partir do vício de fumar erva, que a filha se perdera e ele a perdera, que ela sofria de uma psicose induzida por cannabis!

Fosse qual a sua razão para o seu comportamento, foi corrido do Solar, por Gro, entretanto chegada, e ameaçado de polícia, caso ali torne.

 

E ainda de Família e de Afetos: maternais, filiais, fraternais, paternais, falamos; quando lembramos a partida de Gro e de Frederik para a Tailândia.

Para libertarem o irmão Emil.

 

E, Emil, naquela prisão atroz, mesmo sofrendo, ao ver outro preso em pior estado que o seu, com ele partilha a manta que da Embaixada lhe enviaram e lhe dá, um a um, dia a dia, os comprimidos de penicilina, também daí mandados.

Faz papel de irmão, também de pai, também de mãe, de amigo, de samaritano.

E lembra e conta ao prisioneiro a sua história e de como o irmão mais velho, Frederik, também dele cuidou, fazendo também de PAI, que praticamente Emil não conheceu!

 

 

 

 

 

“A Herança” – Série Dinamarquesa - 11º Episódio - T 2 - Ep. 1

“Arvingerne” / “The Legacy”

 

A Herança

(17/03/16 – 5ª Feira)

(Temporada 2 - Episódio 1)

 

Neste décimo primeiro episódio pudemos observar o que aconteceu a Emil, na Tailândia. Quando tudo parecia indicar ser breve a sua libertação das amarras daqueles poderes discricionários e corruptos, metem-no outra vez na choça. Não sem antes o terem desancado. Com tanta porrada, malhado que nem maçarocas, quando o milho era descarolado com moeiras, nas eiras ensolaradas dos nossos campos. Arrastado pelo chão, como se fora saco de lixo, e atirado para um tugúrio nojento, desprovido de qualquer iluminação e provavelmente arejamento. Numa solitária, um verdadeiro horror! Uma desqualificação de qualquer atitude minimamente humana.

Penso que os realizadores da série pretenderam também apresentar uma denúncia político – social, mostrar como são as condições de vida em países como a Tailândia, tão idealizados em termos turísticos, mas com sistemas organizativos que não respeitam minimamente os mais elementares Direitos Humanos. Talvez, também, para as questões das drogas que, nalguns destes países, são completamente proibidas, com leis férreas nestes aspetos. Não só no referente ao comércio, como no respeitante ao próprio consumo.

E, em contraponto, de algum modo, comparar com a situação, por ex. no país de origem de Emil, a Dinamarca, em que estas realidades são completamente diferentes.

Talvez também alertar, para que ao viajar-se para esses países “exóticos” ter em atenção essas “particularidades” comportamentais e legais.

Mas sobre tudo isto, opino eu.

 

Paralelamente, no Reino da Dinamarca decorria outra realidade, completamente diversa.

 

Convém referir previamente que, na série, como aliás é hábito neste modo de narrar televisivo, há sempre um pequeno introito, resumindo algo de temas anteriores e fazendo alguma ligação com a temática do episódio a ser apresentado.

 

Também neste décimo primeiro episódio, previamente nos informaram que o tempo narrativo se situava um ano após o que fora apresentado anteriormente. “Um ano depois...”

Situemo-nos, pois, no tempo.

Verónica redigiu a célebre carta na véspera de Natal de 2013, morrendo no próprio Dia festivo, no 1º Episódio!

Todo o enredo que se foi desenrolando nos nove episódios seguintes terá demorado alguns meses. Assistimos aos campos nevados, Inverno; mais tarde, já na posse do Solar, Signe projetava as futuras sementeiras a ocorrerem na futura Primavera. Quando ela fazia esses projetos, pela aparência dos campos, seria Verão. Tudo isto em 2014.

Também foi nessa época que chegou ao Solar a tal Isa, toda rosada, que viera da Índia e se embrenhara na música com Tomás. Veremos que não se ficaram apenas pela música...

Neste 11º episódio, Signe, juntamente com Isa, foram assistir, ajudar nas sementeiras do célebre cânhamo para fins industriais.

Participar não, Signe bem queria pegar no trator, mas o técnico responsável não autorizou.

Situando-nos então no tempo... Seria Primavera. De 2015.

 

Melody  in. politiken.dk.jpg

 

Também no início deste episódio vimos uma criança, de alguns meses, ao colo de Gro, toda enlevada. Também Signe cirandava à sua volta e lhe pegava.

Inicialmente pensei, será que Signe se esqueceu de tomar a pílula quando andava com Andreas e veio o rebento tão desejado por este? Ou será de Gro e Robert?!

Pois, nada disso.

 

A criança resultara das sessões extra musicais de Tomás e Isa. Mas não podia fugir à Música e chamava-se Melody. Bonito e sugestivo nome.

Iria ser batizada nesse dia.

(Quanto ao tempo narrativo e considerando que a gestação são nove meses e que a criança já teria alguns, pelo menos aparentava, então as contas não batem muito certas. Não sei. Posso estar enganado ao afirmar que seria verão quando Isa voltou da Índia, talvez fosse ainda primavera. Melhor, seria início do Verão: Junho. E assim as contas já batem certo.)

 

Bem, localizemo-nos no espaço. Situamo-nos no Solar, onde havia uma grande azáfama, pois haveria o batizado de Melody.

Tomás andava enlevadíssimo, não só com a filha, como com a festa que preparara. Um verdadeiro “happening”, um acontecimento, à moda dos anos sessenta.

Estava o elenco todo convidado e todos compareceriam. Aliás uma grande troupe de amigos do pai Tomás, músicos, “performers”, já lá estava. Cirandavam por todo o lado. Tresandaria a erva!

Quem não aparentava nenhum entusiasmo, era a mãe da criança, Isa. Nem pela bebé, muito menos pela festa ou sequer pelo batizado. Completamente alheada. Revelando vários sinais de perturbação. Só se sentia bem com Signe.

 

Signe, agora dona do Solar e dos campos, de algum modo herdara o modo de estar da mãe biológica: Veronika. Era a anfitriã daquela gente toda. Deixava correr... Provavelmente todos eles se sentiriam muito mais à vontade, em todos aqueles espaços, que já teriam frequentado durante a vida da Matriarca.

Todo o pessoal andava numa boa e se sentia perfeitamente na deles. Signe, por vezes, tinha que chamar a atenção de algum, mas deixava todos a seu modo.

Por desejo de Isa, iria ser a madrinha de Melody, contrariamente ao que haviam planeado inicialmente, pois previram que seria Gro, mas esta atemorizava Isa, que afirmava que ela lhe roubava a roupa da menina!

 

E os convidados foram chegando.

 

Frederik com a família. Vindos de uma nova casa, isolada, que ele havia comprado junto ao mar, mas afastada trinta quilómetros do centro. Idiossincrasias dele, que obrigava mulher e filhos a compartilharem.

Aparentemente tudo parecia melhor, na relação com mulher e filhos. Mas mal se falou em dinheiro, em vender mais uma peça de arte da Mãe, logo ele e Gro se engalfinharam.

Mas envolveu-se em todo aquele teatro do “batismo”. (Que mais se assemelhava a um ritual de praxe!)

Muito agarradinho à esposa, aos beijinhos, que até se esquecera dos filhos.

Estes também se perderam naqueles meandros. E terão tido, pelo menos Villads, a primeira visão de uma cena “hard-core”. Enquanto os pais os procuravam, estiveram eles num “pipe-show”, que aqueles casarões davam para tudo, sobremaneira naquele dia, com tanta gente e tanta passa, que até Hannah experimentou, na frente de Signe.

(Paralelamente ocorreriam as cenas de violência com Emil, na Tailândia. A tal análise comparativa de que falei, entre hábitos culturais completamente diferentes.)

Na cena de sexo, que eles tiveram oportunidade de observar, ao sentir-se observado, o homem voltou-se e pareceu-me, de relance, ser John!

 

 Sim, é preciso informar que John e Lise também compareceram, muito bem, muito amigos e bem-dispostos. Numa ótima, como se poderá comprovar até pela cena do palheiro, sobre que não tenho uma certeza absoluta e peço desculpa por isso, caso esteja a errar.

Também foram convidados para o batizado, Lise, um pouco deslocada daqueles ambientes, já se vê, até perguntou a Signe quem era o padre!

 

Pois quem fez de acólito principal naquele ritual, como referi, muito inspirado nos “sixties”, mas para mim, mais nas praxes, quem ritualizava, era Thomas, o celebrante!

Chefiava uma “procissão”, oficiava uma “cerimónia”, supostamente de batizar a filha. Numa plataforma que instalara num lago da quinta, aí se colocou mais a filha Gro, mais Signe, e Isa que segurava Melody, numa espécie de cesto que fora amorosamente confecionado por Gro.

Não vou descrever os passos anteriores da pretensa “cerimónia batismal” da menina, porque, sinceramente, não acho grande “piada” a este tipo de rituais. Que só me reportam para os das “Praxes”!

 

Isa, que, como já reportamos, não estaria nada bem, também não se sentia nada confortável naquela “cerimónia” e, invocando um desequilíbrio na plataforma, ou propositadamente como a câmara nos pretendeu mostrar, é certo que atirou a filha ao lago. Pelo menos, é o que se depreende da focalização da câmara. Ou a criança foi cuspida do cesto, com o balanço que houve na plataforma.

Desequilíbrio houve. Na plataforma foi evidente. Na cabeça de Isa também, já manifestara vários sinais, reforçados posteriormente com tudo o que ela atirou a Tomás, em que o menos foi dizer-lhe que fedia da boca.

Então, e a menina Melody? Salvou-se?!

Sim, valeram-lhe Gro, Signe e Tomás, que rapidamente se atiraram à água e Gro recolheu-a sã e salva. (O seu Moisés, versão feminina!). E batizadinha da silva.

 

E ficamos por aqui, não sem antes ainda contar que Emil, único ausente, esteve sempre presente e muito dele se falou, nomeadamente o sobrinho Villads, que questionou os pais sobre o dito cujo. A apodrecer na cadeia tailandesa, mas disso só sabemos ainda nós.

 

Uma sugestão que dou aos irmãos: tratem de ir à Embaixada e procurem resolver o assunto pelas vias diplomáticas, breve, mas breve!

“A Herança” – Série Dinamarquesa - 8º, 9º e 10º Episódios

“Arvingerne” / “The Legacy”

A Herança

 

(14, 15 e 16/03/16 – 2ª, 3ª e 4ª Feira)

 

E vou narrar algumas peripécias do enredo reportando-me a alguns factos marcantes destes episódios, sem os reportar especificadamente a cada um dos mesmos, que não me recordo de tudo, nem terá sentido esmiuçar todos os pormenores, dado serem já três episódios passados e muitos aspetos terem-se alterado na sequência narrativa.

 

Cinzas Mãe in. dvdinfo.be.jpg

 

Ontem, no final, assistiu-se à prisão de Emil na distante Tailândia. E poderemos ajuizar das condições deploráveis em que se encontram os prisioneiros naqueles “aljubes”. Preso por estar na posse de uns quantos charros, fornecidos pelo seu ex-sócio, Hirun, também seu denunciante à polícia, despeitado por Emil ter vendido o empreendimento turístico, sem o seu consentimento e por uma tuta-e-meia.

 

Mais uma vez, é à família que recorre, neste caso Gro, para pagar a garantia, para poder ir a julgamento. Que estas prisões de estrangeiros funcionam também como uma forma de obtenção de divisas, num sistema corrupto a todos os níveis.

Que ao entrar naquele antro assustador, onde nem quase há espaço para se sentar, apesar de tudo, uma mão amiga, igualmente de um estrangeiro, Ken, o convidou a sentar-se junto dele, numa nesga do lajedo do chão. Que já ali estava há três meses, que estão sempre a pedir mais dinheiro de garantia. “Acho que nunca mais sairei daqui!”

E daqui poderemos ajuizar o que também poderá acontecer a Emil!

 

Gro esfalfou-se para obter o dinheiro, que também não o tem, Frederik também não quer ceder nada, pois está possesso com o irmão, não sei se contei porquê, mas talvez ainda conte...

 

Gro só consegue dinheiro líquido, vendendo Obras da Mãe. Sempre Veronika presente naquela família.

Andava em negociações da última peça produzida pela mãe, uma designada “Bico”. Negociava com um oligarca russo que queria a peça para assentar no hall da sua mansão, quando na respetiva conceção ela era para figurar pendurada no teto. Também negociava com um museu finlandês, que pretendia a obra para lhe dar um destaque merecido, à Obra da Mãe Veronika, em sala específica e adequada, nas condições originalmente previstas, apropriadas e de realce.

Mas face ao bico-de-obra, mais um, em que Emil se enfronhou, e na premência de obter a massa, decidiu-se por vendê-la aos russos, apesar de todos os constrangimentos e pruridos que tivera, pelo manifesto desconhecimento que o novo-rico apresentara face ao sentido estético da Obra!

Bom, mas que importa a Estética face, não direi Ganância, mas premente Necessidade?! E, nesta situação, por uma causa nobre, a de salvar o irmão. Amor Fraternal e Altruísmo.

Nestas mudanças a que todos se tiveram que adaptar, após o julgamento e respetiva sentença, Gro talvez seja a que se está a desenvencilhar melhor.

Voltou a estar na ribalta, ligada às “Altas Esferas Culturais”, inclusive voltou ao posto que lhe tinham oferecido antes, na chefia de um Instituto Cultural, cujo nome não consegui fixar, que as nomenclaturas dinamarquesas são quase como as do célebre vulcão islandês, perdoem-me o exagero.

Aí voltou novamente a brilhar, como ela gosta de estar, resplandecente, com um copo de vinho de qualidade e fama, pavoneando-se entre os assistentes inaugurais. Bebericando. Apenas bebericando.

Nada como a víramos na última vernissage, a camisa branca toda enojada de bebedeira.

Mas para isso agarrou-se às armas que tinha. Sabedora de que houvera qualquer coisa com umas Obras da Mãe, que Kim usara como garantia para obter um empréstimo qualquer, no princípio da sua vida cultural, tratou de esmiuçar esse assunto com Leone, a advogada da matriarca e que está por dentro destes meandros, mesmo que podres. Ela e Thomas, com quem aliás tem uma espécie de namoro, funcionam como pontos e contrapontos na narrativa, estruturando e desbloqueando o enredo, quando as coisas precisam de avançar.

E assim soube, na garantia de não citar o nome de Leone, que Kim usara algumas das Obras da Mãe, como garantia dum empréstimo, mas que no final não devolvera uma das mesmas. Que Veronika soubera, mas acabara por não fazer muito caso do assunto. Peça artística que figura num museu.

E foi com este conhecimento e argumento que Gro chantageou Kim, não vou esmiuçar muito o assunto, e o fez mudar de atitude em relação à própria, nomeadamente propondo-a novamente para Diretora do tal “Instituto ou o Que Quer Que Seja Cultural”, a que ela agora preside.

Também no plano afetivo a sua vida melhorou, pois Robert que já se oferecera para se juntar ou casar ou lá o que seja, com ela, apareceu-lhe em boa hora, no final de um dos episódios anteriores, vindo da Alemanha de carro e informando-a que deixara a mulher, Cláudia, para vir viver com Gro. Sopa no mel!

E foi com Robert, agora a viver no seu apartamento, julgo que em Copenhague, que não me confirmaram o endereço, que ela congemina mais uma das suas man(Obras) Culturais.

Tendo já vendido o célebre “Bico” ao russo endinheirado, enviado até dinheiro para pagar a fiança do irmão, recebeu, finalmente, a proposta de compra do Museu Finlandês!

E, vai daí, não esteve com meias medidas. Vendeu também aos finlandeses, que ela não é mulher para se atrapalhar.

E como se desenrascar dessa embrulhada?

Pois foi com Robert que “descobriram” a solução. A partir das plantas e esboços que a mãe deixou, congeminaram criar um outro “Bico”. Um “Bico de Obra”, diga-se. Mas afinal não se destina para um russo?! E a simbologia imperial da Antiga Rússia, cujas tradições têm sido restauradas pelos novos oligarcas, não é uma Águia de duas cabeças? Logo, dois bicos/”Bicos”.

E é nestes afazeres que ela agora se acha. Nos ateliês do Solar, com Rene, assistente de Veronika, a iniciarem a “criação” de uma novel Obra.

A que Signe também assistiu.

 

Relativamente a Signe, é caso para dizermos: Que farei com esta “Herança”?

Tomou conta do Solar e dos campos. E que lindos são os campos! O arvoredo, a paisagem de encostas e colinas suaves. No tempo narrativo em causa, julgo que será Verão.

Estão a modificar a Casa, pretensamente reconstituindo o apartamento onde vivia originalmente com Andreas, dentro do Solar! Para agradar a Andreas, que os espaços do Solar são enormes e desconfortáveis!

Mas o interesse dela, agora, são os campos, pois quer tornar-se agricultura. Produtora de cânhamo, para fins industriais, material isolante para casas, nada de maconhas, que ela não é rapariga dessas coisas.

Thomas, que voltou a viver na barraca, que não se adaptou à vivenda de Leone, nem ao corte de cabelo que ela lhe fez, nem às regras burguesas de viver engavetado, é que achará aliciante, tanto material para charros, à mão de semear. Isto, quando tal acontecer!

Que, por enquanto, ainda está tudo congeminado, na fase de projeto, as sementeiras serão só na primavera. Signe, apesar de obstinada, não está a conseguir dar conta do recado, nem está a ser capaz de segurar o namorado, que se sente excluído em todos aqueles seus projetos.

Aquela teimosia e estado selvagem dela, sinais de Veronika, como lhe dirá mais tarde a Mãe Adotiva, afloraram novamente à superfície comportamental e problematizam o seu relacionamento com o namorado.

Que os sonhos dele são outros. Quer formar Família com Signe, que ama e é reciprocamente amado, quer ter filhos. E ela, confusa como se confessa, o que quer é tornar-se lavradora.

“- Como é que a nossa família se encaixa nos teus planos?” Lhe perguntou Andreas.

“- Agora, quero plantar estes campos!”

E com valores e projetos antagónicos, apesar de se amarem, o inevitável aconteceria.

Andreas abandonou-a.

Signe ficou triste, só, acabrunhada, sentindo-se abandonada.

Nem Thomas lhe valeria, nem a sua música monocórdica, nem o colorido e rosado de uma amiga deste, Isa, diretamente chegada da Índia. Não da Tailândia, como diria o saudoso ator português falecido há alguns anos, Camacho Costa, quando por aí proliferavam os produtos made in.

(Nestes dias em que outro nome sonante do mundo artístico, também nos deixou, Nicolau, Nico, de inexcedível Obra! Nico D’Obra!)

Mas nestas ocasiões é sempre bom ter Mãe!

E, Lise, apesar de ser Mãe Adotiva, foi a verdadeira Mãe de Signe.

E foi ela que chegou para confortar a filha, a dar-lhe o seu Amor!

 

E a propósito de Amor, que é feito de Frederik? E de Solveig?!

No episódio oito, já após o julgamento, fora visto muito animado no célebre jogo em que a equipa de Andreas e John ganhou por 23 – 22 e subiu de divisão e foi uma alegria para todos. Que o Desporto tem este efeito redentor. Esta capacidade de libertação, quando jogado com Desportivismo, fair-play.

E parecia encaminhar-se tudo pelo melhor naquela família.

Parecia.

Havia aquele problema entre Emil e Solveig, mas só eles sabiam e se constrangiam, apesar de disfarçarem.

Só que de uma conversa entre ambos, a filha do casal, Hannah, ouviu qualquer coisa.

Idades complicadas, catorze anos, e a miúda ficou muito acabrunhada, agressiva com a mãe e o tio, isolando-se, assumindo uma postura meio gótica...

Bem não vou aprofundar muito este aspeto, apenas frisar que Solveig acabou por contar ao marido o que acontecera.

Muitos constrangimentos, mas acabou por dizer, em momento e ocasião preparada para tal, pelos vários intervenientes.

Após alguns rodeios e hesitações, terá proferido as palavras, não direi mágicas, mas terríficas.

“- Sabes, dormi com teu irmão!”

Forma simplista e muito linear de dizer. Porque, dormir, dormir não dormiu. Antes usasse o conceito bíblico de “entrar”. Ou a terminologia tão modernaça de “rapidinha”, teriam sido palavras mais adequadas ao acontecido. Mas foi “dormi” que foi traduzido, que também ignoro completamente qual o conceito usado pela artista em dinamarquês.

Mas adiante.

E perante este dizer, Solveig esperaria do marido uma reação brutal, que lhe chamasse nomes: “sua esta... ou aquela...”, omitimos os substantivos, que aqui não usamos palavrões; talvez até que a agredisse, apesar disso representar violência doméstica e também não fica bem no politicamente correto... Não sei! Só sei que ela ficou muitíssimo frustrada com a forma como Frederik reagiu.

E como foi essa reação.

Sem mais nem menos, de forma fria e calculista, dirigiu-se à secretária, pegou no computador, confirmou as contas e decidiu-se por não atribuir mais dinheiro nenhum a Emil, que já se fartara de receber da Mãe.

Nem mais um centavo! Nem menos um cêntimo!

Solveig abalou frustrada, lançando-lhe: “És sempre o mesmo!”

Mas tudo isto já foi noutro episódio mais anterior, que ontem ela e Frederik já estavam numa boa. “Eu sempre soube que era a ti que queria. Amo-te”, lhe disse ela.

(Mas neste contar há imensos excertos que não conto.)

Que a situação de Frederik tem sido a mais complicada de todas a entrar nos eixos. Alucinações com a Mãe, disfuncionamento sexual, idas a médico, tomada de anti depressivos, consulta de analista, quase tentativa de violação da própria mulher, eu sei lá.

(A imagem apresentada reporta-se ao enterramento do que restou das cinzas de Veronika. E, simultaneamente, a plantação de uma macieira nesse mesmo local! Cerimónia simples, mas carregada de simbolismos.)

Aguardemos os próximos episódios, para vermos como se irá processar todo o desenrolar do enredo!

“A Herança” – Série Dinamarquesa - 7º Episódio

“Arvingerne” / “The Legacy”

 

A Herança

(11/03/16 – 6ª Feira)

 

No Tribunal In.gentofte.lokalavisen.dk.jpg

 

As Audiências no Tribunal de Svendorg

 

E chegou o Julgamento!

Acontecimento mediático, com jornalistas à porta do tribunal, repórteres, TVs e rádios, que esta família, o facto de ser a herança de Veronica e o tipo de situações que envolve, brigas entre irmãos, chama a curiosidade pública e mediática.

 

Este julgamento tem o objetivo de verificar a validade do testamento que Veronica Gronnengaard redigiu a favor de Signe Larsen.

O queixoso é Frederik Gronnengaard.” Foi declarado, na abertura da 1ª audiência.

 

E vou narrar, dos acontecimentos, apenas alguns factos essenciais.

 

A Casa é para si, Signe!” A partir do documento assinado por Veronika, “testamento em leito de morte”, em 24 de Dezembro de 2013.

“Gronnegaard é sua!” E estas frases proferidas como sentença, pelo Juiz, no final do julgamento, dão-nos o respetivo veredicto.

Mas foi interessante verificar a sensação de vazio que perpassou em todos, muito especialmente em Signe.

“Eu gostava de ficar sozinha”, disse para o namorado.

 

E sozinha ficou, que dos irmãos, que já a haviam abandonado há muitos anos, apenas Emil dela guardara lembranças e a estimara, mesmo este lhe arremessou:

- “Nunca mais nos contactes!”

E a família a que sempre pertenceu, que a criou e amou, também se desfez.

“Não há mais nada a dizer!”, disse Lise para John. “É melhor arrumares as tuas coisas. Quero-te fora de casa, esta tarde.”

 

E foi esta solidão e vazio, esvaziamento de almas, que se sentiu no final do julgamento e episódio. Em todos os protagonistas. (Até eu próprio senti isso, curiosamente!)

 

Frederik, que sempre supusera ganhar facilmente a causa, afinal é um advogado inteligente, esperto e experiente; afamado, rico e poderoso; capaz até de influenciar, condicionar e manipular notícias; de estruturar toda uma defesa, com base em falácias sucessivas, que, supostamente, e tudo dava a entender que sim, que conseguiria puxar o resultado para o seu lado...

Pois Frederik perdeu a causa.

Perdeu, primeiro, a frieza cínica, quando leu a carta da mãe, datada de 30 de Junho de 2011, dirigida ao advogado Ole, em que esta declarava Signe como herdeira do tão famigerado Solar! Afinal a mãe não estava fora da razão, quando assinara o documento de 2013, nem John andara a pressioná-la. Fora a Mãe, sentindo-se frustrada, talvez culpabilizada por não ter criado Signe, que a queria compensar.

Ele que baseara toda a sua ação jurídica, no sentido de rasteirar John, treinador de andebol, no pressuposto de que ele manipulara e obrigara a Mãe, a dar a Casa à filha de ambos. Só que o treinador tinha uma arma de ataque à baliza do adversário. A célebre carta, que caiu que nem bomba no tribunal, estilhaçando todas as jarras e todas as flores.

 

jarra de flores in. downvids.net.jpg

 

E Frederik não soube perder. E, após o veredicto, ainda disse qualquer coisa ofensiva a Signe, como aliás em todo o julgamento, pois só se baseara em mentiras.

E, esta, que passara ambas as audiências a ouvir as mentiras do irmão e da irmã, não se conteve.

Exaltada, exasperada, atirou-lhe uma tremenda bojarda que o deixou completamente KO e desvairado. Que o Pai dele, Carl, era homossexual e que fora ele que abalara para a Califórnia, com outro homem e não Veronika que o expulsara.

(As palavras exatas não terão sido precisamente estas, mas a ideia base foi.)

E proferidas como arma de arremesso tiveram enorme impacto em todos os presentes, nomeada e muito especialmente em Frederik, que, perdendo completamente as estribeiras, saiu desvairado do tribunal e de cena.

 

Convém dizer que ainda retirou a queixa, cena que não vimos, mas de que o Senhor Doutor Juiz nos informou, antes de declarar o veredicto, em que anunciava que a Casa, o Solar Gronnegaard, era pertença de Signe Larsen.

 

Solar, aonde, no final do episódio, veríamos chegar Frederik, a pé, desencabelado, desgrenhado, encaminhando-se para o célebre palheiro, onde ele encontrara o Pai enforcado na trave mestra.

(Afinal, e reportando para um caso mediático de que recentemente se tem abusado tanto na “faladura”, não é só no Alentejo que os desesperados se enforcam, parafraseando Régio!)

 

E, ainda, antes de findar esta narração, como sempre lacunar, parcelar, pessoal e enviesada, quero citar palavras de Gro Gronnengaard, para o seu amante Robert, no final do primeiro dia de audiência.

“ – É uma loucura estar ali em exposição, a olhar para a minha própria vida!”

 

E esta frase proverbial aplicar-se- ia a todos os protagonistas!

 

E não pode faltar a “sentença” moral, a moralidade.

 

Não teria sido melhor que os intervenientes tivessem chegado a acordo, a consenso entre eles e tivessem partilhado todos, tudo o que tinham?!

Que tivessem sido Altruístas?!

Nesse aspeto, só Signe teve esta qualidade, este sentimento, perfilhou este Valor: Altruísmo. Só ela apresentou uma proposta em que todos compartilhavam tudo, dividindo e não querendo tudo para si.

Sim, porque Frederik queria a Casa, dispensava as “Obras Artísticas”, para serem vendidas, que não lhes tinha valor estimativo e lucrarem. Dividindo o dinheiro. Dando ao irmão Emil, de que sabia até o valor exato que a Mãe lhe mandara para a Tailândia, dando à irmã Gro e omitindo completamente Signe, que não considerava sequer irmã, nem da família.

Emil, o que queria era dinheiro líquido, “Money! Money!”, para esturrar na Tailândia e pagar à respetiva máfia, a que pedira emprestado para “comprar uma ponte!”, e continuar “o seu estilo de vida”!

Gro, com a célebre Fundação, de que a Matriarca nunca assinara os papéis, sobre que ela falsificara a assinatura, acabava por querer tudo para ela e para as suas “Altas Culturas”. De facto, os irmãos acabavam por ser deserdados.

Todos eles se aproveitavam da “ingénua” Signe, como Frederik a categorizou.

 

De facto foi ela a única que equacionou uma proposta, contemplando todos como irmãos e nela incluindo também Thomas. Que podia ficar na sua “Cabana do Pai Tomás”!

E, lá vai a Moralidade: importância dos Consensos, dos Acordos, de que tanto tenho falado.

 

E, sobre o sétimo episódio, tenho dito! Que muito ainda fica por dizer...

Vamos ver como se vão desenvencilhar todos e cada um com a solução encontrada!

 

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