Há quem do Tejo só veja
o além porque é distância.
Mas quem de Além Tejo almeja
um sabor, uma fragrância,
estando aquém ou além verseja,
do Alentejo a substância.
Há quem do Tejo só veja
o além porque é distância.
Mas quem de Além Tejo almeja
um sabor, uma fragrância,
estando aquém ou além verseja,
do Alentejo a substância.
No penúltimo episódio, apresentei uma foto de Guillaume, ameaçado de sentença mortal por soldados jihadistas. Que repito.
Imagem que prenunciava o final da 2ª temporada da série, mais especificamente o findar do episódio vinte, último dessa segunda temporada, mas prenúncio para uma futura e terceira, que se desenrolará, provavelmente, já em 2017.
Cena, essa, ocorrida após Guillaume / Paul Lefebvre ter acionado a bomba direcionada sobre “Deep Bleu”, enquanto jogavam xadrez, logo após a primeira jogada de ambos, em que apenas movimentaram os correspondentes peões, em passes habituais. (Início do “gambito do rei”?)
Estas representações têm que aferir de alguma veracidade, para que a narrativa não saia descontextualizada, e a mim fez-me espécie que, tendo o jihadista ficado esquartejado, pedaços espalhados pelo pátio, Guillaume mal tivesse alguma beliscadura, conforme se viu nessa icónica imagem posterior, da ameaça de morte, por “decapitação” faseada.
Posteriormente, julgo ter entendido que o projétil estaria na caixa do jogo, no tabuleiro do xadrez, direcionado para o oponente.
Coincidências? Acaso percentual: fifty / fifty? Roleta russa? E se a jogada inicial tivesse sido diferente, em função do acaso de brancas ou pretas calharem a um ou a outro? Ou “Deep Bleu” fez batota?!
Houve vários passes que me passaram ao lado…
(Há uma estratégia televisiva que “aconselhava” à RTP2:
- Nestas séries apelativas, e com alguma dimensão temporal, deveriam repetir o derradeiro episódio, antes de começarem logo uma nova.
Dir-me-ão que, hoje em dia, só não revê episódios, quem não quer, mas eu não. Por preguiça, por comodismo, porque tenho mais que fazer noutras horas e, para os seriados, é aquela hora e não é outra. Noutras horas ocupo o tempo com outras funções, por ex., escrever, “endesouone”, etc., o trivial do dia-a-dia…)
Mas lá vamos aos entretantos, para ver se chego aos finalmentes, deixando-me de preâmbulos, que hoje não estou muito virado para a escrita, talvez porque a série vai ficar suspensa, com tudo em aberto, provavelmente porque preciso de arejar previamente e ganharei mais inspiração. E, por isso mesmo, faço uma pausa. Ponto final.
*******
De regresso à escrita.
Para acentuar que detesto esta mania dos guionistas, dos realizadores das séries, em deixarem tudo em suspenso sem terem material para dar continuidade ao enredo.
Obrigar-nos a esperar por outra temporada, que será ou não conclusiva!
Detesto. E não tenho paciência para me embrenhar logo, imediatamente, noutra série. Há que fazer uma certa pausa, estabelecer alguma distanciação, quiçá, fazer algum "luto”.
Guillaume lançou-se nesta missão, como se fora o epílogo da fuga para a frente, em que se processou todo o seu desempenho, desde que retornou de Amã.
Errou, meteu os pés pelas mãos, ao envolver-se sentimentalmente, não despiu o fato e papel de Lefebvre e, posteriormente, foi sempre avançar de cabeça, cada vez enterrando mais o coração.
Deu no que deu, tudo indiciava que morreria igualmente, fez tudo para isso, mas ficamos suspensos até futura temporada.
Duflot foi-o questionando telefonicamente, enquanto ele se encontrava em Racqa no cumprimento da sua missão.
Estranho mundo em que as guerras parecem ser jogos eletrónicos, à distância de um clique, de uma telefonadela celular.
Duflot também nunca achou que ele fosse kamikaze. Nem queria que fosse, dados os seus conhecimentos. E a DGSE, ele próprio, todos estão aptos a perdoar-lhe.
O medo da sua morte iminente foi bem sentido na Agência, ele é respeitado e admirado por todos, mesmos os que sabem da sua condição de toupeira.
Duflot considera-o uma “lenda”, as suas ações lendárias. Afinal, o título também nos pode reportar para essa leitura.
E voltando à minha dúvida inicial, o título da série, esta também poderia ser reintitulada como “Um Agente Lendário”, porque a narrativa é muito centrada nele, ou pelo menos a minha narração.
Mas seria reducionista esse título, reconheço.
Porque nela, narrativa, perpassam as missões de vários agentes, entre os quais Marine Loiseau, também conhecida por “Fenómeno”.
A sua “libertação”, em troca de um iraniano muito importante para o regime, preso pelos americanos, foi também um tratado. Digna de observação e nota.
Proverbial, o funcionamento daquela cabine telefónica, num posto de gasolina e abastecimento rudimentar, perdidos num deserto de nenhures, mas que lhe permitiu comunicar com a sede da Agência, em Paris, e que os seus supervisores pudessem providenciar a respetiva busca, quando ela já se dispunha a fugir novamente.
(Ganhou o “homenzinho” da bomba, que auferiu pecúlio substancial e permitir-lhe-á continuar o negócio em ambientes mais rendosos. Isto suponho eu, que o guião não diz nada sobre isso.)
Veremos Marine chegar a Paris, para um retiro isolado na Picardia, efusivamente abraçada por Marie-Jeanne, que nela tanto investimento fez.
Na Agência decorre um inquérito interno a todos os agentes que coabitaram com Guillaume, sobre esse mesmo relacionamento interpares, a forma como ele se processou, o que pensam do superagente, e, no fundo, para testarem se esse “toupeira” tem ramificações subterrâneas.
A deslealdade, pensou Duflot, é como uma bomba de desfragmentação, tem sempre efeitos colaterais; é como um cancro, pode haver sempre outras metástases.
E, na apresentação da ameaça em direto, pudemos observar outros personagens a ver.
Nem a propósito de efeitos colaterais, vimos Nadia, aflita, a chorar, agora noutro retiro, algures em França.
E, Prune, terá visto?!
Estou a saltar as várias fases e momentos por que passou o enredo, desde o primordial contacto entre Guillaume / Paul Lefebvre e Fatic, o suicida arrependido; a forma como Paul lidou com ele e, posteriormente, com o jornalista; a ida para o campo de refugiados (?) onde o jihadista marcou encontro, crianças a jogarem à bola, tendas das ações humanitárias; a sua chegada, numa ambulância da Cruz Vermelha (?); a entrevista “afagando o ego” a Toufik, afinal, um francês, criado na Pátria de Rousseau e Voltaire; a tecnologia de ponta que possuem, do melhor do Médio Oriente.
Enfim… Lembrar, ainda e também, que Duflot no “interrogatório” que foi fazendo a Guillaume, tentando dissuadi-lo da missão, ordenando que dissesse ao alemão para regressar, ainda o questionou se ele procurava “Redenção”.
Mas aqui e agora, quem busca redenção sou eu. Que vou terminar esta minha narração, sempre tão incompleta, enviesada, parcelar e parcial.
Que, reconheço, hoje me está a ser difícil escrever, como fora no início destes meus contares sobre esta série, de que gostei, que apreciei, embora não me tivesse sempre sido apelativo escrever sobre ela.
Agradeço a sua atenção, se conseguiu ler-me até aqui.
Obrigado!
(A nova série que irá começar, sobre o “roubo do comboio”, não sei se será o celebérrimo roubo de um comboio inglês, nos anos sessenta, não penso começar a vê-la, hoje, vai depender do que vier a pesquisar.
De qualquer modo, faça o favor de seguir o blogue, que tem muitos outros temasinteressantes.)
*******
P. S. - Afinal, a série é sobre esse celebérrimo assalto ao comboio correio, Glasgow - Londres, carregado de massa e ocorrido em 1963.
Este episódio dezanove abriu e fechou com o assunto que vem povoando o enredo e é quase obsessão de Guillaume: o “Caderno / Diário”.
E, dentro do caderno e no conteúdo do episódio, as explicações de Guillaume para as suas ações e, elas mesmas, as ações e o seu desempenho, que toda a narrativa gira, direta ou indiretamente, à volta de Debailly, Guillaume, Paul Lefebvre, “Malotru”.
Prune, “Ameixa”, a batizei eu, nada de original (!), chega a casa do pai, pelas oito horas da manhã, como ele lhe pedira.
Mas do pai, nem rastos. Após voltear pela casa, repara no célebre caderno diário, pousado na mesinha da sala. (Afinal, deixara rasto.)
Abre-o, todo manuscrito, lê algumas passagens.
“… tive que partir novamente… e abandonar-te, agora, que voltáramos a encontrar-nos…. parto, e não sei quando voltarei… ninguém te dirá de mim…”
Irritada com aquela conversa, que subentendia, frustrada por nova ausência e abandono… Prune arremessou o caderno… que ficou aberto, no chão.
Lembrou-se de telefonar à “Mula”, que é para isso que as mulas servem, carregarem com as bagagens, com os pesos, dos outros!
Entretanto, o narrador informa-nos que se passaram alguns acontecimentos anteriores que ainda não nos havia contado.
E diz-nos que Mari-Jeanne, sempre de pulga na orelha, avistou junto ao elevador, Duflot e Clément, em conciliábulo, que tentou saber junto do diretor do que se tratava, mas este não lhe quis dizer.
Todavia, ela deduzindo sobre que seria o tema da conversa de porta de elevador, referiu que tem uma teoria sobre o assunto, que envolve Guillaume. Duflot retorquiu que também ele, mas que não é o momento para essa abordagem, que ninguém os irá escutar. Falou-lhe numa metáfora de voo, que não entendi, julgo que também ela não percebeu.
Mais tarde, representaria essa mesma alusão ao voo, simulando com o corpo precisamente esse voar. Não sei se a agente entendeu ou não ou se ficou como eu.
Essa simulação de voo, abrindo os braços, como se fossem asas, ocorreu após Henri ter falado com MAG, o Coronel, Diretor dos diretores, o “Bexigoso”, em conversa de gabinete, só os dois. Nesse conciliábulo a dois, Duflot apresentou-lhe a hipótese de a “toupeira” ser Debailly, argumentando com factos.
MAG discordou completamente, contrapôs com outros factos, que poderiam servir de argumentos para indiciar o próprio Henri Duflot. Que Debailly é intocável!
Foi, no retorno dessa conversa mano a mano, quando Henri simulou o voo, para que Marie-Jeanne visse as suas habilidades voadoras, antes de entrar no seu gabinete.
Essa entrevista pedida por Duflot a MAG, para expor a sua teoria, que Marie-Jeanne também perfilha, aconteceu após o diretor ter falado com Clément, que elaborou um relatório, a partir das pesquisas que fez sobre o recrutamento pelos americanos do jovem Shapur Zamani.
Nesse recrutamento constata-se que ele se processou em todos os aspetos, como Clément pensava executá-lo: a mesma ideia, o mesmo local, na mesma data, benesses idênticas. Como se os americanos tivessem tido acesso ao relatório de Marine Loiseau!
Que sabemos estar presa no Irão. Que lá iremos.
Na sede da DGSE ocorreu uma primeira reunião extraordinária entre altos dignitários franceses e americanos sobre o caso de Marine. Reunião cautelosa, como tal não muito conclusiva, de importante apenas a confirmação, pelos americanos, de que a jovem não tem qualquer ligação à CIA.
Mas esta foi apenas um preliminar e, após troca de galhardetes e trunfos de cada parte, pelos vistos os franceses tinham um naipe mais forte, haveria nova reunião, desta vez com a presença do célebre Peter Cassidy, que já conhecemos, e que engendrou todo o plano de recrutamento das “toupeiras”.
Essa reunião já foi mais substantiva. E ocorreu o almejado xeque-mate.
Após jogadas táticas de ataque e defesa, e, neste caso, os americanos tinham muitos telhados de vidro, que não vou esmiuçá-los, foram sendo abordados ao longo dos vários episódios da série, os franceses obtiveram o tão almejado objetivo: saber quem é a toupeira dos americanos na sua “Agência”.
Mas antes convém dizer que essa conclusão fornecida por Cassidy, através de um papel dobrado, em que escreveu pseudónimo e alcunha do toupeira, só se despoletou após os dirigentes gringos terem ido verter águas ao wc, aliviando a pressão da bexiga.
Aí, Cassidy levou puxão de orelhas do seu superior e ficou condicionado à revelação.
E, deste modo, o “Bexigoso”, MAG, teve acesso à informação basilar, em segunda mão, que, primeiro, desdobrou e leu o papel o seu superior.
No papelucho leu:
- Pseudónimo: Paul Lefebvre - Anexim: “Malatru”.
E o Coronel não caiu para o lado?!
Lembremos que, há pouco, ele havia afirmado para Duflot, que Debailly era intocável!
E Marine?
Pois, a jovem está presa no Irão e estas reuniões seriam também para, de algum modo, equacionar ajuda americana para a respetiva libertação.
Marine, presa, é interrogada, de todas as maneiras e feitios, não sofre torturas físicas, que é mulher, é estrangeira, tem sempre junto a ela duas mulheres guardiãs, trajadas com rigor muçulmano. Consegue sempre resistir ao torcionário interrogador, com um dossiê completo da rapariga. Terá fraquejado, mas não soçobrando, quando trouxeram à sua presença o jovem Shapur, de quem ela se afirmou sempre amiga, de cara completamente desfeita, pelas torturas a que foi sujeito.
Mesmo perante essa imagem chocante, não vacilou, lembrando-se dos ensinamentos da sua mentora, Marie-Jeanne, sobre alvos e sobre amigos…
Para ele cujo destino será certamente muito mais cruel, apenas disse que iria avisar a Embaixada de França, contactar uma ONG, divulgar nos media.
Ele, arrastado para os calaboiços, vomitou-lhe: “ – Ordinária”! (Esta foi a tradução.)
Não conseguindo dobrá-la, mais tarde, ela a dormitar na mesa, as duas mulheres muçulmanas trouxeram-lhe um documento para ela assinar.
Nele, entre outros dizeres: “Sem direito a julgamento… Cem anos de prisão!”
Na Agência decorre a supervisão, à distância, do que acontece em campo: a ação prevista contra o célebre jihadista francês, conhecido por “Deep Bleu”, a que atribuí o anexim de “Computador”.
Nessa missão, lembrar-nos-emos, estariam diretamente envolvidos um jornalista alemão e um jovem recrutado na Líbia, por um imã.
Céline que dirige oficialmente esta operação, mas que Guillaume superintende, dado o melindre da mesma e os seus conhecimentos, apercebem-se que algo está a correr mal, tanto da parte do jornalista como do potencial suicida.
Quanto ao jornalista, Céline conseguiu resolver, incentivando-o a prosseguir.
No respeitante a Fatic, que agiria como operador de câmara do jornalista, e seria potencialmente o executor e suicida, concluíram que ele não prosseguiria a sua missão.
Contactado o imã recrutador, por Guillaume, concluiu este, que o imã já não agiria a tempo de resolver a situação.
(Todo este processo se desenrola à distância, via telemóvel, computador, tvs, internet e o que sei eu…
E tantos comentários que estas guerras, via media, nos poderiam suscitar!
…)
E é nesta ocasião chave que Guillaume toma uma decisão arrojada e perigosa, mas que vem de encontro ao que ele vem desabafando no “Diário”, que certamente Prune / “Ameixa” estará a ler com a “Mula”!
Debailly, “Malotru”, decide deslocar-se ele a Racqa (?) para convencer Fatic a prosseguir.
Irá enquanto Paul Lefebvre!
Mas dessa sua decisão, que concretizará dentro de trinta horas, ninguém pode saber, para além dos que estão na sala presentes, diretamente envolvidos na operação “Deep Bleu”.
Antes de partir, em sua casa ainda deixou outras notas no confessionário, para a filha, praticamente o único elo afetivo, que tem com o mundo exterior, para além do trabalho.
“… se disserem que me suicidei, é mentira.
Vão apresentar-te carta minha de despedida. É mentira.
Não me vou suicidar! … …)
E, realmente, a “Mula” e a “Ameixa” estiveram de redor do “Diário”. A mula aconselhou a ameixa a lê-lo, que o conteúdo é destinado a Prune e não à “Mula”. Se esta o levar a “Ameixa nunca mais o verá.
E mais tarde, e já após a conclusiva reunião entre os dirigentes da DGSE e da CIA, sabedor MAG do nome do “toupeira”, dirigiram-se o “Avô” e o “Avó” ao gabinete de Céline, à busca de Guillaume Débailly.
Mas deste, nem novas nem mandadas!
Já ele partira, em “Missão Suicida”! (Quer ele queira quer não, é esta a nomenclatura.)
Deixou o “Caderno Diário”!
E vimos Duflot a lê-lo também, na casa do super agente, com mais gente:
Só neste episódio constatei quem era a agente a quem chamavam de “A Mula”.
A senhora faz realmente de moça de fretes, isto é, pau para toda a obra, no que respeita a serviços externos, mais ou menos secundários, mas que são tarefas imprescindíveis para o funcionamento e bem-estar dos agentes principais, mas a que estes não têm tempo para se dedicar. Vai às compras, trata das bagagens, faz de taxista, intermedeia entre o pessoal, eu sei lá, tudo o que é preciso em termos de logística.
Neste episódio até fez de conselheira com a filha de Guillaume, Prune, (Ameixa?!) em crise de namoro, nos seus verdes vinte anos.
Tarefas e funções podendo ser tabeladas de menores, mas indispensáveis ao bom funcionamento do todo.
Pelo que consultei, não parece ter direito a nome próprio de agente. Apenas anexim.
Nessa noite teve direito a jantar com pai e filha.
Guillaume continua obcecado em deixar confissões e desabafos “post mortem”.
No “Diário”, comunica com a filha “Ameixa”, lembrando essa última noite que passaram juntos, em que ambos beberam do mesmo álcool do desespero, do desatino, do desalento.
Falou-lhe da sua alcunha e da dos seus colegas.
Não sei o que ele pensa fazer a seguir, mas fico apreensivo, que o guionista sobre as deixas que nos deixa entrever não são para menos. Diz-lhe que ficou comovido, lamentando tudo o que lhe irão contar…
Nessas confissões, constrói a sua própria narrativa, dos seus atos e ações, que o atormentam e conduzirão certamente a destino trágico. Confessa-se, de algum modo, arrepende-se, faz a sua contrição, expia a sua culpa.
Também com Nadia procede na sua “confissão”, na sua “contrição”.
Visita-a no esconderijo da DGSE, na Picardia, a saber se estará bem, naquele isolamento, ausente de vida própria, ela lendo as inquietações de Roberto Saviano, pós “Gomorrra”.
Leva-a a passear a Paris, à casa onde habita, não sua, que é da DGSE, mas onde vive segundo a sua própria identidade, que lhe revelou: Guillaume Debailly. Porque gostaria que entre eles houvesse alguma verdade, que se esforçou por lhe conseguir outra vida. Que não voltarão a ver-se e, futuramente, ao pensarem um no outro será doloroso.
(Nesta narração não sigo exatamente a sequência narrativa do episódio, mas foi por aqui que o enredo me puxou. Se tivesse escrito ontem ou hoje, pela manhã, certamente teria seguido outro caminho.)
A descoberta de que Shapur se tornara agente dos americanos deu brado, fez mossa na Agência, mas rapidamente passaram às averiguações. Atualmente, o trabalho dos agentes principais centra-se mais na descoberta da origem das fugas de informação.
Sem deixarem de preparar o ataque suicida ao jihadista francês, de alcunha “Deep Bleu”, nome que gosto mais de usar, porque mais fácil de escrever e fixar.
Marine Loiseau teve direito a cinco dias de férias em Chipre, como forma de ser interrogada por Henri Duflot, sem levantarem suspeitas.
Ficou surpreendidíssima ao saber que Zamani trabalhava para a CIA. Nunca se apercebera de que os americanos o rondassem, nem em Paris, nem em Teerão.
Aliás, esse era, supostamente, o seu papel na capital iraniana: recrutar Shapur Zamani, para trabalhar para a DGSE.
Ação que envolveu tantas peripécias ao longo das duas temporadas e que, ao estar à beira de concretização, saiu gorada por artes do demo, que eles ainda não conseguem, nem se atrevem a explicar ou congeminar.
Tal como Marine, nem Marie-Jeanne se apercebeu desse namoro, nem o próprio “Malotru”. Oficialmente, diga-se, no referente a este último.
Então como sucederam as coisas? Como houve casamento sem namoro?!
O único que terá presenciado o namoro foi Clément, no Qatar. Mas, à data, já era casamento.
O que não deu nem namoro nem casamento foi a relação dele com Marie-Jeanne!
Mas ela também não pareceu ficar especialmente ralada, que ele também se confessou especialmente sacana com as mulheres! E, para sacanices e imbróglios, já lhe bastam os da Agência.
E para deslindar o imbróglio do “toupeira” na Agência que, como sabemos, tanto Duflot como Marie-Jeanne apontam para “Malatru”, definiram outro plano de ataque, centrando-o nos sírios retidos: Nadia e Nadim.
Mas nem Nadia, nem Nadim. Nada! Não conseguiram nada de ambos.
Duflot centrou-se em Nadim, para saber como fora o encontro de Lefebvre com Nadia, se propositado e organizado ou por acaso.
Por um acaso, dos que não acreditamos que nos acontecem na nossa profissão, mas que existem, esclareceu Nadim. Respondeu segundo as instruções que o superagente lhe recomendara.
Também Marie-Jeanne não teve melhor sorte.
Ao visitar Nadia, de surpresa, ainda esteve com rodeios para formular a questão fatal que para aí a direcionara, mas Nadia pô-la à vontade.
“ - Se quiser interrogar-me, seja direta. É mais agradável.”
E a pergunta era sobre se Paul Lefebvre lhe dissera o verdadeiro nome. Não, nunca lhe disse.
O que nós sabemos que nem Nadia nem Nadim falaram verdade. Protegeram-se e protegeram “Malotru”.
E nem Marie nem Henri encontram ponta por onde lhe pegar.
Na preparação da próxima missão, o ataque ao “Deep Bleu”, de que Céline é responsável direta, ir-se-ão socorrer de um jornalista alemão, que é tu-cá-tu-lá com o “Computador”, este anexim lhe atribuo eu.
O seu provável “executor” será o jovem suicida já mental, ideológica e religiosamente preparado, na Líbia, agora com reforço de conhecimentos técnicos como operador de câmara. Que será essa a função que irá exercer junto do jornalista alemão.
Provavelmente será na câmara que será acoplada a bomba, mas esse pormenor (?) ainda não nos foi revelado nem ao jovem, ansioso por saber, que é essa a sua especial “vontade”!
(Estou a saltar muitos entretantos, que entrementes se faz tarde. O meu pedido de desculpas.)
Volto finalmente ao fulcro da questão narrativa neste episódio dezoito e que é o leitmotiv do subsequente episódio, o de hoje, e que não podemos perder.
Shapur Zamani, já sabemos nós e também na Agência, bem como entre os agentes responsáveis, trabalha para os americanos.
Marine foi especialmente recomendada para ter cuidado, para se ir afastando dele, gradualmente, sem dar nas vistas, não pensasse ele ser pelas suas novas atribuições.
Ainda pensaram retirá-la, acho que foi Marie que o sugeriu, mas deixaram-na ficar, apesar dos perigos que pode correr, dado que não consideram Zamani prudente!
(Sem comentários…)
E, de facto, o jovem, talvez por essa condição, também pelas suas características pessoais, pelo ambiente em que foi criado, pelo mundo em que vive, revela-se deslumbrado, mais ainda do que já era.
A sua nova situação, para mais no meio em que vive, deveria alertá-lo para não dar nas vistas, para ter uma vida mais recatada. Faz precisamente o contrário.
Os seus novos patrões também não tiveram certamente tempo para o industriar devidamente. Houve muita pressa no casamento, sem um devido preparo no namoro.
“Trabalha” na sala de jogos eletrónicos, onde passa informações a outro agente. Até aí certamente nada de mais.
Pertence, juntamente com o pai, a um grupo restritíssimo de análise das situações referentes ao nuclear do País. (Não perguntem o quê nem como, que não entendi muito bem.)
Mas, imprudência das imprudências, puerilidade abissal, mal sabe informações sigilosas sobre uma instalação nuclear, logo, aproveitando um breve intervalo, as vai transmitir, no wc, via telemóvel, ao seu contacto (“Agnus”?)!
Mal regressou, houve controlo de telemóveis, pois que fora detetada a ocorrência de uma chamada, a partir do edifício onde estavam em reunião.
Estranho agente, ele, que não apaga sequer a chamada que fez, que nem com esse gesto lhe apagaria o rasto. (Bem não faço mais comentários, que o guionista tem que dar um determinado rumo à narrativa.)
E, para encurtar, na minha narração, que já se faz tarde, quem acha que vai pagar a fatura, por tabela?!
Pois, como calcula ou já sabe se também seguiu o episódio, a bela, a discreta, a prudente, Marine Loiseau!
E, mais uma vez, as ações de “Malatru” vão fazer pagar inocentes.
Visualizemos o próximo e penúltimo episódio desta segunda temporada!
Constatámos que, realmente, o encontro havido foi entre Guillaume e Nadia. Promovido e organizado por Céline, de sua iniciativa, sem ter dado conhecimento prévio aos superiores.
Atitude que lhe valeu enorme reprimenda de Debailly, que existem regras a respeitar no funcionamento das ações dos agentes, normas que a todos defendem.
Guillaume sabe muito bem do que fala, tem por demais experiência das consequências desse desrespeito. Não obstante, existe alguma ironia nessa sua advertência, inteiramente ajustada, realce-se. Partindo dele, que tem passado o seu desempenho permanentemente a atropelar as regras estabelecidas e que lhe interiorizaram.
Sistematicamente as vem infringindo, pagando caro e imolando outros inocentes, mas sempre com enorme remorso, que perpassa ao recorrente “Diário”! Confessando-se para a posteridade.
Não sei até onde irá essa culpabilização, esse arrependimento (?), talvez irreversível.
Nadia não esteve com meias medidas, tal o seu desespero!
“ – Tu tens que me ajudar. É um dever, não é um favor. Ameaçam-me, estão por todo o lado. O meu coração morreu. Não sabes o que é estar num pátio, à espera de ser executada. Um cano de espingarda na tua nuca. Tira-me disto!”
Ouvir o tiro e consciencializares que fora sobre ti, lembraria eu.
Céline haveria de dar conhecimento posterior a MAG, “Diretor dos diretores”. Sublinhou, bem realçado, sobre a importância de Nadia El-Mansour, na política do seu País. Uma voz respeitada, com crescente importância. Da perseguição que lhe é movida por Nadim, da imperiosa e urgente necessidade de a proteger e aos familiares ainda em Damasco.
E essa proteção, nomeadamente à própria, foi concretizada. Aguardemos como farão com os familiares.
Quanto a Nadim El-Bachir engendraram um plano maquiavélico para o neutralizar e este deixar de perseguir e atormentar Nadia.
Ideia, só podia ser, de Guillaume Debailly.
“ – Você era ótimo para ter vivido durante a Guerra Fria”, lhe disse MAG.
E sobre este subtema não me vou alongar. Ficamos mesmo numa fria de palavras sobre o assunto, mas foi interessantíssimo.
(Não perca a série!)
E Guillaume praticamente dirige a Agência, dado que controla, oficialmente ou por baixo do tapete, todas as missões, que envolvem os diversos agentes.
Passa literalmente a perna a Duflot, coitado (!), que gasta o tempo a vasculhar os computadores e rastrear telefones, mas se lhe turva tudo como em uma nuvem escura, sim, e de poeira do deserto.
E ainda ficará com remorsos, por andar a perseguir personagem tão santinho, tal a tanga que Debailly lhe prega.
Mas lá iremos.
Viajamos para Teerão, onde Marina recebe convite de Shapur para o acompanhar ao Qatar, a Doha, ao “1º simpósio sobre o futuro da água”. Realça-lhe as mordomias, para a seduzir.
Ir? Não ir?
A rapariga, apesar de muito jovem é bastante sensata, (Fenómeno!), e não foi.
Quem haveria de ir catar minhocas para o Qatar, foi Clément, juntamente com outra agente, a servir de isco ao jovem iraniano.
De nada lhe serviu, e vou adiantar-me na narrativa, porque se o objetivo era captar Shapur Zamani para a rede da DGSE, o alvo foi gorado.
Clément bem “namoriscou” com o rapaz, estou usando a linguagem cifrada que eles utilizam, mas não arranjou casamento. O rapaz afirmou já ser um homem casado.
E o agente francês não percebeu imediatamente o sentido da expressão, porque o moço recusou proposta tão aliciante e tão encomiástica, conforme recomendação de Marina.
Evidentemente ele já se houvera “comprometido com outra noiva”.
Foi preciso consultar o portefólio dos participantes do simpósio, quando viu Shapur a dialogar com outro personagem presente.
Socorrendo-se da jovem assistente, pediu-lhe que enviasse a foto do interlocutor para a Agência, para saber quem era.
Claro, caro/a leitor/a: é da CIA.
Bem, nós, espetadores, dispomos sempre de outros dados e deduzíramos logo que o iraniano já se havia “casado” com noiva bem mais poderosa!
Mas os personagens, não, nem desconfiam das tramas em que se envolvem.
Esta notícia, quando chegar a Paris, vai dar brado!
Que já deu! Que Marie-Jeanne ficou alterada quando soube, primeiro, que Clément soubera do convite a Marina, sua protegida, para ir Qatar e não lhe deu conhecimento. E quando se apercebeu que ele, a demais com assistente, se foi pespegar nas mordomias do Golfo Pérsico, virou possessa.
Valer-lhe-á o ombro amigo e paternal de Henri Duflot, que vendo-a tão desvairada, se ofereceu para a escutar.
Aguardemos. Para cúmulo, quando tomarem conhecimento da recusa do noivo, então será bomba.
Confirmarão as suspeitas, melhor, certezas, de fugas de informação, que ambos possuem.
Provavelmente, deixarão assentar a poeira, acalmar os ânimos e unir-se-ão para encontrar a toupeira.
(No campo, não posso deixar de tergiversar, a melhor hora para apanhar as toupeiras é ao raiar da madrugada, ao nascer do sol, quando elas se movimentam nos túneis em laboração, antes de se aquietarem. Ou ao início do crepúsculo, quando iniciam o seu trabalho)
E as “toupeiras” não param.
Já sabemos do trabalho que Guillaume tivera na “noite”, episódio, anterior, fornecendo informação sobre o “Caramelo”, Shapur, e que deu frutos, como vimos.
Sem ser oficialmente, controla, melhor, estraga o trabalho de Marina.
O seu trabalho oficial tem a ver com a neutralização do Jihadista, “Deep Bleu”, irmão de Sabrina, ex- “Madre Teresa”.
Mas para alcançar o seu objetivo, também se vale da sua condição de “toupeiro”, socorrendo-se da “toupeira”!
Ao chegar ao consultório de Doutora Balmes, a primeira tarefa é usar o detetor e concluir da existência do aparelho de escuta, na parte inferior do tampo da mesa.
Constatada a escuta possível, que, pelos vistos, a Doutora não se apercebera, confiara certamente no engodo de Duflot, portanto, verificando que haveria uma enorme probabilidade, quase certeza, de as suas conversas serem ouvidas na Agência, Debailly mudou de tática.
E a sua primeira informação foi escrever num papel o nome de Henri Duflot.
Seguidamente, passou a produzir um discurso oral falacioso, ainda que supostamente verdadeiro, centrando-o na sua pessoa e na família, como se fossem as suas angústias e desabafos para a psicoterapeuta.
As informações importantes foram verbalizadas por escrito, a necessidade de os americanos lhe facultarem um imã, que lhes pudesse “fornecer” um suicida para acabar com o carrasco de Raymond, “Le Chevalier” / “Deep Bleu” / “Azraq Dakin”.
Entregou uma foto do personagem. Cujo nome não sei se é Hachem Al-Khatib.
Oralmente, mencionou que buscava ajuda para o namorado da filha e para enterrar ainda mais o seu ex-superior e atirar-lhe areia para os olhos, falou à psicoterapeuta das suas angústias relativamente ao pai, que ainda não tivera coragem de ir visitar e há um ano que estava em França. Porque o pai, dele não gosta, odeia-o pelo que ele faz, que o considera feio, moral e fisicamente.
Se mente ou fala verdade, não sei, se são apenas fantasias suas, ou aldrabices para enganar Duflot, ou metáforas do que realmente sente sobre si mesmo, ignoro.
Se Henri Duflot vai engolir esses “arrotos” de consciência, má consciência, acentue-se, também desconheço.
Mas terá ficado a sentir-se culpabilizado por andar a espiolhar e desconfiar de tão adorado santinho. Isso certamente.
Veremos no que vai dar tal choraminguice.
Ou se Duflot, aparentemente sempre meio ensonado, não se deixa enganar, que também é raposa velha.
Quando à Doutora não perdeu tempo. E foi dar conhecimento das novidades, numa clínica de fisioterapia ou ginásio.
Cassidy achou de pouca monta, tê-lo feito deslocar-se, mas após terem mandado sair a fisioterapeuta, ela mostrou-lhe a foto do aparelho de escuta.
Perante essa desconfiança face à toupeira, resolveu Cassidy libertá-la dessa função no contexto em que a vinha exercendo, fornecendo-lhe um cartão dourado para ela sair do País, sem dar nas vistas.
Veremos para onde a enviarão?!
E, para finalizar, sintetizo que Guillaume, com a ajuda oculta dos americanos, conseguiu providenciar um imã, que já tem um suicida preparado.
E, neste toque do enredo, não posso deixar de me lembrar de “El Príncipe”!
E, ainda… E, na Agência, quando tudo se souber, rebentará também alguma bomba suicida?!
E, deixo-me ficar.
Ainda faltam três episódios para o findar desta segunda temporada.
A estruturação narrativa segue os eixos fundamentais.
A tentativa de coaptar, para o lado francês, “Le Chevalier”, envolvendo a respetiva irmã, Sabrina, “Madre Teresa” e o agente Raymond Sisteron, como Drº Coujard, em viagem na Anatólia, a caminho da Síria.
O papel de Marina Loiseau, enquanto agente “Fenómeno”, oficialmente em férias em Paris, tendo vindo ao “funeral da avó”, mas também tentando captar Shapur Zamani.
Sobre esta tentativa de “apanhar” este jovem iraniano, várias ordens lhe têm sido dadas, por diferentes superiores, que só um “fenómeno” consegue cirandar e aceitar tantas contradições.
Para esse facto tem contribuído a ação e o papel de Guillaume Debailly, a sua duplicidade, a sua condição de toupeira e o facto de agir segundo uma agenda pessoal, sobrepondo-se às ordens do superior hierárquico, Duflot, valendo-se, de certo modo, de alguma fraqueza deste.
Sentindo-se, e sendo, factualmente mais perspicaz e finório que qualquer um dos outros, acaba por agir com um certo sentido de impunidade, que, mais tarde ou mais cedo, o levará à perdição.
Aliás, Henri Duflot não só anda com a “pulga na orelha”, como não deixa de testá-lo.
A oferta de um caderno de apontamentos Moleskine é mais uma dessas provas, para o apanhar na rede.
Haverá também nessa oposição algo de pessoal, como lhe disse o Diretor dos diretores: Marc Lauré, “MAG”, rosto de bexigas ou “cara de cortiça”.
Aceite-se ou não, Guillaume, apesar de ser “o melhor”, tem a sua agenda pessoal e é o “toupeira”.
Resultado da sobreposição do seu interesse pessoal ao institucional esteve, desde o início da série, o seu relacionamento com Nadia El Mansour, que tem sido outro dos fios condutores da narrativa.
Que, honra lhe seja prestada, Guillaume nunca desistiu dela, consciente que foi através dele, que a senhora acabou por passar por inúmeras dificuldades. Foi também para a libertar que ele se envolveria com os americanos, traindo e traindo-se, enquanto homem, profissional, cidadão.
Outro dos fios da narrativa centra-se no funcionamento da Agência e dos diversos agentes e a interação entre eles.
Nesta, nesta segunda temporada, surge uma nova agente: Céline Delorme, que ciranda ainda um pouco ofuscada pelo brilho das estrelas que na Agência cintilam.
Guillaume fascina-a pela sua maestria, Raymond toca-lhe no fundo e preocupa-o a sua ausência, sentindo que ele foi parar “à boca do lobo”.
E vamos contar por aí.
Raymond e Sabrina seguiram para a Turquia, escalaram em Antáquia, donde partiram em carro alugado na direção da Síria. (Antáquia, afinal, é a celebérrima e antiga cidade de Antioquia! Adiante.)
Peripécias várias ocorreram nessa viagem. Como referi anteriormente, Sabrina é muito mais sabedora do que aparenta, ela também é simpatizante jhiadista, a conversa de gatos e gatas era com outro jhiadista que os recebeu no terreno, mais propriamente um casarão antigo abandonado. Ela é a sua “katniss”.
Raymond, tudo indica, foi levado ao engano.
Na Agência, os agentes e chefes de serviço e os diretores da Direção Geral acompanham toda a ação, à distância, através das redes eletrónicas, mediante os telemóveis dos agentes em missão.
Preocupados face ao desfecho da operação, vale-lhes a intervenção de Guillaume que, mesmo despedido, (já iremos a este “pormenor”), não desiste de poder intervir, como só ele sabe e a sua perspicácia ajuda, valendo-se dos seus conhecimentos, para se fazer sentir imprescindível.
Ajuda teve também da nova agente com quem houvera dialogado, atenuado angústias, feito esclarecimentos e incentivado à pesquisa.
E foi a partir dessa pesquisa, do nome jhiadista de “Le Chevalier”: “Azraq Dakin”, “Deep Bleu”, em inglês, nome do computador que venceu Kasparov, que pesquisando nas mensagens do telemóvel de Sabrina, vieram a saber que ela fora comunicando com o irmão, sem o conhecimento da Agência, isto é, tinha também uma agenda própria.
(Admirado fiquei eu quando, observando o seu comportamento, Raymond nunca desconfiou de nada. Mas isso faz parte do enredo.)
Perante esta descoberta, instalou-se ainda maior apreensão na Agência.
E não é para menos.
No final do episódio, privilégio de espetadores, veremos Raymond, de joelhos, rosto tapado, e uns soldados apontando-lhe armas.
Irão disparar?
E porque é que Guillaume foi despedido da Instituição onde trabalhava há catorze anos e a quem se entregara de “alma e de coração”, em missões em que abandonara tudo e todos, nomeadamente a Família?
Porque ele se usou, mais uma vez, das suas prerrogativas de diretor-adjunto, do seu saber e importância relativa, do seu ascendente sobre os outros e ignorou ordens superiores, formulando e contrariando ordens do Diretor, relativamente às funções de Marina, face ao trabalho de captação e contacto com Shapur. Inclusive, mentindo!
Sabendo-o, o Diretor, Henri Duflot, despediu-o.
Mas não acredito que seja por muito tempo, que ele não se desligou, não pode nem consegue, nem se desvinculou e, convenhamos, a sua reinserção afirma-se necessária, dados os seus conhecimentos. E o seu papel na narrativa é imprescindível! Mesmo como toupeira. (E aqui lembramos que Duflot lhe ofereceu, antecipadamente como prenda de anos, um caderno moleskine, frisando que significa pele de toupeira, o que eu não sabia. Estamos sempre a aprender, que já confirmei. Adelante!)
Marina, já vimos, que anda cá e lá. De Paris para Teerão, desta Cidade para a Cidade Luz e provavelmente irá novamente para o Irão, que Daria já foi, obrigada e ameaçada, certamente Shapur irá atrás dela e, seguindo-o a ele, irá Marina. Isto, deduzo eu!
Na Agência, inicialmente supervisionada por Marie-Jeanne, Guillaume retirou-lhe essa supervisão, porque lhe interessava, na sua qualidade de “toupeira”, e, agora, Duflot devolveu-a novamente a Marie.
Em termos de funções, inicialmente deveria acompanhar Shapur, depois o Diretor desvinculou-a, Guillaume atribuiu-lhe, falsamente, esse papel, para ela ter conhecimento que fora usada por ele, julgando que seria mais um teste. Sabemos, pelo que vimos, que essa função ser-lhe-á novamente atribuída, pois que assim determina o Diretor dos diretores: “MAG”!
E daí a suposição de novo envio para Teerão. Qual bola de ping-pong!
E termino, narrando sobre a historiadora, Nadia El Mansour.
Já sabemos que foi libertada e conhecemos as condições que os serviços secretos sírios lhe impuseram para tal libertação.
Guillaume dirigiu-se a uma conferência de imprensa onde ela era apresentada, através de um membro do Governo Francês, que frisou ser a sua libertação um resultado da ação do respetivo governo e dos que lutam pelos Direitos Humanos e que, em nome da França, lhe estendia os braços.
Bom, convenhamos!
Nós, espetadores que acompanhámos o processo e Guillaume, que despoletou tudo e sabe da poda muito mais que nós, o que poderemos pensar?
Para cúmulo, a Senhora El-Mansour, através de intermediário, pediu para que o Senhor Lefebvre saísse da sala.
(A esta cena assistiu a nova agente, Céline Delorme, que com aquele ar de sonsa, anda a apanhar as pontas todas da narrativa.)
E ele saiu.
Mas como se terá sentido?!
Despedido, mandado ausentar-se pela mulher pela qual a sua vida mudara cento e oitenta graus, ele que tudo engendrara pela sua libertação, é caso para se ficar completamente destroçado, sentindo-se inútil.
Acha?!
Vimos que não, que apesar de despedido e de todas as contrariedades, ele mostrou o seu serviço, disponibilidade e eficácia, face à situação de “Le Chevalier”, não desistindo, nem se dando por vencido.
Aguardemos, que ainda há mais cinco episódios e a sua descoberta enquanto toupeira deve dar brado!
Neste 13º episódio houve alguns esclarecimentos sobre aspetos que me haviam escapado. (Não vi todos os episódios.)
A Doutora Balmes já não trabalha na Agência. Nem precisa, que pode operar à distância, através da segunda toupeira. Demitiu-se na sequência do “caso Cyclone”. Voltou à clinica privada, onde recebe os seus pacientes.
Guillaume, supostamente, é um dos seus “doentes”, mas a última consulta foi um pretexto para lhe serem transmitidas ordens dos americanos, através da psiquiatra.
Ele funciona como elo de ligação indireto entre as duas Agências: “Le Bureau des Légendes” e a CIA, com passagem pelo consultório. Esquema engenhoso.
Continua a debater-se interiormente com grandes dúvidas existenciais e éticas. Mas segue dirigindo os seus serviços de agente, supostamente o melhor de todos, mas vai deixando pequenas, pequeníssimas, entreabertas, ele próprio cada vez mais desconfiado de si e dos outros que o rodeiam. Com medo, medo de se descair, de deixar algo destapado. Mas vai também sempre ajudando e dando conselhos aos agentes mais novos.
“As emoções são o nosso pior inimigo. Esconde-as. Enterra-as. São elas que te irão trair. Nunca demonstres que tens medo.” Vai-se “confessando ao Diário”!
Também sempre preocupado com Nadia, sobre que não pode, ou não deve, investigar diretamente. Mas pede ajuda a uma colega mais nova, cujo nome não sei, para fazer essa pesquisa.
E o que sabe deixa-o ainda mais apreensivo.
“O Juiz, que lhe foi destinado, é terrível. O caso vai terminar mal. Condenação quase certa.”
Isso, já nós, telespetadores, havíamos inferido, pela forma, pelo modo, pelo conteúdo, da respetiva intervenção, quando ele foi falar com a prisioneira. À partida, ela fora já considerada culpada.
E as instruções que deu ao “carcereiro” de Nadia, na última visita que lhe fez, ainda irão agravar mais a situação.
Tudo indica que, através da tortura psicológica a que vai ser submetida, ele pretende que ela se confesse culpada, em próximo interrogatório.
A agente Marina Loiseau, sobre quem Guillaume se atribuiu a respetiva supervisão, terminou o episódio em apuros.
Como lhe fora vaticinado, a excessiva exposição mediática nas redes sociais, ao lado do jovem rico e importante, focalizou sobre si mesma, atenções desnecessárias.
Acabou presa pelos guardas revolucionários, juntamente com esse jovem, quando se dirigiam para o interior do País, para fazerem um estudo, a pedido do Instituto de Investigação Sismológica, onde ela trabalha.
O que lhe acontecerá?
Que papel irá ter a família do jovem face ao ocorrido?
E o que irá diligenciar o seu patrão, Reza?
E como irá proceder a DGSE e a ADL – Agence des Légendes?
Sobre esta última Entidade, sabemos que, através de Clement, o “namorado” de Marie Jeanne, o Diretor da Agência, Henri Duflot, tomou conhecimento que haveria um possível ataque, ou ação contra o jovem iraniano, acompanhante de Marina.
Duflot consultou os códigos das mensagens secretas e providenciou telefonema para o emprego da jovem agente, avisando-a que lhe “falecera a avó”.
Mas, ironia do Destino, ou destino do enredo, Marina já não estava no escritório, acabara de terminar os arrumos no transporte, para seguirem para o trabalho de pesquisa, algures no interior do Irão, tendo acabado de partir.
Bem gritou a colega, sobre a morte da avó de Marina, chamando-a, que esta já a não ouviu.
Tivesse ouvido e não seria apanhada, alguns quilómetros adiante.
Nem o enredo prosseguiria na senda que nos revelarão em próximo episódio, logo à noite, no décimo quarto.
E será que Clement sentiu “a pulga na orelha” como lhe recomendou Marie Jeanne?!
O trabalho de “Cyclone” está a dar frutos e Raymond prepara-se para recrutar Sabrina, a irmã de “Chevalier”. Observemos, que também tem sido um processo engenhosamente manipulado por todos os intervenientes.
Ah! Convém ainda referir que Duflot, de, entre os possíveis toupeiras, que à partida, eram muitos, quase todos, o Diretor já fez uma primeira triagem. Nessa nova lista, mais restrita, figura a Doutora Balmes, em primeiro lugar. Excelente faro, constate-se.
Com o fito de a sondar, dirigiu-se ao seu consultório. Visita não muito conclusiva, por enquanto.
Aguardemos futuros desenlaces na narrativa.
Que, mais tarde ou mais cedo, conforme o(s) guionista(s) pretenda(m), eles ir-se-ão descaindo, pouco a pouco.
(P. S. - Anexo links sobre cada uma das temporadas. Pois que, hoje, já após a publicação deste post, constatei que o 13º episódio global já corresponde ao 3º da 2ª temporada. O meu pedido de desculpas pelo engano.
Guillaume Debailly, mais transfigurado, visual diferente, aparentando cansaço, presta-se ao trabalho de duplo, situação aliás que ele parece ter assumido como postura de personalidade, desde que veio de Damasco.
O seu diário é o seu confessor e o seu analista. Que a Drª Balmes, que já sabemos ser também agente dupla, recebe-o no seu consultório, aparentemente para consulta, mas de facto para lhe dar instruções sobre um agente da DGSE, que a CIA quer também ao seu serviço.
Esta duplicidade de comportamento, de atitudes, leva-o a questionar-se, que não está isento de ética, a procurar justificativos para as suas ações, contando-as ao diário. ´”Diário”, lhe chamo eu, àquele registo que ele faz, que não sei se, na sua perspetiva pessoal, o será. Veremos. Que parece ser para memória futura.
E como classificar a sua atitude de retirar da alçada da “vigilante” Marie Jeanne, a supervisão da agente Marina Loiseau, a operar no Irão?!
Será que também a quer recrutar como agente dupla?!
Aguardaremos.
Marie Jeanne obedeceu, supostamente estará mais “emocionável”, sob o ponto de vista de Guillaume, por se ter envolvido com outro agente, Clément, mas ela não ficou satisfeita, e alertou o namorado para estar com “ a pulga na orelha”.
Marina Loiseau opera no Irão, procura adaptar-se a essa nova cultura, com as peculiaridades que caraterizam os países do Oriente Médio.
Envolve-se, indiretamente, numa situação típica dos comportamentos da juventude árabe e muçulmana, das classes dominantes, sai-se airosamente, e deixa abertas portas de ações futuras, a que perigos insuspeitos não serão alheios.
A sua foto nas redes sociais, com o herdeiro de um império económico ligado ao nuclear, estimula muitos e variados apetites.
Que se cuide!
Nadia El Mansour está em prisão, num domicílio, algures em Damasco.
Procura contacto com o exterior, especialmente com a família. Tenta consegui-lo, de uma forma engenhosa, através de um “carcereiro”, que, condoído, tenta estabelecer o contacto, não o conseguindo, porque os respetivos familiares também foram presos. Desse facto exato, não dá conhecimento à historiadora, por comiseração.
Guillaume não desistiu da respetiva libertação e a sua trânsfuga para o lado dos americanos tem a ver com esse objetivo. Que estes consigam a hipotética e almejada liberdade.
Rachid Benarfa, o tão falado “Cyclone”, agora liberto, voltou ao trabalho, mas em Paris.
Foi-lhe atribuída uma “missão” de contacto melindroso com um jovem distribuidor de pizas, cujo irmão estará na Síria, no “Estado Islâmico”.
Saiu-se muito bem.
(Interessante que, com as novas tecnologias, como tudo é observado à distância!)
Na “Agência”, a hipótese, quase certeza, da existência de uma “toupeira” não passa despercebida ao Diretor e ao Coronel, que, em conversa a dois, comentam essa grande probabilidade, face a alguns factos, em que aparenta ter havido fuga de informação.
Face à pergunta que formulara na anterior narrativa, é caso para dizermos que já “farejaram” o perigo.
Perante o pedido do Diretor, Henri, de que o Coronel lhe facultasse a lista de pessoas conhecedoras de duas ações importantes, recentemente realizadas, este forneceu-lhe documentação sob a forma de nomes e fotos, em que figura todo o pessoal que trabalha na Agência e praticamente da Direção Geral.
Tarefa quase ciclópica que cabe a Duflot: achar o delator.
Aguardemos o desenrolar da ação, que este será um novo tópico que irá estruturando o enredo.
Nós, telespectadores, nestes casos, somos sempre privilegiados. Que sabemos não haver apenas uma, mas duas toupeiras. E o mais que surgirá. Que a seguir esse trajeto, ficará o campo todo minado!
Sobre a Doutora Balmes, que sabemos ser assumidamente dupla, desde o início da respetiva contratação, também a acho diferente, em termos de imagem representativa. Parece-me mais sisuda e apreensiva.
Impressão minha?!
Observemos novos episódios, que não sei se ainda estão na 1ª temporada!
(P. S. - Virei a constatar no dia 8, que já ocorre a 2ª temporada.Emendei no título.
Anexo links para resumos de cada uma das temporadas:
E volto à abordagem da série. Que já chegou ao episódio 10.
Quanto ao título, de modo que fosse um pouco mais consentâneo com o tipo de Agência, talvez “Agência Secreta”. Não sei se seria original ou não.
Quanto ao significado de “Légendes”, no contexto da série, reporta-se a palavra precisamente para o sentido literal: “legendas”. Uma ideia um pouco diferente da que eu supusera, reportando-me aos agentes como “lendários”, no sentido do seu desempenho e atuação.
Procurando traduzir o que referem na sinopse: os agentes « …trabalham na sombra, “sob legenda”, isto é, sob uma identidade fabricada em todos os aspetos…»
A Agência, “Bureau des Légendes” é um Departamento que funciona no âmbito da DGSE – Direção Geral da Segurança Exterior. Nela, são formados e dirigidos “à distância”, os agentes “clandestinos” mais importantes dos serviços secretos franceses, de informação externa.
Devidamente preparados, como podemos observar face à personagem “Marina Loiseau”, são colocados num país estrangeiro, em “Missão” de observação de possíveis pessoas suscetíveis de serem recrutadas como informantes.
Aí vivem longos anos, “imersos” nesse país, sob essa identidade fabricada, falsa, mas totalmente interiorizada como verdadeira, em permanente dissimulação.
Guillaume Debailly é o principal agente do Departamento e personagem principal no enredo e narrativa da série.
Viveu seis anos em Damasco, sob o nome e a identidade de Paul Lefebvre, professor de Francês.
Inicia-se a história com o seu regresso a Paris. Daí decorrerá a sua suposta integração na Agência e assunção da vida “normal”, sob a identidade verdadeira de “Guillaume, em que se incluirá o restabelecimento dos laços familiares com a filha e a ex-mulher.
Esse restabelecimento, esse “despir” de uma personalidade forjada, mas vivenciada durante largos anos e o interiorizar da verdadeira, não se revela nada fácil.
Mais difícil se vai tornando, quando, paralelamente ao seu regresso, também decorre a vinda, para a capital de França, da sua amante em Damasco: Nadia El Mansour.
Impossível se torna resistir ao apelo do Amor e Guillaume reassume a sua identidade de Lefebvre. E para amar, que o Amor não olha a meios nem fins, faz um jogo duplo e perigoso, colocando-se em risco pessoal, da sua própria família, no caso da filha, que expõe a perigos insuspeitos e da própria Nadia. Sobre esta, no nono episódio, recebeu uma chamada, de Nadim El Bachir, anunciando-lhe que acabara de lhe declarar sentença de morte. Porque, aparentemente não cedera à chantagem que aquele lhe impusera.
Muitas ocorrências aconteceram nestes últimos episódios.
A todos os agentes é atribuído um “pseudónimo”, melhor, “anexim”. O de Guillaume é “Malotru”.
Todos estes “anexins” são expressões favoritas, retiradas do vocabulário do capitão Haddock, personagem da banda desenhada de “As Aventuras de Tintin”.
Continuando…
Nadia El Mansour, professora universitária, especialista em História e Geografia e muito especificamente do seu país natal, Síria, está muito para além do que Guillaume supunha.
Está em Paris, integrada num grupo de altos dignitários sírios, ligados ao chefe de estado do país, em negociações secretas com a oposição, tendo como intermediário um russo, em nome do respetivo país. É parte integrante dessas negociações, na sua qualidade de conhecedora da realidade cultural síria, altamente complexa e diversificada no plano da sua História e Geografia, suscetível de multivariados conflitos de índoles diversas.
O seu relacionamento com Lefebvre é motivo de preocupação e visto com muita apreensão pelos restantes membros da equipa das negociações, dado desconhecerem e temerem as atividades de Lefebvre, que desconfiavam ser jornalista ou espião, tipo de personagens que querem afastados, pois quebrariam o sigilo das negociações.
Avisada, intimidada, pelos vistos, ela não cedeu, julgo ter sido recrutada pela “Agência” e agora está ameaçada de morte. Pois que o seu amante não se vergou à chantagem, não fornecendo a informação pretendida, uma lista dos contactos que ele conseguira em Damasco, enquanto aí operava clandestinamente, como agente.
No episódio dez, soubemos que estará presa no Irão, numa prisão síria. Esta informação foi fornecida a Guillaume, por um agente da CIA, a quem ele fora oferecer os serviços de mediação com os sírios, em troca de a Agência americana tentar a libertação de Nadia.
O que se revela difícil, dada a complexidade das relações entre estes países e os americanos.
E estes são tópicos fundamentais da narrativa: as negociações secretas dos agentes sírios e o envolvimento de Nadia com Lefebvre, e as implicações e complicações daí decorrentes, para todos os envolvidos.
No fundo, resultantes de o agente não se ter conseguido libertar do seu passado em Damasco, mantendo e agindo conforme essa mesma identidade.
E nessa tentativa de remediação dos erros cometidos Guillaume vai-se “enterrando” cada vez mais. A ponto de trair: a sua Agência, o seu País, a sua Família, a sua Amada.
Um “renegado francês”, como o apelidou o representante da CIA em Paris, Peter Cassidy.
Outro dos tópicos centra-se no recrutamento, na preparação e no envio de um novo agente para o exterior. Neste caso, uma mulher, Marina Loiseau, que veio sendo preparada, testada na sua capacidade de resistência, para ser enviada para o Irão.
Submetida a treino intensivo no plano físico e psicológico, inclusive, torturada, revela-se suficientemente apta para o desempenho que lhe está destinado.
É apelidada de “Fenómeno”.
Neste 10º episódio soubemos que chegou, finalmente, a Teerão, depois de ter estado presa em Tiblissi, à ordem dos iranianos, mas pela ação dos georgianos. Mais um teste de resistência a que foi submetida e que conseguiu superar.
Mandou uma mensagem à “prima”, Marie Jeanne, a dar conhecimento da sua chegada. Depois da inquietação a que todos estiveram submetidos, foi com satisfação e alívio que receberam a notícia.
Marie Jeanne faz parte da equipa dos vigilantes da Agência. É com ela que os agentes secretos contactam, quando estão em missão. É a sua referência e elo de ligação com a estrutura mãe. Foi o referencial de Guillaume, enquanto em missão na Síria e, em França, promotora da sua integração na normalidade das suas referências, sem o conseguir, como temos visto.
É também ela quem tem preparado, na Agência, a nova “clandestina”, Marina, que neste décimo episódio lhe deu conhecimento que chegara ao seu destino, para o qual ela a preparara.
Outro dos tópicos fundamentais do enredo incide no desaparecimento de um agente especializado, operando na Argélia, Rachid Benarfa, apelidado de “Cyclone”, logo no primeiro episódio.
Este tem sido um tema que tem perpassado por toda a narrativa, especulando inicialmente sobre o que lhe teria acontecido, sobre a sua natureza enquanto espião, se fiel, se duplo, onde estaria, o que lhe teria acontecido, se raptado, se torturado, se teria delatado, quem o teria raptado ou coaptado… Verificada a sua integridade, tratou-se de encontrar formas e meios de o reaver. Engendraram um plano, concebido por Guillaume, de forma a obter a sua libertação. O que foi conseguido neste 10º episódio, no meio do deserto do Saara, algures no Mali.
Muitas peripécias e percalços ocorreram, envolvendo pessoas, instituições e recursos, que eu estou a saltar nesta minha narração.
Veremos se ele vai regressar à Agência.
Outros personagens relevantes que atuam na Agência ou na Direção Geral:
- Henri Duflot, o diretor. Funciona com um “pai espiritual” de todos os funcionários, por quem se interessa como tal. No seu estilo relativamente “apagado”, consegue agir e intervir de forma pertinente, mesmo em situações em que fora mandado colocar no seu “lugar”, que é essencialmente técnico, face a negociações, por vezes, fundamentalmente políticas.
- Marc Lauré, designado “MAG”, (Moule à Gaufres), “rosto picado das bexigas”. (Na minha Aldeia talvez se dissesse “cara de cortiça”.)
Coronel, é o diretor do Serviço de Informações e superior de Duflot. Age e funciona num enquadramento predominantemente de estratégia política.
- Raymond Sisteron, que faz parte da equipa de “vigilantes” da Agência. É a “referência” e suporte de “Cyclone”. Sofreu um bocado, que é como quem diz, bastante, com o respetivo desparecimento. Emocionou-se e rejubilou como ninguém com a respetiva localização e salvamento, para a qual teve um papel relevante, à distância de satélite, com as informações peculiares que forneceu sobre o seu agente e que foram cruciais para a identificação pelo médico, vindo de “Felis”.
- Funcionam dois agentes como siameses, sempre em dueto, Pépé e Mémé, o “Avô e a Avó”. São um sustentáculo operacional de todos os agentes em França. Tratam de logística, apoio, escolta, intimidação, defesa dos homens e mulheres a seu cargo.
- Outra agente “a Mula” exerce as mesmas funções.
- Ainda, integrados na Agência, funcionam:
- “Gherbi”, um dos recrutados por “Cyclone” em Argel, que, face ao respetivo desaparecimento, foi obrigado a ir para Paris, onde foi sujeito a tortura para testar a sua lealdade, o que o fez detestar o funcionamento da Agência e afirmar não querer mais trabalhar para eles.
- “Rim”, secretária de Duflot.
- Simon, torcionário, que torturou Marina, como forma e meio de a preparar para eventuais situações futuras e testar a sua capacidade de resistência. Tornaram-se “amigos coloridos”.
Veremos se cortaram completamente essa amizade, se ela resiste ao tempo e à separação e ausência comunicacional.
Há ainda mais alguns personagens secundários na Agência, mas de que ainda não me apercebi muito bem da função.
No plano familiar, assinala-se Prune Debailly, filha de Guillaume e Émilie Duflot, a mulher de Henri.
O enredo estrutura-se quase exclusivamente no âmbito profissional dos personagens, que a vida familiar destes agentes está relegadíssima para um plano muito secundário. Vivem muito na Agência ou na sua “missão", caso em que abandonam totalmente a sua vida anterior.
Do grupo de sírios, em negociações secretas, de que Nadia fazia parte, assinalam-se Nadim, dos serviços secretos sírios e Hachem Al-Khatib, homem de negócios e primo do presidente.
Guardo, propositadamente, para o final, a personagem da Doutora Balmes.
Médica psiquiatra, especializada em teoria comportamental, foi recrutada para ajudar os agentes em várias estratégias psicológicas de defesa psíquica e de manipulação dos seus verdadeiros objetivos. Está em permanente observação dos profissionais, nos diversos contextos em que eles agem e interagem, interpelando-os, interrogando-os, fazendo-os refletir, pensar sobre eles mesmos e os outros, sobre os seus comportamentos e atitudes, num modo analítico e introspetivo, a fim de se conscientizarem.
Surpreendentemente, no último episódio transmitido, décimo, ficámos a saber que ela é agente duplo, trabalhando para os americanos, CIA, desde o início em que foi contratada pela Agência francesa.
E é vê-la, no final do episódio, quando todos festejam na Agência a libertação de “Cyclone”, bebendo champagne, ela inclusive, e ovacionam Guillaume Debailly. Posicionada estrategicamente no fundo da sala, em lugar de não destaque, em permanente observação, ainda que também participante no evento comemorativo, mas numa certa distância empática.
E os olhares que se cruzam, o dela e o do agente glorificado.
Conhecendo, conhecendo-se e sabendo da ambígua e dupla situação de ambos, como será o respetivo desempenho futuro?!
Irão continuar a exercer as respetivas funções como se nada tivesse acontecido?
Manterão o statu quo, pelo menos nas aparências?
Irá Guillaume obedecer às ordens dos americanos?
Continuará a agir como se tivesse uma agenda profissional própria? Irá aguentar? Até quando sustentará essa pressão?
Na Agência farejarão alguma coisa? Deixará algum rasto mal apagado?
Tantas perguntas e questões que ocorrerão.
Só há um meio de encontrar respostas.
Visualizando a série.
Até breve!
(P. S. - Constatarei no dia 8, que o décimo episódio foi o final da 1ª Temporada.)
E Nadia mostrou-se bem diferente do que parecia: afirmativa, enquanto mulher e cidadã.
Não é simplesmente a namorada e amante que Guillaume julgava, esperava e desejava que fosse.
Tem a sua própria autonomia e está em Paris integrada numa equipa de homens sírios, supostamente em negócios, mas com uma outra agenda de negociações secretas.
Perante o “namorado” que a interrogou até onde pôde, respondeu-lhe e interpelou-o com questões de igual natureza e, perante a impossibilidade de manutenção do diálogo / interrogatório, num plano de razoabilidade, abandonou-o à porta do quarto do hotel, a caminho daquele onde estava hospedada com os outros membros da comitiva síria.
Para ser sujeita a novo interrogatório, este realizado pelo chefe da missão pela qual se deslocara a Paris.
No hall do hotel, no elevador, nos corredores, com altivez, foi-se recusando a responder, acabando, todavia, por dizer que se encontrara com o amigo, amante ou namorado, de nome Paul Lefevre, igualmente professor como ela.
E, neste caminho, muito haverá a percorrer e deslindar em futuros episódios.
Outra vertente do guião processa-se no desaparecimento de um agente, “Cyclone”, de que se depreende ser agente duplo.
Dessa suposição se infere que outros agentes recrutados por ele, também o serão.
Daí, um desses homens que recentemente regressara a Paris, a pretexto da visita a um irmão doente, é sujeito a apertado interrogatório e tortura, para testar a sua consistência e veracidade. Que afinal é comprovada.
Paralelamente, uma nova agente, Marina Loiseau, se prepara para seguir em missão ultra secreta, esta para o Irão, a pretexto de estudar as placas tectónicas, mas efetivamente para sondar sobre o programa nuclear.
E, estas são algumas das vertentes por onde perpassa a narrativa, em desenvolvimento.
Que ainda têm muita tinta para correr e o mais que surgirá.
Para finalizar este meu conto, abordo o que poderia ter ser sido referido logo de início.
O título atribuído à série.
O original: “Le Bureau des Légendes”. A atribuição em português: “Agência Clandestina”!
Mas, então essa Agência, na série, não faz, supostamente, parte de um organismo oficial francês?!
Então, como designá-la de clandestina?!
Bem sei que o título original não é facilmente traduzível.
Bureau é fácil: Agência.
“Légendes” é mais difícil verter de forma coerente. Que literalmente não faz grande sentido.
Lendas?! Na expressão francesa quererá significar que os agentes em ação são “lendas”, “lendários”, no sentido do respetivo desempenho, fora do comum dos mortais. Digo eu.
Só que transferir essa mensagem, ideia, para português não é realmente fácil.
Nova série francesa, versando temas da atualidade: O mundo da espionagem.
Centrada a ação, primordialmente em França (Paris) e nos Países do Médio Oriente e Norte de África. Territórios em que a expressão e influência francófona é mais forte, que de algum modo estiveram ligados a França, a partir de finais do século XIX e por todo o século XX, quer sob a forma de colónias ou de protetorados, ou países já independentes, a partir dos anos sessenta, mas de expressão francesa.
Centra-se numa Agência super especializada dos Serviços Secretos Franceses, que treina e usa os seus homens para desempenhos em contextos diversos, na “busca de Informações e de informantes”, mas assumindo sempre outras identidades, como reais, mantendo super secreta a verdadeira, agindo no terreno da ação, na perspetiva da sua nova personalidade.
O “ herói” principal é Guillaume Debailly, que operou seis anos na Síria, em Damasco, com a identidade falsa, mas totalmente assumida, como Paul Lefevre, Professor no Liceu Francês.
Ao regressar a França, vai entrar como que num período de “quarentena”, para despir e se libertar da sua falsa identidade e reassumir o seu verdadeiro Eu.
O que não está a ser nada fácil, deixar de ser e de se assumir como antigo espião, agindo no Médio Oriente, mesmo que esteja em Paris!
Mais difícil se torna, quando sabe que a sua antiga amante, na cidade de Damasco, Nadia El Mansour, mulher árabe e casada com conceituado oncologista, historiadora, está em Paris.
Irresistível se torna o reencontro, mesmo arriscando-se, pondo em risco a mulher e todo o trabalho da Agência e dos colegas.
E está a canela e a pimenta do enredo romanesco, lançadas ao gosto do espetador.
Mais apelativo se torna o romance, quando no final do segundo episódio, o “herói” descobre que, muito provavelmente, Nadia, não é tão simplesmente quem ele julga ser.
Muito haverá para descobrir. Que a série promete e pelo que pesquisei, há várias temporadas, pelo que não será uma mini, como “Amber”.
Sobre quem ficámos sem nada saber!
Desta, ainda haverá muito para e por contar.
Assim consiga ver e ir narrando trechos e excertos da narrativa.