Antologia da APP – Associação Portuguesa de Poetas (VI)
“A Nossa Antologia”
XX Volume - 2016
(57 Autores)
Editor: Euedito
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Introdução:
Finalmente consigo organizar-me para dar continuidade à divulgação de Poesia da XX Antologia da APP – 2016. Agora um sexto grupo, neste post nº 490.
Este será o grupo dos eFes, em que também me incluo.
Seguem-se os Poemas de: Feliciana Garcia, Felismina Mealha, Fernando Corte Real, Fernando Sousa, Filipe Papança, Filomena Fonseca e Francisco Carita Mata.
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FELICIANA GARCIA
(Maria do Tempo)
“POEMA DEDICADO À MINHA FILHA (MÃE)”
“Aquele pedacinho lindo
Que um dia de mim nasceu,
É hoje, mulher e mãe.
E tem tal e qual como eu,
Dois pedacinhos também.
Abençoai-nos Senhor,
São pedacinhos de mim
Gerados pela linda flor,
Que nasceu no meu jardim.”
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FELISMINA MEALHA
“PEQUENA ODE AO BERÇO”
“Abres-te a Sul como quem diz:
“Sejam Bem-vindos!”
E, desde o Moinho do Nica
Desces pressurosa até à quinta!
Aí, espraias-te, como um mar chão…
E abres a nossos olhos, as belas terras do Pão!
Ferragial da Volta
Cerca Grande
Cerca do Sr. Loução…e,
Ao fundo… a Corte com a charneca…
Os Barrancões, a Crimeia…
E caminhas abrasada, até ao Garvão!
Por esses caminhos, quantas estórias
Meu irmão?
A Funcheira, em cujo cais, tantas lágrimas,
Foram ali derramadas
Em cada separação!
A escola! A algazarra!
A brancura das batas
As canções de roda
As Amoreiras, o muro
As letras… o futuro!
O tempo escuro, muito escuro…
Mas, ao fundo, a luz da esperança!
A casa! Oh, a casa!
Lugar onde sempre encontrei
A força, a coragem, a preocupação, a luta!
A abordagem dos temas, os lemas…
O carinho, a alegria, a segurança!
A vida, ofereceu-me sem reservas
Uns olhos de ver contente,
A minha terra, a minha gente!
O meu chão seco, ou florido,
E as aves voando em bando
Acordando este meu grito!
Ia atrás delas, voando
Com minhas asas de sonhos
Cheia de sonhos…cantando!
Havia naquela casa
Dois pares de olhos tão belos
e dois corações tão perfeitos,
que me fizeram pensar
Que o mundo se multiplicava
em corações e olhares
Daquele jeito… perfeito!
Oh! Como eu guardo dessa casa
E desses corações, as asas
Com que voei tanta vez,
até cair e acordar desse sonho tão bonito…
Tão perfeito, que o bendigo,
por dele me recordar!
Terra! terra de cheiros agrestes
da esteva, do rosmaninho,
do alecrim, da arruda…
Terra muda, mas gritando
a fome desses teus filhos,
Que desde muito novinhos,
Saudosos… te iam deixando!...
Terra, que tanta luz me ofereces-te
Tanta beleza me deste
Tanto verde salpicado de amarelo,
Aonde esse Sol tão belo, se revia namorado!
Oh terra onde nasci!
Nunca me esqueço de ti,
O meu presente…é passado!
Cantar-te-ei minha terra
Ao Sol nascente de Julho
Ao Sol poente de Agosto
Ao Sol rubro de Setembro, prometendo…
Um amadurecer dos frutos
E de homens resolutos
Que vão nascendo e morrendo
Tanto vermelho papoila
Gritando na Planície,
E desenhando nos trigais
Verdes-rubros, por de mais…
Uma Bandeira de esperança!
Uma Bandeira, Saudade,
dos meus dias de criança!”
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FERNANDO CORTE REAL
“CASCA DE NOZ”
“Eu…
Que me sinto às vezes uma casca de noz
E como um barco desço o rio das madrugadas
Que tenho no teu corpo a mais bonita foz
Sou um tonto à deriva nestas águas inspiradas.
Eu…
Que por vezes não entendo os teus sinais
Nem tenho na distância o sabor da felicidade
Que desejava ver no silêncio dos meus ais…
Só me afundo no perfume de uma saudade.
Eu…
Que nesta vida não sou mais nem menos
Nem quero a distinção de quem passa por mim
Que a diferença só traz sonhos obscenos
E todos vamos caminhando para o mesmo fim.
Eu…
Que ando nesta selva de gritos prepotentes
Em que as árvores morrem sem saber porquê
E não é o vento que nos mata as sementes
Mas o poder com o machado que ninguém vê.
Eu…
Que já estou cansado de não ter o sossego…
A Paz que desejava quando quero aqui escrever
Não as palavras a que o mundo tem apego
Mas tudo o que me impede de ser livre e o dizer.
Eu…
Que levantei o rosto para ver a desgraça
Daqueles a quem são negados direitos universais
Navego por este rio e digo a quem passa…
Eu sou poeta, às vezes casca de noz, e nada mais.”
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FERNANDO SOUSA
“DESPRENDIMENTO”
“Deixo nas águas deste rio,
Em que me apraz navegar.
Ansiedades que viveram comigo,
Que jamais poderei guardar!
Sigam livres nestas águas,
Tristezas que não posso conter.
Recordações de sofridas mágoas.
Ressentimentos do meu viver!
Acompanhem estes barcos rabelos,
Para destinos de outros marinheiros.
São passados, que não quero contê-los,
Mesmo sendo meus velhos companheiros!
Ide! Naufragai nas águas deste rio,
Encontramo-nos no fundo do mar.
Companheiros de tempo perdido!
Recordações que não quero guardar!...”
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FILIPE PAPANÇA
“DIVINA MISERICÓRDIA”
“ Na penumbra da escuridão acende-se
uma pequena Luz…
Ó bondade infinita…
Beatífica visão…
Absoluto perdão!
Eterna saudade!
Sonho de eternidade…”
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FILOMENA FONSECA
“RECORDAÇÕES”
“De regresso à velha casa
as trepadeiras decoram o telhado
e as velhas figueiras
lembram vazios nunca preenchidos.
Com um olhar firme
varre toda a sala
tantas vezes limpa
com suor e lágrimas da mãe.
Foi há muito tempo…
Mas não há tempo
no coração
duma criança. ”
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FRANCISCO CARITA MATA
(Como este poema já figura no blogue, fará o favor de clicar no respetivo título, para aceder à correspondente leitura. Obrigado!)
E, como hoje é um Dia especial:
As Fotografias são todas originais de D.A.P.L. - 2016, tiradas em vários locais do País: Alentejo, Algarve, Grande Lisboa. Fazem parte de um acervo de que disponho e com que, habitualmente, ilustro os posts. De uma forma bastante livre, é certo. O que se verificará também neste, no respeitante aos vários Poemas. Me desculpem os Poetas e Poetisas! Mas lembremo-nos do conceito: "Liberdade Poética"!