“Un Village Français” - Temporada 4 – Episódio 4
“Uma Aldeia Francesa”
“Une Évasion” / “Uma Evasão” - 23 de Julho de 1942
(Episódio nº 28 – 6ª feira – 6 de Maio de 2016)
Desde que se iniciou, na passada 3ª feira, a transmissão desta 4ª temporada, intitulada “A hora das escolhas”, foram apresentados quatro episódios, todos reportados a 1942 e ao mês de Julho:
1 – “Le train” – “O comboio” - Dia 20.
2 – “Un jour sans pain” – “Um dia sem pão”, ou melhor, “Um dia sem comida” – Dia 21.
3 – “Mille et une nuits” – “Mil e uma noites”, parafraseando Xerazade: Dia 22
4 – “Une évasion” – “Uma evasão”- Dia 23.
Nesses escassos quatro dias do mês de Julho, em que decorre a ação, desde que o comboio chegou a Villeneuve, com famílias judaicas a caminho de serem deportadas para os supostos “campos de trabalho”, muitos acontecimentos ocorreram nessa prisão improvisada a que crianças, velhos e adultos, homens e mulheres, estiveram temporariamente sujeitos na cidade.
Situações dramáticas, como a da alimentação de tantas pessoas, num contexto de penúria geral na cidade sujeita a racionamento e senhas para compras de bens.
(Não posso deixar de me reportar para a realidade e lembrar que essa situação de carência de bens, com especial realce para os alimentares, porque mais imprescindíveis, foi geral em toda a Europa, mesmo nos países que não estavam diretamente envolvidos na guerra. Como, no caso, Portugal, onde o racionamento e o comprar com senhas também foi comum durante o mesmo período.
Todo o trabalho produtivo era canalizado para o designado “esforço de guerra”.
Pasme-se e medite-se sobre a insanidade humana: andar a produzir só para destruir! E além de matar, deixar milhões morrerem à fome. Porque a guerra afetou todos: agressores e agredidos e esta situação dual alterou-se completamente no decurso da mesma.)
Mas deixemo-nos de “devaneios”... e não nos desviemos da matriz essencial deste meu contar.
Uma das situações ocorridas, mais dramáticas e chocantes, foi a separação das crianças dos respetivos progenitores.
Ontem, na parte final do episódio, era suposto que as crianças se juntariam novamente aos pais e mães... Ação resultante do esforço negocial do Presidente da Câmara e de Madame Morhange, a porta-voz do grupo de judeus.
Era suposto... E, inclusive, chegou mesmo a concretizar-se parcialmente. Que Madame Crémieux conseguiu juntar-se com a filha, Hélène, e, ao chegar, anunciou que o autocarro com as crianças já aí vinha.
E é de imaginar o alvoroço, especialmente daquelas mães ansiosas, esperando a chegada dos filhos, mais ainda quando se ouviam os motores de carros se aproximando...
E chegaram! Mas anunciando-se com alarido e choque, estacionaram carros de tropas alemãs, soldados e oficial, boches, melhor dizendo.
Chegaram gritando e ameaçando tudo e todos, que o oficial berrou, para melhor atemorizar, que todos iriam pagar, porque houvera uma evasão, de entre os prisioneiros.
E, perante a abordagem e aproximação do chefe dos “gendarmes” franceses, não esteve com meias medidas, e pespegou-lhe um valente chapadão, que o deixou estatelado no chão!
E esta chapada e o estatelanço do “gendarme” traduzem, metaforicamente, a situação da Nação francesa colaboracionista. Estatelada no pó, às ordens do exército alemão.
Mas, frise-se, que essa obsessão pela perseguição aos judeus e aos comunistas não era “idiossincrasia” apenas dos nazis alemães. Em França, como noutros países europeus, ela fazia parte da práxis dos regimes vigentes, pelo menos desde a década de trinta.
Na série, esse aspeto é bem presente, por ex. na atuação do chefe da polícia de Villeneuve, Jean Marchetti, cuja preocupação profissional é prender uns e outros.
E é isso que torna a fazer neste episódio: consegue prender Sarah Meyer, que se escondia em casa do presidente da Câmara, Daniel Larcher, com o seu consentimento e da ainda esposa, Hortense.
E nos quedamos por aqui.
Que sobre Hortense muito haveria que contar.
E o comboio que levará os prisioneiros ainda vai demorar...