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Aquém Tejo

Há quem do Tejo só veja o além porque é distância. Mas quem de Além Tejo almeja um sabor, uma fragrância, estando aquém ou além verseja, do Alentejo a substância.

Há quem do Tejo só veja o além porque é distância. Mas quem de Além Tejo almeja um sabor, uma fragrância, estando aquém ou além verseja, do Alentejo a substância.

“Uma Aldeia Francesa” - Temporada 5 - Episódio 9

“Un Village Français

(Episódio Global nº 45 – 31/05/2016)

 

RTP 2

 

 

Prólogo:

5ª Temporada – 1943 - “Choisir la Résistence” – “Escolher a Resistência”

 

A ação decorre em 1943, durante os meses de Setembro, Outubro e Novembro.

 

Saison 5 d'Un village français.

Episódios:

  1. Travail obligatoire(23 septembre 1943) – “Trabalho Obrigatório
  2. Le jour des alliances(24 septembre 1943) – “O tempo/ o momento das alianças”
  3. Naissance d'un chef(25 septembre 1943) – “Nascimento de um chefe
  4. La répétition(25 octobre 1943) – “A repetição
  5. L'arrestation(26 octobre 1943) – A captura / A detenção
  6. Le déménagement(27 octobre 1943) – O despejo / A mudança de casa (?)
  7. La livraison(8 novembre 1943) -  A entrega /A entrega ao domicílio (?)
  8. Les trois coups(9 novembre 1943) – Os três golpes/pancadas/tiros (?)
  9. Un acte de naissance(10 novembre 1943) – Um ato de nascimento / Uma escritura                de nascimento (?)
  10. L'Alsace et la Lorraine(11 novembre 1943) – “A Alsácia e a Lorena”
  11. Le jour d'après(12 novembre 1943) – O dia seguinte (?)
  12. Un sens au monde(13 novembre 1943) Um sentido para o mundo (?)

 

DESENVOLVIMENTO:

Episódio 9

“Un acte de naissance” – “Certidão de nascimento”

10 Novembro de 1943

 

Transmitiram ontem, 31 de Maio, 3ª feira, o episódio 9 desta 5ª temporada, de que relembro, no Prólogo, os títulos dos vários episódios, conforme apresentei quando ela se iniciou, realçando os que consegui visualizar, e os três que ainda faltam, concluindo-se a totalidade, em princípio, nesta semana.

 

“Certidão de nascimento”, documento imprescindível de que Eliane precisava para se casar com Jean Marchetti.

Fora-lhe prometida a respetiva devolução por Monsieur Raymond Schwartz, que com ela ficara, certamente no ato de a admitir como empregada na fábrica de serração, mas que nunca a devolvera, tantos os acontecimentos e a celeridade da sua ocorrência.

Em má hora conseguiu recuperá-la na fábrica abandonada. Raymond também já participa na Resistência e a segunda mulher Joséphine está morta e enterrada, que ele até já ressuscitou com o velho, mas sempre renovado amor, Marie!

Marie e Raymond commeaucinema.com

 

E logo Raymond haveria de voltar nessa hora, juntamente com Antoine, para levarem os camiões para a ação que planeiam para o dia seguinte, 11 de Novembro.

Eliane obteve a certidão, mas não o casamento almejado. Morreu nos braços de Marchetti, seu prometido noivo, mas não Amor, que eles não se amavam, era um casamento de conveniência. Alvejada às mãos do Destino, que a fez morrer de bala disparada por Antoine.

Marchetti amparou-a nos últimos suspiros, tendo ela direito a visão de estrelas!

 

E este poderá ser o começo desta narração, com que o guionista findou a narrativa original do nono episódio.

 

Marcel Daniel in. television.telerama.fr..jpg

 

Que o começo foram cenas de Daniel e Marcel, na cadeia. Feridos, partidos, esfolados vivos, enjaulados, à mercê dos torturadores boches.

Os dois irmãos mais uma vez unidos numa mesma Causa: Presos, mas em luta pela Liberdade dos Outros. Compartilhando infortúnios, num mesmo espaço e tempo, a que chegaram, ainda que por caminhos diversos.

Marcel preso pelas razões que já sabemos, que vinha sendo perseguido há anos, ainda antes do começo da guerra. Que até a mãe de Hortense, quando esta lhe telefonou e disse que Marcel iria ser fuzilado, lhe respondeu “que já não era sem tempo”!

Daniel foi preso, porque escondia uma judia, como sabemos: Sarah Meyer.

E neste campo de desgraça ainda assim têm tempo para se confrontarem nas suas trivialidades/rivalidades fraternais.

Que Daniel, mais velho, sempre se considerou pai substituto de Marcel. E censura-o por ele não ter comunicado com o filho, Gustave, há mais de um ano, que o miúdo já nem pergunta por ele.

Marcel não gosta dessas lições de paternidade e lhe devolve sobre as falcatruas na adoção de Tequiero e as mentiras relativamente ao verdadeiro pai, o espanhol Alberto Rodriguez, entretanto também fuzilado.

Caso para se dizer que não terá sido má a adoção da criança, bem pelo contrário.

Pelo menos teve pai e mãe, ainda que Hortense fosse mãe ausente, mãe apenas uma vez em cada seis meses, como lhe disse Daniel. Mas este desempenhou os dois papéis e também teve a ajuda de Sarah, esta mais numa de irmã mais velha, que ela é muito jovem.

E esta discussão entre irmãos, à beira do pelotão de fuzilamento, é interrompida com a chegada de soldados alemães para levarem Daniel para nova sessão de tortura.

De que voltaria derreado de pancada, por um brutamontes da SD, mas não tendo falado, nem denunciado sobre o paradeiro dos Resistentes.

 

Daniel Marcel commeaucinema.jpg

 

E já que falamos dos Resistentes, e antes de abordarmos mais sobre o médico, informamos, sem denunciarmos, que eles estão mais ou menos acoitados numa floresta recôndita nas montanhas, provavelmente do Jura, ou dos Alpes, que não sei.

Um grupo, já bastante grande, heterogéneo, que Antoine comanda, coadjuvado por Claude, que os ensaia em cenas da peça “As Muralhas”. (Baseada em “Hamlet”, de Shakespeare?)

Como par amoroso, Antoine e Marie! Cheios de constrangimentos, mais pela pouca experiência do chefe, em cenas de beijo teatral.

Maior e total o constrangimento, após Antoine ter presenciado Raymond, o ex-cunhado, em cena de sexo real com Marie, sua ex-amante, e amada ainda que não declarada de Antoine.

Cena mais que suficiente para transmutar toda a peça a encenar.

Que por vontade de Antoine, ou não fora ele o chefe, mudou de possível espetáculo teatralizado para a realidade. Passaram a ensaiar sim, mas um desfile de tropas dos Resistentes, devidamente fardados, que se apresentariam publicamente, contra todas as previsões e afrontando todos os perigos, e contrariedades, na cidade de VIlleneuve, de modo a mostrarem a sua força perante a população, que assim ganharia mais confiança e ânimo na Resistência e na Liberdade que haverá de chegar. Cantando a Marselhesa, que estão pela “França Livre”.

E esta apresentação pública da força e coragem da Resistência, julgo que ocorrerá no próximo episódio, provavelmente o de hoje, dia 1 de Junho.

E face ao contraponto realidade - ficção, friso que a encenação prevista retrata ficcionalmente algo que aconteceu na realidade em 11 de Novembro de 1943, na cidade de Oyonnax e que os franceses ainda hoje comemoram.

 

E é sobre a preparação desse desfile que os resistentes concentram agora todas as suas energias, esforços, estratégias, envolvendo todos os que podem organizar-se nesse sentido.

 

E nesse fito comparticipa Marguerithe, envolvendo também, ainda que relutante e um pouco contrariada, a colega Lucienne, que não participa diretamente na Resistência, mas que neste caso, se vê na contingência da inevitabilidade da sua participação, dado que o marido, Jules, não está em Villeneuve. Além de que a função em que é necessária a respetiva colaboração se concretiza precisamente na Escola, onde funciona a estação de rádio alemã, que é preciso neutralizar no dia onze, antes do meio-dia.

 

Nesta fase da ocupação alemã, vários intervenientes, anteriormente colaboracionistas, já apoiam a Resistência.

Já falámos de Raymond.

A primeira mulher dele, Jeannine, atual esposa do atual presidente da câmara, também já é apoiante da “Causa”. Não vamos fazer comentários...

Apoia os resistentes com dinheiro, que é o que mais tem. E também com informações.

Conhecedora, pelo marido, de que havia um agente colaboracionista infiltrado entre a “Resistência”, de nome Galbier, vai disso informar um empregado do Café, designado Martin, que, como é natural, se faz de novas, mas regista a informação, pois houve resultados.

Mais tarde, o marido, Chassagne, dir-lhe-ia que Galbier fora morto com dois tiros na boca!

 

E ainda volto ao personagem Daniel. Para informar que ele foi libertado, precisamente pelo mais improvável personagem da série: Muller!

Na sequência deste ter estado na sua casa, aonde apareceu opulento, trajado a rigor, para visitar a sua amada Hortense, a fazer de ex-esposa dedicada, o ex-marido ausente, desconhecendo o seu paradeiro; e a cuidar do filho, Tequiero, e do sobrinho, Gustave, que fez de porteiro, franqueando-lhe a entrada.

Muller pediu-lhe desculpa, ele, o todo-poderoso SS. Almoçaram juntos, sopa, que Gustave sorvia fazendo barulho, incomodativo para o facínora, que, por momentos, temi que ele espetasse uma chapadona à criança!

 

E já pela noite, Tequiero a dormir, Gustave supostamente no quarto, Hortense preparou-se para amar!

Muller, inicialmente renitente, pelos condicionalismos envolventes, mas dada a persistência da amante, foi buscar mais morfina para se injetar!

E foi então que foi surpreendido por Gustave apontando-lhe uma arma!

 

Gustave in. youtube.com

 

E, por aqui me fico, neste “Dia Mundial da Criança”, com tantas crianças, ainda e passados setenta anos do findar da guerra, envolvidas e usadas e mortas e abusadas, e violentadas, em tantas guerras!

Que a Humanidade não tem emenda!

Uma Aldeia Francesa - Temporada 3 - Episódio 11

“Un Village Français”

 

Uma Aldeia Francesa

Temporada 3

 

Episódio 11 – “Le traître” (31 Outubro 1941) / O traidor

(Episódio 23 – 29 de Abril de 2016 -6ª feira)

 

(Ponto Prévio: Após, no último post, ter abordado temáticas dimanadas de uma Aldeia, portuguesa, no post de hoje, volto a debruçar-me sobre assuntos respeitantes a outra Aldeia, mas esta francesa.)

 

A vivência diária em Villeneuve, resultante da ocupação alemã, degrada-se a olhos vistos.

A situação dos principais personagens é cada vez mais problemática.

 

Daniel e Heinrich. in. lexpress.fr. jpg

 

Daniel Larcher, médico e autarca, dedicado a pacientes e munícipes, pai adotivo e extremoso de Tequiero, tio amigo e pai substituto de Gustave, marido desfeiteado pela esposa, encontra-se preso e a ser torturado pelo polícia da Gestapo, Heinrich, facínora psicopata e, cumulativamente, amante da sua mulher, Hortense.

Esta, já menos tresloucada de paixão pelo boche, todavia ainda desceu ao mais baixo da condição humana, ou melhor, destituiu-se dessa condição. Remeteu-se à categoria de objeto a ser usado como moeda de troca de favores. Digamos que, apesar de tudo, por uma boa causa. Pois, após ter presenciado a tortura sobre o jovem militante comunista, e ter desviado o olhar, ainda assim denunciou o cunhado Marcel. Mas não podia ficar indiferente à prisão e tortura do próprio marido, sujeito às sevícias do seu amante torcionário, que o agrediu, prendeu e torturou para saber do paradeiro do irmão Marcel.

Hortense moveu influências junto de Marchetti...

Todavia nada disso a livrou de ela própria conhecer os horrores da tortura, que o seu amante boche, não é homem de se desviar dos fins pretendidos.

E o objetivo por que se moviam os ocupantes e os policiais colaboracionistas era “caçar os terroristas”, que é como quem diz, os comunistas, personificados no operário Marcel Larcher!

 

Daniel não cedeu por ele mesmo, mas ir-se-ia abaixo por ela, para não a presenciar agredida selvaticamente pelo torturador alemão.

Valeu-lhes a providencial (?) chegada do comandante alemão, Kollwitz, pelos vistos não adepto da tortura nem do próprio Heinrich Muller e menos ainda da prisão do Presidente da Câmara, de quem providenciou a libertação. E farto (?) dos métodos do polícia da Gestapo, veio desde logo provido de guia de marcha do mesmo para Minsk, na Bielo Rússia, onde os exércitos hitlerianos se esforçavam, selvática, mas ingloriamente, por alcançar Moscovo, antes da chegada do “General Inverno”!

E foi de ver, marido e mulher, presidente da câmara e primeira-dama, a regressarem a casa, feridos, deslavados, roupas desalinhadas, rostos combalidos, sob o olhar atónito e interrogador dos munícipes de Villeneuve.

Daniel ainda tratou da mulher, a quem já declarara, finalmente (!) que se iria divorciar, apesar das lamechices, manipulações e subtilezas de Hortense, das tentativas de branquear a situação e “dar-lhe mais uma oportunidade”!

A ver vamos o que acontecerá!

 

Entretanto o irmão Marcel acoitava-se nuns campos de floresta e penedias, para aonde terá ido, em tempos de criança e adolescente, brincar com o irmão, certamente aos polícias e ladrões, não direi aos cow-boys, que, na época em que foram adolescentes, ainda não faziam parte do imaginário europeu.

Aí também se reunia com os camaradas do partido, os “partisans”, que lhe iam dando conhecimento da situação na cidadezinha e planeando ações de guerrilha contra os boches.

E interessantes também estes encontros clandestinos, os posicionamentos hierárquicos de cada um, segundo a respetiva condição de classe, o relacionamento e o papel atribuído a operários e intelectuais e as funções e tarefas “central e democraticamente” destinadas, precisamente de acordo com esse estatuto diferenciado!

E Suzanne, na qualidade de mulher operária e inteligente, frisou bem esse aspeto, não sem que lhe fosse mostrada, na prática, a sua situação de subalterna face à estrutura hierárquica inter-regional. “Nós, os operários, cavamos! E onde vão os intelectuais?!”

E mal sabia ela já ter o destino traçado.

Porque se Yvon foi denunciado e o próprio Marcel também, pois quem poderia ter sido o delator?

Edmond houvera pesquisado, investigado e descoberto que o traidor, melhor, a traidora, era Suzanne.

E como se paga a traição? Pois, só com a morte!

E, para esse fim, entregaram a Marcel uma pistola com três balas, para que ele resolvesse o problema, isto é, mandasse Suzanne para os anjinhos. Que ele é que a trouxera para a rede...

 

Marcel e Suzanne in. tv.skyrock.com

 

E que acha, caro leitor, cara leitora?!

Irá Marcel enviar Suzanne para a “outra camarada”?!

Aguardemos o próximo episódio do seriado.

 

E não falamos de Raymond e de Marie? E de Jeannine?

Nem de Henri Kervern e Judith?

Nem de Servier, o sub-prefeito?

 

Falamos de Sarah que, na qualidade de judia, será enviada para um dos campos especialmente destinados para esse fim, de acolhimento de judeus, em Pithiviers. Uma antecâmara para locais ainda mais sinistros!

Recebeu ordem de prisão direta do sub-prefeito, que se antecipou aos alemães, no sentido de a poupar a piores condições.

Prisão a que assistiu Gustave, sobrinho do prefeito e filho de Marcel, criança muito desperta para todas estas realidades, sobre as quais interrogou o tio que, naturalmente, teve dificuldade em explicar-lhe os motivos absurdos de tal detenção arbitrária.

 

E, nesta série, é muito interessante a perspetiva das crianças sobre os enredos da guerra, os excertos em que as crianças, e muito especificamente Gustave, são as protagonistas.

 

E que sentido fará a guerra aos olhos de qualquer criança?

E só das crianças?

Qual o sentido lógico de encetar todo um processo produtivo de armas e munições, gastando energia, matérias-primas, consumindo mão-de-obra, investindo capital, para ser tudo destruído, simultaneamente que se destroem outros bens, serviços, estruturas e infraestruturas, para além de matar milhões de pessoas, animais e os mais diversos seres vivos, nomeadamente plantas e alimentos?!

Este é um aspeto que ainda nos merecerá subsequentes abordagens.

 

E, já após ter escrito este texto, na sequência do anterior, publicado em 30 de Abril, e evocativo do “Dia da Mãe”, ocorreu-me uma abordagem da temática da série na perspetiva das mães que agem no enredo.

 Ou dos filhos, as crianças que se desenvencilham no seriado e sobre as quais os episódios sempre se debruçam, nalguns casos como assunto primordial.

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