Há quem do Tejo só veja
o além porque é distância.
Mas quem de Além Tejo almeja
um sabor, uma fragrância,
estando aquém ou além verseja,
do Alentejo a substância.
Há quem do Tejo só veja
o além porque é distância.
Mas quem de Além Tejo almeja
um sabor, uma fragrância,
estando aquém ou além verseja,
do Alentejo a substância.
Resolvi estruturar uma Área Temática no blogue, subordinada ao título supracitado.
Postais genérica ou especificamente ligados a este tema, tenho vindo a publicar vários.
Neles, divulguei alguns aspetos de interesse de Localidades Portuguesas. (No futuro, eventualmente estrangeiras, quando surgir essa oportunidade.)
Essa divulgação fotográfica concretizou-se após visitas a Aldeias, Vilas ou Cidades do nosso País.
Visitas, algumas vezes, “organizadas” propositadamente com esse fim.
Outras vezes, face a circunstâncias / ocorrências com objetivos variados e finalidades diversas, mas em que aproveitamos para passear.
“Passeatas” realizadas no contexto do nosso dia-a-dia, mas a que também atribuímos a categoria lúdica, porque, mesmo nas atividades diárias, podemos descobrir motivos de interesse e deles darmos conhecimento à Comunidade de Internautas.
Hoje, neste Postal nº927, faço uma retrospetiva de Locais, já apresentados no blogue, com postais divulgativos de paisagens, monumentos, vistas, iconografias típicas, aspetos peculiares de algumas das nossas Terras Portuguesas.
Cito-os por ordem cronológica, dos mais recentes para os mais antigos, no blogue:
Ficam outros, por registar no postal, que o Caro/a Leitor/a, poderá ir descobrindo em “Aquém – Tejo”, navegando nas águas internáuticas desta plataforma virtual.
Futuramente, irei dando a conhecer, virtualmente, outras “visitas” que temos vindo a concretizar.
Nos aguarde, Se Faz Favor.
A próxima passeata será dedicada a SETÚBAL, Princesa do Sado.
Voltamos às perguntas do Rei, Dom Dinis, a Dona Isabel, a Rainha.
E às respostas.
Face à primeira, “- Onde ides…?”, a Rainha foi lesta, expedita.
- Pois saiba, meu Senhor e Rei que eu e minhas damas de companhia e de corte vamos a um “passeio higiénico”, aspirar uns ares puros da serra e brisas do mar. (Isto supondo que estaria em Óbidos). Não queremos saber de confinamentos, aliás, ninguém quer saber.
E que levais no regaço? Repetiu Sua Alteza Real, Dom Dinis.
Esta é que era a questão fulcral, pois toda a gente sabia que a Rainha era uma esmoler, que dava a pobres e necessitados e o Rei um sovina, que achava que ela delapidava o tesouro real, com uns papo secos que ia distribuindo aqui e ali, pelas terras onde se deslocava a corte.
E essa fora a razão pela qual Dinis antecipara a sua vinda das javalinas.
E qual a resposta de Dona Isabel? (…)
Um murmúrio de vozes foi ecoando…
São rosas, senhor, são rosas… São rosas, senhor, são rosas… São rosas, senhor, são rosas…
O povoléu, incomodado com a interpelação do rei e querendo defender e ajudar a rainha, que estimavam e também sabedor da necessidade dos pãezinhos que lhes matavam a fome, recitava esta cantilena ancestral, pois também todos conheciam a estória do milagre.
“São rosas, senhor, são rosas…”
O Rei - o homem, Dinis, estava atónito, com aquele vozear em surdina pela barbacã, ecoando nas muralhas do castelo palaciano.
E a Rainha, continuava segurando o avental carregado e arrebanhado no regaço.
(E, agora, Caro/a Leitor/a, façamos um pequeno interregno, para nos questionarmos.
Acha que a Rainha, Dona Isabel, a Rainha Santa, trazia pãezinhos ou eram realmente rosas?!)
Isabel de Aragão, Rainha de Portugal, saía, com suas damas de companhia, do castelo, palácio onde vivia e estava estabelecida a corte. No séquito de mulheres que seguiam a rainha, nas suas visitas pela cidade, iam todas vestidas de burel penitencial, dada a época do ano, Semana Santa e o propósito da saída precária do confinamento: dar de comer aos pobres.
Aproveitavam a ausência do Rei que teria ido para as suas caçadas noturnas, não sabemos se de javalis, se também de javalinas.
Mal se haviam deslocado da antecâmara do paço para o exterior, logo se ouve o tropel de vários cavaleiros, comandados pelo Rei.
Estancaram as montadas, na entrada do alcácer, frente às damas, que estremeceram num frémito de temor e prazer, face aos mancebos e homens de montaria do Rei. O próprio: Dom Dinis, Rei de Portugal e dos Algarves!
Só Isabel permaneceu impávida e serena, perante o marido, senhor e rei. O avental arrebanhado no regaço, onde levaria pães, carcaças, pães alentejanos, ou de rio maior, para distribuir pela pobreza das ruelas e becos que rodeavam o castelo, um emaranhado e intrincado labirinto de habitações, mal acabadas, aonde pensavam dirigir-se.
Aliás, todos os que pediam de ofício, pobres, mais ou menos necessitados, também aleijados ou doentes, de qualquer maleita ou defeito de fabrico ou de vida, já deambulavam nas redondezas da barbacã, onde abancavam, mal sabiam da presença da Rainha no paço. Sempre esperando a sua possível saída. A fama de santidade já a aureolava, circulando nas redes sociais da época. Boca a boca, o diz que disse, e assim por diante. Alguns pregões nas tabernas, beatas nas igrejas e capelas.
Como e porquê o Rei chegou antecipadamente, sem ser previsto, vai lá saber-se…
Como, já sabemos. Veio a cavalo.
Porquê?! Talvez algum mensageiro, desejoso de lhe agradar, tivesse comunicado com Dinis, avisando-o da saída do confinamento da Rainha. SMS também havia na época: pombos correios. Não sei se outros meios.
Certo, certo, é que ainda o sol mal despontara para as bandas de Espanha, e a Rainha se ausentava…e, Dinis, o Rei, a interpelava:
- Onde ides, Isabel, tão fresca e airosa, ainda o sol mal nasceu?!
- E que levais no regaço, tão atafulhado?!
Logo, não apenas uma, mas duas perguntas, a exigirem resposta.
(Na localização da ação, deste micro conto, imagino o castelo de Estremoz ou o de Óbidos, ambos locais onde Dona Isabel esteve, quase de certeza. Óbidos foi prenda do Rei, como dote e em Estremoz foi onde morreu. Como não tenho nenhuma foto do Castelo de Estremoz e várias do de Óbidos, vai mais uma fotografia do Castelo de Óbidos, a ilustrar o postal.)
Esta, dita de Verão, causa-me sempre confusão. De repente, mal damos por isso, já é meio-dia.
Para quando, as entidades competentes, as governanças que nos dirigem, as nacionais ou as internacionais, se decidem por definir um modelo de hora que fique estabelecido, sem precisar de se mudar semestralmente?!
Vejam qual o melhor modelo, são “cabecinhas pensadoras” e decidam-se!
As fotos?!
Continuam da glicínia, fotografada em Óbidos, em Abril de 2019.
E porquê?!
Uma curiosidade. Li numa revista de jardinagem, que as glicínias crescem no sentido contrário ao dos ponteiros do relógio. (Estes deslocam-se da direita para a esquerda.)
Nas fotos da glicínia apresentada verifica-se que a planta se “movimenta” da esquerda para a direita. A base de nascimento está no quintal da casa, que fica à esquerda e o respetivo crescimento processa-se para a direita.
Interessante, não acha?!
Quanto ao “movimento” das plantas, este é um facto. Chamam-se tropismos. São direcionados pela luz, fototropismos; pela água, hidrotropismos... Correspondem ao crescimento da planta, que, na verdade, é um movimento.
E, através, das sementes, também se deslocam, enviando os filhos e filhas, para bem longe. E, para isso, pedem ajuda a outros seres: aves, insetos, mamíferos e outras entidades: o vento, a chuva… Eu sei lá! As plantas são seres também dotados de inteligência! Também comunicam e se ajudam entre si e com outros seres vivos.
Admirado/a?!
Há imensa literatura científica sobre o assunto. Filmografia, reportagens sobre o tema.
A Vida na Terra é extraordinariamente fascinante e o Ser Humano não é o único ser inteligente à face do Universo.
Bem bastas vezes tem dado provas precisamente do contrário.
E onde a conversa já vai… a partir da mudança da hora.
Vou mudar de registo.
E desejar continuação de excelente “Domingo de Ramos”, com muita Saúde.
Continuo com esta temática. Neste caso, sendo uma planta, tem a categoria de Árvore.
(Um dos nomes comuns tem referências bíblicas – Novo Testamento. O nome científico não conheço, nem desta nem de nenhuma outra, nem dos animais ou outros seres. Não sei Latim.)
É muito fácil identificá-la. É muito frequente em parques, jardins, quintais, ruas, ruelas, avenidas, alamedas, praças, pracetas e pracinhas, das nossas cidades, vilas e aldeias.
Começaram agora a floração, embora esta fase de desenvolvimento das plantas varie ligeiramente, consoante a respetiva localização geográfica.
Este postal, inspirado pelo anterior, retrata alguns aspetos da bonita vila de Óbidos.
Situada na Estremadura, no distrito de Leiria, a menos de cem quilómetros de Lisboa - Portugal. (Tem cidade homónima no País Irmão, também bem interessante.)
Uma visita agradável, aliás, a Vila é (era?) visitadíssima.
Agora, com isto da Covid, não sei.
As fotos ilustrativas resultam de um passeio que realizámos em Abril de 2019. A léguas desta confusão dos confinamentos.
A primeira imagem é do castelo. A segunda, dos campos e povoados circundantes.
A foto anterior é da Igreja de Santa Maria, o respetivo Largo e imagem de malvas sardinhas ou sardinheiras.
O casario, os telhados e uma nesga da rua principal. Durante o dia esta artéria da povoação é um corrupio de gente, para lá e para cá, mas que, ao sol posto, desanda para as camionetas que os deixaram fora de portas e os levam certamente para a capital. Gente de toda a raça, credo, cor e nação. Pondo-se o sol, pára o movimento e a vila fica como que dormente até próximo raiar do dia.
O negócio da localidade funciona muito para “turistame”: ginjas, chocolate, bolos, recordações… Mas o pessoal vai e vem, tanto a correr… que não sei se compra muito (nem pouco).
Mas também tem outros interesses. Visitámos duas livrarias bem peculiares.
Uma instalada numa antiga igreja católica dessacralizada. Aí comprei o livro “Fado” de José Régio. No respetivo coro, trabalha a “Poeta Rendeira”. Executando os seus trabalhos em renda e a sua Poesia.
Outra livraria situa-se num antigo armazém, onde, para além de livros, também se vendem artigos diversos, nomeadamente hortícolas. As estantes dos livros são constituídas a partir de paletes dos produtos, conforme a imagem seguinte documenta.
Quando tiver oportunidade, a Covid deixar, o confinamento acabar… visite, SFF.
(Em anos transatos, nestas alturas da Páscoa, eram enchentes… Agora, será tudo mais leve.)
A última imagem é da glicínia ilustrativa do anterior postal. Mais em pormenor, observando a ancestralidade do tronco, os cachos de flores e as folhas ainda algo incipientes.
Aniversário do Blogue e Homenagem a Vultos da Cultura Portuguesa
Para elaborar o postal anterior, nº 806, transcrevi o texto poético do livro:
RÉGIO, J. – FADO – Klássicos – A BELA E O MONSTRO, EDIÇÕES Lda. Lisboa – Portugal – 2011.
Apesar de uma das normas da produção literária ser a sua não reprodução, penso que, ao divulgar o Poema de Régio, referindo as fontes, estou a valorizar a Obra e a dá-la a conhecer. (Publicidade, de que não recebo um tostão!)
Este livro é mesmo um clássico e está apresentado em formato de bolso, o que facilita o seu transporte para onde nos desloquemos. Foi comprado em Óbidos, numa Livraria icónica, situada numa antiga igreja católica, dessacralizada. A um preço super acessível: 3 Euros. Em Abril, do ano passado (2019).
Vou lendo e relendo. É daqueles livros que por ser de poesia e de autor que aprecio, vou sempre voltando a ele. É mesmo clássico!
Também pesquisei na net e os textos apresentados são sempre parcelares, relativamente à fonte documental referida. Há, obviamente, outras versões em livro, pois que na Introdução – “Da Vida à Obra”, elaborada por Isabel Pires de Lima, Professora Catedrática da Universidade do Porto, refere que o original é de 1941!
Não sei se essas versões alteraram a dimensão do texto e pormenores, porque também se notam pequenas diferenças, nalguns versos. (É natural que tenha acontecido, pois o processo criativo leva a modificações nas versões apresentadas, que qualquer autor vai realizando.)
A versão apresentada compõe-se de vinte sextilhas.
Estes postais organizei-os para “celebrar” os seis anos do blogue. E para homenagear José Régio, Amália e também Alain Oulman, neste postal.
Como sabemos, Amália cantou vários Poetas nacionais consagrados, neste caso, Régio e para esse facto o contributo de Alain Oulman foi marcante.
Anexo as cinco estrofes apresentadas na net, constituindo excerto do poema de Régio, a parte cantada por Amália. (A Diva não podia, evidentemente, cantar as vinte estrofes. Comparando, pode observar as modificações e o que foi escolhido para cantar.)
“Fado Português”
“O Fado nasceu um dia, quando o vento mal bulia e o céu o mar prolongava, na amurada dum veleiro, no peito dum marinheiro que, estando triste, cantava, que, estando triste, cantava.
Ai, que lindeza tamanha, meu chão , meu monte, meu vale, de folhas, flores, frutas de oiro, vê se vês terras de Espanha, areias de Portugal, olhar ceguinho de choro.
Na boca dum marinheiro do frágil barco veleiro, morrendo a canção magoada, diz o pungir dos desejos do lábio a queimar de beijos que beija o ar, e mais nada, que beija o ar, e mais nada.
Mãe, adeus. Adeus, Maria. Guarda bem no teu sentido que aqui te faço uma jura: que ou te levo à sacristia, ou foi Deus que foi servido dar-me no mar sepultura.
Ora eis que embora outro dia, quando o vento nem bulia e o céu o mar prolongava, à proa de outro veleiro velava outro marinheiro que, estando triste, cantava, que, estando triste, cantava.”