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Aquém Tejo

Há quem do Tejo só veja o além porque é distância. Mas quem de Além Tejo almeja um sabor, uma fragrância, estando aquém ou além verseja, do Alentejo a substância.

Há quem do Tejo só veja o além porque é distância. Mas quem de Além Tejo almeja um sabor, uma fragrância, estando aquém ou além verseja, do Alentejo a substância.

“Hospital Real” – 15º Episódio Television de Galicia - Parte IV

Série da RTP2

6ª Feira 18/09/15

Parte IV

 

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E ainda volto ao enredo desta pequena novela, que tem dado pano para mangas.

 

Volto a falar do par Cristobal e Rosália, os mais derretidos da ação, mas ao que parece, os ânimos ficaram esfriados por parte de Rosália, depois das descobertas que foi fazendo, graças aos estratagemas de Duarte.

 

Cristobal bem se explicou, explicando como fora também a estória dele com Alicia, que também envolveu o seu pai que a expulsou, quando soube da gravidez, que Alicia era apenas criada em sua casa, pouco menos que gente e o pai de Cristobal quereria melhor para ele e ameaçando-o de deserdamento, sempre acabou por repudiá-lo.

E Alicia ficou na rua, para onde entretanto voltou novamente, como também já sabemos. E o mais que lhe poderá suceder, agora que Espanha está em guerra com França, por enquanto lá para o Rossilhão, para lá dos Pirinéus, mas em breve alastrará por todas as Espanhas… E o que ainda está para vir, que os franceses virão, primeiro de boamente e a pedido de governantes espanhóis, mas depois ficaram e ocuparam Espanha, roubaram o trono, prenderam o Rei e muito mais que não cabe aqui falar, que apenas falamos de pessoas comuns, como o par de que vimos falando…

E se Cristobal agora tentou ajudá-la, da outra vez nem isso fez e, por isso, ela vagueando grávida por Santiago, subnutrida, a criança nasceu muito débil e depressa morreria.

Cristobal considera que foi desprezível, mas que agora está diferente e pede a Rosália que não o deixe só. Mas esta acha que ele não sabe o que é o Amor e não quer que ele lhe atormente a Vida.

E nisto ficamos, que não sei se haverá continuidade, embora já me tivessem dito que sim. O que sabemos também é que o nosso boticário voltou a injetar-se com ópio!

 

Dona Úrsula, que não me lembro se ela era assim tratada, mas é deste modo que a gosto de nomear, também tem que ser falada, nem ela nos perdoaria… e ela é uma torre preta, que também tem muito poder na narrativa.

Está sabido, porque já nos foi revelado, que ela tem algo que ver com os Dominicanos, que até lhes enviou uma carta, por Duarte, dirigida a Frei Vicente, com exigência de resposta, que veio pelo mesmo portador. E vimos que Úrsula ficou muito apreensiva.

Úrsula, Enfermeira Mor, mão indutora do roubo do original do tão propalado testamento que, pelas suas mãos, fora destinado aos Frades Dominicanos, foi confrontada sobre o facto, por Gaspar Somoza, Inquisidor do Santo Ofício.

Que uma guerra tem muitas batalhas e que tendo ela o testamento roubado, pagar-lhe-ia muito caro por isso, que ir-se-ia livrar dela. Que muito dinheiro roubou ao Hospital para pagar a educação de um rapaz nos Dominicanos, por detrás disso tudo terá que haver uma história muito sentimental. Mas que os seus esforços foram em vão, porque ele, Somoza, ordenou que expulsassem o moço de Compostela, a ponto de ela nunca mais o encontrar.

Que neste jogo de xadrez, as peças variam muito de posição e função e os aliados de há pouco são agora inimigos.

E, como inimiga rancorosa, a que fora aliada tática durante tanto tempo, lhe disse: “… Passou uma linha que nunca deveria ter passado.

 

E, por aqui ficamos sobre a Enfermeira Mor, ficando sem saber que rapaz será esse e que relação poderá ter com Dona Úrsula.

Este é também um dos assuntos que ficou também em aberto para uma eventual, mas possível e desejável, 2ª temporada.

 

E ainda sobre personagens e ocorrências no Hospital, não podemos esquecer o ocorrido no meio de toda a confusa situação de emergência hospitalar, o encontro, quase embate, de Duarte e Mendonza, e o olhar de ódio que este, rei preto, lançou a Duarte, peão que o colocou em xeque, só que ele disso não sabe, julgando que é o cavalo branco, Daniel!

 

E ainda sobre acontecimentos no Hospital, não posso deixar de mencionar a autópsia ao ajudante de oficial de justiça, feita por Doutor Devesa, que concluindo ter sido uma arma branca a causadora imediata da ferida, mas que, caso ele não tivesse o fígado tão cirrosado, talvez se tivesse salvado.

Argumento que Dom Andrés, na ânsia de tentar salvar Dona Irene, ainda tentou que fosse usado, mas Doutor Devesa lhe fez ver que isso era de todo impossível, pois que a causa da morte fora o golpe desferido.

 

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E, talvez para findarmos, lembramos que Breixo Tabuada, irmão da nossa mocinha heroína, Olalla, anda à solta pelas ruas de Santiago de Compostela e, com ele, os Ideais da Revolução Francesa.

Que chegaram ainda antes dos próprios franceses.

Veja também aqui!, se faz favor.

 

 

“Hospital Real” – 15º Episódio Television de Galicia - Parte I

Série da RTP2

6ª Feira 18/09/15

Parte I

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Bem, e terminou a série! Terminou?!

Pelo menos é dada como terminada, pelo menos por agora. Pois ficou quase tudo em aberto. Certamente para quando tiverem tudo a postos para a subsequente temporada. Que é essa a estratégia dos guionistas das séries.

 

E vamos jogar com algumas personagens… parafraseando-as como se situassem num tabuleiro de xadrez. E pressupondo até que haverá uma possível continuidade na Série...

 

O par Dom Andrés - Dona Irene, permite continuidade na Amizade, que os amigos são para as horas difíceis.

No Amor não se sabe, agora que ele lhe revelou o seu segredo, de que tem a mulher enclausurada, sob vigilância, forma que encontrou para a proteger de si mesma, resguardar a filha desse conhecimento e confronto com essa realidade cruel, de a expor aos outros ou enviar para um hospício, que seria matá-la em vida.

Por enquanto, Dona Irene fica no Hospital, mas a sua permanência deverá ser sujeita a votação do Cabido, que reunido extraordinariamente e já com a presença de Padre Bernardo, Capelão Mor, votou que ela deveria ser entregue à Justiça Civil e entregue ao Alcaide. Porque, Bernardo, liberto do calaboiço da Inquisição e seguindo a sugestão de Doutor Devesa votou de acordo com a cascavel Somoza e a víbora Úrsula. Tendo-se abstido Dona Irene, porque ninguém pode ser juiz em causa própria, é só fazer contas. Apenas dois votos a favor de ela permanecer no Hospital.

Mas numa jogada tática de xadrez, o rei branco, Dom Andrés, face ao rei preto, Mendonza, que, afinal, é apenas segundo Alcaide, condição de bastardo, determinou que a rainha branca, Dona Irene, fosse presa, sim, mas na prisão do Hospital.

E neste ínterim até que surja nova temporada, muita água irá correr debaixo das pontes. E quem sabe, irá Dona Irene salvar-se das garras do Alcaide, que o que realmente pretende é atingir o Administrador e ocupar o seu tão cobiçado cargo. Rei contra Rei.

 

E Mendonza ser efetivamente condenado por mandante dos crimes já cometidos, quiçá mesmo como autor dos mesmos, dado que a máscara usada pelo criminoso foi encontrada na sua própria casa, pelos homens do Arcebispo, Malvar de nome.

 

Arcebispo que desse facto teve conhecimento pela denúncia efetuada por Duarte, o verdadeiro assassino, mais uma vez fazendo-se passar por Doutor Alvarez de Castro. E as consequências que essa delação teve!

E dado o poder que tinha no contexto da História e a Classe social a que pertencia, à época; e nesta história, sob a perspetiva de xadrez, quando joga, como que peça joga o Arcebispo?

Só pode ser bispo branco, não acha?! O seu ataque é contra o rei preto e, taticamente também se opõe ao bispo da mesma cor.

E quem será o bispo negro?

 

E, esta forma de relatar o episódio de ontem, como se de uma partida de xadrez se tratasse, foi-me sugerida a partir do diálogo de Mendonza com Dona Elvira.

Que o texto e os diálogos nesta série estão muitíssimo bem trabalhados. A vantagem de ser também uma língua irmã da nossa melhora ainda a situação.

E, Dona Elvira, que peça prefigura?

Sendo aliada, dependente e interdependente do rei preto….

 

E, agora, Duarte que, ao longo de todo o enrolar/desenrolar do enredo, foi ganhando um protagonismo cada vez maior, construindo e desconstruindo a história.

Numa perspetiva de xadrez, em termos de importância relativa no Hospital, será apenas um peão. Mas estes, por vezes, põem em xeque o rei e, neste caso, o rei preto, Mendonza, foi por ele colocado nessa situação. Não foi xeque-mate, que por mim, e fora eu o guionista, já teria sido. Duarte matar Mendonza e assim faria justiça pelas próprias mãos. Só que o rei preto tem poder, que usa de múltiplas formas e Duarte, apesar de o enfrentar, dele também tem medo. E podemos mencionar que, na forma como atuou, fez uma jogada muito inteligente.

E Duarte, sendo peão, será preto ou branco? Penso que de ambas as cores, conforme com quem joga.

E tem sempre a vantagem de, como peão, passar despercebido.

Peões que, muitas vezes, vão comendo peças importantes do xadrez, e foi isso que ele foi fazendo, assassinando-as.

 

Com Olalla, é peão branco, em silêncio a ama, ou não fosse ele mudo, com desvelo a recolhe e ampara, quando foi atirada do varandim.

Será que ela se vai salvar?

E já que estamos em Olalla, que esta história é um novelo, foi ela atirada para o fosso das escadarias, por Clara, despeitada?!

E será que a nossa mocinha, salvando-se, vai voltar para o herói?!

 

E, eu, mais do que narrar o que aconteceu ontem ponho-me a especular sobre o que poderá ocorrer num futuro, que nem sei se virá a existir, pois nem sei se haverá outra temporada…

Mas a narrativa tem poder… e leva-nos por caminhos que não prevíramos. E para Santiago também há muitos Caminhos, embora todos se dirijam ao mesmo Lugar Santo: o Túmulo do Apóstolo.

E os Caminhos para Santiago continuam atualmente também perigosos, tal como em finais de século XVIII. Que o diga a turista americana que desaparecida há meses, já foi encontrado o corpo em local ermo, indicado pelo próprio assassino, entretanto preso.

 

E já que estamos em assassinatos, de que esta série está cheia, e de mortes, mesmo de crianças e de recém-nascidos, que estamos numa época de grande mortalidade, para mais agora em guerra, e o que ainda estará para vir, se a história continuar, que a História continuou e nós sabemos o que foi em Espanha, nos anos que se seguiram e em Portugal também, que Napoleão, à data desta história, 1793, ainda não chegara ao Poder, na França Revolucionária, mas, em breve, lá chegaria.

E quem chegou agora à narrativa foi o nosso herói, o nosso Daniel, Doutor Álvares de Castro.

Herói, anti-herói, salvador de vidas, tem, agora, a vida em perigo, arrastando-se, ferido por golpes de navalha desferidos por Mendonza, rei preto. Nesse arrastamento, estica e ergue o braço na direção da câmara… pedindo ajuda… querendo alcançar algo (?)… ou suplicando ao guionista que não o mate, que lhe dê mais uma oportunidade, tal como pediu a Clara e que continue o seriado?!

 

Não sei! Saberão os/as estimados/as leitores/leitoras?

 

O que ele também não sabe é como pode ser Pai de alguém que está ainda por nascer, sabendo ele que não foi visto para o assunto, embora tenha sido chamado, porque Clara o chamou, e por diversas vezes, só que ele não ouviu, fez que não ouviu, viu e não viu e, deste modo, a que deveria ser só sua mulher, foi mulher de outro, que dela fez mulher e, pelos vistos, irá fazer mãe.

Quando esta lhe disse, porque decidiu que o filho seria do pai que ela quisesse, Daniel ficou parvo de espanto, mudo de estupefação, branco de pasmo! Só não desmaiou, porque os homens não desmaiam; só não caiu para o chão, porque os heróis não caiem, embora ele tivesse terminado arrastando-se, como já referimos, mas para a câmara. E, os heróis, mesmo caindo, levantam-se sempre, que era assim que acontecia nos filmes de cow-boys, em que o herói tinha sempre sete vidas e até se desviava das balas.

Só que ele não se desviou dos golpes certeiros da navalha de Mendonza, equivocado sobre quem o tinha denunciado ao Arcebispo, porque Duarte, peão, fizera jogo de Rei.

Daniel, herói, de papel principal, torna-se vítima.

E que peça de xadrez?!

Por mim, acho que cavalo branco, ou não fosse ele herói.

Os heróis montavam sempre um cavalo dessa cor.

 

E quem montará o cavalo preto, isto é, quem representa essa peça no tabuleiro do xadrez da política hospitalar?

Eu acho que, neste momento da narrativa, essa peça já foi comida. E pelo peão.

Era, só podia ser, na minha perspetiva, o pai do nosso herói, que também montava a cavalo, já que era nobre, e essa era uma das funções dos nobres, montarem a cavalo, terem cavalos para as guerras dos reis, formarem as cavalarias.

Dom Leopoldo, era o cavalo preto, entretanto já comido e fora do tabuleiro.

 

E a Enfermeira Mor, Dona Úrsula, que peça simbolizará?

Dada a forma como se desloca no tabuleiro do Hospital, o peso pesado que é o seu corpo naquelas vestes de monja, e as ações que pratica, só pode ser a torre preta.

 

E há alguém que simbolize a torre branca?!

Só pode ser...

 

Dona Elvira de Santa Maria, fidalga de nobre e antiga linhagem, só pode ser...  a rainha preta.

 

Bem e vou voltar ao princípio, fechando o círculo, que vou terminar este post, para o publicar.

Mas vou terminar a narrativa? Tão incompleta, face a tudo o que se passou ontem?!

Não! Descansem caros leitores e leitoras, que ainda vou voltar.

Irei continuar a contar esta estória, a partir da história de “Hospital Real”, mergulhando também, e algumas vezes, na História.

Só que o poder da narração vai-me levando por caminhos diferentes dos que delineara, esta foi a forma de Caminho que encontrei. Não sei se será o francês, se algum dos espanhóis ou algum dos portugueses.

Mas há outras formas de contar, que isto de que quem conta um conto…

E ainda fica muito por contar, como dizia a minha avó e também Xerazade!

 

E ainda vou voltar para contar sobre personagens e aspetos de que não falei.

 

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Deixo-vos esta foto do grupo de atores que representou o enredo da série.

Mas não consigo identificar todos, personagem - versus ator/atriz.

Por ex. Úrsula, Alicia, Duarte,…

E há uma figura feminina por detrás de outras que não sei quem é…

E muito obrigado por terem a amabilidade e paciência de me terem lido até aqui.

Bem hajam!

Leia também sobre o 16º Episódio, SFF.

 

 

 

“Hospital Real” – 14º Episódio Television de Galicia

Série da RTP2

5ª Feira 17/09/15

El Tres de Mayo, de Francisco Goya from Prado Muse

 

Ainda sobre o 13º Episódio,

 

Que um ponto ficou por esclarecer. Continuando a contar este conto, e aplicando o ditado, sempre acrescentando algum ponto!

 

E talvez seja bom começar, recomeçando sobre a personagem que designei de “noviça de freira”, que me foi esclarecido através de comentário, nomear-se esta categoria ou função, de “postulante” e agora me lembro de ouvir esta designação. E que o seu nome é Alicia.

Assim esclarecidos e feita a devida constatação, cabe-nos agradecer a quem tem a amabilidade de nos ler e ainda corrigir, quando é necessário. Obrigado!

Mas já que estamos na “postulante”, personagem sobre quem só falámos no texto anterior, referindo ser ela uma pessoa doce, também sofrida e humilhada, com um caso mal resolvido com o boticário, de que ela tinha uma péssima recordação. No episódio treze dispôs-se a confessar-se, não sei o que disse, que é segredo, mas pelos vistos parece-me que se confessou, mas com Duarte no confessionário! Este Duarte é melhor que a encomenda! Não sei até onde vai esta personagem…

Também se propôs falar a Rosália do mau caráter do boticário, pedindo a opinião da enfermeira mor, que anuiu. Mas não chegou a fazê-lo, pois que ao observar o derriço de Cristobal para com a enfermeira Rosália, tendo-se aquele revelado com uma postura e comportamento diferente do que lhe conhecia, não teve coragem de intervir e portanto não falou nada!

Personagem sofrida e sofredora, usada pela Enfermeira Mor, vítima constante de bullying (conceito desconhecido à época), mas por vezes revoltando-se pelas ações que ela lhe impõe, embora maioritariamente cedendo às chantagens e ameaças a que a “Dragão” a sujeita.

 

E, agora já no Episódio catorze, cheio de peripécias…

 

Alicia confessara-se mesmo a Duarte, ficando ele a saber o seu segredo.

E, conhecendo-o, tratou de o usar a seu favor.

Disfarçado e apresentando-se como Doutor Alvarez de Castro e expressando-se oral e corretamente, pediu a Padre Manuel, Pároco de Santa Susana, para consultar os registos do Hospital. E para quê?!

Ele próprio foi um enjeitado, recolhido pelo Hospital, quando Irmã Úrsula nele deu entrada, há trinta anos. Teria ele cerca de oito.

Isto soubemos porque Dom Cristobal por ele e pelas suas origens indagou à Enfermeira Mor. Que solícita e prestável, à sua maneira e para o que lhe convém, neste caso ter Duarte na mão, o avisou de que o Boticário andava querendo saber coisas dele.

Os entremeses entre o que escrevemos antes e o que escreveremos a seguir, desconhecemos, que nos filmes nunca mostram tudo, mas também temos a cabeça para pensar…

E o que se passou a seguir é que no quarto da menina enfermeira Rosália apareceu uma carta que era um registo de nascimento de uma criança, nascida em 1790, filho de Alicia Bermudez, solteira e de pai desconhecido… não sabemos como a carta lá foi parar, mas deduzimos, não acha?!

E está tudo dito e explicada a tristeza de Alicia e porque tanto se agarra às crianças e chora com o seu infortúnio e as suas desavenças com Cristobal e porque o considera tão mau caráter e porque queria avisar Rosália.

Rosália que ao tomar conhecimento deste assunto logo tratou de se ir embora do Hospital, abandonar a profissão, agora até com salário, para não mais ver esse mau caráter.

Só que não pôde, porque os portões do Hospital estavam fechados por ordem do Administrador, por razões de que falaremos, quando terminar este excerto, respeitante à enfermeira, monja postulante, de nome Alicia, de quem agora até já sabemos o sobrenome, personagem doce, meiga, sofrida e sofredora, de que pouco falara em capítulos anteriores.

 

 

E vamos ainda aos entretantos…

 

Quando nos dispomos a visualizar uma série, apelativa como esta e com personagens tão cativantes, agindo num contexto como o daquela época tão exacerbada de paixões, com contrastes tão marcantes sob variados aspetos, é difícil não nos enredarmos, não tomarmos posição, gostarmos de uns e detestarmos outros. Tomarmos partido, em suma.

E, neste posicionamento, pretendermos que a história siga este ou aquele rumo, castigarmos esta ou aquele personagem e premiar esse outro ou estoutra.

Só que não somos guionistas da série e estes é que determinam o Caminho da história, o percurso das personagens. Que nem sempre é do nosso agrado, nem corresponde às nossas previsões, motivações e simpatias.

 

E vamos lá saber porque os portões do Hospital estão fechados…

 

Seria devido à doença misteriosa que nele grassa, que tanto apoquenta médicos e enfermeiras, que tanto trabalho lhes dá, tanto desassossega o Administrador e tanto aflige, inquieta e perturba Alicia? Que só deixa indiferente a Enfermeira Mor, alma de gelo, coração de pedra?

 

Não, embora por vezes pudesse funcionar a quarentena!

 

À série chegou, por pouco tempo é certo, um novo interveniente, Breixo Tabuada, irmão da nossa estimada Olalla, podemos manifestar-lhe a nossa simpatia, pois quase unanimemente goza desse privilégio no Hospital, com exceção de quem nós sabemos!

Com ele chegaram também, declaradamente, os Ideais da Revolução Francesa: Liberdade, Igualdade, Fraternidade! Já havia simpatias por essa Causa, é certo, mais acentuadas em Dona Irene, com uma práxis toda para aí virada; menos acentuadamente em Dom Daniel, que até estudou em França!

Mas manifestar simpatias por esses princípios, para mais ainda atuar em conformidade, distribuindo panfletos nessa onda e contra a Guerra, quando a Espanha estava em guerra com a França, era pedir o direito à forca!

E era precisamente disso que Breixo fugia e que foi para Santiago, também para ver a irmã querida, mas ainda e prioritariamente para não sentir o nó apertar-se na corda ao pescoço. Pediu guarida à irmã, que não teve melhor ideia que levá-lo à mercearia de Dona Irene que, em consideração por Olalla, lhe deu asilo por uma noite.

Cedência de asilo que lhe irá custar muito caro, a si própria e aos que lhe são mais queridos.

Isto porque o Alcaide, que está ufano na mó de cima, à sua loja enviou, na manhã seguinte, uma patrulha para revistar a casa e apanhar o fugitivo. Na confusão e refrega que se seguiu, Dona Irene, num gesto espontâneo, embora irrefletido, puxou de uma tesoura e espetou-a no ajudante do oficial de justiça.

Ainda o levaram para o Hospital, Dona Irene, Breixo, também o Oficial. Não chamaram o INEM, que ainda não havia, nem sistema ambulatório. Os nossos médicos, nossos pela simpatia que lhes temos, os cirurgiões, de tudo fizeram para o salvar, tentaram estancar a hemorragia, o sangue escorria como em açougue, impressionando quem fosse de impressionar. Mas apesar de todos os esforços dos médicos, que também são cientistas dedicados à investigação, e embora todas as suas tentativas, o ajudante de oficial de justiça morreu.

Morrendo de morte assim, Dona Irene era uma assassina. Para além de também ter dado asilo a um desterrado e fugido à Justiça. Nesses tempos de guerra ou em quaisquer outros dessa época já se sabe qual seria o veredicto.

Estando no Hospital Real, com jurisdição própria, autonomia nesse e noutros campos, daí tão cobiçada a respetiva Administração, podia aí ficar com autorização do Administrador, com capacidade e poder de justiça civil, dentro do espaço territorial do Hospital.

E ele, também irrefletidamente (?), a essa atitude se prestou, nem que fosse para poder ficar um pouco mais com a Mulher que admira, mas também ama e que, finalmente, talvez sentindo o tempo escapar-lhe, a beijou. Em fundo, a música que, julgo eu, seriam variações sobre o tema “Concerto de Aranjuez”… Seria?

E, para proteger Dona Irene e impedir a entrada dos soldados do Alcaide, mandou fechar os portões do Hospital, não entrando nem saindo ninguém.

E assim se explica porque a menina Rosália não se pôde ir embora para a sua santa terrinha.

 

E, com este gesto, também o Administrador, Dom Andrés, aperta mais a corda que vai tendo ao pescoço, como já o Alcaide lhe fizera lembrar antes destes acontecimentos. Agora, e depois de tudo o que aconteceu, o que ocorrerá?! Esperemos o 15º Episódio. O último?!

 

E, voltando aos entretantos, e ao que vai acontecendo aos personagens. Vemos os que são execráveis, surfarem as ondas na maior e os que gozam das nossas simpatias serem maltratados. Será que os guionistas vão manter as coisas neste pé?! Ou vão ceder às pressões das audiências e das redes sociais, como nas novelas brasileiras? Aguardemos!

 

Vermos o Padre Bernardo nos calaboiços da Inquisição… Valeu-lhe, todavia, a intervenção do Arcebispo, Malvar de nome, que condicionou o Inquisidor a requisitar um médico, para o atender. Pronta e solicitamente, Doutor Devesa o foi auscultar e medicar, aconselhando-o a comer e a dizer a tudo que sim, ao que Somoza lhe pedisse, para ser libertado. Que, se não o fizesse, seria ele próprio, Sebastian Devesa, que divulgaria que a carta na posse do Inquisidor, a ele, Doutor Devesa, era dirigida.

E nós que gostaríamos de conhecer o conteúdo exato da célebre carta.

 

Vermos Clara num exercício de auto flagelação psicológica, a embebedar-se, toda desgrenhada e a ouvir a sogra, aparentemente contrita e com remorsos (?) dizer-lhe que para perpetuar a linhagem o apelido é mais importante que o sangue.

“Como é possível que consinta e apoie que eu engane o seu próprio filho e na sua própria casa?!”

 

E o marido, Doutor Daniel, substituído enquanto marido e como médico, sem ter conhecimento de nada.

Contudo, e enquanto Médico, o Doutor Alvarez de Castro, juntamente com Doutor Devesa, está a desempenhar o seu papel. Juntos, e sempre utilizando a metodologia científica, por deduções, a partir de hipóteses, foram construindo uma tese de que aguardam confirmação experimental no próprio ser humano.

Deduziram que é no sangue da ama-de-leite que está a explicação para o facto de o próprio filho não ser portador da doença misteriosa. Que esse facto não será apenas uma casualidade, mas antes a respetiva causalidade.

E, daí, inocularam sangue dessa paciente na outra doente também infetada e posteriormente nos bebés, para supostamente os defenderem da doença, imunizando-os. Ignoro se esta palavra já seria utilizada, ou se foram eles, enquanto cientistas, que descobriram o conceito e criaram a palavra, após saberem os resultados da experiência, que espero sejam positivos.

E esta experimentação, que não foi assim tão linear e simplista conforme a descrevo, foi decorrendo enquanto ocorriam muitas das peripécias já relatadas, até anteriormente a algumas delas, ou simultaneamente a outras.

Que esta narração ao que se desenrola nos episódios nem sempre é, nem pretende ser, exata e rigorosamente fidedigna. Me desculpem por tal!

 

Microscópio de Cuff in www.prof2000.pt.jpg

 

E ficamos por aqui, pela Ciência, que deu um salto qualitativo muito grande nesse final de século, conforme nos é mostrado no Hospital, que seria muito avançado para a época.

Até já têm microscópio, imagine-se! Para além de toda a experimentação e investigação que desenvolvem. E têm um corpo excelente de profissionais empenhados, os médicos, as enfermeiras, o boticário e o administrador, que tendo que dar aval a tudo quanto se passa, se revela moderno e esclarecido. Imagine-se que seria alguma das outras trempes a comandar o Hospital!

 

Bem, então até logo, no décimo quinto episódio!

 

 

 

 

 

 

“Hospital Real” – 11º Episódio

Série da RTP2

 

2ª Feira 14 / 09 / 2015

 

La familia de Carlos IV. De  GOYA. in wikipedia.jp

 

 

“Gostaria que fizesse algo por mim.” Palavras do Alcaide, para Dona Elvira.

Assim também ficámos a saber como a fidalga obteve o dinheiro para saldar a dívida e pagar a Ulloa. A carta misteriosa que ela recebera teria sido proveniente do Alcaide, não sabemos é o que ele terá andado a fazer nestes episódios em que esteve desaparecido. Dinheiro continua a ter. Também irá repor o correspondente ao desfalque que fez? Aguardemos. Mas visualizámos a sinopse do próximo episódio e tudo indica que irá ter papel importante!

 

E aqui focamos um dos subtemas que vem perpassando na série. O modo de vida da fidalguia de nome e linhagem antiga, vivendo acima das posses, desbaratando as heranças dos antepassados, enchendo-se de dívidas, usando todos os mecanismos de sobrevivência, para se manter à tona da sociedade. De que o modo de atuação de Dona Elvira serve de mote e que ela pretende continuar, assumindo o papel de Homem da Casa, a chefia da Família, já que o filho optou por outro modo de ganhar a vida, recorrendo ao Trabalho, fator e base de desenvolvimento da Nova Sociedade que se adivinha.

 

Exemplificando a queda do Antigo Regime de que a Revolução Francesa foi o motor, à data, ainda em primeira velocidade, mas de que a Guerra do Rossilhão, no início, já prenuncia a futura entrada dos exércitos napoleónicos na Península.

 

O filho, Dom/Doutor Daniel, no papel principal do enredo, em múltiplas facetas.

Enquanto fidalgo, nos princípios e valores ainda espelha a sua educação de base; mas também no papel de médico, exercendo uma profissão mediante salário, de formação académica superior, obtida em França, no início da Revolução, inovador nos métodos, na pesquisa e experimentação, perfil de investigador, aliando teoria e prática.

Enquanto herói apaixonado por uma mocinha da aldeia, do campo, Amor que pretende salvaguardar, prenúncio do Romantismo. Simultaneamente casado, segundo os cânones da Ordem Antiga, por conveniência, casamento combinado pelas famílias, e formalizado por um acaso excecional, mas que ele pretende manter, porque deu a sua palavra, selando um compromisso. Contudo, não amando a sua esposa, ainda não conseguiu consumar o matrimónio. O que se tornou tema do enredo, envolvendo a esposa, Clara, viva, que já foi morta; o Pai, Dom Andrés, confidente da filha que já não tem mãe, ou julga não ter, ou não se lembra, o que dá no mesmo. E também Dona Elvira, que, assim, fica a saber dos desaires do filho.

Mas o rapaz acaba por concretizar o ato! Numa cena filmada com o classicismo e a contenção de outros tempos, em que as ações são mais sugeridas do que explicitadas. Mais imaginadas que vistas.

De caráter exaltado não consegue controlar as pulsões viris, fácil e irrefletidamente se envolve em disputas cegas e absurdas, de que a briga na taberna foi o paradigma e cujas consequências lhe rebentaram nas mãos, quando se viu perante o paciente, que quase rebentara de pancadaria. Agora, na sala de operações, onde seria suposto Daniel, enquanto médico, salvar.

E voltam as palavras sábias do seu colega e mentor, Doutor Devesa, de que as mãos são o seu bem mais precioso, que não são para desbaratar em sessões de boxe, que não sei se já assim seria designado esse desporto briguento.

 

Doutor Devesa, papel crucial no Hospital, enquanto Cirurgião Mor e membro do Conselho Hospitalar, numa vida dedicada aos Outros, tentando salvar Vidas, mas também consciente dos fracassos sempre inerentes dessa função. Inovador quanto baste enquanto profissional, mas apoiando as pesquisas do novel médico, pragmático e sensato, que a idade tudo leva e tudo traz. Portador de um segredo, que confessou ao Capelão e certamente dedutível a partir das palavras gravadas numa carta que um seu Amigo escreveu na hora da Morte e que foi parar em endereço errado, passando das mãos da víbora Úrsula para as da cascavel Somoza. Destino trágico e cruel!

 

Dona Irene, feminista antes de tempo, ao sujeitar-se a uma operação a um pólipo no Hospital, aliviada de não ser gravidez, pode observar internamente o respetivo funcionamento. Uma vantagem para todos.

Constatando que as enfermeiras eram pouco mais que escravas na Instituição, propôs que elas recebessem um salário.

Proposta ousada na altura, sob todos os aspetos, muito para além do lado financeiro, ou eventual prejuízo para o Hospital, que ela se propôs cobrir, abdicando de alguns benefícios no seu negócio de abastecimento de víveres.

Sujeita a votação no Conselho, foi a proposta aprovada, revelando-se Dom Andrés, além de excelente administrador, também exímio estratega.

Doutor Devesa votou a favor, sendo igualmente portador do voto favorável da comerciante, que estava ainda de convalescença. O Inquisidor e a Enfermeira Mor foram, naturalmente, opositores. E aí, Dom Andrés pediu o voto do Capelão Mor, que também foi favorável, situando-se, assim, em oposição, mais uma vez, ao Inquisidor, desobedecendo-lhe. Calcule-se como este ficou a ferver por dentro, pronto a explodir, o que acontece umas linhas adiante.

Estava a proposta aprovada, mesmo sem sequer ser precisa a votação do Administrador.

Mas sendo este interpelado pelo Inquisidor para que o fizesse, foi também a sua opinião no sentido de aprovar um salário para as Enfermeiras.

E, assim, definiu também os papéis de cada um no Conselho e reforçou o seu Poder, que o Inquisidor tanto deseja.

Este, após a ocorrência e nos bastidores, no corredor, perante o Capelão, Padre Bernardo, saltou-lhe completamente a tampa, berrou-lhe que nem fera enlouquecida, não o engoliu vivo porque não pôde, explodiu de raiva e informou-o de que o iria mandar prender pelo Santo Ofício.

 

E isto porque a carta, que o amigo de Doutor Devesa lhe escreveu, foi parar às mãos da Enfermeira Mor, Dona Úrsula, o “Dragão”, de Komodo, lhe chamo eu, víbora que também é cascavel. Que conduz a narrativa pelos caminhos ínvios da destruição e malvadez.

Portadora da carta e conhecedora do segredo do Doutor Devesa, resolveu mudar-lhe o endereço e atribuir-lhe outro destinatário: o Capelão Mor, Padre Bernardo, Alma caridosa e boa, que não merecia tal destino. Assim, simultaneamente, atacava dois opositores, de forma imediata, o Capelão e quem sabe, futuramente, o Cirurgião!

Na posse da carta dirige-se ao Inquisidor, supondo que levava um trunfo imbatível, exigindo ou propondo, não sei bem, a troca da carta pelo original do testamento do Padre Damião, que ela falsificara.

Pensava ela que levava um trunfo imbatível, disse eu. Só que o feitiço se virou contra o feiticeiro e, o Inquisidor, víbora ainda mais peçonhenta, não só lhe confiscou a carta, como não lhe deu o testamento, e cumulativamente ameaçou-a de Tribunal e cadeia e ainda a subjugou mais à sua vontade e fome de Poder!

 

Do Poder que quer ganhar no Hospital, que nós já sabíamos, pois ele já o explicitara ao Capelão, frisando-lhe que o seu papel na Instituição era precisamente esse e não outro qualquer. Ajudá-lo a obter o lugar de Administrador, retirando-o a Dom Andrés. E, por isso mesmo, fora designado para as funções de Capelão Mor.

Objetivo que, a partir de agora, Dom Andrés também já ficou sabedor, pois que o Capelão lho deu a conhecer, quando dele se foi despedir.

Que o Capelão não quis esperar que viessem buscá-lo para ir para a prisão do Santo Ofício. “Adianto-me aos seus enviados. Ninguém sentirá a minha falta”, disse ele a Somoza, Inquisidor Mor, ao apresentar-se para ser preso.

 

Que não lhe sentissem a falta não é verdade, que Dom Andrés manifestou-lhe logo a sua estima e relevância no Hospital.

Doutor Devesa, ao saber que era devido à célebre carta, em que certamente se falaria de uma amizade, só que colorida e, malevolamente, fora endereçada para o Capelão, logo ali quis assumir os seus pecados, que ninguém tinha que pagar por eles. O Capelão lhe disse que os seus pecados, já confessados, expiaram com a morte do seu Amigo, Aníbal.

Interrogando-se como a carta poderá ter ido parar a Somoza e deduzindo que só poderia ter sido a cascavel, a ela se dirigiu, apelidando-a precisamente de víbora, o que nós já fazemos há alguns episódios, e, exaltado, lhe gritou: “Vou encarregar-me que pague pelo que fez com Bernardo!”

Pelo que bisbilhotámos do próximo episódio, vislumbrámos que o Destino se vai encarregar desta ameaça!

 

E ficam-nos sempre temáticas por abordar, personagens por mencionar, excertos por comentar.

 

Já referi a simpatia de Duarte por Olalla.

Ontem, quando no quarto dela entrou, muitas ideias malévolas se supuseram! Quando abriu a navalha com que degolou as suas vítimas, e da jovem se aproximou, um arrepio surgiu, como se ele fosse executar o papel do Destino…

Afinal, tão somente e apenas se abeirou dela para lhe cortar uma madeixa de cabelo, que guardou cuidadosamente num bolso, junto ao coração.

E é assim, este assassino. Simultaneamente crudelíssimo e ao mesmo tempo capaz de gestos simples de carinho, só carinho (?), nomeadamente quando olha, enlevado, para a mocinha, heroína da novela!

 

E, a outra moça, Rosália, continua se derretendo com o seu Cristobal, o boticário!

 

E, assim, termino, por hoje!

Espero que tenha gostado!

 

"Hospital Real" - Episódio 7

 

Série da RTP2

3ª Feira – 8 de Setembro

 

org.wikipedia.pt.jpg

 

E o “assalto” ao Hospital Real já se equaciona às claras, não se subentende apenas...

 

O Alcaide e os seus apaniguados, reunidos no Clube só para homens, congeminam o ataque e definem estratégias e objetivos. Tomar conta do Hospital em duas frentes.

Economicamente, através de um fornecedor de víveres, que seja da sua confiança, alguém comandado por eles e que certamente já terão escolhido. Daí o assassinato do marido de Dona Irene, e das agressões e ameaças que lhe têm sido movidas, de modo a afastá-la dessa função.

Política e administrativamente, controlarem o Conselho do Hospital através da colocação de um elemento do grupo conspirador nesse mesmo órgão de decisão da Instituição. Presumo que o Alcaide, por inerência das funções exercidas na Cidade, já faça parte desse mesmo órgão decisor.

 

Paralelamente, os elementos do Clero também planeiam, verbalizam e expõem esse mesmo objetivo. Colocar o reverendo Somoza, inquisidor, nesse mesmo Conselho, no lugar vago deixado pelo fidalgo, entretanto assassinado, pelas mesmas razões de controlo da mina de dinheiro que é o Hospital.

 

Posta a situação neste ponto, com dois candidatos, a votação para a respetiva seleção estaria empatada, segundo as contas do Inquisidor, sendo que teria que ser o Administrador do Hospital a ter o voto de desempate. Será caso para dizer que “venha o diabo e escolha!”

 

O Administrador carregando nos ombros e no rosto todo o peso e fardo institucional, segundo disse a própria comerciante, vive atormentado, não só pela gestão e administração normais em qualquer instituição, mas pelos imbróglios que nela surgiram.

Primeiro, os assassinatos em série, todos relacionados com o Hospital; as mortes por envenenamento casual de funcionários e quase envenenamento dos doentes; a descoberta de um desfalque, aparentemente realizado pelo fidalgo; o roubo do livro da contabilidade, de que este era responsável.

Para além do peso e preocupação sempre presente na filha, portadora de uma doença psíquica, para que não encontram tratamento.

E, descobriu-se no final, que afinal a esposa não está morta, mas antes vive resguardada ou enclausurada, por ser portadora também de uma doença mental, que, à época, era um anátema que estigmatizava quem quer que dela fosse portador, bem como toda a família. Daí serem estas pessoas escondidas, isoladas do convívio social, quando os familiares tinham condições económicas para tal.

O facto de a mulher ainda ser viva faz-nos agora perceber a sua recusa e hesitação em aceitar outras mulheres, situação que até a “enfermeira entontada”, amada do boticário, uma vez se lhe referiu designando-o como “trouxa”.

 

E o nosso “Dragão”, de Komodo, lhe chamaria eu, sempre fareja o que de podre existe, a carniça morta. Está empenhada em descobrir o que o administrador esconde. O que nós já sabemos e que acabámos de revelar. A respetiva esposa ainda é viva!

Nesta sua obsessão em torturar e aproveitar-se sempre dos mais fracos e desvalidos, Irmã Úrsula, sempre à frente dos acontecimentos, com o vestido de noiva de Clara, que era o da sua própria mãe, encenou uma visita desta, supostamente morta, para que, Clara, a noiva prometida, imaginasse que seria a própria mãe que a teria vindo visitar de além-túmulo, deixando-lhe o nome, Clara, escrito a sangue na parede!

Cena macabra, que a todos deixou estarrecidos, mas que ela soube muito bem controlar, sempre impávida, serena, seráfica, santa, auto beatificada já em vida.

 

Mas sempre a organizar enredos e tramas.

Tendo sido interpelada pelo facto de ter supostamente descuidado as chaves do gabinete e armário do Administrador, o que foi um facto, ela, conhecedora dos meandros em que se movimenta nos corredores do Hospital, e das personagens com que se cruza, depressa deduziu que quem lhe terá roubado as chaves, assaltado o armário e levado o livro vermelho, só poderá ter sido Duarte.

E foi este interpelado nesse sentido.

“Tu não vales nada. Ninguém sabe que existes e se desapareceres também ninguém dará pela tua falta.” E lembrou-lhe a sua condição de exposto, marcado a ferro e de que fora ela que lhe valera, quando ele vagueava sem rumo pela Cidade. “Sei que foste tu que roubaste o livro, não sei ainda porquê… Que tu és mudo, mas não és parvo. O que te vale é o teu silêncio!” Terão sido sensivelmente deste teor as palavras proferidas pela enfermeira mor, para Duarte, moço de fretes e assassino.

 

E assim este rapaz, que serviu para tudo o que lhes convinha, agora vai-se tornando um estorvo, um empecilho a eliminar.

O Alcaide também já o informou diretamente desse propósito.

E, pelo que vislumbrámos do episódio que será transmitido hoje, atuou!

 

Aguardemos pelo que irá suceder.

 

E o destino do dinheiro roubado, melhor dizendo, desviado, pelo fidalgo, Senhor de Rastavales, para onde foi destinado?!

Esta pergunta também formula a equipa de investigação, agora formada pelos dois médicos e pelo administrador. A iniciante de enfermeira já não pertence a esta equipa, muita coisa mudou no enredo, para além dos handicaps que lhe são inerentes: ser mulher, jovem, aprendiz, de profissão subalterna, como o próprio amado, Dom Daniel, lhe fez ver!

 

E outros personagens e muitas outras questões ficam em aberto…

 

E Dona Irene?!

 

E Dona Elvira de Santamaria?

 

E Dom Cristobal, o boticário?

 

E o Capitão Ulloa?!

 

E os enredos romanescos?

E o par romântico e protagonistas da série?!

 ...   ... ...

protagonistas in. mag.sapo.pt.jpg

Mas caríssimo leitor/leitora, que teve a amabilidade e paciência de chegar até aqui, situação por que lhe estou eternamente grato, se eu fosse a rever tudo seria o guionista da série, não acha? E também não quero privar-lhe o prazer de congeminar as suas próprias análises e conclusões…

Pois, visualizemos o episódio oito, que ocorrerá dentro de poucas horas.

 

P.S. – Será que esta série terá sido baseada nalgum livro já existente?

 

 

 

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