Há quem do Tejo só veja
o além porque é distância.
Mas quem de Além Tejo almeja
um sabor, uma fragrância,
estando aquém ou além verseja,
do Alentejo a substância.
Há quem do Tejo só veja
o além porque é distância.
Mas quem de Além Tejo almeja
um sabor, uma fragrância,
estando aquém ou além verseja,
do Alentejo a substância.
É algo que me assusta e aflige neste nosso País. Tantos fogos! E, ademais, em locais emblemáticos deste nosso querido Portugal. Até na Serra da Estrela!
Eu, muito sinceramente e muitas vezes, penso que este país não merece o País que tem!
Quanto aos fogos, tantos rios de dinheiro que se gastam, tantas energias despendidas com os fogos e tanto, mas tanto se pouparia se a prevenção fosse devidamente realizada.
A Prevenção que exige trabalho, trabalho e trabalho. Ao mesmo tempo que daria trabalho a muito boa e santa gente que quisesse realmente trabalhar. Tenho defendido muito esta tese deste modo de prevenção. E qualquer cidadão, observador e interessado, pode sempre em qualquer viagem que faça, por este nosso e lindo país, verificar como essa prevenção é totalmente descuidada. Nos mais diferentes lugares. Desde logo nas bermas das mais variadas estradas e autoestradas, linhas férreas… nos parques naturais… Nos Parques Naturais, então nem se fala! Nas próprias Cidades…!
Mas também as minhas forças e energias. Porque onde posso, com os meios de que disponho, e as minhas capacidades, faço alguma coisa, pouca, frise-se, na prevenção.
Mas comparativamente com muito boa e santa gente que tem meios e tecnologias e recursos muito superiores aos meus e não faz nada…!?
É o país que temos! Mas a responsabilidade é de todos! Desde as hierarquias superiores até às bases.E antes de todos e ainda mais, dos particulares, dos proprietários, que não agem devidamente.Das entidades públicas que, nas localidades, nas respetivas circunscrições, muitas vezes não atuam. E, neste plano, é precisamente nos níveis mais de base que as intervenções devem ser realizadas, porque são essas pessoas que estão no terreno, que melhor conhecem a realidade. Autarquias Locais, Proteção Civil, Bombeiros, GNR…
Porque é que, nas estações do ano em que se pode intervir prevenindo, alguns destes profissionais, por ex. Bombeiros, não são canalizados para as limpezas necessárias?! Ou um corpo especializado de intervenção, com gente capaz, com vontade de trabalhar e de fazer bem feito?
Lá se foi Agosto… Também o calor abrandou. Chuva, nada! Está tudo seco, seco. Os campos alentejanos, onde não há regas, metem dó.
Que não haja mais fogos e venha alguma chuva, é o que mais desejo.
Bem sei que cada coisa no seu tempo e agora já não é tempo de amoras. Nem floridas?!
A não ser que as tenha conservado em compota, deliciosa(!), ou guardado na arca e as reaproveite agora. Em compota, ficam muitíssimo agradáveis. O crocante das amoras caramelizadas é muitíssimo apelativo.
Mas hoje apresento-vos fotos de cachos de amoras, fotos tiradas em Julho. No mesmo balsedo, conjunto de silvas, silvado que bordeja o “Caminho da Fonte Das Pulhas”. Tirei fotos em diferentes estádios de maturação.
No mesmo cacho observam-se bagos de amoras já pretas, umas vermelhas, outras ainda verdes. São assim as amoras! (Comparo-as muito com as pessoas. No mesmo conjunto familiar, há pessoas mais velhas, umas mais novas… Em diversos momentos das suas vidas evolutivas. Em diferentes estádios do seu desenvolvimento pessoal e social.)
Simultaneamente noutros cachos estão ainda todas verdes.
Noutros, os cachos estão floridos.
Ainda, noutros totalmente em botão.
São assim as amoras!! As seguintes, já em Agosto.
E, para finalizar, um cesto de amoras já colhidas, também em Agosto.
Que mãos hábeis transformaram em compota. Deliciosa!!
E um último cacho, já em Setembro.
"Gostas de amoras?! …
Vou dizer ao teu Pai que já namoras!"
Muita Saúde. Muito Obrigado. E muitas amoras. Agora, em compota!
A RTP 2 repõe a 1ª temporada desta série policial espanhola, desde a passada 4ª feira, 24 de Agosto.
Tudo faz prever que, de seguimento, apresentarão a segunda. Só faz sentido que assim seja, senão porque estar a retransmitir a primeira, pese embora seja essa a prática habitual deste canal, repetir a visualização de seriados. E, sendo eles de qualidade, porque não fazê-lo?! Antes isso que apresentar chachadas de programas.
E “El Príncipe” merece ser visto e revisto. É um seriado espanhol, cuja ação decorre na cidade de Ceuta, enclave espanhol no Norte de África, Marrocos.
(“Herança” de Portugal, diga-se de passagem. Cidade conquistada por Portugal, em 1415, no início da 2ª Dinastia, reinava Dom João I, com a qual foi começada a expansão territorial de Portugal além da Europa.
E como se tornou espanhola?!
Se quiser saber mais… para não nos perdermos na História.)
Já basta o Bairro labiríntico em que supostamente decorrem as principais cenas, precisamente “El Príncipe”, que, na realidade, funciona mais como cenário suposto, do que real.
Para além do bairro propriamente dito, dos seus becos e ruelas, as cenas decorrem na Esquadra do bairro; na casa dos “Ben Barek” , muçulmanos, “mouros”; no Centro Cívico; em presumíveis exteriores… e noutros locais variados e diversos.
O seriado tem todos os condimentos para atrair espetadores:
- Atualidade, na forma e no conteúdo; ação, intriga, suspense, enredo romanesco.
Desde logo, sinal de Amor, aparentemente impossível, que o Destino laça e desenlaça para a sua hipotética concretização.
Fátima e Javier Morey, separados por barreiras supostamente inultrapassáveis, cruzam-se de amores desde o início do primeiro episódio.
“- Se não entende um olhar, como entenderia uma longa explicação?!” Interpelação feita a Javier, pela mulher, Fátima, comprometida e casadoira; espanhola, mas muçulmana…
E este é um dos fios condutores da narrativa: o relacionamento entre o “herói” e a “mocinha”: Morey e Fátima.
Ligados, enleados também pela tentativa desesperada dela em encontrar o irmão "Abdu", desaparecido.
Que a polícia local pouco se tem esforçado nesse sentido, mas a que Morey vai dar um novo impulso. Socialmente, é esse aspeto que mais transparece do relacionamento entre ambos.
Morey vem, supostamente, superintender na esquadra, sendo que o seu objetivo principal é descobrir uma presumível rede de jhiadistas que existiria no bairro, a que a própria esquadra não seria alheia, bem pelo contrário, que nela haveria agentes infiltrados.
A esquadra cumpre, melhor ou pior, a sua função, zelar pela segurança dos cidadãos. Mas pelo modo como é dirigida e de facto funciona ou disfunciona (?), permite que, de forma mais ou menos velada, a corrupção possa estabelecer um certo status quo com o submundo do bairro. Neste, campeiam os tráficos ilícitos, em que o da droga, em desatino, inquieta as gentes honestas, a maioria dos que lá vivem.
Esta multiplicidade de situações verifica-se nas próprias famílias.
Um dos núcleos fundamentais do elenco é representado pela família “Ben Barek”.
Um dos sujeitos basilares deste grupo é Faruq, que simplesmente é o chefe de um dos bandos organizados do narcotráfico no bairro.
Muçulmano tradicionalista, controla parte do bairro, com os seus homens de mão, sendo aparentemente um bom chefe de família, na sua visão personalizada da vida.
Coabita num contexto de família alargada, apesar de ser casado com Leila, mas ainda sem filhos.
A mãe, Aisha Ben Barek e o pai, Hassan, donos da popular cafetaria do bairro, igualmente muçulmanos, são “pessoas de bem”, alheios (?) às negociatas do filho.
Contudo esta é a “realidade” ficcionada de “El Príncipe”. Crime organizado funciona paredes meias com a vida nos parâmetros da Lei.
Contrapondo-se a Faruq, a irmã, a “mocinha” e heroína da história, Fátima, que, no papel social de Professora no Centro Cívico, procura a regeneração, a integração social dos jovens, através da Educação.
Uma das características das personagens e entidades da série é o seu lado oculto, subterrâneo. A ligação entre o lado explícito, social, que está à superfície, que é visível e o que está escondido, oculto das vistas sociais.
E relativamente ao Centro Cívico, tal como já referi sobre a Esquadra, há personagens que se dedicam a outras funções não explícitas, e ilegais. Veremos.
E tornamos à Esquadra.
O chefe policial é “Fran”, Francisco Peyón, personagem marcado pelas experiências e frustrações da sua vida, a que não é estranho o assassinato do filho adolescente por um desordeiro delinquente e menor, recentemente saído do centro de recuperação, onde nem chegou a cumprir três anos.
Paradoxalmente assassinado no bairro onde ele, chefe de esquadra, deveria impor a ordem.
Coadjuvado por outros personagens não menos envolvidos nas negociatas dos comércios ilícitos: Quilez, “espanhol” e Hakim, “mouro”.
Personagens que têm muito que contar!
Que muito se irá desvendando.
Personagens que, a seu modo, sabem impor a lei, quando a Lei permite que delinquentes se bandeiem impunemente. Refiro-me ao assassino (?) anteriormente mencionado.
Se há algo que choca na série é a utilização de menores pelos criminosos, para executarem as suas “façanhas”. Situação tristemente real!
Ainda na esquadra: Matilde, “Mati”, também “espanhola” e loura, de Barcelona, jovem cheia de ambição, a que Morey dá a mão. E que “namora” com o “mouro” Hakim.
E Federico, “Fede”, personagem muito secundário, mas que introduz algumas piadas cómicas no enredo.
E, a propósito de comicidade, não posso deixar de nomear Pilar e Rocio, amigas de Fátima, também bastante secundárias, mas correspondendo ao estereótipo das “espanholas”, “chicas” de Almodôvar!
E já que de “chicas” se fala, realçar a mais “chica” de todas, a fogosa Marina, namorada de “Fran” e dona do bar de tapas, habitual poiso de recreio dos policiais e relax do chefe.
E sobre grupos de personagens reportamos também para os que estão ligados ao CNI. (Centro Nacional de Investigação?) (Em capítulo futuro, saberei que é Centro Nacional de Inteligência! Nem mais!)
Que agrega os que coordenam e orientam a investigação de Morey, e o motivo principal da sua ida para o Bairro.
Mas como eles trabalham na sombra e/ou à distância mantemo-los, ainda, nesse estado e estatuto.
Que muito ainda falta saber e descobrir sobre eles. Que também têm as suas sombras e lado escuro.
E sobre esse lado menos claro do enredo da série, mas cada vez mais visível e explícito, à medida que prossegue a narrativa, surge-nos o tema do terrorismo jhiadista, dos radicais islamitas, o papel de um grupo terrorista, Akrab, as suas ações na cidade, os tentáculos no bairro, o envolvimento de personagens aparentemente insuspeitos.
E voltamos a um dos leitmotiv do enredo: a descoberta do paradeiro do filho mais novo dos Ben Barek, preocupação da família e persistência de Fátima.
De nome Abdessalam Ben Barek, “Abdu”.
E ainda e já na família, mas querendo reforçar os laços de pertença, menciono Khaled Ashour, primo e pretendente à mão de Fátima. Que muito também nos irá contar e ganhará maior protagonismo na segunda temporada.
E terão estes dois personagens destacados algo a ver com o terrorismo?!
Mas deixemos este tema ou mantenhamo-nos nele e na violência tão presente no Bairro, tanto no plano real, como virtual e lembremos também duas personagens jovens, sujeitas e vivendo essa constante instabilidade e expondo-se a perigos vários: Nayat, a caçula dos Ben Barek e Ruth Peyon, filha de Raquel e Fran.
E estou a esquecer vários personagens importantes, tal como a namorada de Abdu e o terrorista que a assassinou? Aos olhos de Fátima e Javier! (Sempre unidos na trama: herói e mocinha!)
E vamos continuar a ver e/ou rever os episódios. São muito chamativos!
Como é hábito, a RTP2 volta a transmitir programas já exibidos. Salutar, quando são interessantes! Desta vez, a mini série “ O Roubo do Códice”, “El Codice”, original da Televisão da Galiza, que transmitira em 2015, a seguir a “Hospital Real”.
Sobre os dois episódios escrevi algumas ideias, entrecruzando os personagens da série “Hospital…” com os da mini série “O Roubo…”. Nem sempre de forma direita, por vezes enviesando, como gosto de fazer e também não tendo identificado bem todos os personagens.
Ontem, após ter revisto o primeiro episódio, julgo ter reconhecido o “Padre Bernardo” do Hospital, no desempenho do Juiz, no “Roubo…”. E Alicia, a noviça do “Hospital…”, na empresária do bar, ex-jornalista, a colaborar com os antigos colegas.
Ainda não é desta que escrevo os nomes corretos dos artistas, para o que remeto também para este link, de Galiza.
Apresento igualmente fotos do elenco, bem como do livro roubado.
Vale bem a pena, pelo conteúdo da história, a construção narrativa, o desempenho artístico, o contexto espacial e cénico… o enredo, o basear-se em factos reais.
Estas quadras ou “cantigas” populares eram cantadas nos bailes e arraiais de Aldeia da Mata, nos anos quarenta, ainda nos anos cinquenta, do século XX, pelas raparigas, segundo a “moda e o estilo das saias”.
Os arraiais eram no meio da rua: Largo do Terreiro; no “Santo António”, perto da Cruz; à porta da Ti Rosa Bela.
Havia pessoas que cantavam muito bem: a Joaquina Amélia, a prima Rufina também cantava bem e, noutro tempo, também a Ti Natália cantava muito bem.
Nos arraiais habitualmente só se cantava. Umas cantavam melhor, outras pior.
Também cantavam ao desafio.
Os bailes eram feitos nos salões.
Nos salões eram fundamentalmente os tocadores de concertina que estruturavam os bailes.
Os salões que havia nessa época eram:
O Salão Martinho – era na Estrada Nova.
O Salão Trindade – era na Rua da Travessinha.
Nos bailes nos salões também se cantavam estas “cantigas”, nos intervalos em que descansava o tocador.
Havia também a “Sociedade”, que era para os “Mestres” e para as raparigas convidadas, era para as pessoas “consideradas mais finas”.
Na Sociedade também tocavam a grafonola.
E também se faziam bailes nas casas particulares, a que iam tocadores de harmónio.
Na Aldeia, os tocadores de harmónio, na época, eram: o Mestre Alfredo, o Ti Joaquim Branco, o Ti “Chanfana”.
Estas quadras, “cantigas”, eram fundamentalmente cantadas pelas raparigas, embora algumas pudessem ser cantadas indiferentemente por rapazes e raparigas.
Os rapazes cantavam outras.
E também cantavam ao desafio.
O Srº Manuel Mendes também cantava muito bem.
As raparigas também cantavam estas quadras / “cantigas”, quando andavam a trabalhar, tanto no campo, como em casa. E mesmo sem se estar a trabalhar, estando a conviver.
No campo: na azeitona, na monda, nas desfolhadas. E no caminho da ida e volta do trabalho também se cantava.
Toda esta recolha de “cantigas”, bem como estas informações, foram prestadas por D. Maria Belo Caldeira (04/11/1928).
Questões Pertinentes e Perguntas lmpertinentes, mais uma vez!
Este é um daqueles temas sobre que preferia não me debruçar.
Aliás, alguém gostará?
Por vezes nem sei. O excessivo mediatismo associado ao assunto… Haverá necessidade que os media, especialmente as TVs, tanto vibrem perante essas ocorrências?! Uma certa contenção informativa não seria muito mais formativa?!
Não sei. O que acha?
Agora que o “fogo” informativo já acalmou mais, gostaria de debitar alguns bitaites.
Antes de mais, lembrar, o que toda a gente com facilidade já saberá, é que, agora, de imediato, para além de remediar e resolver todos os desastres resultantes dos fogos, haverá que começar a prevenir, desde já, as eventuais e hipotéticas, e previsíveis, enxurradas.
Agir no sentido dessa eventualidade. Preparar essa possível ocorrência.
Muito especialmente na Madeira, dada a orografia do terreno e a forma como está implantada toda a estrutura demográfica.
Mas, com tantas questões para solucionar, se calhar esses aspetos vão ficar para um plano secundário.
Esperemos que não!
Sobre toda esta temática, incêndios e enxurradas, no ano passado, divulguei um post, há um ano, a partir de uma estória que escrevera anos atrás.
No essencial as questões principais, infelizmente, mantêm-se.
Prevenção. Sim, é o fundamental. Muito falta fazer. E neste aspeto não há grupos no Poder que se possam limpar uns aos outros, nem alijar responsabilidades, atirando para cima dos antecessores. Todos são, todos somos, corresponsáveis. Ou não?
Os cidadãos também podiam ou não agir com maior sentido de responsabilidade?!
As tricas, as trocas e baldrocas partidárias, neste campo, não fazem qualquer sentido.
Este é um dos assuntos/problemas deste País em que tem que haver uma unidade de esforços, independentemente das cores de cada um.
(Outro, sobre que falarei um dia, é o da reconstrução do casco antigo das nossas cidades, vilas e aldeias.)
E não adianta defender que os fogos ateados por mão criminosa existem, independentemente da prevenção, porque, sendo essa afirmação verdadeira, apesar de tudo, havendo medidas preventivas os seus efeitos serão menos nefastos.
Prevenção, sim! Prevenção, como prioridade.
E, mesmo no caso dos criminosos que pegam fogos, também se pode agir preventivamente.
Prevenção, envolvendo todos:
- Poder Central, Poderes regionais, Poderes locais.
- Cidadãos, Pessoas, Populações. Todos. Dos campos, mas também das cidades.
- Com tantos festivais e festivaleiros, festas, festarolas e festanças, seria bom que as pessoas, todas, tomassem consciência da ação cívica que lhes compete e que a sua não participação em ações concretas, quanto mais não seja pela falta de cuidado e civismo, tem consequências indiretas ou mesmo diretas no descalabro a que se chegou.
E a propósito de cidadãos. (Cidadãos?!)
Aqueles sujeitos que, de forma propositada, alguns de forma reiterada, ateiam fogos, como proceder com eles?
Prendê-los temporariamente e libertá-los pouco tempo depois?
Não terá, apesar de tudo, muito menos custos sociais e económicos, mantê-los vigiados, melhor, privados de liberdade de movimentos, acompanhá-los, de algum modo integrá-los em atividades socialmente úteis?
Durante as estações do Outono, do Inverno e na Primavera mantê-los presos, mas ocupados em atividades precisamente de limpezas e manutenção de campos, ou outras adequadas ao seu perfil.
No Verão, igualmente privados de liberdade, mas retidos em locais que não sejam suscetíveis de atear fogos.
Ainda e a propósito de cidadania ativa, porque não colocar o pessoal “desempregado” na limpeza e manutenção de matas, caminhos vicinais, estradas, “ressuscitando” até funções e serviços que eram desempenhados, por ex., por cantoneiros e guardas-florestais?
De certeza, que o exercício destas funcionalidades traria muito mais vantagens, a todos os níveis, que os modelos vigentes.
E os Jovens nas Escolas serem também despertos e envolvidos em ações práticas de limpeza do meio ambiente. Estruturar ações, projetos, nesse sentido.
E o exercício da “tropa” precisamente para essas funções? Que este trabalho de limpeza e manutenção de campos e matas tem que ser uma verdadeira “guerra” ao fogo.
E os presidiários? Porque não ocupá-los também nessas tarefas?
Para além de os cidadãos terem práticas ativas de respeito pelo meio ambiente, o que de todo não se verifica.
Basta ver como muitas pessoas lidam com o lixo e com os cigarros!
E uma ideia que não é totalmente original no seu conteúdo, ainda que julgo sê-lo na sua metodologia.
Porque não criar, por ex., rebanhos de ovelhas e/ou de cabras ou mistos, que, num modelo ancestral, idêntico ao dos “rebanhos comunitários”, percorreriam terrenos abandonados, matas e matagais, caminhos antigos e vicinais, ribeiros e ribeiras, pastando, comendo os matos e, assim, de uma forma ecológica e amiga do ambiente, limpariam os terrenos e funcionariam preventivamente contra eventuais incêndios?
Um modelo que poderia ser organizado e gerido pelas autarquias, com o apoio das populações locais, que poderiam ser cofinanciadoras dos projetos e, dessa forma, participarem na cogestão das atividades em todas as suas implicações.
Uma ação preventiva e fiscalizadora, suscetível de criar riqueza e trabalho.
E porque não utilizar toda a matéria vegetal na produção energética, incentivando precisamente as limpezas como fontes de rendimento ao promover-se a venda do material lenhoso e vegetal a centrais energéticas?
Limpezas efetuadas como deve ser, a começar nas estradas e caminhos. Não esse arremedo de limpeza que se faz, em que se corta a erva maior, mas fica todo o substrato vegetal no solo.
Aí residiria o papel fundamental dos cantoneiros.
E junto às localidades, especialmente as montanhosas e de zonas florestais, definir um perímetro em que terá que haver total erradicação de matos e árvores facilmente combustíveis.
E atenção aos negócios, aos negócios, aos negócios associados a estas questões dos fogos!
E será necessário transformar todas estas tragédias ambientais e humanas em espetáculos mediáticos?!
Será?
Prevenção! Prevenção! Prevenção é sempre imprescindível.
Feita como deve ser e envolvendo toda a gente, todos os anos!
Porque, no final há tanta verba, tantos milhões e é sempre tão apelativo ouvir-se falar em milhões, mas de onde provêm todas essas milionarices?!
Tantos impostos!... Quem paga, quando se bebe uma simples bica?!
Pense nisso caríssimo/a leitor/a.
(Nota Final: Foto original de D.A.P.L. 2016. - Caminho vicinal, bordejado de "rosas loureiras" e a habitual erva seca.)
Filme documental: “Simonal – Ninguém sabe o duro que dei.”
Fórum Municipal Romeu Correia
Auditório Fernando Lopes Graça
ALMADA
As “Mostras de Cinema Brasileiro” habitualmente contemplam filmes e documentários interessantes que nos reportam para a realidade do Brasil, perspetivando uma montra da filmografia mais ou menos atual daquele país.
Temos a oportunidade de apreciar enredos que focam um pouco do que se passa, tanto no aspeto social como político do país irmão, apresentados por artistas que muitos conhecemos das novelas e assim temos oportunidade de apreciar noutro registo artístico.
A 11 ª Mostra trazia-nos um leque variado desse cinema realizado no Brasil.
Fiquei aquém das visualizações previstas, houve alguns filmes que planeara ver, mas que não tive oportunidade.
“Em Nome Da Lei”, “Sorria, Você Está Sendo Filmado” e “Trinta” eram filmes que gostaria de ter visto, não só pelas temáticas e registos abordados, como pelo leque de atores e atrizes presentes.
Ainda assim vi o documentário “Simonal – Ninguém sabe o duro que dei”.
É natural. Foi um cantor brasileiro, (1938 – 2000), que alcançou grande popularidade no Brasil e América Latina, na segunda metade da década de sessenta e ainda nos inícios da de setenta, mas que, mercê da má fama que se lhe colou à pele nessa época, foi praticamente banido da cultura musical brasileira, tanto da parte dos media, como pelos seus pares e pela classe sócio profissional ligada à música. Sendo ostracizado por muitos, por mais de vinte anos, meados de setenta a inícios de noventa, como se praticamente não tivesse existido.
Também não tenho propriamente memória do artista, mas há êxitos musicais de que me lembro, não sei se cantados na sua versão dos mesmos, se por outros comparsas.
Lembra-se de “País Tropical”, “Alegria, Alegria”, “A Tonga da Mironga do Kabuletê”?
Se quiser entender melhor sobre o artista consulte aqui, S.F.F.
Mas que “má fama” foi essa?
Na época, inícios de setenta, o Brasil vivia numa ditadura militar, (1964 – 1985), altamente repressiva e Wilson Simonal, na sequência de um processo mal esclarecido contra o contabilista da sua firma “Simonal Produções Artísticas”, haveria de ser acusado de informante do DOPS – Departamento de Ordem Política e Social, instrumento da ditadura na repressão aos opositores do regime.
Esse processo com o contabilista e a sequente acusação de delator destruiram quase completamente a sua carreira, que estava no auge.
E retornando ao documentário, de Cláudio Manoel, Micael Langer e Calvito Leal.
Este documento fílmico, de 2009, perspetiva a vida artística do cantor, dando-nos uma visão da sua qualidade musical e performativa, dos seus sucessos, da sua ascensão e queda e também da injustiça da acusação que lhe foi feita, atribuindo-lhe uma “nódoa comportamental” que praticamente nunca conseguiu limpar em vida e que o levou à destruição, enquanto artista e como ser humano, tendo morrido relativamente novo, sessenta e dois anos, vítima de depressão e alcoolismo.
Esse documentário apresenta a visão de diferentes personalidades que lidaram de muito perto com o cantor, privaram ou trabalharam com ele, em contextos diversos e ao longo da sua vida. Casos de Chico Anysio, Pelé, Nelson Motta, Luís Carlos Miele…
Também da segunda mulher e dos filhos do primeiro casamento, também ambos artistas.
Jornalistas do “Pasquim”, que tanto humorizaram sobre a hipotética delação, também testemunharam.
Bem como um depoimento do próprio Raphael Viviani, protagonista do célebre episódio do contabilista / “contador”.
Globalmente o documentário pretende resgatar a memória do artista e do homem, considerando-o injustamente “condenado” pelos media, pela opinião pública e pelos fazedores dessa mesma “opinião”.
É muitíssimo interessante de rever. E tem momentos sublimes de que destacaria o dueto com Sara Vaughan. A atuação no Maracanã. A canção dedicada a Martin Luther King.