Há quem do Tejo só veja
o além porque é distância.
Mas quem de Além Tejo almeja
um sabor, uma fragrância,
estando aquém ou além verseja,
do Alentejo a substância.
Há quem do Tejo só veja
o além porque é distância.
Mas quem de Além Tejo almeja
um sabor, uma fragrância,
estando aquém ou além verseja,
do Alentejo a substância.
Do pouco que vi, do que li online, das e sobre as cerimónias de trasladação dos restos mortais de Eça, para o Panteão – antiga “Igreja de Santa Engrácia” -, inferi o seguinte:
- Vaidade! Fausto! Opulência! Poderia ser de outro modo?! Se é para isso que servem estas cerimónias?!
- O Poder celebrando-se a si mesmo! Faria sentido ser de outra maneira?!
(Se, o que fisicamente resta do corpo do homem, já recebera Honras Nacionais em 1900?! Já fora em cortejo, do Terreiro do Paço para o Alto de São?! Dizem as crónicas, que eu não era visto nem achado na altura. Antes, dizem, veio de barco de um porto francês até Lisboa. E antes, terá ido, desde Paris, de comboio, para esse porto francês. Deduzo eu, que seria o melhor meio de transporte, nessa época. E dessa povoação onde habitava e faleceu, Neuilly, qualquer coisa, como foi para a capital francesa? (Ignoro!) E para que estação de caminho de ferro terá “comboiado”?! Austerlitz?!
E, depois de ter descansado dezenas de anos no cemitério do Alto de São João, ainda o recambiaram novamente. Desta vez para o concelho de Baião, onde supostamente se situa a mítica Tormes!
A propósito!... Tormes tem existência real ou ficcional? É um povoado ou apenas um apeadeiro da Linha do Douro? É uma localidade ou uma região?! …)
- Uma “Feira das Vaidades”! Um modo de se ver e ser-se visto.
(Este ano há novamente eleições. Há?! E preparam-se outras. Já anda tudo numa azáfama!)
Depois de tantas deslocações, ainda andaram com os ossos – só já podem ser ossos - ou nem isso (?!) para Lisboa – Alfama – Santa Engrácia – Panteão!
E ficará por aí?!
Eu já cá não estarei, mas com tanta mudança… ainda o deslocam para outro lado qualquer! (Digo eu, que não serei tido nem achado no assunto.)
Ontem, 7 de Janeiro de 2025, o postal, referido em epígrafe, esteve realçado na página do SAPO, no espaço dos Blogs.
Venho desta forma agradecer. Muito Obrigado. Um agradecimento, que são vários agradecimentos!
Em primeiro lugar, um obrigado genérico. É sempre bom recebermos um sinal de destaque, certamente prova de “valorização” do que escrevemos. No caso, muito associado à atualidade vivida. Trasladação de Eça! De Baião para o Panteão!
(Claro que Eça merece “Honras de Panteão”! Escrevi eu. Por demais! Reforço.)
Valorizo ainda mais essa nota de destaque, dado que “Aquém-Tejo”, desde 2023 e durante quase todo o ano 2024, não figurava sequer nas “tags” / etiquetas habituais. Nem mesmo em “Últimos Posts”, onde deveria surgir sempre, por inerência funcional. Todavia, não aparecia, não faço a mínima ideia porquê. Sobre o assunto escrevi, comentei, apresentei situação à Equipa. Era como se estivesse “clandestino”!
De repente, também não sei como, passou a surgir. Precisamente, quando escrevi sobre “Ruben Amorim”. Felicitando-o. (Abençoado treinador, que tenha sucesso lá para a velha Albion!). (Aquém-Tejo deixou de estar “clandestino”!)
Por outro lado, Obrigado é sempre Obrigado e devemos agradecer, como Pessoas educadas que somos. Ponto e pronto!
Ainda, maravilha das maravilhas, o texto vinha acompanhado de uma linda e sugestiva foto da “Igreja de Santa Engrácia” – Alfama. Atualmente Panteão!
Esclareço que a fotografia não é minha. (Bem que gostaria!)
Obrigado, na mesma, porque dá relevo ao texto. E de que maneira! Porque é muito bonita. E a arquitetura da Igreja, do séc. XVII, é muito harmoniosa, na sua estrutura clássica. (Não vou a Alfama, há anos! E como gostaria!)
Que tenham divulgado o postal com foto a condizer, dá para perceber a minha frustração de não conseguir publicar e divulgar nos postais as fotos que vou tirando.
Agora que sei tirar fotos com estes “novos” telemóveis, desde 2020/21 e até já sabia editar fotos e publicar postais, a partir do celular, as Plataformas que conheço dizem-me que já esgotei o “teto” possível!
Não dá para entender!
Já esgotei as gratidões?!
Muito Obrigado, para finalizar. Se me lembrar de algo, acrescentarei nos comentários!
E, a propósito, este agradecimento era para figurar como comentário, mas, devido à extensão, sai como postal.
A propósito. O postal mencionado atingiu 29 comentários! É o 2º postal mais comentado. E 579 visualizações! (Num total do blogue de 535 visitas e 765 visualizações, nesse dia 7 de Janeiro de 2025.)
Noutro post sobre esta série, que vi de forma errática nesta sétima temporada, referi que haveria de abordar dois acontecimentos verídicos ocorridos na segunda metade da década de setenta, relacionados com computadores e informática.
Num dos primeiros episódios desta 7ª temporada, na firma “Sterling Cooper” procederam à instalação de computadores da IBM, nos respetivos escritórios.
Decorria a ação em 1969.
Eram, os computadores da época, uns caixotões enormes, ocupando bastante espaço nos escritórios. Esses aparelhos, bem como os técnicos que com eles trabalhavam e o conhecimento a eles inerente, a informática, eram detentores de uma áurea especial, simultaneamente associada à sua inevitável necessidade e ao desconhecimento da sua funcionalidade, pela maioria dos empregados, leigos no assunto. Funcionários que os viam como imprescindíveis, num contexto de progresso e de futuro, mas simultaneamente lhes suscitavam algum receio e incompreensão, pelo desconhecimento que deles tinham e medo inconsciente de anulação/substituição de postos de trabalho. E também a perplexidade inerente a algo desconhecido e de contornos funcionais apenas acessíveis a iniciáticos dessa sabedoria e especialistas nesse modus operandi.
Não havia nada do que hoje dispomos, nem sei se o modo de agir, de fazer, de pensar, de lidar com os computadores e a informática, como se processa atualmente, seria na época, 1969, imaginável! E ainda não se passaram cinquenta anos!
Mas as alterações e mudanças foram imensas! Nalguns campos, nomeadamente os tecnológicos. Porque, no plano das mentalidades, a evolução parece ser mais lenta…
Os acontecimentos que quero abordar ocorreram em Portugal um pouco mais tarde, já na década de setenta, especificamente em 1975 e 1976/77.
Em 1974 e 1975, enquanto estudante, trabalhei em várias atividades temporárias para duas firmas que não sei se ainda existem: a “NORMA” e o “IPOPE”.
Consistiram essas atividades na realização de inquéritos à opinião pública sobre os mais variados temas e assuntos, desde hábitos alimentares, consumo de bebidas, lançamento de novos produtos ou aparelhos, até sobre opiniões políticas, muito frequentes e recorrentes, após Abril de 74, em sondagens sobre partidos, líderes partidários e medidas a implementar.
Nesses trabalhos que eram remunerados, um valor X por cada inquérito, e cujo pecúlio dava imenso jeito, percorri Lisboa nos mais variados bairros, desde Alfama a Alvalade, de São Bento ao Poço do Bispo, Campolide e Campo de Ourique... Até fiz inquéritos no Casal Ventoso, bairro de casas degradadíssimas, mas de pessoas muito humildes e simpáticas e, na altura, 1974, cheias de esperanças e expectativas face a um futuro melhor, como aliás nesse Portugal recentemente saído da Ditadura de quase meio século.
Mal saberiam no que se tornaria o Bairro nos anos oitenta e noventa, e que levaria à sua demolição mais tarde.
Também fiz inquéritos em localidades da Grande Lisboa: Cascais, Porto Salvo (Carcavelos), Pragal (Almada), Amora… Que me lembre, de momento.
Em 1975 continuei na feitura desses inquéritos para a NORMA.
Já depois do célebre “Golpe de 11 de Março”, em Maio ou Junho, não sei precisar, calhou-me ir fazer um conjunto de inquéritos sobre questões políticas, para o Bairro de Alcântara, mais concretamente para a Rua Feliciano de Sousa.
A Empresa atribuía-nos um conjunto de inquéritos para realizarmos em determinada zona, com início em determinada Rua e num específico número de porta.
A orgânica estrutural de sequência dos inquéritos a realizar, onde os realizar, em que ruas, números de porta, número de andar, esquerdo ou direito e em cada casa selecionada, quem iria ser inquirido, tudo esse esquema sequencial estava previamente definido a partir do ponto de partida que era o nome da Rua e o nº do Prédio. Depois seguíamos essa estrutura sequencial, de que não me lembro agora de todos os pormenores. Mas tinha que se seguir esse esquema estrutural, de modo a que a pessoa a ser selecionada para ser inquirida o fosse da forma mais aleatória possível.
Por vezes seguir esse esquema tornava-se muito aborrecido, porque a pessoa que era selecionada no agregado familiar, não estava presente no momento. E então lá tínhamos que voltar novamente ao local, à rua, ao prédio, ao andar, numa hora em que a pessoa a inquirir pudesse estar presente e responder às perguntas.
Para evitar os contratempos resultantes da ausência das pessoas, procurávamos fazer os inquéritos ao final da tarde, início da noite, quando os trabalhadores já haviam regressado das suas empresas ou então nos fins-de-semana, de preferência aos sábados, em que havia mais disponibilidade.
Para aplicarmos esses inquéritos as empresas mencionadas proporcionaram-nos formação adequada ao fim em vista, ensinando-nos as regras gerais fundamentais de aplicação dos questionários e, sobre cada um deles, o conteúdo e a metodologia específica.
Para além das regras deontológicas gerais e especiais da função.
Um regra geral indispensável era levarmos o cartão identificativo que nos forneceram, colocado à vista no peito e, caso nos fosse pedido, o BI. E fazermos sempre a nossa apresentação pessoal e funcional e o objetivo da visita, agradecendo a amabilidade da pessoa em receber-nos.
Na aplicação desses inquéritos escolhi ir num sábado à tarde, pelas razões apontadas. Até porque durante os dias de semana havia aulas e este era um part-time, um dos que tive enquanto estudante. Deste, dos inquéritos, gostei muito especialmente, por andar de lado para lado e por contactar com muitas pessoas de todas as condições sociais e culturais, dos mais variados níveis de vida e idades, desde que adultas, e com as mais variadas opiniões. Foi um trabalho muito enriquecedor em termos humanos e possibilitou-me conhecer Lisboa, os vários bairros e localidades dos arredores.
Para quem se lembre, a NORMA ficava na Avenida Cinco de Outubro, num prédio de esquina com outra Avenida de que não me lembro o nome, que já não passo há algum tempo por aí, nem sei se a firma ainda existe, conforme já referi.
A nível do rés-do-chão tinha um relevante mostruário de computadores, esses “monstros enormes”, como os que vimos na série. Que estavam aí expostos, o prédio tinha grandes e rasgadas janelas que serviam de montra, pois esses computadores eram para venda. E, claro, made in U.S.A. e da I.B.M.!
O Bairro referido é um bairro popular, ainda hoje o será, sem certezas, que não passo por lá há anos! Quarenta anos atrás, com grande predominância, no plano sócio profissional, de operariado.
A zona que me fora destinada para realização dos inquéritos fica a norte do Bairro e num espaço relativamente confinado e, de certo modo, isolado, pela orografia e pelos acessos à Ponte Vinte e Cinco de Abril e pela Avenida de Ceuta. Espaço geográfico onde, pelas diversas tipologias e características, os habitantes praticamente se conheciam ou estavam ligados por laços, fossem familiares, de vizinhança, sócio profissionais e também ideológicos. E, quiçá, partidários!
Eu fora um estranho que ali entrara. Além do mais, numa tarde de sábado em que muitos dos habitantes estavam “sem fazer nada”, nas cavaqueiras e convívios de bairros populares, nas ruas, nos cafés, nas tascas…
Cumulativamente, vinha questionar, inquirir, interrogar, “vasculhar?”, opiniões, conceitos, ideias, sobre questões políticas e partidárias. Numa época quente da nossa recente Democracia! E que ainda “aqueceria” muito mais!
Na seleção aleatória que fazia, segundo a metodologia técnico-científica pré-determinada, ia calhando selecionar inquiridos que não estavam em casa, mas na rua ou em local de convívio público.
Fiz um ou dois inquéritos normalmente. A partir do terceiro ou quarto, passei a dispor de assistência, que não só ouvia o que o entrevistado dizia, mas também comentava. E também me interpelavam. E questionavam. De entrevistador também passei a entrevistado.
Quem era, quem não era, o que fazia ou não fazia, o que queria ou não queria, o que pretendia ou não pretendia…
Ao longo da rua foram-se formando grupinhos de vizinhos e vizinhas que cochichavam, comentavam, quiçá, formulariam conjeturas sobre o meu papel ali, naquele momento e naquela época.
E tudo isto, Como?! e Porquê?!
Porque apresentando-me, como era de praxe e obrigatório deontologicamente, o fazia como trabalhando na NORMA, com cartão identificador. O que era um facto intrinsecamente verdadeiro.
Algumas das pessoas que por ali estavam conheciam a NORMA, como a Empresa que “vendia” ou “tinha” aqueles Computadores todos nas montras!
E os computadores eram fabricados por que empresa?! Onde? Por quem? Pois, pela IBM – International Business Machines.
E que tipo de Empresa era essa?! Pois, uma Empresa Multinacional dos E.U.A. – Estados Unidos da América.
E o que significava, qual a meta significação da sigla EUA/USA?! Pois os Estados Unidos da América e os Americanos eram a essência e personificação do Imperialismo. O Imperialismo Americano, que para algumas mentes, nessa época, era o único existente. (Só nessa época?!)
Ali, naquele contexto, naquele local, naquela época, naquele momento quente que vivíamos, para aquelas “cabeças pensantes” o raciocínio linear e silogístico que delinearam foi o seguinte:
- Eu trabalhava para a NORMA, que vendia Computadores, que eram fabricados pela IBM, que era uma Empresa Multinacional, uma Empresa Americana dos Estados Unidos, Americanos que eram o supra sumo lapidar e único do IMPERIALISMO!
Logo, eu, ali, naquele espaço e tempo, para "aquelas cabeças pensantes" era… um Agente do Imperialismo Americano.
E, logo a fazer perguntas às pessoas sobre questões de natureza política e partidária!...
Bem, dará para imaginar a cena?!
Talvez só para quem tenha vivido esses tempos…
Os hipotéticos inquiridos começaram a não querer responder; se procedia a outra seleção, obtinha idêntico procedimento, uma recusa de resposta; avançava na pesquisa e outro não; respostas negativas, maus modos, olhares de soslaio e algumas pessoas manifestavam alguma agressividade; grupinhos aqui e ali pela rua, sinais de mal-estar, desconforto; ameaças veladas e algumas mais explicitadas.
A situação tornou-se intolerável. Era impossível dar continuidade à feitura dos inquéritos. Porque, obtida a primeira recusa ninguém mais me quis responder. Para além dos sinais evidentes e explícitos de contrariedade e alguma agressividade.
Optei pela atitude mais sensata. Dei por terminada a minha função, saí da zona, vim-me embora sem concluir o conjunto dos inquéritos, que mal os tinha começado… e entreguei-os na Empresa. Propuseram-me ir fazê-los noutra zona da cidade com perfil semelhante, mas optei por não continuar a fazer esse tipo de inquéritos.
Ainda fiz mais inquéritos, mas de outras tipologias.
Passaram-se quarenta anos!
Lembrei-me de escrever no blogue sobre este acontecimento caricato, mas verídico, quando na série “Mad Men” passaram o episódio da instalação dos “monstros” dos computadores da IBM, na fictícia “Sterling Cooper”.
Terá a ficção alguma coisa a ver com a realidade?!
E terá esse peculiar acontecimento alguma coisa a ver com a atualidade?!
Terá? Não terá?!
Talvez ainda falemos alguma coisa sobre isso…
E qual foi o 2º acontecimento relacionado com computadores e referente a 1976/77?!
Odete entrou na “Livraria Portugal” e, dirigindo-se ao empregado, perguntou:
- Pode destrocar-me cinco contos, se faz favor?!.…
- Depende dos contos que quiser, respondeu-lhe o empregado da Livraria.
- Ora, destroque-me cinco contos, mas como lhe der mais jeito. Podem ser de quinhentos ou de mil…
- Já que quer de Mil, ainda tenho das “Mil e uma Noites”, em banda desenhada… Bom! De Quinhentos não há. Ah! Talvez se arranje… Ali Babá e os Quinhentos Ladrões. Como quer cinco, aconselho o da “Carochinha” o do “Tourinho Azul” e… porque não?! O do “Capuchinho Vermelho”. Sempre é bom prevenir, não é?! Nunca se sabe os maus encontros que se podem ter.
- Não é desses contos que quero, mas em notas, retorquiu Odete.
- Alguns têm notas, há-os até bem anotados. Um deles, que é uma análise dos contos de fadas, está cheio de anotações. Já sei! Quer uma obra mais intelectual, com muita bibliografia e referências a outros livros de consulta… talvez, peut-être…
- Não quero dos seus contos ou notas. Nem talvezes ou pó d’éter. E não estou doente para ir à consulta… ao médico. Sugiro…
- Não me chame Sugiro, não sou nenhum japonês. Fui nascido e criado em Alfama, João Amaral, de meu nome.
- Dane-se! Vá dar uma curva, vá ver se chove. Vá ao outro lado! Respondeu-lhe, exaltada, Odete.
O empregado da “Livraria Portugal” deu meia volta, olhou para o outro lado, mas não viu nada de especial. Nem sequer estava a chover!
E Odete saiu, com a nota de cinco contos na mão, apressada em destrocá-la, antes da chegada do euro. Do Euro, dinheiro, não do Euro, futebol, duas entidades afinal tão interligadas, mas que aqui convém destrinçar.
Nota: Um versão deste texto foi publicada no Boletim Cultural Nº 69 do Círculo Nacional D'Arte e Poesia, Ano XV, Outubro 2004.
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Provavelmente seria uma nota idêntica a esta que a menina Odete andava a tentar destrocar.