Há quem do Tejo só veja
o além porque é distância.
Mas quem de Além Tejo almeja
um sabor, uma fragrância,
estando aquém ou além verseja,
do Alentejo a substância.
Há quem do Tejo só veja
o além porque é distância.
Mas quem de Além Tejo almeja
um sabor, uma fragrância,
estando aquém ou além verseja,
do Alentejo a substância.
As imagens são do mês passado (07/09/23). A 1ª quadra foi inspirada nesse mar, no real. Só quase um mês depois vêm a lume: fotos e quadra. A 2ª quadra foi escrita hoje, inspirada na foto. O Sol continua lume! As temperaturas continuam altíssimas. Apesar de outono e já outubro. Bem que apetecia andar nesses mares!
A escrita e publicações continuam escassas. Aquém Tejo está quase a fazer 9 anos! A ver se escrevo alguma coisa de jeito!
Em 2014, no Verão… fomos a Cacela Velha. Uma pequena e antiga povoação, no Algarve – Sotavento - Concelho de Vila Real de Santo António.
(À data, inspirado pela beleza do singelo povoado e surpreendente paisagem envolvente, quiçá pelo espírito poético que aí se respira, a marca identitária de vários Poetas e Poetisas, escrevi um poema de 9 versos: 3 tercetos! Cacela Velha.
Publicado neste blogue a 15 Dez. de 2015, na sequência da divulgação do lançamento da XIII Antologia do CNAP, onde também figura.
Documentado por duas lindas fotos de DAPL.
Voltaria a ser publicado no Boletim Cultural do CNAP nº 124 – Ano XXVII, Jul. 2016.
E voltará a figurar na Coletânea de 21 poemas meus, que organizei, a convite da APP, para ser publicada em Nov./Dez.)
Este ano, quase dez anos depois, lá voltámos. Ainda no Verão, já em Setembro.
O encanto persiste. A singeleza e particularidade do pequeno povoado, a paisagem da Ria, o perder de vista do mar, que as fotos anteriores testemunham.
Mas achei demasiado o turismo! (Algum lixo na encosta envolvente da colina.)
Os efeitos da força do mar!
Receei pela base envolvente em que assenta a pequena localidade; a fortificação, que continuava fechada e num dos baluartes mostra os efeitos do tempo; a muralha, a belíssima igreja, desta vez aberta; a escadaria, o cemitério…
Impõe-se restringir o acesso à “laguna”, vedar esse acesso (?), construir um passadiço, como os de Monte Gordo, permitindo a circulação das pessoas em redor da colina, da fortaleza, mas condicionando a ida para a Ria. (Digo eu, que não sou de lá, nem lá vivo, que vou só ver as vistas, de dez em dez anos! Os moradores têm, evidentemente uma palavra a dizer.)
Anda o pessoal ainda a molhar os pés nas águas cálidas dos Algarves e somos surpreendidos por estas notícias sobre o IMI.
Então agora, tranquilamente nas nossas casas, nem podemos olhar a ver se descortinamos o mar e o sol e, pelo que lemos, hipoteticamente iremos pagar mais de imposto?!
Mas esta gente não tem mais com que enxergar para nos sacar ainda mais de alcavalas?
Muitas mais questões se nos levantam.
A situação é realmente assim como nos é apresentada ou é mais uma em que os media nos pretendem atirar areia para os olhos como, tantas vezes, é seu apanágio?
E sendo realmente assim, como será de futuro?...
Será melhor escolher sítios entaipados, esconsos e escuros, becos e travessas, para moradia?
E, debochando…
E quem tiver, da sua janela ou da respetiva varanda, umas vistas tipo estrelas de cinema glamorosas também irá pagar mais de IMI?
*******
Não satisfeitos... E ainda mal desligámos o televisor sobre o Euro de futebol e cai-nos mais uma bojarda. Ainda se fosse um golaço do Éder!
Mas não!
Então, mas esta gente não se enxerga?!
Não sabem que “à mulher de César não basta ser séria, há que parecê-lo”?!
Mas isto mudam as cores dos governantes, mas o resto prossegue na mesma?!
E este merece ou não o "destino" do das bofetadas virtuais?
Uma das temáticas que percorre este blogue é a divulgação de acontecimentos culturais, relevando os de caráter regional, que passam muitas vezes injustamente despercebidos.
Ocorreu na passada 3ª feira, dia 26 de Julho, em Altura – Alagoa, Algarve a “inauguração” do Mercado da localidade, melhor, inauguração da respetiva "requalificação". Espaço muito agradável e acolhedor, cheio de luz, aonde já fora fazer compras: pão, fruta, artesanato. Também se pode aí adquirir bom peixe, como é habitual apanágio dos mercados tradicionais.
A ocorrência da apresentação da mencionada exposição “O que o Mar cria e o Homem recria”, de Ana Paula Frade, estruturada a partir de conchas e carcaças de crustáceos e outros “frutos” do Mar, levou-nos propositadamente a nova visita.
Emoldurados, estes elementos marinhos, abundantes nas belas praias do concelho de Castro Marim, constituem imaginativos quadros artísticos, que muito embelezam e valorizam o espaço comercial. Será de todo conveniente que outras exposições possam aí acontecer, bem como algumas das obras expostas possam constituir um futuro acervo expositivo permanente.
(Permito-me dois comentários – questões.
Não seria mais correto o título “… e a Mulher recria”?
E uma pequena “etiqueta” / subtítulo, para cada um dos quadros, não valorizaria cada um dos trabalhos apresentados?)
Também exposto, um barco tradicional muito bem decorado por trabalhos em crochet - “Barco Lendas e Rendas”, sonhos e poemas, resultantes do trabalho de um grupo de intervenção social “ACASO – Associação Cultural e de Apoio Social de Olhão”.
Embelezando e valorizando este texto, várias fotos originais de D. A. P. L. documentam os trabalhos expostos.
No final da inauguração e abertura da exposição, uma apetitosa caldeirada foi oferecida aos visitantes. E, entre várias outras bebidas, uma fresquíssima e agradabilíssima sangria.
Relativamente à caldeirada, algo que me surpreendeu agradavelmente na sua composição, pois nunca tal ainda constatara. Além do habitual peixe, também havia nacos de carne de porco: chouriço e presunto.
Não esqueçamos que Castro Marim é um concelho simultaneamente com costa marítima, litoral de excelentes praias, frente de rio e uma parte fundamental de terra interior, de tradições campesinas.
Daí talvez esta composição híbrida de Mar e Terra, que resulta muito bem!
Constatei que, entre o público assistente/participante, pouca gente figuraria dessa massa enorme de população que, nestes escassos meses de verão, “invade” as praias algarvias. Atrever-me-ia a dizer que nós seríamos os poucos ou mesmo os únicos “representantes”, que acedemos ao convite expresso e divulgado em variados locais públicos da povoação.
Para além do agradecimento e dos parabéns às entidades organizativas, reforço que as exposições e o mercado, devidamente requalificado, aguardam e merecem uma visita!
Deixo também uma sugestão / questão sobre que já tenho falado com outras pessoas que trabalham em mercados de outras localidades.
Relativamente ao horário, mantendo o habitual e tradicional da manhã, comum a todos os mercados que conheço, não seria de se pensar também noutros horários flexíveis?
Por ex., neste caso e na época de veraneio, experimentar uma abertura também ao final da tarde, para direcionar aos “consumidores” provenientes da praia. Isto digo eu!
Noutras localidades, suburbanas, abrir também ao final da tarde, na hora de regresso dos trabalhos diários, julgo que também seria de experimentar.
E noutras, em que o mercado apenas abre alguns dias, penso que a abertura diária ajudaria a fidelizar clientes.
Isto sobre os horários… Porque haverão outras situações que podem ajudar a dar vida aos mercados tradicionais.
Bem sei que há imensas e enormes superfícies comercias, concorrendo e disputando os consumidores com outras condições muito mais vantajosas!
E onde esta conversa chegou!
Que isto de mercados tem muito que se lhe diga…
E sobre os ditos, uma sugestiva imagem de uma balança tradicional, no referido "Mercado Requalificado", e também foto original de D.A.P.L.!
Ilustro com uma foto, também original de D.A.P.L., de Cacela Velha, com placa indicativa do nome de rua atribuída à Poetisa Sophia de Mello Breyner.
Nesta localidade, Cacela, também nasceu um Poeta, na época muçulmana, de cujo nome não me lembro, mas de que também há referência na localidade.
Um lugar mágico e inspirador!
E este post segue na sequência do que foi dedicado, ontem, ao Romance, “O Príncipe com Orelhas de Burro” de José Régio, Poeta que muito aprecio. Talvez, noutro dia, a ele volte novamente. Quem sabe?!
Neste Post Nº 282, publicamos online o Poema “Idílios Amorosos”, de José Eliseu, de Mexilhoeira Grande – Algarve.
“Idílios Amorosos”
“O teu sorriso
tão puro e doce
lembrava-me sabores de guloseima.
Favos de mel
ou girassóis
abrindo em madrugadas
de estios abafados
enquanto ao longe
o rouxinol chilreava
a um sol preguiçoso…
Como é bom sentir
o teu doce calor de Primavera
como rosas ou rosmaninhos
a desabrochar…
Como é bom sonhar
os nossos idílios amorosos
enquanto a lua se esconde
entre nuvens cobreadas…
Sonhei contigo
num campo de cerejeiras bravas
entre odores inebriantes…
Quando acordei
rebolávamo-nos
em trigais enrubescidos
de papoilas
soltas ao vento…”
José Eliseu, Mexilhoeira Grande – Algarve
Ilustramos esta Poesia com “… doce calor de Primavera/como rosas…”
José Eliseu também desenha muito bem. No exemplar da Antologia que guardo autografado pelos confrades, de quem já tive a possibilidade de obter autógrafo, José Eliseu teve a amabilidade de me ilustrar o seu trabalho poético com um bonito e peculiar desenho, que executou de forma rápida e espontânea, deste modo valorizando ainda mais o poema e o livro.
Se, eventualmente, um dia, tiver a possibilidade de criar um desenho para este poema, terei muito gosto em divulgá-lo.
Neste Post nº 260, divulgamos o Poema “A Jornada”, de Maria Manuela de Mendonça, de Faro.
“A Jornada”
“Naquelas horas mortas da jornada
Quando o cansaço mui pouco se tolera
Pensamos que afinal a caminhada
Não é tão doce quanto se quisera…
Subindo a montanha enviesada
Parece-nos de altura não severa
Mas, olhando p’ra trás, rude estirada,
Acreditamos que a rota foi austera!
Chegados ao cume, alto e belo,
Sofremos, afinal como fazer
A descida tem sempre mui anelo
Um solo derrapante vem trazer
Ingente e mui difícil duelo:
É mais fácil subir…do que descer?!!”
Maria Manuela de Mendonça (Faro)
Ilustramos também com uma fotografia lindíssima de D.A.P.L., 2014, também de Cacela Velha, Algarve, de que uma idêntica também ilustra o meu Poema “Caminhadas”.
Tem este post o objetivo de relembrar que é hoje o lançamento da XIII Antologia de Poesia, do Círculo Nacional D'Arte e Poesia, conforme já referido no blogue.
Também como previsto, divulgo a segunda das minhas poesias que figuram na mencionada Antologia.
Acompanhadas de duas belas fotosoriginais de D.A.P.L., de 2014, já apresentadas noutros posts, da tão peculiar e bonita localidade algarvia. Li, algures, que a UNESCO propôs que esta linda povoação, bem como a Vila Real de Santo António, fossem candidatas à categoria de Património Mundial. Inteiramente justo!