O concluir duma quadra de Fevereiro , num poema de 14 versos, num 6 de Março!
Comemorando um 7 e 8 de Março em que choveu.
(Com duas versões nos tercetos!)
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Cheguei ontem ansiosa
Mal cheguei, me fui embora
Sou a água pluviosa
Faço falta a toda a hora!
Tanta gente sequiosa
E a chuva anda lá fora
Primavera radiosa
Vai chegar. Que não demora!
Há sede que nunca acaba
Há fome que não se mata
Tal esfinge em mastaba!
Decifrar esta bravata
Com ponderação e calma:
Sede, mais fome na Alma!
(2ª versão)
Há sede que nunca acaba
Há fome que não termina
Há Destino que tem sina.
Há esfinge em mastaba
Há ponderação e calma
Há sede e fome de Alma!
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Que haja Saúde e Paz!
Um Feliz Dia da Mulher!
Um fado… Uma vida…
Madalena arrependida
De tudo se arrependeu
Por meio mundo conhecida
Outro Mundo conheceu.
Se ela conheceu o mundo
O mundo a não conheceu
No poço desceu ao fundo
Com todo o mundo viveu.
No mundo com toda a gente
Toda a gente a conheceu
Mas encará-la bem de frente
Nunca isso aconteceu.
Mas aconteceu um dia
Um dia de acontecer
Foi suprema alegria
Que mudou o seu viver.
Seu viver e sua vida
Se mudaram num instante
Bastou um olhar de fugida
E a vida rompeu, de rompante.
De um Homem o olhar
Que bem no fundo a olhou
Lendo sua Alma a sangrar
A sua vida mudou.
E Madalena, arrependida
De vergonha se corou
Se lançou ao chão, estendida
E aos pés do Homem chorou.
Madalena, arrependida
De tudo se arrependeu
Por meio mundo conhecida
Outro Mundo conheceu.
Escrito em Junho 2003
Publicado em:
Boletim nº 63 de “Mensageiro da Poesia”, Nov. 2003
Sentimento Alentejano
Alentejo é tempo é espaço
É nó apertado, é laço
Do qual nunca me desfaço.
É geografia, é história
É presente e passado em memória
É futuro, é luz de vitória.
É matemática, é natureza
É um ideal de beleza
De tão simples singeleza.
Guardado no pensamento
É sensação, é sentimento
É perceção em movimento.
É cheiro, sabor e perfume
É sol quente, que nem lume
É visão inebriante
No horizonte distante.
É luz do sol e calor
Em paisagem multicor
Consoante a estação.
Mas sempre no coração!
Grilos pintam a noite de sinais
Relas, ralos, briga de pardais
O cantar mavioso do rouxinol
À tarde, no final, ao pôr-do-sol.
Almejo sinfonia dos beirais
E outras sonoridades que tais
O murmúrio ondulante dos trigais
E outras lembranças iguais.
Perto ou longe, pouco importa
Que está sempre aberta a porta
Que ao âmago nos transporta
Ao profundo Ser, à calma
Da Alentejana Alma!
Nota:
Uma versão desta poesia foi publicada na V Antologia Poética de "Mensageiro da Poesia", 2006
Boletim Cultural de "Mensageiro de Poesia" nº 126 - Jan. / Fev. 2015..
Alma de Poeta
Tenho a Alma repleta
Deste sentir de poeta
Nesta enorme imensidão.
De tamanho oceano
Que se alarga cada ano
E me avassala o coração.
Desta Terra – Universo
Crescendo em cada verso
De Mercúrio a Plutão.
Deste cometa que passa
De prazer a dor e trespassa
“Esta minha condição ”.
Na minha tão grande Alma
Cabe a tormenta e a calma
Cabe o Mundo na palma da mão.
Escrito em 07/07/1982
Publicado em:
Revista “Família Cristã”, Junho 1987