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Aquém Tejo

Há quem do Tejo só veja o além porque é distância. Mas quem de Além Tejo almeja um sabor, uma fragrância, estando aquém ou além verseja, do Alentejo a substância.

Há quem do Tejo só veja o além porque é distância. Mas quem de Além Tejo almeja um sabor, uma fragrância, estando aquém ou além verseja, do Alentejo a substância.

Água Pluviosa e Sede na Alma!

O concluir duma quadra de Fevereiro, num poema de 14 versos, num 6 de Março!

Comemorando um 7 e 8 de Março em que choveu.

(Com duas versões nos tercetos!)

******* 

Cheguei ontem ansiosa

Mal cheguei, me fui embora

Sou a água pluviosa

Faço falta a toda a hora!

 

Tanta gente sequiosa

E a chuva anda lá fora

Primavera radiosa

Vai chegar. Que não demora!

 

Há sede que nunca acaba

Há fome que não se mata

Tal esfinge em mastaba!

 

Decifrar esta bravata

Com ponderação e calma:

Sede, mais fome na Alma!

 

(2ª versão)

 

Há sede que nunca acaba

Há fome que não termina

Há Destino que tem sina.

 

Há esfinge em mastaba

Há ponderação e calma

Há sede e fome de Alma!

******* 

Que haja Saúde e Paz!

Um Feliz Dia da Mulher!

 

Um Fado… Uma Vida…Madalena Arrependida

 

Um fado… Uma vida…

 

Madalena arrependida

De tudo se arrependeu

Por meio mundo conhecida

Outro Mundo conheceu.

 

Se ela conheceu o mundo

O mundo a não conheceu

No poço desceu ao fundo

Com todo o mundo viveu.

 

No mundo com toda a gente

Toda a gente a conheceu

Mas encará-la bem de frente

Nunca isso aconteceu.

 

Mas aconteceu um dia

Um dia de acontecer

Foi suprema alegria

Que mudou o seu viver.

 

Seu viver e sua vida

Se mudaram num instante

Bastou um olhar de fugida

E a vida rompeu, de rompante.

 

De um Homem o olhar

Que bem no fundo a olhou

Lendo sua Alma a sangrar

A sua vida mudou.

 

E Madalena, arrependida

De vergonha se corou

Se lançou ao chão, estendida

E aos pés do Homem chorou.

 

Madalena, arrependida

De tudo se arrependeu

Por meio mundo conhecida

Outro Mundo conheceu.

 

 

Escrito em Junho 2003

Publicado em:

Boletim nº 63 de “Mensageiro da Poesia”, Nov. 2003

 

 

 

Alentejo é Tempo é Espaço

Sentimento Alentejano

  

Alentejo é tempo é espaço

É nó apertado, é laço

Do qual nunca me desfaço.

 

É geografia, é história

É presente e passado em memória

É futuro, é luz de vitória.

 

É matemática, é natureza

É um ideal de beleza

De tão simples singeleza.

 

Guardado no pensamento

É sensação, é sentimento

É perceção em movimento.

 

É cheiro, sabor e perfume

É sol quente, que nem lume

É visão inebriante

No horizonte distante.

 

É luz do sol e calor

Em paisagem multicor

Consoante a estação.

Mas sempre no coração!

 

Grilos pintam a noite de sinais

Relas, ralos, briga de pardais

O cantar mavioso do rouxinol

À tarde, no final, ao pôr-do-sol.

 

Almejo sinfonia dos beirais

E outras sonoridades que tais

O murmúrio ondulante dos trigais

E outras lembranças iguais.

 

Perto ou longe, pouco importa

Que está sempre aberta a porta

Que ao âmago nos transporta

Ao profundo Ser, à calma

Da Alentejana Alma!

 

 

 Nota:

Uma versão desta poesia foi publicada na V Antologia Poética de "Mensageiro da Poesia", 2006

Boletim Cultural de "Mensageiro de Poesia" nº 126 - Jan. / Fev. 2015..

 

Alma de Poeta

Alma de Poeta

 

Tenho a Alma repleta

Deste sentir de poeta

Nesta enorme imensidão.

 

De tamanho oceano

Que se alarga cada ano

E me avassala o coração.

 

Desta Terra – Universo

Crescendo em cada verso

De Mercúrio a Plutão.

 

Deste cometa que passa

De prazer a dor e trespassa

Esta minha condição”.

 

Na minha tão grande Alma

Cabe a tormenta e a calma

Cabe o Mundo na palma da mão.

 

Escrito em 07/07/1982

Publicado em:

Revista “Família Cristã”, Junho 1987

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