« “Mendigo do Ideal”»
« “Mendigo do Ideal”»
«Em outras eras, quando adolescente,
das Hostes do Ideal eu fui soldado,
Vida…fraternidade…amor…dourado
tudo eu via, sob luz’resplandecente…
Tudo…terra…água…’strelas…sol ardente…
Tudo, tudo eu amava, enamorado…
Ah! Frente à Natureza, extasiado,
Eu tive orações místicas de crente.
O Tempo andou…Com dolo e vil traição,
Os Batalhões do Mal, em elo forte,
Avassalaram o Ínclito Pendão.
De então, a alma em farrapos, no temporal
da Vida, aos baldões, mísero, sem norte,
Em vão esmolo o Reino do Ideal.»
«Luanda, Dezembro de 1948
JoCris»
In.:
- Jornal “A MENSAGEM”, Setembro 2013, “Lembrando…” pag. 10.
- “TESTEMUNHOS de José Cristóvão Henriques (Engenheiro - Silvicultor)”; Junta de Investigações Científicas do Ultramar – Lisboa – 1981; (Edição de iniciativa de suas irmãs, Drª Piedade da Rosa Cristóvão e Drª Rita Florinda Cristóvão, que tomaram a seu cargo os custos da respetiva publicação.)
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Notas Finais:
Este soneto “encontrei-o” no supracitado Jornal “A Mensagem”. Decidi publicá-lo no blogue, no enquadramento de divulgação de “Poesia” e cumulativamente dar a conhecer trabalhos de e sobre Aldeia. Divulgarei outras Pessoas e Poesias, em idênticos enquadramentos.
Posteriormente, foi-me oferecido, pela Srª D. Belmira, o livro citado. A quem, publicamente, agradeço, pois a obra é muitíssimo interessante, versando fundamentalmente assuntos de silvicultura, especialidade de engenharia do mencionado senhor, que eu desconhecia completamente.
(Nasceu em Aldeia da Mata, a 8 de Dezembro de 1917 e aí viveu até aos sete anos. Aos 10 anos, foi para Lisboa - 1927. Em 1935, entrou no Instituto Superior de Agronomia, tendo concluído o curso já referido, em 1940. Em 1946, passou a exercer as funções de engenheiro – silvicultor em Angola, onde trabalhou; para além de Portugal Continental, Moçambique e Timor. Pertenceu aos quadros profissionais da Direção-Geral de Economia do Ministério do Ultramar, de 1961 a 1975.
Faleceu em 4 de Abril de 1976, com 58 anos, não sei em que localidade.)
Ilustro com foto original de DAPL – 2017, de paisagem de Aldeia, junto à "Fonte das Pulhas" que, de algum modo, nos poderá reportar para o “Idealismo” subjacente ao soneto e para paisagens possivelmente vislumbradas pelo Autor. No recorte do horizonte, os montados de azinho...
(Foto original DAPL - 2016.)
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“Vi a luz numa pequena aldeia rural, toda alvacenta e em eterno namoro com montados de sobro e azinho e olival. Os contrafortes cinzentos da serra de S. Mamede…”
In. supracitado livro: “TESTEMUNHOS…” pag. 53
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(Imagem de Rua Larga, ou do Fundão ou do Norte, que me lembram todos estes nomes da Rua. Original de FMCL - meados dos anos oitenta.)
(Esta "imagem" da Aldeia poderá ter sido "visualizada" pelo Autor do soneto, nos anos vinte, quando viveu na "aldeia... alvacenta...". Com excepção dos postes da luz, que só foi inaugurada nos finais dos anos cinquenta; da roseira, à porta da D. Dolores e da própria, que seria jovem à data, anos vinte do século vinte.)