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Aquém Tejo

Há quem do Tejo só veja o além porque é distância. Mas quem de Além Tejo almeja um sabor, uma fragrância, estando aquém ou além verseja, do Alentejo a substância.

Há quem do Tejo só veja o além porque é distância. Mas quem de Além Tejo almeja um sabor, uma fragrância, estando aquém ou além verseja, do Alentejo a substância.

Ação! Imbecilidades... E Raposices!

Crónica de Outubro I, em sete Pontos!

Algumas ações positivas – outras tantas imbecilidades

Crónica de Descontentamento(s) (IV)

E alguns Contentamentos

 

Intitulo esta crónica, de Outubro, desconhecendo se ainda virei a publicar mais alguma referente a este mês.

 

in. br.depositphotos.com

 

*******

(I)

 

Começo por uma ação de lado positivo, que observámos na passada 6ª feira, 13 de Outubro.

 

Na estrada de Estremoz – Vimieiro, constatámos algo de muito positivo.

Já perto da povoação do Vimieiro andavam técnicos a recolher o lixo, que os automobilistas “educados e asseados” atiram borda fora quando viajam pelas estradas deste nosso Portugal, que “muito boa e educada e asseada gente” insiste em transformar num enorme caixote de despejo das respetivas imundícies.

 

Nas bermas da estrada, haviam cortado o pasto que prolifera nas valetas e espaço circundante do alcatrão até às lindas das propriedades particulares.

Um trabalho que é imprescindível e imperioso seja feito todos os anos pelas entidades competentes, nomeadamente as autarquias ou outros órgãos e agentes públicos que têm que interiorizar essa obrigação anual.

Como forma preventiva de Incêndios.

E que além do mais dá trabalho a muito pessoal. (Tanta gente que se queixa que não tem trabalho!)

 

Na sequência dessa limpeza, desse desbaste de ervas e matos, chamemos-lhe aceire, fica visível toda a quantidade de garrafas de plástico e de vidro, garrafões, embalagens, sacos de plástico e papel, de lixos diversos, eu sei lá, que variedade de porcarias que atiram pelas janelas… (Nem falo das beatas de cigarro acesas…)

Pois, vários funcionários, não me perguntem de que Entidade, andavam juntando esses detritos em sacos. Deduzo que os levarão para reciclagem… pelo menos retiram-nos das bermas e valetas, com todos os perigos que aí representam.

 

Ações meritórias, sem dúvida: Limpezas e aceires. E subsequente recolha de lixo.

Pena e deplorável é que neste lindo País, à beira mar plantado, ande tanta gente a conspurcá-lo. O País e o Mar!

 

Porque não há razão para se atirarem os lixos para qualquer lugar, com tantos meios de recolha adequada.

 

*******

(II)

 

Extrato de Notícia de “RR – Renascença in. Sapo.pt/”, de 12/10/17 – 13:02, de Eunice Lourenço, Paula Caeiro Varela

 

«Relatório da comissão independente entregue no Parlamento.»

(…)

«No que diz respeito à prevenção, apontam como “maior constrangimento” a falta de cumprimento das regras sobre vegetação (50 metros em volta das edificações, 10 metros para cada lado da rede viária e 100 metros à volta dos aglomerados populacionais). Ou seja, havia vegetação onde não devia haver.»

(…)

 

Refere-se esta notícia ao incêndio de Pedrógão.

Realço este excerto, porque é na concretização desta ação que tem que residir a base primária e permanente de toda a PREVENÇÃO.

Pode crer, caro/a leitor/a que a serem realizadas, anualmente, estas atividades de limpezas, de aceires, haverá um risco bastante menor de incêndios.

E trabalho que assim é possibilitado a tanta gente que se queixa que não tem emprego! (!!)

E o que se pouca em tantos milhões e milhões e perdas de vidas humanas, que não têm preço!

 

E já agora e novamente, reforço uma sugestão que já fiz em diferentes contextos.

Estruturem e criem “unidades fabris” que aproveitem toda essa matéria vegetal: lenhosa, arbustiva ou herbácea.

Implementem centrais de produção de energia ou de produção de compostagem, a partir de todos esses materiais. Situadas estrategicamente no Interior do País.

 

Haja vontade, vontades políticas para concretizar tais projetos.

Fica a sugestão. Ficam as ideias!

 

*******

 

Também tenho que cronicar algumas imbecilidades.

 

(III)

 

Na passada 5ª feira, 12 de Outubro, decorriam também na minha Cidade, na Cidade de Régio, as imbecilidades das praxes.

Da zona antiga da Cidade desaguaram no lago do Jardim do Tarro…

Quem observe e tenha capacidade crítica, pode avaliar quão negativas são as ações praticadas.

Uma verdadeira imbecilidade. (É o termo mais adequado para qualificar tais práticas.)

Quando é que as Autoridades, todas as Autoridades, desde o topo da Administração do Poder Central, até às Autoridades Locais, resolvem agir sobre atos de desrespeito do Ser Humano, ademais perpetrados na via pública?! (?!)

 

*******

(IV)

 

Paralelamente ou nem por isso, nesse mesmo dia, à noite, decorreu na Praça do Campo Pequeno mais uma “tourada à antiga portuguesa”.

Com direito a transmissão televisiva via RTP1.

Sem mais e sem comentários!

 

*******

(V)

 

Ainda na mesma onda e em rota igualmente paralela, dia 13 de Outubro, 6ª feira, (é caso para dizer, sexta feira treze!) o Parlamento Português aprovou a “…permissão de animais de companhia em estabelecimentos fechados de restauração…”

 

(Já aqui informara sobre os bebedoiros comuns!)

Também não são precisos comentários!

 

Só pergunto:

- Então, mas os nossos legisladores não têm mais com que se ocupar?!

(E praticamente não houve oposição. Raríssimas vozes isoladas! Abstenção do PSD.

Uns, a grande maioria, concordam inteiramente que “cães e gatos” comam à mesa dos restaurantes, outros tanto lhes faz!

Simplesmente, fico confuso com tantas modernidades!

E admiram-se que o pessoal nem vote.

Mas votar em quem?! Se todos afinam pelo mesmo diapasão!)

 

Supõe-se, tradicionalmente, estarem a referir-se a “cães e gatos”, a “comerem e beberem” à mesma mesa dos restaurantes…

Mas, como esta questão de “animais de estimação” é dúbia e não está definida em termos de objeto, mas apenas de sujeito…

E se um sujeito qualquer se lembra de levar para o restaurante qualquer outro “Animal”?!

 

*******

(VI)

 

E já que entrámos na onda das politiquices…

Também quero perorar algo sobre as Autárquicas.

Principalmente a inquinação futebolística da linguagem exacerbada sobre as mesmas, após os resultados:

“Ganhou… perdeu… grande vencedor… grande derrotado…, meteu autarcas…” Eu sei lá!

 

Importante será que todos venham a trabalhar para o Bem Comum, de todos os Cidadãos, das Comunidades.

Irão?!

 

*******

(VII)

 

E já que nesta crónica também falámos de Animais, não posso deixar de terminar com uma questão em jeito de fábula.

 

E como é possível que, para guarda de alguns “galinheiros”, até tenham concorrido “raposos” e para um até foi um declarado raposão que "ganhou"?!

 

(……..)

 

E termino. Que a crónica já vai longa e tem sete pontos.

E se acrescentasse outro seriam oito.

E bem que gostaria de falar sobre algumas questões internacionais. Prementes. Mas ainda não é desta!

Obrigado por ter lido até aqui!

(Imagem in. br.depositphotos.com)

 

Seres Humanos e Animais ou...

... Porque não pegar o touro pelos cornos?!

 

Introito:

Antes de explanar algumas ideias sobre o tema, abordo o significado do título e do subtítulo.

No concernente ao título - “Seres Humanos e Animais” – pode ser interpretado de dois modos. Primeiro como referindo duas entidades distintas: “Os Seres Humanos”, por um lado e os “Animais” por outro.

Ou então lido e interpretado como um todo, categorizando os “Seres Humanos” como “Animais”.

Escolhi-o com base na primeira interpretação, mas não desdenho da segunda.

Quanto ao subtítulo... guardo a “explicação” para o fim.

 

*******

cabritos in. naturlink.pt.jpg

Desenvolvimento:

Suscitou-me interesse a questão que tem sido debatida sobre os “Direitos dos animais” e a respetiva categorização jurídica.

Penso que é um assunto que nos deve interessar e sobre o qual convém refletir e legislar, dado que os animais, e todos os seres vivos, fazem parte do ecossistema em que o Homem também se integra, não podendo esquecer que o Homem, antes de tudo o mais, é também, na sua essência e no fundamental, um Animal, ainda que esta verdade possa custar a ser aceite por muitas Pessoas bem pensantes.

E a relação Homem e animal é umbilical e milenar, acompanha o Homem desde o seu surgimento.

E há imensos, inumeráveis interesses mútuos entre estas duas entidades indissociáveis.

Mas certamente há muitas questões sobre que urge refletir, legislar, quiçá agir e preparar alterações, mudanças comportamentais, de atitudes, de princípios e de valores.

 

Mas temos que reconhecer que legislar sobre esta matéria é tão ou mais complexo do que legislar sobre o Ser Humano. Porque a espécie humana é só uma. Todos os Seres Humanos sujeitos, como princípio, aos mesmos Direitos e Deveres.

 

Mas no respeitante aos animais, muitas interrogações nos podem suscitar.

Mas terão os animais consciência, para estarem sujeitos a direitos e deveres?!

Ou essa dualidade direito – dever, reportar-se-á para o homem que detiver a posse do animal?

E, por outro lado, quantas espécies de animais existem?

E estão todas na mesma categoria?

E essa categorização é idêntica em todas as culturas?

Mesmo num País relativamente pequeno como o nosso, os assuntos respeitantes às atitudes face aos animais são suscetíveis de consenso facilmente homogéneo?

Este assunto, teoricamente, não tem fim. Por vezes, nem sei se tem princípio, mas tem que ter.

Mas é melhor traduzirmos este assunto na prática.

 

E, antes de entrarmos em aspetos por demais polémicos e fraturantes, situemo-nos na questão, aparentemente mais simples, dos “Animais de Companhia”.

Pesquisei e encontrei as seguintes definições:

 

"D. Lei n.º 276/2001, de 17 de Outubro - APLICAÇÃO DA CONVENÇÃO EUROPEIA P/ PROTECÇÃO ANIMAIS COMPANHIA"

“Artigo 2.º - Definições

1 – Para os efeitos do presente diploma, entende-se por:

  1. – “Animal de companhia” qualquer animal detido ou destinado a ser detido pelo homem, designadamente no seu lar, para seu entretenimento e companhia;”

Liga Portuguesa dos Direitos do Animal:

“Animal de companhia: qualquer animal possuído ou destinado a ser possuído pelo homem, designadamente em sua casa, para seu entretenimento e enquanto companhia. (Decreto-lei 314/03, de 17 Dezembro).”

 

Analisando estes textos depreende-se, à partida, que a definição de “animal de companhia” é demasiado genérica, ambígua e imprecisa, centralizando o problema na pessoa, no dono e não no animal em si.

Isto é, animal de companhia será o animal que uma pessoa quiser, desde que seja seu, que o tenha na sua casa, para seu entretenimento e companhia.

Nem mais! O que, na prática significa que qualquer animal pode ser considerado de companhia. Não depende dele, depende de quem o escolher como tal.

 

Então quais são os animais considerados de companhia?!

Na nossa cultura ocidental, de portugueses, qualquer pessoa dirá, com facilidade, que o cão e o gato são os animais de companhia por excelência.

 

E o canário? E o periquito? E os peixinhos no aquário?! E o papagaio, a catatua, o grilo, o melro e o pintassilgo, na gaiola? E os pombos?

 

E um borreguinho criado à mão, no quintal? E o pónei, o cavalo, o burrito? E o coelho, as galinhas do Zé Maria, os patos no laguinho, os perus a fazerem glu, glu, os porquinhos-da-índia?

porquinho babe in. rederecord.r7.com

 E o porquinho?! Ou será que um porquinho Babe não tem direito a ser de companhia? Ou uma Miss Piggy?

 

E um lagarto, uma cobra, uma iguana, um cágado, uma aranha, toda uma espécie de animais que por aí há, para serem comprados, para se tornarem de companhia...?!

 

Ainda há pouco tempo, ia um rapaz no metro, com uma cobra exótica, tentando a todo o custo guardá-la numa caixa e ela sempre a sair. Finalmente lá conseguiu colocá-la num saco plástico, que fechou. O que vale é que as cobras são animais de sangue frio e era Inverno. Porque pensei, se fosse Verão, trinta e tal graus, o que poderia ocorrer?!

 

Será que todas as pessoas consideram estes animais como de companhia?!

Certamente que não. Mas, todavia há pessoas que consideram que sim e que têm, nas suas casas, qualquer um dos animais referidos como sendo de companhia.

 

E no respeitante às casas?!

Será que todas as pessoas têm condições nas suas casas para terem mesmo os animais considerados consensualmente de companhia?

Por vezes questiono-me como é possível terem-se certos animais de companhia, nos apartamentos minúsculos que habitamos.

 

E no referente ao tratamento dado aos animais?

Como será considerado o tratamento dispensado a um cão que passa uma vida inteira preso a uma corrente?

E um periquito, um canário, uma catatua, e os seus ascendentes e futuros descendentes que passam uma vida inteira numa gaiola, será que cantam para alegrar o dia ou choram de tristeza?

E um melro e um pintassilgo apanhados no campo para serem aprisionados numa gaiola, como classificar o respetivo tratamento?

 

Digam-me, por favor, pessoas que assim procedem, gostam ou não dos animais, são ou não suas amigas? Procedem no interesse do animal ou no seu próprio interesse?!

Então, mas essas pessoas gostariam de ser fechadas numa gaiola e postas a cantarolar para um possível amo e senhor, que as alimentaria devidamente a ração comprada no supermercado?

 

E, já agora, e para desconstruir...

Uma mosca varejeira que entra pela casa dentro é um animal de companhia ou uma intrusa?!

Uso o mata moscas ou o inseticida?!

É agressão contra um animal ou não?!

 

Estas são só algumas questões reflexivas que este assunto me suscita. Também algumas perguntas. Umas pertinentes, outras de todo e, propositadamente, impertinentes.

Muitas situações ainda ficam por abordar.

 

E vamos agora ao subtítulo: “Porque não pegar o touro pelos cornos?!”

 

Que seria, evidentemente, uma pega de caras. Que nem toda a gente consegue fazer, claro!

E são ou não são heroicos os homens que pegam os touros pelos cornos?!

Sobre este assunto ainda voltarei e também, e novamente, e ainda, com um excerto do Clássico Almeida Garrett, sobre que ando há muito para trazer outra vez ao blogue. Os Mestres são assim! Conseguem ser atuais mesmo passados séculos!

 

E porque é que os nossos legisladores, no referente aos animais e ao seu bom ou mau tratamento, não levam à ribalta legislativa as questões que são realmente importantes, como seja a “tortura sobre os animais”?

Tenho plena consciência que este tema, pela sua materialização concreta na vida de pessoas e animais, é demasiado fraturante na sociedade; que não é possível, por enquanto, trata-lo com alguma distanciação; que há muitos interesses de todas as ordens e sentidos interligados ao assunto e não será nada fácil uma abordagem sobre o mesmo.

 

Mas, respondam-me, se fazem favor.

É ou não necessário, mais cedo ou mais tarde, discutir, em sede própria, essa temática?! Isto é, pegar o touro pelos cornos!

 

Ainda voltarei a este tema.

 

E sobre a “descoisificação” jurídica do conceito de animal?  (...) Porque, no contexto da nossa vida social, todos temos plena consciência que os animais não são coisas. (Todos, digo eu, que sei que um animal é um ser vivo como todos nós.)

 

E se um cão, algo que acontece todos os anos, agride o dono, um vizinho, uma criança, um transeunte incauto, fere e até mata, digamos que está no exercício do seu direito de cidadania canina, não?!

E como atuar e autuar os donos dos canídeos que deixam as “prendas / presentes” dos respetivos animais de companhia, espalhadas pelos passeios?!

 

Nota Final:

Cabe um reparo que me poderá ser feito. (Só um?!, dirão.)

Mas, então, não disse que neste blogue não se usavam palavrões?

E será que “cornos” é palavrão?! Direi que é uma palavra conotativa, forte, constante do Dicionário. Aliás como chifres, talvez mais suave, e até chavelho, termo ainda mais poderoso. São palavras vernáculas!

(E ainda: a escolha das fotos não foi inocente!)

 

 

Portugal... lixo... dejetos...

... e ataque de um cão a uma Pessoa num Parque Público em Almada.

Foto original de F.M.C.L. Almada 2014.jpg

 

Volto à escrita no blogue e sobre um assunto do quotidiano que já há algum tempo tenho pensado em expor, agora reforçado por uma ocorrência que observei muito recentemente.

 

Genericamente o tema reporta-se com a falta de civismo dos portugueses, diga-se de alguns portugueses, face ao lixo. Constata-se nas ruas, nas bermas das estradas, nos caminhos… A acumulação de papéis, de sacos e garrafas de plástico, de maços de tabaco, que são atirados para o lado, como se não houvesse contentores de lixo indiferenciado, nem contentores específicos para reciclagem. Até para as roupas e sapatos já existem contentores espalhados pelas mais diversas regiões do País. Contudo o lixo continua a ser atirado de qualquer maneira, para qualquer lado, deixado em qualquer lugar, sem o mínimo cuidado… Nem falo dos cigarros mal apagados que são atirados pelas janelas dos carros, em pleno Verão…

 

Especificamente, enquadrado neste tema genérico da falta de cuidado relativamente aos lixos, quero referir a acumulação de dejetos de cão, por tudo quanto é rua, passeios e até jardins das cidades que conheço.

É um incómodo permanente caminhar por qualquer passeio público das Cidades que mais frequento: Almada e Lisboa e sermos confrontados sistematicamente com dejetos de cães, que os donos não recolhem, como é sua obrigação. Que a Câmara, pelo menos a de Almada, providencia sacos e sistema de recolha. Mas, e mais uma vez, essa é uma falta de civismo dos donos dos animais. De alguns donos, frise-se! Mas que são os suficientes para que os passeios exibam o mostruário “artístico” que patenteiam.

Infelizmente essa é também uma situação comum a diversas cidades portuguesas que mais esporadicamente tenho visitado.

 

Mas não haverá ninguém com competência para fiscalizar e atuar sobre estes assuntos?!

 

Que o primeiro e último fiscal, deveria ser a consciência das pessoas! Que, sem essa auto consciência de auto responsabilização, não haverá sistema de recolha de lixos que funcione!

 

Especificamente dentro deste âmbito da falta de cuidado de alguns donos de canídeos, com os respetivos animais, quero apresentar uma ocorrência observada num espaço público dependente da Câmara Municipal de Almada. Concretamente, o Jardim Público, anexo ao Pavilhão Gimnodesportivo do Feijó.

Foto original de F.M.C.L. Almada 2014.jpg

 

Nos últimos anos, este espaço tem sido cada vez mais utilizado pelos donos de cães. Ação para a qual não foi prevista a sua utilização nem adequação funcional e espacial, de que surgem situações perigosas, até ao momento nenhumas graves, que eu saiba, mas que qualquer dia ocorrem…

 

Na passada 3ª feira, 27 de Outubro, ao atravessar o jardim, num repente, apercebo-me de um cão a atacar uma pessoa que descuidadamente passava na parte sul da alameda das tílias, a seguir ao edifício das piscinas, cão que saíra precisamente do espaço do Jardim que confina com as referidas piscinas.

A pessoa que acompanhava o cão, supostamente a dona, uma rapariga jovem, não o trazia nem com coleira, nem açaimado, nem conseguia ter mão no cão, por mais que a pessoa atacada lhe pedisse. O animal só não mordeu a pessoa, porque ela tinha um guarda-chuva, com que evitou que ele a atacasse, mas sem nunca ter tocado no animal, que constantemente se eriçava para ela e a rodeava por todos os lados. Esteve nesta situação vários minutos.

Valeu a intervenção de outra senhora, julgo que também proprietária do animal, que inicialmente também não manifestava ter autoridade no mesmo, mas que se lembrou de pedir o guarda-chuva, à pessoa atacada, com o qual conseguiu impor a sua autoridade de dona, evidentemente também sem tocar no animal.

 

Não é a primeira vez que observo situações em que cães mal treinados pelos donos têm comportamentos semelhantes e que estes têm dificuldade em controlar.

O espaço é muito frequentado por crianças e pessoas de todas as condições, dada a sua localização e funcionalidades adjacentes. E essas foram as funções para as quais foi concebido, planeado e estruturado.

Algum dia acontece desgraça! E depois será o habitual “Ai Jesus!”.

 

Será melhor prevenir. E não adianta colocar placas e avisos…, que já lá estiveram.

De qualquer modo, as leis já existem e são para serem cumpridas. E as pessoas conhecem-nas.

Esse aspeto foi referido às senhoras proprietárias, que foram sempre educadas e só diziam “Tem razão! Tem razão!”. Mas de que vale às vítimas terem ou não razão se os/as donos/as não trazem os animais devidamente atrelados, se não os conseguem controlar e os transeuntes incautos podem ser atacados e mordidos?!

Para se atravessar um Jardim público, que é um elo de passagem entre vários bairros, para além de acesso às múltiplas e variadas atividades do Pavilhão Gimnodesportivo, as pessoas vão ter que ir prevenidas para eventuais ataques?!

 

Dir-me-ão… mas tem alguma sugestão sobre o assunto?

 

Formularia algumas sugestões.

1º - Já que aquele espaço público está a ser exaustivamente utilizado para passear e recrear canídeos, então que sejam exigidas aos respetivos donos as devidas obrigações, nomeadamente trazerem os animais com trela e açaimados. Dir-se-á que a maioria dos animais são mansos e estão educados, o que é verdade, mas todos os anos têm acontecido casos de agressões por cães, algumas bem graves, precisamente às pessoas que lhes estão mais próximas, familiares e vizinhos. Que os julgariam certamente de mansos e educados!

Essa fiscalização que é uma OBRIGAÇÃO das Entidades Públicas, deverá ser feita de uma forma pedagógica e didática, inicialmente, para depois atuar e autuar os prevaricadores. Que é também uma forma de educar e ensinar as pessoas.

Porque as Leis já existem, toda a Pessoa tem obrigação de conhecer a Lei, nem pode invocar em sua defesa o respetivo desconhecimento.

E é um Dever e Obrigação dos Poderes instituídos providenciarem na respetiva aplicação.

Não sei, se neste caso específico, essa é uma competência da Câmara Municipal de Almada, julgo que será, pois que a manutenção do espaço é permanentemente assegurada por funcionários camarários.

Esta ação de fiscalização e atuação é imperiosa e urgente. É fundamental pô-la em prática pelas entidades competentes. Competências que julgo também pertencerem à Polícia de Segurança Pública.

 

2º - A segunda sugestão penso que é mais exclusiva da Câmara Municipal e consiste na criação de espaços específicos para os cães e respetivos utilizadores, semelhantes ao que existe no topo norte do Parque da Paz, junto à Cova da Piedade. Espaços devidamente vedados, e com dimensão adequada, para os animais poderem estar mais à vontade. E com alguns equipamentos próprios.

 

Sim, porque não sou contra os animais. Condeno é a atitude e comportamento de alguns donos!

 

Relativamente a espaços, junto a esse Jardim e Pavilhão existem alguns, que não sei se serão privados se públicos, mas que julgo reunirem condições, à priori, para essa finalidade, após as devidas e necessárias adaptações funcionais, também para o bem estar dos animais e utentes.

A Oeste do Jardim e das Piscinas e a norte das traseiras da Igreja do Feijó e do Centro de Dia, existe uma colina, até parcialmente arborizada pela Câmara, que devidamente vedada, permitiria um espaço ótimo até em termos de dimensão, para essa finalidade.

Já fora da zona do Jardim, na direção norte, quem desce na direção da Cova da Piedade, nomeadamente em frente da Escola Secundária António Gedeão, também existem campos suficientes onde poderiam ser adaptados espaços para canídeos.

 

Bem sei que aquele Jardim é muito centralizado. Mas como está a ser usado, precisa de reestruturação e de outras medidas, sob pena de algum dia acontecer desgraça!

 

in. oestegoiano.com.br.jpg

 (foto extraída da net. in: oestegoiano.com.br.)

 

Que as animais, neste caso os cães, não têm culpa nenhuma. Porque os animais, são apenas isso e somente, animais.

 

Que os seres humanos também o são, mas têm obrigação de, enquanto Pessoas, serem um pouco mais!

 

Notas Finais:
As duas fotos iniciais do referido Parque/Jardim Público são originais de F.M.C.L., de 2014, no Outono.

Sobre ALMADA, consulte também:

 Aqui!

 E aqui.

 

Fábula: O Hoje e o Amanhã

Vamos iniciar uma fábula...  

 

A fábula que vos vou contar ouvia-a à minha avó que já cá não mora, mas me a segredou ao ouvido, numa noite de insónia. Deve ser lida com sotaque de português do brasil, suave e adocicado, para que o “Acordo” seja levado com mais amenidade.

Tem quatro atos e a respetiva ação decorre em dois momentos: no “Hoje” e no “Amanhã”.

O “Hoje” é um dia que já é uma tarde… O sol já riu e chorou, buscou agasalho e refrigério, amou e desamou, já teve esperança e agora desalento.

O “Amanhã” tem o condão de, apesar do “Hoje” taciturno e deprimido, desesperançado e triste, trazer sempre a ilusão ou esperança possível de que “ amanhã é um novo dia” e o sol vai nascer radiante e luminoso.

O Hoje e o Amanhã situam-se num “Reino da Bicharada”, situado algures num espaço e num tempo em que os animais ainda falavam, pois que ainda havia liberdade de expressão e os ditos agiam, pensavam e sentiam como nós os humanos.

 

Apresenta-se o 1º Ato da fábula

Aproveitamos para lançar um repto: esta fábula ficaria muito bem se fosse ilustrada. Competência que nos escapa. Haverá algum eventual leitor que seja capaz de tal?!

 

Hoje - Ato Um

O Senhor Burro

 

O Senhor Burro que é trabalhador e honesto, pontual e assertivo, assíduo e proativo, experiente e motivado, com licenciatura e mestrado, que trabalha por objetivos, cumpre metas e horários, que é ‘burro de carga’, ‘pau para toda a obra’… foi despedido do local de trabalho que já exercia há vários anos.

Invocou as suas competências e qualidades, atitudes e valores, conhecimentos e experiência, sabedoria e sapiência, a dedicação à “Firma", o seu apego à "Casa”, mas nada! Era velho! Já não prestava para trabalhar, que pedisse a reforma antecipada, que mesmo penalizado, era melhor que nada!

Mencionou direitos. Que não, agora, “HOJE” “direitos são regalias”, poder trabalhar é um privilégio. Não há “direito ao trabalho”, os despedimentos são flexíveis…

 

Nota: Este ato pode ser representado por qualquer outro animal, especialmente burro, de qualquer idade e condição.

 

Hoje - Ato Dois

O Senhor Pato Ganso

 

No final do mês de novembro, o Senhor Pato Ganso abriu o seu e-mail para ver o seu estrato de conta e quanto recebera e verificou um acentuado decréscimo face ao que recebia habitualmente.

Foi falar com o contabilista da repartição onde trabalhava, não se tivesse este enganado.

Ouviu uma voz off, responder-lhe: você é pato, ainda por cima ganso, por isso recebe menos este mês, no subsídio de natal. Menos prendas compra. Hoje, é só pato ganso que recebe menos, amanhã será também o pato marreco. E assim por diante… Depois do pato vai o peru, direito à ceia de natal.

 

“Amanhã”  

 

Ato Três

Dona Galinha Có Ró Có 

 

Era dia de voto, de eleição, prática já enraizada entre os animais do Reino da Bicharada. Fora marcada a votação, para o primeiro dia do ano, primeiro de janeiro, que coincidira em domingo. Para poupar nos feriados, foram marcados o da “restauração”, o da “república”, o “primeiro de Maio” e o da “democracia”, todos neste mesmo dia! E mais alguns com outro significado, que assim se reduzia no feriado.

Dona Galinha Có Ró Có se apresentou para votar. Se vestira a preceito, de cravo no peito, cabelo arranjado, de ar anafado. Entrou na assembleia de voto e cacarejou: sou Galinha Có Ró Có, venho exercer o meu direito de voto.

Votar?! Galinha não vota! Galinha cacareja, está no galinheiro, põe ovo e dá pinto e, no fim, canja de galinha. Votar, só vota o Galo! Ouvia-se em off, a voz do “Pig Brother”.

Mas não, que tenho direito, que voto é livre, que é “Democracia”, respondia a Dona, abanava as asas, espanejava as penas.

Mas não, votar não votou, e tanto espanejou que a “ramona” a levou para caldo de galinha.

 

Ato Quatro

Dona Cachorra

 

Dona Cachorra, pêlo luzidio e preto, ar reluzente, feliz e contente, foi tomar o autocarro, para seguir para o trabalho.

Na paragem, viu sinal de “Aqui cachorro não entra!”, um sinal stop com imagem de cachorro preto em fundo, mas não ligou.

Tentou entrar no onibus, mas não, que não podia entrar, barraram-lhe a entrada, enquanto se ouvia “Aqui cachorro não entra!”, voz gravada em off, do mesmo “Pig Brother”. Mas Dona Cachorra, chamada de “Rosa”, argumentava que precisava de ir de autocarro, que tinha direito a ir, que tinha dinheiro, as vacinas em dia, os impostos pagos, trabalhava a horas, era cumpridora, honesta e trabalhadora, mãe de família, cachorra – diligente e fiel, sem parasitas, cidadã livre do Reino da Bicharada …

 

Será que Dona Cachorra Preta, chamada de “Rosa”, entrou e sentou no autocarro?...

 

Saber a resposta para esse Amanhã, só depende da Bicharada!

 A ler também, S.F.F.

Notas:

Esta fábula foi escrita em Dezembro de 2011. Como qualquer fábula não tem absolutamente nada a ver com a realidade.

Recebeu Menção Honrosa nos X Jogos Florais  da “Associação Cultural dos Amigos do Concelho de Avis” , em 2012.

Foi publicada no Boletim de  “Mensageiro da Poesia” nº 119 Ago/Set/Out 2013, pag. 25.

 

Ah! E continua lançado  o repto de algum leitor fazer ilustrações para a fábula.

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