Há quem do Tejo só veja
o além porque é distância.
Mas quem de Além Tejo almeja
um sabor, uma fragrância,
estando aquém ou além verseja,
do Alentejo a substância.
Há quem do Tejo só veja
o além porque é distância.
Mas quem de Além Tejo almeja
um sabor, uma fragrância,
estando aquém ou além verseja,
do Alentejo a substância.
Não sei! Mas a Natureza consegue maravilhar-nos, apesar da forma desleixada como a tratamos.
Estas imagens do Pôr-do-Sol - ontem, sábado, 05-08-23, em Aldeia da Mata - ocorrido cerca das 20h. 40', resultaram dos fumos de incêndios, que lavravam nos concelhos de Castelo Branco e Proença-a-Nova, na Beira Baixa, a norte do Alto Alentejo.
(As ovelhas pastando tranquilamente!)
(As fotos das quatro imagens anteriores foram tiradas no Vale de Baixo, enquadradas no arvoredo: Oliveiras centenárias, Eucalipto, Catalpas, Choupo, Freixos, Azinheiras, Canavial.)
Para ilustrar o conjunto de fotos que apresento, escrevi a quadra seguinte.
(E repito a segunda, que já divulgara anteriormente.)
Pôs-se Sol, nasceu a Lua!
Nas terras da minha Aldeia
Ficou p’ra sempre a Rua
Gravada na minha ideia!
Na Rua onde nasci
Já só mora Saudade
Que gente que conheci
Não tem tempo nem idade!
E última foto...
Aresta da vertente sudoeste, do exterior do corpo central da Igreja Matriz.
Esta imagem complementa o postal anterior em que me esqueci de apresentar esta foto, sobre esta estrutura construtiva, similar à que mostrei no referente ao palheiro do Chão da Atafona.
Para toda a Comunidade SAPO e muito especialmente para Si, Caro/a Leitor/a, que nos acompanha nestes postais, formulo Votos de um Santo e Feliz Natal!
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(Imagens sugestivas associadas à iconografia natalícia: ovelhas, faltam os pastores(!), mascimento, desvelos maternais... Faltam também os reis magos...)
Início: Mosteiro de Flor da Rosa – Término: Anta do Tapadão
No dia dezoito de Maio, na caminhada até à Horta do Carrasqueiro, utilizámos parte do mencionado Percurso Pedestre Histórico. Concretamente, a parte final, desde a Fonte da Bica até às Alminhas, temas que já abordámos nos blogues.
Neste excerto do percurso há uma verdadeira imersão com o espaço natural. A Natureza no seu esplendor! As hortas, espelho do trabalho humano. A Fonte, as respetivas funcionalidades e apetrechos de abastecimento. A vegetação autóctone, a passarada em permanente chilreio, os gados. Elementos arquitetónicos remanescentes de antigos processos agrícolas: uma eira, um redondel. As vistas da Aldeia, lado Leste, sempre com os dois itens iconográficos: a torre sineira da Igreja Matriz e a araucária. Trabalhos nos lajedos de pedra granítica, para facilitar a caminhada, de quando este percurso seria uma das entradas na Aldeia, há séculos.
Mas voltando aos tempos presentes e sendo este trajeto parte de um “Percurso Pedestre” homologado oficialmente, ele necessita de ser mais bem tratado, preservado, conservado.
Isto é, precisa de ser limpo. E, à data, não estava.
Bem sei que quase ninguém liga a estas coisas. De caminhar, de andar a pé, de fazer percursos ancestrais, ademais fora dos circuitos da moda.
O pessoal gosta é de andar nas estradas, mesmo sem passeios, arriscando a própria vida, em vez de passear, caminhar por trilhos percorridos pelos nossos ascendentes, há séculos, há milénios. Carregados de História e de histórias. Que eles os calcorrearam a trabalhar!
(Que muito boa e santa gente nem isso faz. As passeatas são apenas nas esplanadas!)
Mas… se os caminhos estiverem, pelo menos devidamente limpos e minimamente transitáveis, tornam-se mais apetecíveis.
E é imprescindível que as entidades competentes os promovam e divulguem!
A foto, titulando o postal, ilustra parte do Percurso não devidamente arranjado, mas mesmo assim apelativo, formando um túnel arbóreo, de plantas autóctones.
Porque não candidatarmos também uma das Árvores da Aldeia?!
Uma questão a pensar. Um desafio que lanço.
As fotos documentam duas Árvores emblemáticas da nossa Aldeia.
A Araucária de Norfolk, que rivaliza com a Torre da Igreja Matriz. Toda a gente sabe onde fica. Lembro-me de esta Árvore ser mais baixa que a Torre. (Há cerca de sessenta anos!) Atualmente, é mais alta.
Quantos anos terá?! Conhece o método de datação das Araucárias?! (…)
A pergunta poderá surpreender. Terão as Árvores também História ou terão pelo menos a sua história?
Já apresentei imagens de árvores impregnadas de História ou uma oliveira várias vezes centenária, quiçá milenar, é ou não um ser vivo carregado de História?! Um verdadeiro monumento vivo!
E esta “auracária-de-norfolk”, estando embora em propriedade particular é quase um ex-libris da Aldeia, pois faz sempre recorte na paisagem, nos mais diversos ângulos sobre a localidade.
Esta que apresentamos quantos anos tem? Diz-se que cada anel de ramos representa um ano de crescimento. Quem a semeou? Quem a plantou? Quando?
As árvores têm a sua História, a sua origem enquanto espécies, muito antes da Humanidade. E como seres vivos são complementares e interdependentes de e com os outros seres vivos, nomeada e especificamente com o Homem.
Todas as árvores têm a sua idade marcada nos respetivos anéis de crescimento. Ao cortar-se uma vêem-se perfeitamente no tronco esses círculos concêntricos que delimitam o quanto a árvore se desenvolveu anualmente, segundo as estações.
A Amendoeira, como espécie, é originária da Ásia Menor, outras fontes referem o Norte de África. É uma árvore tipicamente adaptada ao clima mediterrânico.
Esta, cujas fotos apresentamos, tem cerca de quarenta anos. Foi semeada no início da segunda metade da década de setenta do século XX, num caqueiro, resto de um asado ou infusa de barro que se partira, ficando apenas o fundo e parte do vaso.
Neste caqueiro coloquei terra estrumada e a semente, uma amêndoa de casca. E aí nasceu a planta.
Quando atingiu uma certa altura, passados dois, três anos, talvez, transplantei-a para o local onde se encontra. Plantada, protegia-a com uma rede para que o gado, as ovelhas, não a comesse. Devidamente regada no verão aí está ela, entrando nos quarenta…
Não é muito produtora, alguns anos em que muito apressada, ou enganada pelo tempo, logo floresce em dezembro e começa a frutificar, vêm geadas e tudo se perde.
Mas permanece e resiste ao clima destemperado do Alentejo interior e às vicissitudes da vida isolada, com poucas irmãs, por vezes com dificuldade na própria fecundação.
É proveniente de semente que trouxe de amendoeiras que bordejavam a estrada Crato – Aldeia, na zona das “Covas de Mau Vinho” até à “Meia Légua”, junto à “Lage do Meio Dia”. Havia várias, mas só já resta uma que ainda há pouca permanecia florida frente à Tapada da “Meia Légua”, onde muitos anos guardei ovelhas, nas férias. Provavelmente terá sido dessa ou de outra que havia perto que trouxe a amêndoa de casca para semear no vaso improvisado, mas usual na época, para plantar “flores”.
Todos os anos, ultrapassando todas as contrariedades, alegra o espaço e o caminho que bordeja com o seu manto alvar e virginal.
E algo que nunca vemos, mas que é um dos papéis imprescindíveis das árvores e de qualquer planta, até da mais rasteira ervinha. Dá-nos todos os dias, durante cada dia, através da fotossíntese, a sua dose de oxigénio, que nos é tão indispensável à nossa vivência diária.
A nossa vida é complementar e interdependente da das plantas.
Nunca lhes somos suficientemente gratos.
Realidade que não visualizamos, que a maioria de nós desconhece, que poucos de nós valorizam. Mas é um bem inestimável e incomensurável, esse contributo da mais humilde violeta, para além do inebriante perfume das suas flores ou mesmo de qualquer erva daninha! O oxigénio, O2, que todos os dias nos ofertam, sem nada nos pedirem em troca!
P.S.
Estou a escrever este post scriptum a 1 de Setembro de 2015, 3ª feira, pela tarde. Vantagens de escrever online. Pode-se sempre reescrever!
E é só para frisar que, este ano, a Amendoeira foi extraordinariamente produtiva!
É de inteira justiça frisar este facto!
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E volto a escrever diretamente no post.
Para informar que, em 2017, a árvore floriu apenas em Fevereiro. No dia um de fevereiro de 2017, apenas estavam em flor os ramos do lado leste e sul. Os do lado norte e oeste, ainda estavam em botão.
Este Inverno tem sido muito problemático. Apenas arrefeceu e começou a chover, ainda que pouco, no final de Janeiro. Até aí, houve sol, temperaturas moderadas e nada, absolutamente nada, de chuva. Que só caiu mesmo nos últimos dias desse primeiro mês. Terá esse facto influenciado a floração da árvore?
Como será a produção neste Verão de 2017?!
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Ainda outra questão, esta técnica. Se, hoje, oito de Fevereiro - 2017, refizesse facilmente este post, colocaria as fotografias mais realçadas, nomeadamente noutra dimensão. Merecem! Só que não é fácil refazer o post.
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Hoje, dia 9/Março/2018, volto a escrever no post.
No ano de 2017, todos sabemos como foi o Verão. Incêndios desde 17 de Junho, até 15 de Outubro.
Verão sequíssimo. Contudo a árvore deu quase 1000 amêndoas.
E a árvore também secou, apesar de ter um rebento nascido, que já protegi do gado.
Neste Inverno de 2018, o quintal e o caminho ficaram mais pobres. A árvore já não floriu!
E, finalmente, e só em Março, choveu de jeito. Hoje, até demais. Chuva e vento!