Há quem do Tejo só veja
o além porque é distância.
Mas quem de Além Tejo almeja
um sabor, uma fragrância,
estando aquém ou além verseja,
do Alentejo a substância.
Há quem do Tejo só veja
o além porque é distância.
Mas quem de Além Tejo almeja
um sabor, uma fragrância,
estando aquém ou além verseja,
do Alentejo a substância.
Estou a escrever este postal, enquanto decorre o Marrocos – Portugal, quartos de final deste Mundial do Catar. Ou Qatar? Ronaldo está no banco. Eu, na cadeira, ao computador, olhando também a TV. Portugueses vestidos de branco. Não gosto. Marroquinos, de vermelho e verde. As cores nacionais também de Portugal. Interessante esta correlação!
Sigamos o desenrolar do jogo.
Mas não é propriamente sobre o Mundial que quero escrever.
Neste postal, pretendo reportar para o postal que publiquei em “Apeadeiro da Mata”.
Como se percebe nas fotos, as imagens com aqueles desenhos pontilhados no chão, realçando areias, resultaram da chuva caída dos beirais de um telheiro. No Quintal de Baixo – Aldeia da Mata – Alto Alentejo. Fotos de 6 de Dezembro.
Chuvas que, por essas Lisboas e arredores, provocaram enxurradas, inundações.
Interessante ouvir de pessoas responsáveis a imputação deste fenómeno às “mudanças / alterações climáticas”. Sem negar a importância desse paradigma tão realçado atualmente, bem pelo contrário, não quero deixar e no que diz respeito a enxurradas na Grande Lisboa, tanto a Norte, quanto a Sul, algumas considerações. Bitaites talvez!
Ignoram estes responsáveis certamente as lições da História, da Geografia, da Física, da Matemática, da Engenharia. Interligando todas estas Ciências Exatas e Sociais, relegam para plano secundaríssimo o Urbanismo, que é por demais ignorado nas nossas cidades!
Enxurradas na Grande Lisboa são periódicas e regulares. Sempre que chove um pouco mais. Lembram-se de 1967?!
E a Orografia da Cidade e arredores?! Quantas ribeiras entaipadas sob estradas? E a proximidade do Tejo, do mar e o efeito correlativo das marés?!
E as leis da Física, da Matemática?!
E as Engenharias e o Urbanismo têm tido em conta todas estas variáveis ao longo destes setenta ou oitenta anos em que a Grande Lisboa foi crescendo desmesuradamente?!
É preciso pensar e repensar o crescimento das cidades, enquadrando todas as variáveis passíveis de equacionar, para que seres humanos possam ter melhor qualidade de vida nas localidades em que têm de viver.
E tudo isto a partir de umas gotas de água repercutindo-se num solo arenoso.
E o jogo continua, agora no intervalo, Portugal perde por um a zero e os marroquinos vestem de vermelho e verde e os portugueses de branco.
E quem vai ganhar?! E o Ronaldo vai sair do banco?! Dom Sebastião?!
Acabou de entrar, enquanto estava publicando este postal.
Um Mobile de garrafões de água e de detergentes de roupa. Alguns de marca!
E um dos gatinhos do Quintal de Baixo observando e fazendo-se à foto. Uma Selfie?!
P.S. – Esta instalação “artística” (?) resultou de uma questão prática. A viga de cimento sobressai bastante do telhado. Ao sairmos ou entrarmos no cabanal arriscamo-nos a embater nela. A colocação dos elementos “artísticos” pretende torná-la visível, evitando hipotéticos embates.
Assim criámos um “mobile”, em permanente interação com os elementos, nomeadamente o vento! E enquadrado em Património identitário da Aldeia!
Fazem parte da minha “Criatividade”! Cada um tem a sua! Cada é como cada qual!
Caro/a Leitor/a, ficará intrigado/a com este mostruário. Ademais com o atrevimento, certamente.
Ou curioso/a! Quererá saber onde poderá observar tal “ousadia ou picardia estética”!
Questionará. Serralves?! Centro de Arte Moderna?! …?! Noutro local ainda mais emblemático?!
Pois, lamento desiludi-lo/a, mas esta “Obra… talvez de Arte?!” encontra-se bem longe desses Grandes Centros de divulgação da Arte Moderna! E estará apenas muito brevemente em exposição. Por isso efémera.
Já tenho apresentado no blogue “Mostras de Arte”, resultantes de intervenção humana num contexto natural. As que mostrei resultaram de ações aleatórias. Esta também.
De que terá resultado?! (...)
Uma ação provocatória?! Iconoclasta?!
A roseira será o item que mais se queixará do atrevimento. Uma roseira que nos dá rosas tão lindas, por várias vezes figurando nos blogues, ser assim destratada.
Mas não será também o que muitas vezes acontece com os museus e certas obras que neles são apresentadas?!
Bem, deixemo-nos de especulações…
Onde está exposta?!
Pois, no meu “Quintal de Cima”! (Um dos poisos dos gatos. Hei-de escrever sobre os ditos.)
Saúde, paz e boa disposição. E boas visitas aos museus.