Banca de livros para oferta!
Numa Biblioteca de Almada.
Os 6 livros que deixei na banca, para quem quiser levar:
Boas leituras de Verão!
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Numa Biblioteca de Almada.
Os 6 livros que deixei na banca, para quem quiser levar:
Boas leituras de Verão!
Círculo Nacional D’Arte e Poesia
Dia de Lançamento da Antologia
Episódio “Caricato”…
Dos exemplares das Antologias em que tenho participado, ao longo destes anos, costumo distribui-los, oferecendo-os a pessoas amigas ou familiares, que, à partida, julgo que os irão apreciar. Até ao momento, nunca tive a preocupação de “vender” um exemplar sequer. Guardo um ou dois exemplares para mim, alguns parcialmente autografados, de modo que das Antologias em que participei poucos livros ainda tenho.
Também tenho costumado oferecer às Associações de Poesia a que pertenço, bem como um exemplar em algumas Bibliotecas mais significativas para mim, isto é, aquelas que eu, de algum modo, tenha frequentado ou visitado. Assim tenho distribuído antologias por várias Bibliotecas do Alentejo, de Lisboa e Margem Sul.
Conhecedora desse facto, a Presidente do Círculo entregou-me três exemplares para eu “depositar” em Bibliotecas. O que, neste momento, está feito, em nome da Direção do Círculo Nacional D’arte e Poesia, que foi assim que registei nos livros.
Entreguei um exemplar na Biblioteca José Saramago, no Feijó; outro na Biblioteca do Fórum Romeu Correia, em Almada; e o terceiro exemplar, na Biblioteca Municipal de Portalegre. Quero frisar que as pessoas que receberam, funcionários das Bibliotecas, foram simpatiquíssimas, agradecendo, como é natural. Frisei que os livros seriam para acervo das respetivas Bibliotecas, o que me foi garantido.
E chegando a este ponto, questionar-me-ão: “Mas o que tem tudo isso de caricato?!”
Bem… Embora neste blog, “aquém-tejo.blogs.sapo.pt”, esteja ainda a decorrer a divulgação das poesias apresentadas na Antologia, não quero deixar de narrar o acontecimento, mais ou menos “caricato”, ocorrido no dia do lançamento, 15 de Dezembro, 3ª feira, numa Biblioteca relativamente distante do local onde a Antologia foi lançada, São Sebastião da Pedreira. Mais concretamente acontecido numa Biblioteca dum Concelho limítrofe da Capital.
Tendo na minha posse os exemplares que me foram destinados para distribuir por bibliotecas, três, como já referi, e passando perto de uma, resolvi entrar para entregar um dos mencionados livros.
Expliquei o que pretendia à funcionária, que foi igualmente muito simpática, mas, com algum constrangimento, me explicitou que ficava com o exemplar, mas não tinha a certeza se ele ficaria no acervo da Biblioteca. Que teria que encaminhar para os serviços centrais, que depois decidiriam e que não garantia que o livro pudesse vir a pertencer ao espólio da Biblioteca, que até poderia nem sequer ficar, que até poderia vir a ser dado e, em última instância, até ir para reciclagem… E, mais ou menos enquanto me elucidava sobre esta situação, procurava na escrivaninha qualquer coisa, que posteriormente pude saber o que era. Um documento para eu assinar, conforme entregava o livro, que a Biblioteca recebia, mas precisamente como a funcionária me explicara, não era garantido ficar na Biblioteca e, entre as várias hipóteses de destino, lá estava, no final, a possibilidade de ir para a reciclagem!!!
Contra argumentei que não era isso que pretendia, o objetivo era que ficasse na Biblioteca, para futura consulta e nenhuma das outras hipóteses se coadunava com o propósito de oferecer um exemplar de uma Antologia de Poesia, acabada de ser lançada, de vários Autores que, com tanta estima, divulgam o que escrevem…
A senhora mostrava-se, de facto, muito constrangida, mas frisava que essa era a norma da Biblioteca…
Referi que têm no acervo várias antologias para consulta, que já li algumas, numa das quais até participo.
Esclareceu-me serem obras de pessoas do concelho… Ao que respondi que, nesta provavelmente também haveria pessoas de algum modo ligadas ao Concelho.
E o diálogo centrava-se neste plano, sem saída airosa para o que eu pretendia. Argumentei que não deixava numa Biblioteca um exemplar de um livro a que todos os envolvidos dedicaram tanto carinho, que era oferecido precisamente nesse espírito, para ser lido, estar à disposição de quem por ele se interessasse e que ao deixá-lo, não tinha a garantia de que essa fosse a sua função e cujo destino final, poderia ser a reciclagem! Que é como quem diz, o lixo!
Dá para imaginar?!
Enquanto decorria este diálogo, um jovem aguardava, pois que requisitara uns filmes e precisava que a senhora fizesse o respetivo registo de empréstimo. Simultaneamente assistia à conversa, cada vez mais interessado e quase pronto a participar e, ao mesmo tempo, não tirava os olhos do livro, com uma avidez, um interesse manifesto, como se quisesse, sem exagero, “comer o exemplar” com o olhar. Por vezes, também, olhando para mim, com um ar estupefacto, como se me quisesse mostrar a sua perplexidade, e dizer: “ Já viu o disparate?! Querer você ofertar, com toda a estima e consideração, um livro, a uma biblioteca e, praticamente, não o quererem aceitar?! E até, em última instância, poder até ir para a reciclagem, um livro, novo, recentemente editado?!”
Perante a conversa da funcionária, dá para calcular que, de modo algum, eu me sentia motivado a deixar-lhe o exemplar da Antologia.
E, observando as reações do rapaz, interpelei-o, se ele gostava do livro, se gostava de ler, se iria lê-lo, se gostava de poesia…ao que ele, imediata e espontaneamente, me respondeu que sim, verbalmente; mas também na expressão, facial, fazendo o gesto afirmativo com a cabeça, como corporalmente, através do gesto de receber essa dádiva, esse presente, explicitamente, para o próprio, de grande valor.
E então, caro/a leitor/a, qual acha que foi o meu procedimento?
Terei deixado o livro na Biblioteca onde era suposto ele ficar ou tê-lo-ei oferecido ao moço?
Como procederia o caro/a leitor/a?
(… …)
Ainda, num breve diálogo subsequente, fiquei a saber que o rapaz também gosta de escrever… poesia. Ficou de deixar alguns textos seus na referida Biblioteca, para eu ler e apreciar.
Não mais conseguir voltar ao local. O que farei, logo que puder, e confirmarei com a senhora bibliotecária se ficou algum “rasto” desta conversa e desta situação “caricata”.
E tenho dito sobre esta ocorrência, mais ou menos “sui generis”, um tanto ou quanto burlesca, até com alguma graça.
Quando e se tiver mais alguma informação tentarei dar conhecimento.
Na ilustração desta “crónica” apresento fotos das três Bibliotecas onde deixei exemplares das antologias: Biblioteca José Saramago, Biblioteca do Forum Romeu Correia e Biblioteca Municipal de Portalegre.
Quando puder, visite qualquer uma destas Bibliotecas, que são interessantíssimas, sob todos os aspetos, e organizam, regularmente, eventos variados e igualmente muitíssimo interessantes! Sobre alguns já aqui tenho feito algumas referências e publicado posts.
SESSÃO de CANTE
C.I.R.L. – Clube de Instrução e Recreio do Laranjeiro
Sábado, 15/11/14
Não sei responder, pois ignoro o que se passa noutras regiões, nomeadamente no Alentejo do Sul onde certamente existirão regularmente sessões de cante, pois há muitos grupos nessa região.
Havendo ou não noutros lugares certo é que, em Almada, frequentemente acontecem eventos desta natureza com a participação de vários grupos de outras zonas. E foi também aqui, mais precisamente na Biblioteca José Saramago, que pela primeira vez ouvi, com ouvidos de ouvir, um grupo no seu exercício e arte de cantar, o “Grupo Coral Etnográfico Amigos do Alentejo do Feijó”. Grupo a que, aliás, se deve a organização de vários destes acontecimentos artísticos.
Este Grupo, como o próprio nome indica, tem também a preocupação de evocar, através dos trajes, algumas das profissões em voga no Alentejo até aos anos sessenta, quiçá setenta, algumas ainda terão persistido. Feitor, almocreve, pastor, moço de fretes… são mais de uma dezena, as profissões evocadas através dos trajes.
Numa altura em que está em execução a proposta de candidatura do Cante a Património Cultural Imaterial da Humanidade, pela UNESCO, cuja decisão se espera no final deste mês, o Cante ganha cada vez mais foros de Cultura e Cidadania Nacionais, merecendo inclusive direito a ser tema de estudo na Universidade, como comprovado por alunas do Curso de Antropologia da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, da Universidade Nova de Lisboa que neste dia se encontravam, in loco, a realizar uma investigação sobre o assunto, através do Grupo Coral mencionado.
Fui a esta sessão para ouvir os vários Grupos, com especial curiosidade para com os grupos femininos, pois nunca ouvira senhoras a cantar e atuar neste contexto do Cante.
Após os entremezes habituais, apresentações das entidades organizadoras, oficiais e participantes, os discursos da praxe, iniciou a sessão o “Grupo Coral Alentejano Recordar a Mocidade”, grupo anfitrião e organizador, que atua e canta há dezasseis anos. As senhoras, de fato completo, saia e colete, azul-escuro, camisa amarela e laço.
De braço dado, ondulando em evocação das searas e conforme manda a tradição, cantaram modas tradicionais: “vai correr a silva…”, “O Alentejo canta”, “Ceifeira linda ceifeira”…
Seguidamente interveio Dr. Teixeira, pessoa envolvida na questão da Candidatura do Cante, que, entre outros aspetos relevantes, frisou a importância dos Grupos para a persistência do Cante, para a sua não extinção, para a sua capacidade de resistência ao desinteresse pelo assunto, que houve até mais ou menos há quinze/vinte anos. E que foi essa resistência que permitiu que o Cante se mantivesse vivo e não se tenha extinguido.
Realçou o papel das coletividades onde normalmente estão sediados, bem como das entidades e autarquias que os apoiam.
E acentuou, algo que concordo absolutamente, isto é, a necessidade de transmissão às novas gerações, ação que tem que ser prioritária, nomeadamente ensinando-o nas Escolas.
Tomaria a liberdade de acrescentar, apesar de leigo no assunto, que também é preciso renovar no conteúdo e também na forma. Mantendo embora a ligação ao tradicional, ensaiar modas novas e apresentar-se com sinais de atualidade. Algo que me encantou no Grupo de jovens que atuou no dia 4/10/14, no Clube Recreativo do Feijó, “Os Bubedanas”, que mantendo o modelo tradicional, como matriz de referência, na estrutura, na forma, no conteúdo, no espírito e na sua essência, agem de forma moderna e atual, tanto nas modas como nos figurinos. Desde grupo só acho que pecam pelo nome que, à priori, nos remete para estereótipos que não têm nada a ver com a qualidade que ostentam. Mas essa é outra estória.
Em seguida, atuou o “Grupo Feminino e Etnográfico As Margaridas”, de Peroguarda, Ferreira do Alentejo, trajadas com fatos à moda antiga, de trabalhadoras das lides no campo. Dez senhoras, queixando-se a ensaiadora de que são cada vez menos. Cantaram modas tradicionais: “Não quero que vás à monda”, “Os lírios são lírios”, “Oh, vizinha dê lá lume” e “É tão grande o Alentejo”.
O terceiro grupo a atuar foi o “Grupo Coral Amigos do Independente”, de Setúbal. O ensaiador e apresentador do Grupo teve sempre o cuidado de, antes de cada moda, referir os respetivos solistas: o “ponto” e o “alto”. Frisou o conceito de “Catedral do Cante”, reportando-se ao local em que e quando Grupos de Cante estão a atuar.
E fez muito bem pois algo aborrecido em praticamente toda esta sessão de Cante foi o barulho que persistiu em quase todo o evento…
Cantaram, sem microfone, “Ceifeiros do Alentejo”, “Ao romper da bela aurora”, “Na planície alentejana” e “Alentejo é nossa terra”.
O quarto grupo a atuar foram “As Madrugadeiras de Alvito”, cujo nome evoca a moda “Ao romper da madrugada”. O ensaiador é o senhor Manuel Cansado, sendo o porta-estandarte também um senhor. Estão integradas no Grupo Cultural de Alvito, pois como já foi referido são as sedes destes grupos culturais ou recreativos que permitem manter a logística dos Grupos de Cante. Também atuam de braço dado e no tradicional movimento ondulatório, evocativo do vento ondulando as searas. Fizeram sete anos.
Cantaram: “Já lá vem o romper da aurora”, “Alentejo és lindo”, uma terceira moda dedicada a Alvito e “No Alentejo ganho o pão”.
Alguns gestos são também marcantes e identitários da cultura do Cante: no final, as senhoras agitam lenços e os homens tiram o chapéu, sinais de estima, consideração e respeito, como era tradição no ALENTEJO!
O quinto e último grupo foi o “Grupo Coral Etnográfico Amigos do Alentejo do Feijó”, que apresenta os trajares tradicionais, identificativos de profissões de uma certa época da vida alentejana. Também atuam segundo o padrão tradicional e sempre, antes de cada moda, o apresentador identificou o “ponto” e o “alto”.
Cantaram, também sem microfone, as seguintes modas: “Quando eu fui ao jardim”, “Ai que noite tão serena”, “O grande lago”, moda criada por um elemento do Grupo e encerraram com “chave de ouro”, com a moda “Há lobos sem ser na serra”!
Haverá melhor metáfora para o que o Cante sempre representou no “Alentejo profundo”?!
Quero dar os meus sinceros Parabéns a todos os Grupos participantes, sem exceção, a todos os elementos dos grupos, a todas as pessoas envolvidas para que estes acontecimentos possam ocorrer. Muito trabalho, muita dedicação, muito amor, muitos aborrecimentos também, por vezes, para que se possam operacionalizar estes eventos, que merecem toda a nossa consideração.
Nesta tarde, a sala, objetivamente, nunca encheu e praticamente só “aqueceu” no final, só aí se pressentiu o calor humano sempre tão presente nas sessões de CANTE e que as tornam tão mágicas e extraordinárias.
Lamentavelmente, houve sempre barulho, algumas pessoas a falarem, outras a mandarem calar e outros barulhos de desatenção e desconsideração. Como foi referido, é fundamental “uma plateia que respeite o cante, o silêncio de quem ouve”!
Ao assistir-se a uma Sessão de Cante é preciso, antes de tudo o mais, qualquer pessoa ter a consciência de que os protagonistas são os cantores e que há que saber ouvir, escutar com os ouvidos, mas também com o coração. Que quem vai cantar são pessoas que desenvolvem esta atividade como Amadores, no sentido de que amam o que estão a fazer, que não recebem qualquer cachet, que fazem muitos sacrifícios, muitos deslocando-se de longe para ali estarem, que há muito trabalho realizado antes e depois do evento, que passa despercebido. Que há muita “carolice” em toda a execução de um evento destes! E que é preciso respeitar o trabalho de quem está ali, como deve ser feito em qualquer espetáculo a que se vá assistir, ou então não se vai. Paradoxalmente, observei que, por vezes, são elementos de outros grupos que não se aquietam antes ou depois das respetivas atuações, talvez por nervosismo ou inquietação, não sei…
Interessante nestes eventos é sempre a “troca de galhardetes”, as prendas oferecidas entre os grupos e neste caso, ou não estivéssemos entre alentejanos, houve as suas cenas com piada e o humor que nos é próprio!
Termino, parafraseando, mais uma vez, o senhor Afonso, como encerramento da sessão: “as melhores prendas são a Amizade, a Colaboração, o Préstimo…”
E que a CANDIDATURA seja aceite!
P. S. - Digamos que estes foram alguns apontamentos de quem assistiu ao espetáculo com atenção, com interesse e “devoção”, mas que está numa fase de iniciação ao conhecimento do CANTE! Por isso e provavelmente haverão falhas na perceção do que foi observado e aqui escrito e descrito!
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