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Aquém Tejo

Há quem do Tejo só veja o além porque é distância. Mas quem de Além Tejo almeja um sabor, uma fragrância, estando aquém ou além verseja, do Alentejo a substância.

Há quem do Tejo só veja o além porque é distância. Mas quem de Além Tejo almeja um sabor, uma fragrância, estando aquém ou além verseja, do Alentejo a substância.

Reflexões sobre Template... before "Mad Men"

Vou voltar a escrever sobre a série “Mad Men”.

 

in g1.globo.com

 

Ah, mas antes de tudo o mais, constatar o óbvio. Mudei a imagem do blogue, há pouquíssimo tempo. Um pouco na brincadeira experimentei este template, após ter visualizado vários. Mas, sinceramente, nem me apercebi logo que essa marca ficava estabelecida. De qualquer modo o blogue já fez um ano e achava que deveria fazer alguma reestruturação, que pensei ser bem mais complicada.

O que acham deste novo visual?!

 

Não sei se será definitivo, porque pretendo estruturá-lo de acordo com os subtemas que vou abordando. E que nessa estrutura esses subtemas fiquem realçados num espaço lateral, como, neste template, estão consignados os vários posts colocados cronologicamente. Só que ainda não tive oportunidade de escolher um modelo em que essa informação possa ficar consignada e acessível. Nem sei muito bem como executá-la.

Quem tenha dado uma vista de olhos ao blogue ou me tenha acompanhado desde o início, notará que embora havendo um fio condutor nas temáticas elas vão variando nalguns campos fundamentais, numas fases dando realce a alguns temas específicos, para posteriormente me dedicar mais a outros.

 

Por ex., iniciei com uma crónica sobre um ato cultural e, nesse âmbito, periodicamente tenho voltado a essa temática e modelo de escrita:Crónicas

 

Um dos objetivos da criação deste blogue fora a divulgação da Poesia que tenho escrito e publicado em suporte de papel, que numa fase desenvolvi bastante, mas que ultimamente tem estado um pouco parada. De qualquer maneira este é um dos temas deste espaço comunicacional: Poesia.

A divulgação de eventos ou associações/organizações ligadas à Poesia e à Cultura é também um dos eixos deste veículo de comunicação. Mas aqui surgem algumas dificuldades de enquadramento: na Poesia ou nas Crónicas?! Colóquio!

 

Outra temática são as estórias. As prosas… Umas serão contos, outras fábulas, algumas efabulações, quiçá delírios imaginativos. Integrá-las-ei como?! Como as designarei?

Estórias, sem dúvida. “Estórias do Arco-da-Velha”?! Não! Preferirei nomeá-las de “Estórias do Arco da Dona Augusta”, por analogia com o conceito tradicional de “arco-da-velha”, mas reportando também para o “Arco da Rua Augusta”, por toda a simbologia inerente e porque nalgumas estórias há referência a esses espaços. Fica a “Dona” que se reporta à “Velha”.

 

Depois estão os posts comemorativos ou evocativos de alguma situação, acontecimento ou ocorrência significativa e significante para mim ou para quem para mim tem significado! E como nomear este tema? Alguns enquadrar-se-ão noutros espaços. Na Poesia vários. Mas nem sempre conseguirei inclui-los facilmente.

 

Também existem os temas respeitantes a Localidades, ou Espaços Geográficos… Aqui!

 

Também haverá artigos de opinião?

 

E sobre o Futebol?

 

Terei que encontrar títulos sugestivos.

 

Por ex., escrever sobre séries foi tema que nunca me passou pela cabeça vir a realizar, quando projetei e iniciei “Aquém – Tejo”.

Nem eu me dedicava muito especialmente à visualização de séries, até porque não tinha tempo.

Embora tivesse visto “Mad Men”, segui algumas temporadas e alguns episódios, quando pude. Mas, quando era mais jovem, via muito mais, mas eram séries semanais. Algumas bem antigas, da infância e início da adolescência.

Lembram-se do “Rim Tim Tim”? Da “Lassie”? Do “Bonanza”? Do “Chaparral”? Do “Zorro”? De “Dallas”, de que até nem gostava muito. E de “Star Trek”? (…)   (…) ? ?

Propositadamente só falo das mais antigas. E todas norte-americanas. Mas também vi britânicas.

Desde 2014, tendo mais tempo disponível, comecei a ver séries da RTP2 e digamos que me agarrei com “Borgen”. Que é mesmo o tipo de seriado que mais aprecio.

Escrevi um post global e vi que agradou, ao ponto de ter sido plagiado.

Depois continuei a ver as novas séries europeias e embora não tenha escrito nada específico, episódio a episódio, os assuntos nelas abordados eram totalmente do meu agrado.

Com “Crime e Castigo” foi um campo temático que adorei, escrevi regularmente, diverti-me escrevendo e também constatei um agrado crescente nas visualizações.

Com “Hospital Real” foi o máximo, até agora. Deve ter sido uma série de que os espetadores gostaram muito, e eu também, o que se refletia nas visualizações. E sobre que adorei escrever.

Portanto o subtema “Séries”, também terá que existir, embora não tivesse sido planeado de início…

 

E ainda ficam assuntos para abordar…Aqui!

 

E é esta tarefa que pretendo executar.

Enquadrar os vários posts nestes subtemas e noutros que me venham a surgir. Sabendo antecipadamente que alguns posts poderão ser enquadráveis simultaneamente em vários destes espaços e outros não saberei de todo onde colocá-los.

 

Bem, deixo estas reflexões estruturais sobre o blogue, na sequência da alteração do template.

 

Que espero apreciem! E Obrigado pelas leituras.

 

Que ainda quero escrever sobre os “Homens Loucos”!  Mad Men

 

 

P. S. - Depois de todo este texto escrito e já em pré publicação, chamam-me a atenção que falta a foto sugestiva do Rio Tejo, visto da Ponte 25 de Abril e visualizando as duas margens e a foz do Rio. Uma perda irreparável! Que eu nem reparara...

De modo que não sei até quando irá ficar este modelo de template!

 

 

Mad Men – Homens Loucos?!

Mad Men – Os Homens de Madison (Avenue)

Série Americana na RTP 2

 7ª Temporada

 

Volto à escrita no blogue, após uma semana de ausência.

 

E voltamos ao local do crime ou ao lugar em que fomos felizes, isto é, retornamos à temática das séries.

 

mad men en. wikipedia.org..jpg

 

A RTP2 também retornou à série já apresentada em temporadas anteriores. “Mad Men”, agora na sétima, anunciada e prevista como última temporada. 7ª Temporada iniciada na pretérita 2ª feira, dia 19, no horário habitual, após as 22 horas.

 

Depois de, durante cerca de um ano, ter vindo a exibir projetos europeus, de televisões e países pouco divulgados, a RTP2 volta ao filão inesgotável das séries americanas, tanto qualitativa como quantitativamente. Neste caso compreende-se perfeitamente, concluir as temporadas desta aclamada e premiada série americana sobre o mundo da publicidade, atividade económica emergente nos anos sessenta do século XX.

 

Vi algumas das temporadas anteriores, mas agora esta recente não tenho tido sempre oportunidade de ver e também não me tem motivado excecionalmente!

 

Esperemos que a televisão pública não esqueça as séries da Europa, especialmente as continentais, porque das britânicas, sempre fomos vendo várias, mercê desse domínio do áudio visual exercido pela cultura de matriz anglo-saxónica, em crescendo desde os anos sessenta, tempo em que precisamente decorre a ação do seriado referido.

 

Das apresentadas, as espanholas deixaram-nos de água na boca, fosse “El Princípe” e muito especialmente "Hospital Real”. Tivesse a “Television de Galícia” as condições das TVs americanas e como as temáticas de “Hospital Real” poderiam ser desenvolvidas, prolongando o tempo da narrativa para além de 1793. Foram tempos tão ricos e tão trágicos os que se seguiram em Espanha, bem como em Portugal e por toda a Europa…

E “El Princípe” situado no momento atual, com todas as problemáticas abordadas. E ficou tudo em aberto para outras temporadas…

 

E as séries francesas e a nossa querida capitã Laure Berthaud, de “Les Engrenages”, intitulada em português como “Crime e Castigo”! E de que ficou também tudo por concluir.

 

As condições europeias são muito diferentes das americanas, antes de tudo o mais, o mercado potencial de venda dos conteúdos. Para qualquer investimento, na ordem dos muitos milhões, é suposto prever-se um retorno financeiro com as vendas efetuadas. Que para estas séries referidas, em princípio existirá, porque conquistaram muitos mercados internacionais, mas têm sempre muito mais dificuldade, porque as multinacionais americanas têm toda uma rede estruturada com mais de meio século, envolvendo todos os setores e serviços a montante e jusante no escoamento do que produzem. Muitos produtos de muita qualidade, mas também muita coisa sem valor. E têm, à partida, todo o mercado mundial à disposição. Para isso contribuíram os “Madison Men”.

 

E voltamos a “Mad Men”, que aborda precisamente o mundo dos homens que em Madison Avenue, Nova York, se empenhavam e iniciavam na venda desse “sonho americano”, “american dream”, primeiramente nos Estados Unidos da América. E alicerçavam as bases para a exportação para o Mundo global.

 

Perante esta série, desde o início me intrigou o título.

Men, sabia o significado, Homens. Mas Mad?! Claro, fui aos dicionários, em suporte de papel. E mad, o que significa?! Qual o significado que encontrei? Pois, precisamente, louco, doido.

Mas então o título seria “Homens Loucos”?! Não fazia muito sentido, embora não pudesse ser totalmente desprovido de racionalidade.

 

Bem, mas agora temos a net e num site que cito (1) encontrei uma significação, mais ajustada à realidade.

Mad representa a abreviatura de Madison, de “Madison Avenue”, a Avenida onde a firma de publicidade “Sterling Cooper” estava sediada na cidade nova-iorquina.

E assim já fazia mais lógica: Mad MenOs Homens de Madison (Avenue).

 

E aí se poderia eventualmente basear, assentar, uma das funções didáticas e educativas do serviço público de televisão.

Neste caso, manter o título original da série, que é por demais elucidativo, sintético, global e globalizante, mas acrescentar um subtítulo em português. E até remeteriam, por analogia, para outro filme conhecido… Como fizeram na titulação de outras séries, nomeadamente nalgumas europeias.

 

E assim não teria andado tanto tempo às voltas sobre o significado do título.

 

Também me poderão questionar. Mas porque não foi logo à net?!

Bem, porque eu sou de outro tempo…

Em que se aprendia a escrever numa ardósia e se escrevia com caneta de aparo a molhar no tinteiro… e a fazer borrão!

A tecnologia atual e os meios agora disponíveis não surgiram ainda há muito tempo, bem pelo contrário, são recentíssimas, mas já tudo parece que aconteceu há uma enorme eternidade. Tal o salto evolutivo que testemunham.

Mas eu ainda não me habituei totalmente a estas modernidades!

 

E, por agora, ficamos por aqui!

 

 

(1) In: http://www.sabado.pt/cultura_gps.html

"Hospital Real" - Episódio 7

 

Série da RTP2

3ª Feira – 8 de Setembro

 

org.wikipedia.pt.jpg

 

E o “assalto” ao Hospital Real já se equaciona às claras, não se subentende apenas...

 

O Alcaide e os seus apaniguados, reunidos no Clube só para homens, congeminam o ataque e definem estratégias e objetivos. Tomar conta do Hospital em duas frentes.

Economicamente, através de um fornecedor de víveres, que seja da sua confiança, alguém comandado por eles e que certamente já terão escolhido. Daí o assassinato do marido de Dona Irene, e das agressões e ameaças que lhe têm sido movidas, de modo a afastá-la dessa função.

Política e administrativamente, controlarem o Conselho do Hospital através da colocação de um elemento do grupo conspirador nesse mesmo órgão de decisão da Instituição. Presumo que o Alcaide, por inerência das funções exercidas na Cidade, já faça parte desse mesmo órgão decisor.

 

Paralelamente, os elementos do Clero também planeiam, verbalizam e expõem esse mesmo objetivo. Colocar o reverendo Somoza, inquisidor, nesse mesmo Conselho, no lugar vago deixado pelo fidalgo, entretanto assassinado, pelas mesmas razões de controlo da mina de dinheiro que é o Hospital.

 

Posta a situação neste ponto, com dois candidatos, a votação para a respetiva seleção estaria empatada, segundo as contas do Inquisidor, sendo que teria que ser o Administrador do Hospital a ter o voto de desempate. Será caso para dizer que “venha o diabo e escolha!”

 

O Administrador carregando nos ombros e no rosto todo o peso e fardo institucional, segundo disse a própria comerciante, vive atormentado, não só pela gestão e administração normais em qualquer instituição, mas pelos imbróglios que nela surgiram.

Primeiro, os assassinatos em série, todos relacionados com o Hospital; as mortes por envenenamento casual de funcionários e quase envenenamento dos doentes; a descoberta de um desfalque, aparentemente realizado pelo fidalgo; o roubo do livro da contabilidade, de que este era responsável.

Para além do peso e preocupação sempre presente na filha, portadora de uma doença psíquica, para que não encontram tratamento.

E, descobriu-se no final, que afinal a esposa não está morta, mas antes vive resguardada ou enclausurada, por ser portadora também de uma doença mental, que, à época, era um anátema que estigmatizava quem quer que dela fosse portador, bem como toda a família. Daí serem estas pessoas escondidas, isoladas do convívio social, quando os familiares tinham condições económicas para tal.

O facto de a mulher ainda ser viva faz-nos agora perceber a sua recusa e hesitação em aceitar outras mulheres, situação que até a “enfermeira entontada”, amada do boticário, uma vez se lhe referiu designando-o como “trouxa”.

 

E o nosso “Dragão”, de Komodo, lhe chamaria eu, sempre fareja o que de podre existe, a carniça morta. Está empenhada em descobrir o que o administrador esconde. O que nós já sabemos e que acabámos de revelar. A respetiva esposa ainda é viva!

Nesta sua obsessão em torturar e aproveitar-se sempre dos mais fracos e desvalidos, Irmã Úrsula, sempre à frente dos acontecimentos, com o vestido de noiva de Clara, que era o da sua própria mãe, encenou uma visita desta, supostamente morta, para que, Clara, a noiva prometida, imaginasse que seria a própria mãe que a teria vindo visitar de além-túmulo, deixando-lhe o nome, Clara, escrito a sangue na parede!

Cena macabra, que a todos deixou estarrecidos, mas que ela soube muito bem controlar, sempre impávida, serena, seráfica, santa, auto beatificada já em vida.

 

Mas sempre a organizar enredos e tramas.

Tendo sido interpelada pelo facto de ter supostamente descuidado as chaves do gabinete e armário do Administrador, o que foi um facto, ela, conhecedora dos meandros em que se movimenta nos corredores do Hospital, e das personagens com que se cruza, depressa deduziu que quem lhe terá roubado as chaves, assaltado o armário e levado o livro vermelho, só poderá ter sido Duarte.

E foi este interpelado nesse sentido.

“Tu não vales nada. Ninguém sabe que existes e se desapareceres também ninguém dará pela tua falta.” E lembrou-lhe a sua condição de exposto, marcado a ferro e de que fora ela que lhe valera, quando ele vagueava sem rumo pela Cidade. “Sei que foste tu que roubaste o livro, não sei ainda porquê… Que tu és mudo, mas não és parvo. O que te vale é o teu silêncio!” Terão sido sensivelmente deste teor as palavras proferidas pela enfermeira mor, para Duarte, moço de fretes e assassino.

 

E assim este rapaz, que serviu para tudo o que lhes convinha, agora vai-se tornando um estorvo, um empecilho a eliminar.

O Alcaide também já o informou diretamente desse propósito.

E, pelo que vislumbrámos do episódio que será transmitido hoje, atuou!

 

Aguardemos pelo que irá suceder.

 

E o destino do dinheiro roubado, melhor dizendo, desviado, pelo fidalgo, Senhor de Rastavales, para onde foi destinado?!

Esta pergunta também formula a equipa de investigação, agora formada pelos dois médicos e pelo administrador. A iniciante de enfermeira já não pertence a esta equipa, muita coisa mudou no enredo, para além dos handicaps que lhe são inerentes: ser mulher, jovem, aprendiz, de profissão subalterna, como o próprio amado, Dom Daniel, lhe fez ver!

 

E outros personagens e muitas outras questões ficam em aberto…

 

E Dona Irene?!

 

E Dona Elvira de Santamaria?

 

E Dom Cristobal, o boticário?

 

E o Capitão Ulloa?!

 

E os enredos romanescos?

E o par romântico e protagonistas da série?!

 ...   ... ...

protagonistas in. mag.sapo.pt.jpg

Mas caríssimo leitor/leitora, que teve a amabilidade e paciência de chegar até aqui, situação por que lhe estou eternamente grato, se eu fosse a rever tudo seria o guionista da série, não acha? E também não quero privar-lhe o prazer de congeminar as suas próprias análises e conclusões…

Pois, visualizemos o episódio oito, que ocorrerá dentro de poucas horas.

 

P.S. – Será que esta série terá sido baseada nalgum livro já existente?

 

 

 

Uma estória de escola de antigamente...

Nota Introdutória:

escola livros 4ª classe.jpg

Neste post nº 170, volto aos contos, ou estórias, como gosto de lhes chamar...

Estórias do arco-da-velha, assim eram nomeadas. Gostaria de as designar, agora, como "Estórias do Arco da Dona Augusta", parafraseando uma série de situações...

Esta é uma "estória" sobre aspetos de como era a Escola, antigamente.

Não há aqui qualquer saudosismo, nem qualquer constrangimento sobre essa "Escola de Outros Tempos".

São apenas vagas lembranças desses mesmos tempos.

Ocorreu-me divulgar este texto, também já escrito há alguns anos, hei-de ver quando, e que também ainda não fora publicado, inédito, portanto! 

Trazê-lo a lume, agora, que em breve irá começar novo ano letivo. Neste dia sete, de  Setembro, que na época era também a sete, mas de Outubro, que o ano letivo se iniciava. E, digamos, sem quaisquer artificialismos, chegava muito bem!

E tenho dito neste intróito. Faça favor de ler a estória e espero que goste.

 

 

Uma questão de orelhas

 

O Zé entrou na escola primária na década de sessenta, a sete de Outubro, data fixa da altura.

No primeiro dia de aulas a mãe foi levá-lo e, ao despedir-se, disse à professora:

- Senhora Professora, dele só quero uma orelha no final do ano!

 

Esta expressão fez-lhe muita confusão e ficou a matutar nela.

No dia anterior fora o pai que lhe dissera, à noite, após o jantar:

- Amanhã vais para a Escola. Olha que não quero aqui orelhas de burro em casa!

Para burros, aqui na rua, basta o burro do Mestre Paulo.

O dito burro conhecia ele. Toda a gente conhecia. Era tema do anedotário local.

Mas orelhas de burro?! Já ouvira contar, mas não sabia bem o que era.

Quanto a ficar só com uma orelha no final do ano, não se conformaria com tal.

Também nunca percebera muito bem o que isso significava: se, no final do ano, voltaria para casa só com uma orelha, mas mantendo tudo o resto, ou se dele restaria, no final do ano, apenas uma orelha, ficando o restante na escola.

 

Não tardou muito até saber o significado dessas expressões.

Mal começava a escola, também se iniciavam os famigerados trabalhos de casa.

No dia seguinte a serem marcados, logo no início da aula, a professora pedia os trabalhos de casa e todos colocavam os cadernos em cima da carteira.

A professora foi chamando os alunos um a um...

Após observar as contas, dar uma vista de olhos à cópia, punha um visto, guardando os cadernos, para ler as cópias mais tarde. Também prestava atenção ao asseio dos cadernos, alguns tão cheios de nódoas, de quem fazia os deveres na mesma mesa onde comia e enquanto comia... Também reparava para a limpeza da roupa.

 

Chegou a vez do Oliveira, da 2ª classe, mas já um corpanzil. Corpo grande alma de pau, dizia a avó.  Anda cá, Oliveira! Oliveeera! Gritava-lhe, quando ia para o campo da bola, um naco de pão, surripiado sem que a avó o visse escapulir para a brincadeira...

O Oliveira pegou no caderno, com aquela cara meio apalermada, sempre meio ausente das realidades... Andas sempre com a cabeça na bola! Parecia ouvir a avó.

Ao mostrar o caderno amarrotado, a professora torceu logo o nariz.

Então isto é caderno que se apresente?! E os trabalhos?

O Oliveira tentou abrir a boca, deglutiu a voz, fez-se vermelho e embatucou!...

No caderno estava iniciada uma cópia que não fora terminada, porque teve que ir marcar um golo na equipa do Saco, o bairro a que pertencia, contra a equipa do Terreiro, o outro bairro em que se dividia a aldeia: Terreiro – Saco, os dois rivais locais.

E os trabalhos?! Gritou a professora, atordoando os ouvidos do Oliveira...

Das contas apresentava apenas uma salganhada sem nexo, porque para a aritmética é que ele não dava mesmo nada e a tabuada ficara enredada nos passes mágicos dos adversários e nos gritos de gooollooo!!... do Sporting, que o Artur Agostinho ecoava na Emissora Nacional, aos domingos à tarde.

artur agostinho.jpg

O grito da professora chamou-o à realidade. Oliveira!!! O-li-vei-ra!... Sílabas e letras bem pronunciadas e sublinhadas. Queres ficar novamente de burro?! Ficas de castigo no intervalo, a fazer os trabalhos e agora vou mostrar-vos o que é ficar só com uma orelha!

 

Enfim, o Zé iria saber o que era isso. Ainda bem que não era a sua orelha!

A professora mandou o Oliveira sentar-se, começando a puxar-lhe uma das orelhas, sem deixar que ele se levantasse, pois com o braço esquerdo segurava-o na carteira, enquanto com a mão direita lhe puxava a respectiva orelha, que esticava, esticava... Era agora que ele ficava sem uma orelha, pensava o Zé e lá se cumpria a profecia da mãe, se calhar de todas as mães. Dele, só quero uma orelha no final!

Ainda bem que era o Oliveira, também a oliveira tem tantos ramos e folhas que, mais ramo menos folha, tanto faz. Ficava o Oliveira sem orelha e a oliveira sem folha.

Mas a professora acalmou e a orelha do Oliveira ficou a ganhar e, por enquanto ainda, no respectivo lugar, apesar de muito vermelha, cheio de dores o miúdo.

 

Quanto à segunda expressão orelhas de burro, só mais tarde, já próximo ao final do ano, haveria de saber o seu significado.

O Joaquim da Corneta andava na 4ª classe, sendo o mais velho da escola. Já repetira vários anos. Tinha este anexim, já de família, todos os irmãos o herdaram do pai, o ti Xico da Corneta, sendo que esta alcunha era quase um sobrenome.

À medida que se aproximavam os exames da quarta classe havia revisões de preparação, testando com provas escritas e orais os conhecimentos de cada um.

Quando chegou a vez do Joaquim a professora foi desesperando gradualmente.

Na leitura e interpretação do texto trocou alhos com bugalhos, nos problemas de Aritmética e Geometria derrapou ao comprimento e largura, estatelou-se na prova dos noves, porque já era velho, na História e Geografia trocou rios com serras, astros e linhas de caminho-de-ferro. Foi um desastre. O comboio descarrilou de vez.

Pensar em bater-lhe a professora pensou, mas achou que não valia a pena, não só por ser mais velho, como para tanta asneira não havia porrada que chegasse. Mas tinha que castigar, para dar o exemplo, para haver respeito. Vai daí usou a estratégia mais radical.

Enfiou-lhe na cabeça as ditas orelhas de burro, um círculo com duas grandes orelhas do dito animal e mandou-o colocar à janela, com a cabeça de fora, estando assim exposto todo o dia, sujeito aos ditos e dichotes dos passantes, que teciam comentários, uns divertidos, outros humilhantes ou toleirões, conforme quem lhos atirava à cara.

 

 

 Notas Finais.

Imagem de livros antigos da Escola, in: ciberjornal.wordpress.com.

Do saudoso Artur Agostinho in: restos decolecçao.blogspot.com e tesouroverde.blogspot.com.

Sobre "Orelhas de burro", busquem aqui e encontrarão imagens engraçadíssimas! 

(Posteriormente foi publicado em: Boletim Cultural do C. N. A. P.  Nº 125 - Ano XXVII - Nov. 2016.)

RTP2 - A Queda do Reich - Episódio 2

Setenta anos da II Guerra Mundial e a Crise atual dos Refugiados!

 

Passou ontem o 2º episódio da mini série “Rendição – A Queda do Reich”. 

Supostamente este documentário será para lembrar, para não esquecer, os efeitos devastadores da II Grande Guerra!

Que a memória dos homens é curta! A dos políticos nem se fala. Aliás, a facilidade com que alguns dos nossos mudam de opinião, preocupa-nos que sofram de amnésia.

 

Pois apesar de terem passado setenta anos do final da Guerra, talvez por isso mesmo, setenta anos são setenta anos, os políticos europeus demoraram tanto tempo a estenderem a mão aos refugiados que vêm, há anos, aportando às costas europeias...

Finalmente, e com muitas resistências, parecem fazer um grande favor... Não!

É uma obrigação moral da Humanidade ajudar parte dessa Humanidade que precisa.

 

E quando digo Europa, é Europa toda. Não apenas a U.E. A Rússia é também parte do problema "a montante", deverá também fazer parte da solução " a jusante".

Evidentemente, poderão questionar-me, “mas quem quererá ir para a Rússia e arriscar-se a ser deportado para a Sibéria ou ser recambiado para o seu país de origem, em guerra? Infelizmente não deixará de ser, hipoteticamente, verdadeira esta questão…

Mas todos os Países deverão ajudar.

Se não em termos de receber pessoas, sim porque são Pessoas, seres vivos que sofrem horrores… Se não desse modo, que seja em ajuda material ou outra.

Vaticano, riquíssimo!

Arábia Saudita e Países do Golfo Arábico, também riquíssimos, gastando biliões em megalomanias… Além de serem próximos, sob aspetos geográficos e culturais. Poderá levantar-se dúvida idêntica à reportada à Rússia, claro! Tal como o Irão… Iriam estes refugiados para lá?!

Além do mais, alguns destes países são também parte do problema, a montante. Os negócios do petróleo… Das armas… As multinacionais financeiras que tudo controlam…

Os E.U.A. também, que também são parte do problema “a montante”…

Os outros Países das Américas, Américas que já foram porto de abrigo e salvação para milhões de europeus ao longo de cinco séculos, nomeadamente no contexto das duas Grandes Guerras.

E a Austrália?! País rico, fracamente povoado, porquê negar-se a receber refugiados?! Não foi esse continente povoado com presos degredados do Reino Unido? Os autóctones terão sido auscultados?! Provavelmente via facebook e através dos likes. Ou chamadas SMS, de valor acrescentado. Talvez…

A China e a Índia, excessivamente povoadas, é certo; com desníveis de riqueza abissais entre diversos estratos populacionais, também; a China com uma estrutura política ditatorial, também… mas não terão nada a dizer?!

A China com excesso de liquidez, dado ser o Grande Fornecedor de mercadorias do Mundo Ocidental, não terá um papel importantíssimo a desempenhar neste âmbito?!

E o Japão e países ricos do Extremo Oriente?!

E Israel, que também é parte do problema "a montante", não terá também uma palavra a dizer "a jusante"?!

 De que precisam os povos de Abraão?

 

E estes são alguns dos Países, que me ocorrem, de momento, que têm obrigação moral de ajudar os refugiados!

Até porque, alguns destes países também são parte do problema, “a montante”. Isto é, estão na origem do problema destes refugiados, pois que estão na base das guerras travadas nos respetivos Países de Origem.

 

E as Empresas Multinacionais que tudo controlam em rede?!

As petrolíferas, as financeiras, as produtoras de armas e todas as que de forma legal ou ilegal mandam no mundo em que vivemos, não têm um papel a desempenhar na solução, “a jusante”, dado que têm um desempenho notável “a montante” do problema?!

Têm, também essa obrigação moral!

Este é, de facto um problema a nível mundial!

Vivemos num mundo global. Procura de soluções também à escala global!

 

Mas e provavelmente, quem vão ser os principais auxiliadores vão ser “Países Pequenos” e “Pequenas Instituições”!

 

Mas é "a montante" que o problema também tem que ser resolvido. 

E, aí, também todos estes agentes têm uma palavra a dizer, um papel a desempenhar!

 

E tudo este “arrazoado de conversa”, na sequência de um documentário?!

Não! Já vinha delineando, mentalmente, a feitura de um post sobre o assunto. Esteve para ser em Agosto…

Digamos que o documentário permitiu associar os dois temas: 2ª Guerra e Refugiados Atuais!

 

No concernente ao Documentário, friso e repito.

Deveria ser transmitido em todos os canais generalistas, em horário nobre. E não apenas em Portugal, mas também e muito especificamente em toda a Europa!

Deveria fazer parte de visualização obrigatória por todos os políticos, de todos os quadrantes, pertencentes à União Europeia ou dos candidatos a cargos políticos de envergadura de qualquer país dessa Europa e desse Mundo fora!

Nunca é demais lembrar que um dos grandes objetivos dos criadores da "construção de uma Europa unida" foi evitar novas Guerras, na sequência dos horrores da Segunda.

Para não se esquecer!

Para não esquecer!

 

Porque se remete a visualização de documentos desta envergadura para horários recônditos, como se quisessem esconder, negar a Verdade, os horrores que aconteceram e que se continuam a repetir?!

 

Ver também, se faz favor! A Queda do Reich Episódio 1

A 5ª Temporada da Série “Crime e Castigo” vai terminar!

television-engrenages--5eme-saison- www.paperblog.

 

Esta 5ª temporada da série está quase a terminar. Certamente será hoje 18 de junho, 5ª feira, ao 12º episódio.

 

A autoria do crime, em investigação desde o 1º episódio, foi ontem revelada, no 11º episódio, segundo confissão de uma das participantes nesse duplo homicídio de mãe e filha.

 

Depois de voltas e mais voltas, avanços e recuos, a investigação obteve o esclarecimento do imbróglio, que nunca mais se desenrolava.

A autoria do homicídio pertence a um gang de jovens tresloucadas, desestruturadas familiar e mentalmente, que já haviam sido presas por outro crime e que, semi-marginais, viviam de expedientes e roubos, muitos de caráter violento, de agressividade desregulada e louca.

Foram elas as autoras ou co-autoras do duplo assassinato, por motivações irrisórias, desprovidas de qualquer lógica, fruto daqueles cérebros desgovernados e da raiva e frustrações acumuladas, por vidas desamoradas.

Durante todo o decorrer da ação, nos diversos episódios, cirandaram no enredo, mais ou menos relevantes no desempenho, com destaque para a completamente doida chefe do bando e, nestes últimos, adquiriram papéis fundamentais na ação, protagonizando um improvável desfecho, a ocorrer hoje, e que se teme afigurar se não trágico pelo menos preocupante.

E porquê?! …

Ontem, as protagonistas do bando raptaram uma criança e a rapariga que a fora buscar à escola, aprendiz de cabeleireira, ex membro do grupo, que também cumprira pena, mas que se pretende regenerar integrando-se socialmente, através do trabalho.

Aguardemos pelo que irá ocorrer hoje, 12º episódio, em princípio, final desta 5ª temporada.

 

Na equipa dos “Três Mosqueteiros”…

Gilou foi libertado. A estratégia da advogada Joséphine resultou. Reportar às chefias a responsabilidade no envolvimento da colocação das escutas nas motas roubadas foi remédio santo.

Para esse resultado foi também primordial a decisão do chefe de Departamento dos policiais que, numa atitude algo surpreendente, não aceitou a sugestão dos restantes chefes, detentores de cargos políticos, que pretendiam “queimar” Gilou, negando o seu conhecimento das escutas.

Como ele referiu: “De manhã, gosto de me olhar ao espelho quando me barbeio.”

Tintin foi definitivamente(?!) abandonado pela mulher.

Laure aceitou totalmente a gravidez.

 

Paralelamente, o “ ADE - Alto Dignatário Estrangeiro”, depois de todas as peripécias da sua prisão, foi libertado, por decisão direta de Sua Excelência, o Senhor Procurador!

Perante a estupefacção do Juiz Roban e da Juiza “coadjuvante”, mas com um papel intervenientíssimo no processo. E do Juiz instrutor do processo de congelamento dos respetivos bens…

E a surpresa da própria advogada, Joséphine. Que ganhou destaque profissional com este caso, mas que foi usada pelos detentores do Dinheiro. Melhor, quis deixar-se usar!

Haverá mais algum desenlace deste assunto no derradeiro episódio?

 engrenages videos

 

Em termos ficcionais, se fosse a relatar, neste post/blog, o enredo da temporada e da série, haveria muitíssimo mais a dizer, como é óbvio.

Mas não é isso que pretendo.

Apenas chamo a atenção para um programa que merece ser visto, na RTP2.

 

Em termos de realidade, o que choca nesta série, e friso novamente, é o seu espelhar do que, infelizmente, vivemos no dia-a-dia!

Que estas séries, pelos temas abordados, nomeadamente no referente a “Justiça”, e a “Política” e pela sua “proximidade” geográfica e cultural estão demasiado perto de nós!

Infelizmente!

Porque preferíamos uma “Justiça”, que fosse mais JUSTIÇA e uma “Política”, que fosse mais POLÍTICA!

juiza.jpg

 

 les-engrenages

Barcelona, Lisboa, …

Barcelona, Lisboa, …

Arte, Desporto, Literatura, Feira do Livro... E Música!

 

Na sequência de comentário que fiz no blog “Só entre nós”, a 03/05/2015, ao post “A beleza do Eixample”, inspirei-me para um post no meu próprio blog, sobre Barcelona.

A Beleza do Eixample

 

Por circunstâncias várias e vicissitudes diversas sai hoje no blog, apesar de já ter publicado outros posts.

De algum modo é uma forma de parabenizar Barcelona, pela vitória do seu Clube predileto.

Associando também a Lisboa e à Feira do Livro, pela recomendação de duas obras excelentes, de escritores excecionais, cuja ação decorre na cidade condal em momentos temporais diferentes, mas marcantes da sua História.

 

Barcelona é uma cidade em que, de facto, apeteceria viver!

Ou, pelo menos, (re)visitar, quanto mais não seja para (re)apreciar as Obras de Antoni Gaudi.

A Sagrada Família, o Parque Guell, a Casa Batlló, a Casa Milá, entre outros, são ícones de arquitetura que qualquer apreciador desta Arte, profissional do ramo ou mesmo leigo no assunto, deve, no mínimo, ver.

Acredito que qualquer pessoa se sentirá “tocado” ao contemplar qualquer uma destas Obras!

O conjunto urbano “Eixample”, documentado fotograficamente no post e blog supracitados, é um exemplo de verdadeiro Urbanismo.

Como se materializava na segunda metade do século XIX, e ainda na primeira metade do século XX, em cidades como Paris e Barcelona e até numa escala menos precisa, em Lisboa, inclusive.

 

Cidade que, como Barcelona, também é muito bonita e que tinha também todo um conjunto relativamente harmónico, com muitos prédios e quarteirões enquadrados nas correntes artísticas catalogadas “Arte Nova” e “Art Déco”, por ex. nas designadas “Avenidas Novas”, mas que, principalmente a partir dos anos sessenta/setenta, com a explosão urbanística se têm vindo a perder.

Propositadamente (?)

Ainda hoje, século XXI, alguns raros exemplares podem ser observados na Avenida da República e transversais, mas desgarrados da obra urbana de conjunto, delineada e iniciada ainda nos finais do século XIX (Ressano Garcia) e desenvolvida no início do século XX.

A atitude propositada de abandonar, deixando apodrecer por dentro, prédios emblemáticos é comum e não só em Lisboa.

Basta passear e observar com “olhos de ver” as Avenidas da zona referida, a Praça do Saldanha, mas também zonas mais antigas, mesmo de traça pombalina.

Observe-se a Baixa, o lado poente da Praça da Figueira, a Rua Augusta a partir do primeiro andar, a zona da Rua de São Paulo, do Conde Barão, a Rua de Santa Marta, …

Photo0037. Lado Poente da Praça da Figueira 2014  Foto de FMCLjpg

(Lado Poente da Praça da Figueira, Lisboa) 

 

Noutras cidades, esta atitude é também e infelizmente comum!

Foto0541. Chalé - Cova da Piedade, Almada - Foto de DAPL 2014 jpg

 

("Chalet" - Cova da Piedade - Almada) 

 

Mas falávamos de BARCELONA. E do EIXAMPLE.

Atentando nas fotos documentadas no post referido, é de frisar que ainda bem que os poderes da Cidade Condal procuraram preservar o que têm de belo arquitetonicamente!

Só estive em Barcelona no final da década de oitenta do século XX, é gratificante ver, pelas fotos, que muito ainda se mantem.

 

Barri Gòtic. digitalização de postaljpg

Mas Barcelona é também a parte medieval, as suas ruas e ruelas, edifícios históricos, a Catedral de Santa Maria del Mar.

Catedral Barcelona - digitalização de postal .jpg

 

A propósito, para quem goste de ler romances históricos, é imperdível, “A Catedral do Mar”, de Ildefonso Falcones.

A Catedral do Mar romance histórico - digitalização capa livro.jpg

 

E também tem Miró. E Montjuic e o F. C. Barcelona. E o Mediterrâneo. E “Las Ramblas”…

Barcelona global. digitalzação postal jpg

E muito mais, pois quando lá estive a cidade estava em grande transformação, pois preparava os Jogos Olímpicos de 1992! (Onde isso já vai!...)

jogos olímpicos 1992. digitalização de postal jpg

Interessante o slogan do postal sobre os verdadeiros “Ganhadores dos Jogos Olímpicos”!

Estas crianças estarão atualmente no início da "casa dos trinta"… ainda no começo de toda uma vida profissional, vida pessoal enquanto adultos, de cidadãos.

E também quero relevar que a 1ª vez que o F. C. Barcelona venceu a Taça dos Campeões Europeus foi precisamente em 1992!

Coincidências?! Talvez não…

A realização de um evento destes, quando devidamente planeado e organizado, implica muitos e diversificados investimentos em variados campos de atividade.

O retorno, por vezes, vem mais tarde.

 

Barcelona tem vida, sim! É uma Cidade com muita vida!

 

Ainda sobre literatura e cidade condal, ler também “A Sombra do Vento”, de Carlos Ruiz Zafón.

A sombra do vento, romance histórico - digitalização capa livro.jpg

 

E, bem perto, a Cidade tem também Montserrat! 

Monserrate global - digitalização postal.jpg

 

E, já agora, que Alguém me lembrou...

Barcelona: Dueto entre Monserrat Caballé e Freddie Mercury 

 

 

 

Maio, ainda… As Maias e uma justíssima homenagem!

Sagração Primavera. Sandro Botticelli  pt.wikipedia.org. jpg

 (A Sagração da Primavera, 1482, de Sandro Botticelli. in pt.wikipedia.org.)

 

Maio, ainda… As Maias e uma justíssima homenagem!

Maias Portalegre rádioportalegre.pt.jpg

Maias Portalegre rádioportalegre.pt.jpg

 

Escrever um texto sobre a temática supracitada é algo que venho delineando há algum tempo, mesmo ainda antes de ter sequer o blog.

Pensara, primeiro publicar sobre o assunto em suporte de papel.

Após, termos criado o blog, a respetiva divulgação simultaneamente neste enquadramento, passou a ser também um objetivo. Só que, escrever, por vezes traduz-se num parto difícil.

 

Já pesquisara sobre o assunto por várias vezes, recolhera documentação… Mas houve diversos condicionalismos que impossibilitaram a escrita: falta de tempo, mudanças de atividades, viagens e, algo que por vezes me atormenta, não localizava as fotos nem o manuscrito onde constava o texto original que serviria de mote para o assunto a abordar. Finalmente, localizei as fotos e encontrei o manuscrito, que transcrevi para computador.

Esse texto, escrito à mão, foi a transcrição do que a prima Teresa “Boa Nova” me contou em 1987, sobre como eram “As Maias”, em Aldeia da Mata, ao tempo da sua juventude.

 

Mas a inércia continuava… (A inércia, não a Dona Inércia de que também já falei neste blog, que essa, abalou...)

 

Outra questão prendia-se com a publicação das fotografias na net, da recriação que foi feita das “Maias”, julgo que em 1984, dinamizada pela prima Teresa com a colaboração de outras senhoras vizinhas da Rua Larga e que documentei fotograficamente.

Mas porquê essa hesitação na divulgação das fotos?!

Maias enfeitadas, foto parcial. Original de FMCL 1984jpg

 (Algumas das participantes na recriação das "Maias" em 1984.)

 

Como todos sabemos, o que publicamos na net, para ser lido ou visualizado em “sinal aberto” deixa de ser nosso. Passa a domínio público.

Por outro lado, as fotos envolvem pessoas, na altura miúdos e miúdas, atualmente adultos e, na minha perspetiva, para divulgá-las acho que deveria pedir autorização às próprias. Só que, na prática, esse aspeto tornou-se na verdade impossível de concretizar, em tempo útil.

Em contrapartida, abordar a recriação das “Maias” e não apresentar fotos era empobrecer muito o assunto. Nem faria qualquer sentido.

E um dos objetivos deste escrito é também homenagear todas as pessoas participantes nessa recriação com realce para a maior dinamizadora do evento.

E as fotos são bastante sugestivas.

Grupo que foi às boninhas. Foto de FMCL 1984jpg

 (Foto do grupo que foi colher "boninhas".)

 

De modo que, atrevi-me a publicar, digitalizadas, algumas das fotos tiradas na altura aos participantes nesse acontecimento, miúdos e miúdas, agora senhores e senhoras, alguns certamente já com filhos na idade que eles teriam à data do mesmo. As fotos não são nenhum prodígio de técnica ou primor de estética, valem fundamentalmente pelo seu valor documental, por retratarem momentos fugazes da Vida e do quotidiano, como tal irrepetíveis. Valem pela sua singeleza, simplicidade, mas também extraordinária comoção que nos podem despertar, pois, enquanto vivos, gostamos sempre de nos recordarmos nos momentos de infâncias felizes e as pessoas mais velhas que participaram, e já cá não estão, deixam-nos sempre muita Saudade.

Mata e Saudade

Penso que as fotos não deixarão ninguém que as visualize, indiferente.

E será que toda a gente ainda se reconhece nas imagens apresentadas?!

Grupo que foi às boninhas  Foto original de F.M.C.L..jpg

 (Outra imagem do grupo que foi às "boninhas".)

 

De qualquer modo e após ter refletido e tomado a decisão de expor as fotos, se alguém de entre os que nelas estão presentes não concordar com a respetiva publicação, pode dar-me conhecimento e eu retirarei a foto do modo público. O meu mail segue anexo também para esse efeito. (fcaritamata@hotmail.com)

 

E com todos estes hiatos, Maio seguia o seu percurso e este texto teria que ser publicado neste mês e mesmo assim já seguia atrasado, pois a temática enquadrar-se-ia melhor no início do mês…

 

E vamos então às “MAIAS”…

Estas festividades também designadas por “MAIO”, conforme as regiões, são uma tradição muito antiga, de raízes pré-cristãs, sendo-lhes atribuídas origens na cultura romana e também em rituais celtas, milenares, portanto.

Como em muitas outras tradições dá-se um processo de integração de diferentes padrões culturais, verificando-se um processo de aculturação. 

Durante algum tempo, nomeadamente na Idade Média, não foram bem aceites as respetivas manifestações, chegando a serem proibidas em Portugal.

Também num contexto cristão foram de algum modo integradas noutro tipo de festividade, com realce para as Festas da Santa Cruz, que atingem grande expressividade nalgumas localidades portuguesas, com especial destaque para Barcelos.

Na Aldeia, também se mantém a tradição de enfeitar a “Bela Cruz”, no início de Maio, nos cruzeiros de Santo António e de São Pedro, como ainda este ano aconteceu.

 

Mas retornando às “Maias”… que, ancestralmente, celebravam o início da Primavera e o final do Inverno, ainda que na vida atual, desligada dos rituais agrícolas esse significado possa não ser consciencializado.

Continuam ainda a ser lembradas e comemoradas, num contexto de cidadania atual, em diferentes localidades do Continente, de Norte a Sul, nas Ilhas e também em Espanha.

Das que conheço, que ainda se realizam, ocorrem na Cova da Piedade, Romeira, no 1º de Maio e na cidade de Portalegre, que integrou esta tradição precisamente nas festividades do “Dia da Cidade”, a vinte e três de Maio, conforme documento no início do post.

Mas na pesquisa efetuada, vi referências a festas no Minho, Trás-os-Montes (Mirandela, Bragança), Óbidos, Beja e várias terras do Algarve, para além de localidades dos Açores, onde as “Maias” também são festejadas.

FESTA_DAS_MAIAS_EM_BEJA_2015.jpg

 (In: Mais Beja - Associaçãp para a Defesa do Património Cultural da Região de Beja.)

 

A forma de manifestação desta festividade ainda que se processe de modos diversos, conforme as localidades, contudo tem aspetos comuns. O principal é o recurso aos enfeites confecionados com flores, sejam as flores das giestas amarelas, a que em muitas zonas se chamam também maios e as boninas, que na Aldeia se nomeiam “boninhas”, ou seja os malmequeres amarelos.

Com diferentes características lá estão as flores amarelas, seja em ramos, em coroas ou em cordões, colares e pulseiras.

Confecção dos enfeites. FMCL jpg

 (A confeção dos enfeites.)

(A prima Antóna Caldeira observava e o Ti Tonho Rei, que me inspirou para um poema que já coloquei neste blog, guardava.) ( aqui)

 

Mas para quem quiser saber um pouco mais sobre o assunto, deixo, no final, sugestões de algumas ligações para pesquisa…

 

E vamos então… finalmente, ao relato do que me foi contado pela prima Teresa Ferreira Belo, mais conhecida por “Teresa Boanova” sobre o festejar do “Maio” em Aldeia da Mata, nos anos quarenta do século XX.

 

« O Maio de 1940 era assim…

Juntavam-se as cachopas todas, iam colher as boninhas e fazia-se o “Maio”.

Vestia-se a rapariga que fazia de “Maio”, com uma saia rodada, uma balsa para fazer saia balão e o grupo a cantar ia atrás. O “Maio” ia vestido de branco, com uns cordões amarelos ao pescoço, pulseiras nos braços e grinalda na cabeça. (1)

 

E cantava-se:

 

Oh Maio, já lá vai Abril e Maio que a nossa mãe não amassa.

Cantamos uma cantiga, enquanto a fome passa.

Dá dez réis ao Maio para comprar melões

Que as vossas casas são uns casarões.

São uns casarões, umas casarias

Dá dez réis ao Maio, para comprar melancias.

Oh Maio, Oh Maio, Maio das cachopas

Para onde vai o Maio? Vai por essas barrocas.

Oh Maio, Oh Maio, Maio dos anjinhos

Para onde vai o Maio? Vai por esses caminhos.

Oh Maio, Oh Maio, Maio das solteiras

Para onde vai o Maio? Vai por essas barreiras.

Oh Maio, Oh Maio, Maio das casadas.

Para onde vai o Maio? Vai por essas tapadas.

 

No intervalo dos versos dizia-se, “… Dá dez réis ao “Maio” para comprar melões…” e outras vezes dizia-se. “… Já lá vai Abril e Maio que a nossa mãe não amassa…”

 

As pessoas das lojas davam rebuçados, alguns mais ricos, umas frutas, que eram divididas pelo grupo, que já andava com fome da cantoria…»

 

(Teresa Boanova, 1987/08/29)

 

 (1) - Os cordões, as pulseiras e a grinalda eram feitos com as boninas enfiadas com uma agulha numa linha.

 

Arranjo dos Enfeites,  à sombra. FMCL 1984jpg

 (Enfiando as "boninhas" na linha, com a agulha. Destaca-se a D. Dolores exatamente nessa função.)

 P.S.

Este é o texto sobre a temática em epígrafe e saindo ainda em Maio

Maio

Abordando o assunto das “Maias”, com destaque para Aldeia da Mata.

Homenageando todas as pessoas participantes, com especial lembrança das que já cá não estão… Realce à prima Teresa, a dinamizadora desta atividade e de outras ligadas à tradição popular.

Mas também a D. Dolores, em plena atividade, conforme a foto documenta e a prima Antónia Caldeira e o Ti Tonho Rei, mais observadores e ainda D. Maria dos Remédios, também participante na confeção. Já todos ausentes. 

E, para finalizar, haverá melhor maneira de homenagear as Pessoas, que não seja pela lembrança das suas realizações construtivas?!

Parabéns e obrigado a todos os participantes, miúdos e miúdas, à data; atualmente Senhores e Senhoras, pois sem as respetivas participações o "post" ficava mais pobre. Espero que se revejam com Saudade e que gostem!

Das Pessoas mais velhas participantes, também um obrigado muito especial a D. Maria Belo, graças a Deus, entre nós.

Um dia, pode ser que se publique uma versão do tema, em suporte de papel, de modo a alcançar outro tipo de público leitor.

Quem sabe?!

 

 

Experimentar os Enfeites,  com vista da rua. FMCLjpg

 (Experimentando os enfeites.) 

 

 

Alguns links:

Maias

httptreaestoriaeahistoria.blogspot.

Maios em Mirandela

 

 

 

Conferência - “A poesia de Jorge de Sena: uma reflectida espontaneidade”

Conferência

“A poesia de Jorge de Sena: uma reflectida espontaneidade”.

jorgedesena01.jpg

Promovida pela Universidade Sénior de Almada – Usalma e pela Associação de Professores do Concelho de Almada – Apcalmada, realizou-se no passado dia 15 de Maio, 6ª feira, pelas 17 horas, na Sala Pablo Neruda, no Fórum Romeu Correia - Almada, uma conferência subordinada ao tema supra citado, a cargo da Professora Doutora Maria Isabel Rocheta.

forum romeu correia.jpg

Previamente ao início da sessão, foi-nos entregue, à entrada da sala, uma “capa” estruturada a partir duma folha A3 dobrada, com uma breve sinopse do currículo da conferencista e uma folha em branco para apontamentos. Frise-se e louve-se este simples, mas significativo registo.

usalma.jpg

Apresentado o evento pelo Diretor da Usalma, Professor Gerónimo de Matos, foi este iniciado com um breve, mas apelativo, introito musical, desempenhado pelo “TrioMinda”, composto por Almerinda Gaspar, voz e Manuel Gomes e Vitor Costa, violas.

Escutámos “Epígrafe”, de Zeca Afonso; “Independência”, inédito musical sobre poema de Jorge de Sena e “No Alentejo…”, original dos executantes, Manuel Gomes, música e Vitor Costa, letra.

Fosse noutro enquadramento e era de pedir bis!

 

Seguiu-se a conferência, de título em epígrafe, com o didatismo da citada Professora, aposentada, Coordenadora da Área de Literatura e Cultura Portuguesas do CLEPUL, Centro de Literaturas e Culturas Lusófonas e Europeias da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.

Segundo o breve resumo que nos foi entregue, a conferência versaria “Uma revisitação da poesia de Jorge de Sena. O testemunho seniano em duas faces: poemas de amor, fraternidade e fidelidade e poemas de indignação e invectiva.”

 

Jorge de Sena nasceu em Lisboa, 1919 e faleceu em Santa Bárbara, Califórnia, U.S.A., em 1978 (59 anos).

Foi-nos esquematizada uma síntese e cronologia das suas obras, distribuídas por 42 anos de produção poética, 1936 – 1978, mas também por outros géneros literários. E materializadas em três contextos espaciais: Portugal, 1939 – 1959; Brasil, 1959 – 1965 e E.U.A., 1965 – 1978.

Genericamente estes contextos criativos foram enquadrados na sua vivência pessoal, individual e familiar, e social. A sua postura interveniente de cidadão português, à escala global.

 

Sena “foi o imenso Poeta do Amor e da Fraternidade… de uma atitude universalista que fala da Justiça e do Amor… a Luz é o polo de orientação da sua Poesia”.

Ouvimos poemas a partir de uma gravação em CD.

 

O poema “Uma pequenina luz” foi ilustrado por um diapositivo fotográfico e foi contraposto a Poemas de autores atuais que nele e no Mestre se reviram: um poema de Pedro Mexia, com o mesmo título, 1999; e outro de António Carlos Cortez, “Luz bruxuleante”, 2008.

No final, também se documentou a sua influência em Pedro Tamen “Para Jorge de Sena à sua maneira”, poema de 1984.

 

Foi realçada a sua participação e importância nos “Cadernos de Poesia”, produção literária em fascículos, a partir de 1940-42, até 1952-53, envolvendo vários Poetas seus contemporâneos. Uma intervenção literária contrapondo-se, complementando(?) a das Revistas “Presença” e “Sol Nascente”.

 

“A Poesia é um processo testemunhal…” Ouvimos “Ode à Incompreensão”, de 1949; “Fidelidade”, de 1956 e “Isto”, de 1958. Também “Artemidoro”, ilustrado por imagem, foi lido e analisado.

artemidoro poema de jorge de sena.jpg

Foi realçada a forma como Jorge de Sena, nas suas obras e especificamente na Poesia se entrosava com outras formas de expressão artística, sendo ele um Homem de Cultura Universalista.

 

Foi uma intervenção rica de conteúdo, suficientemente abrangente e ilustrativa da Obra Poética do Autor, despertando a motivação para um maior conhecimento da mesma.

Penso que a conferência cumpriu inteiramente os seus objetivos.

Estão de parabéns todos os intervenientes.

 

Só terá faltado, e eu ia nessa expetativa, ouvir pessoas declamarem, in loco, poemas do Autor. Ouvir em CD, ainda que interessante, não será tão rico e motivador.

 

Deixo-vos um link para ouvirem o Poema “Uma pequenina luz”, dito por Samuel Úria.

Uma pequenina luz

 

“Ronaldo à venda por 100 milhões”

Ponto Prévio:

Ao escrever num blog, ainda que fazendo-o da forma peculiar como o faço, um pouco arredio do “modus operandi” deste contexto comunicacional, não posso deixar de, por vezes, “interferir” nesse mesmo enquadramento de comunicação e refletir ou opinar sobre acontecimentos mais ou menos mediáticos, de caráter universalista e global.

E haverá assunto mais universal e global que o futebol e especificamente quando se trata do jogador Cristiano Ronaldo?!

Daí que não posso deixar de comentar a seguinte notícia:

 

“Ronaldo à venda por 100 milhões”

Correio da Manhã

Pedro Carreira

15/05/15

“O Real Madrid está disposto a deixar sair Cristiano Ronaldo no final da época. A direção liderada por Florentino Pérez já deu indicação a Jorge Mendes, agente do jogador, para começar a tratar da venda, mas nunca por menos de 100 milhões de euros.” (…)

 

ronaldo cmjornal.xl.pt.jpg

 

 

Não posso deixar de frisar. Chocante, não?!

Não só pelo valor numérico. 100.000.000 de euros!! São muitos zeros à direita de cem.

 

Mas pela situação, em si mesma.

À VENDA!!! Uma Pessoa à venda, pois é suposto que de uma Pessoa se trata, que é posta à venda como se de uma mercadoria qualquer se tratasse.

Bem sei, que não é uma qualquer mercadoria.

Mas o sujeito em questão é posto à venda pelo clube a que pertence, através do seu presidente de direção que transmitiu essa intenção ao intermediário das vendas. Como se fosse um produto, de alto valor diga-se, mas um objeto de uso, que deixa de interessar. Para todos os efeitos é disso que a venda trata.

O facto de a futura e provável transação envolver pelo menos cem milhões de euros, valor de troca, deixa de ser a venda e compra de uma pessoa? Um “dono” que vende e outro que irá comprar?

O facto de envolver uma organização importante, neste caso, um clube de nomeada, deixa de ser uma pessoa, representante de uma empresa, a vender outra pessoa sobre a qual tem posse, tem direitos de propriedade?!

Como se designa uma estrutura social em que pessoas são donas de outras pessoas?! Tem um nome não tem?! (…)

 

Bem sei que no futebol é assim que funciona “grosso modo”, que os jogadores assinam contratos, que tomam decisões, têm agentes é certo, mas em última instância são os próprios que decidem, mas de quem é o “passe”?!

Qual o contexto de autonomia que tem o jogador na tomada de decisão?

Os clubes têm ou não “direitos de propriedade” sobre os jogadores?!

É um contrato negocial inter-pares em plano de igualdade e reciprocidade ou os clubes têm efetivamente o direito de “posse” sobre os jogadores?

Será que o modelo negocial e funcional do futebol não poderá comportar uma estrutura mais civilizacional, mais democrática, menos a lembrar modelos de sociedades ancestrais em que homens eram donos de outros homens?! Quicá!

 

Ler também:

Parabéns Ronaldo

E a Irina?

P.S.

– Não deve ser fácil a um qualquer jogador de renome e valor mundial viver a permanente pressão a que está sujeito, não só no contexto de execução das suas funções, o jogo em si mesmo, o desporto propriamente dito, com todas as acutilâncias que o definem, mas todo o enquadramento social, mediático, todas as vivências associadas e os reflexos que têm no jogador enquanto ser humano, pessoa com todas as suas forças e fraquezas…

Em que medida a ida da “partenaire” se terá refletido no rapaz? E vê-la e sabê-la, que os media estão sempre a comentar, já “noutra onda”, que reflexos teve no seu mar?!

Enquanto durou o “affaire”, ganharam ambos, mas não venha ela dizer que não “cresceu” profissionalmente através da “ligação” que manteve com o “craque”…

Mas tudo isto são “fait-divers”… Mas, por vezes, também temos que “entrar nestas ondas”.

 

 

 

 

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