Há quem do Tejo só veja
o além porque é distância.
Mas quem de Além Tejo almeja
um sabor, uma fragrância,
estando aquém ou além verseja,
do Alentejo a substância.
Há quem do Tejo só veja
o além porque é distância.
Mas quem de Além Tejo almeja
um sabor, uma fragrância,
estando aquém ou além verseja,
do Alentejo a substância.
Retomamos a Poesia, neste blogue “aquém-tejo.blogs.sapo.pt/” e, novamente, a temática do Amor, rio que corre em variados versos desta Antologia, umas vezes de correnteza mais calma, noutras mais atribulada.
Neste Post Nº 281, o Poema “Quadras Ao Meu Amor”, de José Garção Ribeiro Branquinho, de Ribeira de Nisa (Portalegre).
“Quadras Ao Meu Amor”
“Meu Amor é minha vida
Por ti vivia a cantar
Mas desde a tua partida
Sem te ver, é só chorar.
Choro longe sem te ver
Por ti saudade de morte
Sofre por ti o meu ser
À espera de melhor sorte.
É tão grande a minha dor
Não queiras ver-me sofrer
Volta breve-meu Amor
Sem ti não posso viver.
Quero abraçar-te e beijar-te
Teu corpo bem junto ao meu
Em meu altar adorar-te
Viver contigo meu céu.”
“Quinta da Piedade, 29 de Março de 2015”
“JGRBranquinho – Zé do Monte”
José Garção Ribeiro Branquinho, Ribeira de Nisa (Portalegre)
Ilustra-se este Poema com um bonito cartão de A. P. B. P. – Associação de Pintores com a Boca e o Pé, Caldas da Rainha, de um original pintado com a boca, por Fu-Tsai Tung.
Sobre o Poeta José Branquinho escrevi uma das primeiras, se não a primeira, das minhas crónicas culturais, com o título “Crónica breve dos dias de Hoje!”, publicada no Boletim nº 111, do Círculo Nacional D’Arte e Poesia, em Junho de 2013, ainda não tinha este blogue.
Relatava a excelente atuação deste Poeta e Cantor, numa sessão de “Momentos de Poesia”, realizada na Biblioteca Municipal de Portalegre. Acontecimento cultural que ocorre mensalmente na Cidade de Régio e sobre que também já aqui me debrucei num post.
Este nosso confrade, sportinguista, organiza mensalmente uma Tertúlia Poética, na terceira 4ª feira de cada mês. Em Janeiro será no dia 20, pelas 15 horas. Na Sala VIP Sporting!
Ponto Prévio: Interrompemos a divulgação de Poesia da “Nossa” Antologia, para abordarmos um “tema quente”, que nos diz respeito a Todos, enquanto Cidadãos, embora possamos ter opiniões diversas, mas com Direito a expô-las, que é por isso que vivemos em Democracia. E também porque a “internet”, permite-nos precisamente usar essa Liberdade de Expressão de forma universal, procurando sempre respeitar a Liberdade dos Outros.
Mas, hoje, neste Post Nº 278, divulgamos, novamente, Poesia.
Damos a conhecer, ao Mundo de Internautas, o Poema intitulado: “Poema (incompleto)… do Amor”, de José Narciso, de Trafaria.
Poema (incompleto)… do Amor
O Amor… é um doce condão
…é um olhar que brilha
Na diferença da rotina
… é um cheiro inesquecível
De uma mensagem divina
É um sonho vivo
Eterno enquanto dura
O Amor é… música de embalar
Numa prenda de natal
É a entrega dos corpos
No dar as mãos ao ventre
É um coração aconchegado
No crescimento por dentro
O Amor é… Um solidário beijo
Na palavra de um poeta
É sensualidade e ternura
Sentimento e loucura
O Amor é… a lágrima da felicidade
Como o sol que nos ilumina
O Amor… É a lua que cura a ferida
No caminho para o Amor…
Jnarciso
O AMOR É UMA CAUSA MAIOR!!
MANDELA, UM EXEMPLO DE AMOR A UMA CAUSA…!!
José Narciso, Trafaria
Os Poemas deste antologiado estão ambos ilustrados com sugestivos e originais desenhos do próprio. Não me sendo possível digitalizá-los, apresento uma reprodução de um Cartão de A. P. B. P.., de “…prenda de natal…”.
Caso o Autor me venha a disponibilizar um original, em suporte digital, terei muito gosto em divulgá-lo neste blogue “aquem-tejo...”
Neste Post nº 267, divulgamos uma Poesia de Manuel Faria Bento, de Gomes Aires (Almodôvar).
“Eu Vivi Abril (Abril de 1974)”
“Eu vivi Abril
Abril em revolução,
Estava na flor da minha idade,
Vivi abril com grande emoção,
Abril foi uma festa…
Uma passagem p’ra liberdade,
Abril foi uma festa…
Com muita responsabilidade,
Abril em Portugal…
Foi uma grande oferta
Dos militares em geral,
Abril por todos criado,
Ainda hoje é estimado
Por derrubar a ditadura…
Abril foi uma alegria
Que há muito se esperava
Para acabar a amargura,
Que há muito se vivia.
Com Abril Portugal evoluiu
Num modo diferente,
De um modo que nunca se viu,
Que faz confusão a certa gente.
Mas é próprio da vida,
Porque o homem se habituou
A viver no seu cantinho
Que com tanto gosto criou
Ali perto do seu vasinho.”
“Abril foi uma grande vontade
Que tanta força criou,
Ao longo de tantos anos,
A um povo vivendo sob crueldade,
De uma ditadura que os obrigou
A sofrer golpes tiranos,
Daqueles que viviam da repressão,
Recebendo dinheiro
Para aos outros arrancar o coração,
Destruindo vidas inteiras
Durante cinquenta
Cometendo tantas asneiras,
Perseguindo trabalhadores,
Gente pobre e carenciada,
Que ganhava fracos valores
Que não dava para nada,
E ainda lhe chamavam… traidores.”
“Abril nasceu em Portugal
Filho de toda a gente,
O estudante p’ra isso lutou,
O trabalhador por isso sofreu,
O militar nisso pensou,
O adolescente isso vivia,
Qualquer pessoa por isso era presa,
Mesmo que nada fizesse,
Era isso que toda a gente sentia,
Já nada era surpresa,
Na amargura que um povo vivia,
O pai era preso sem saber porquê,
A mãe era mal tratada,
O filho que fugia,
Para o estrangeiro emigrava,
A pide o perseguia,
Em qualquer lugar o matava,
Foi por isso que Abril nasceu!...
E que todo o povo aceitou,
Foi por isso que Abril nos deu.
A liberdade de viver,
A liberdade de trabalhar,
A liberdade de amanhecer,
A liberdade de ser português,
A liberdade de todos amar,
A liberdade de falar e ver,
A liberdade de aqui estar.
Isto é…
Vinte e cinco de Abril!..”
Manuel Faria Bento, de Gomes Aires (Almodôvar)
Retomámos a divulgação de Poemas da 13ª Antologia de Poesia do CNAP, de 2015, agora já em 2016.
Estamos ainda em Janeiro, é certo, mas sabe sempre bem antecipar Abril, que virá… e relembrar, a data marcante de Abril de setenta e quatro!
Na ilustração da poesia resolvi fugir ao mais óbvio, que seria ilustrá-la com o célebre “cravo vermelho”, optando por “papoilas”, numa pintura original de Marthinus Pretorius, pintada com a boca, em reprodução digitalizada de um cartão de A.P.B.P. – Associação de Pintores com a Boca e o Pé, Caldas da Rainha.
Continuando ainda no “espírito natalício”, em que para além da mensagem de Amor/Caridade outro dos Valores a ele inerentes é a Esperança e na aproximação de um Novo Ano, que esperamos e desejamos sempre melhor que o anterior, hoje divulgamos um poema relativo a esta temática.
A ESPERANÇA
A Esperança criou asas
Abriu-as, pôs-se a voar.
Sobre a cidade e suas casas
As gentes foi saudar.
Desceu às ruas e ruelas
Cumprimentou as pessoas.
Fê-las sorrir, serem mais belas
Nos becos dessas lisboas.
Foi ao campo em missão
À gente mais conformada
Despertou-a, deu-lhe a mão.
Mais alto e mais longe, alada
Pandora afastou então.
E preparou nova alvorada.
Escrito em 13/12/1985.
Publicado em: Revista “Família Cristã”, rubrica “Lugar aos Novos”, Abril 1986.