Há quem do Tejo só veja
o além porque é distância.
Mas quem de Além Tejo almeja
um sabor, uma fragrância,
estando aquém ou além verseja,
do Alentejo a substância.
Há quem do Tejo só veja
o além porque é distância.
Mas quem de Além Tejo almeja
um sabor, uma fragrância,
estando aquém ou além verseja,
do Alentejo a substância.
De vez em quando, estes hiatos nas narrativas: ausências do “Mundo Virtual”. Não propriamente do mundo real, mas um certo afastamento das realidades habituais, um mergulhar noutros universos. Em suma, a Vida e as diferentes prioridades, nem sempre possíveis de conciliar, nos tempos e nos espaços.
Mas… voltando a olhar para este nosso querido País, nada mudou. Continuam as mesmas trapalhadas, para não usar termo pejorativo, das TAPlhadas. As Governanças cada vez mais desgovernadas. Impressiona como é possível chegar-se a este descalabro de governo, tão desorientado.
E quem se vai chegando à frente são os mesmos outros, que parecendo diferentes são apenas farinha de sacos de cores diversas, mas, no fundo, iguais.
Não consigo acreditar nestas gentes!
E o calor continua. Em última instância, se calhar, isto é tudo efeito do calor.
Em Abril, as regas passaram a ser necessárias. As águas armazenadas, nas chuvadas de Outono, começaram a ser gastas ainda em início de Primavera! As árvores já têm de ser regadas.
E protegidas! Que as cabras cabriolam de propriedades vizinhas e com tanta erva verdíssima que tem o Vale de Baixo, não sei como, nem por que meios, vislumbram as figueiritas, recentemente plantadas, que mal se veem, na imensidão de biliões de ervas.
(Lá fora, as guerras continuam. Para quando a Paz?!)
Este esboço de “crónica” escrevi-o ontem, mas não publiquei. Posteriormente apercebi-me que Sua Excelência, o Senhor Primeiro Ministro, Dr.º António Costa, falaria ao País sobre o “caso Galamba”. Dei-me ao trabalho de ouvir. E escutar! Estou com ele. Para quê mudar?! É como se dizia relativamente aos casamentos: “Em vez de se estragarem duas casas, estraga-se só uma.”
O pior, em todos estes cenários, é que a Casa é o nosso País. Que não tem conserto, porque esta gente passa o tempo a dar-nos música.
Ouvindo e escutando com atenção o que ouvi, e sabendo de pedido de demissão, que não foi aceite, tudo aquilo me pareceu “Teatro”!
E por teatro, para que a peça continue, logo, Sua Excelência, o Senhor Presidente da República, o Senhor Professor Doutor Marcelo Rebelo de Sousa, nos deu conhecimento de não concordar com a não aceitação do pedido de demissão.
E, com tudo isto, será que se estraga o “casamento” entre São Bento e Belém?!
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Um pouco de chuva, Senhor!
Chegou Maio foi-se Abril / Nos atormenta calor / Que é feito d’águas mil?! / Que nos destinas, Senhor?
Um trabalho, numa agradável manhã de nevoeiro: Aldeia da Mata.
Calor! Calor! Isto está um inferno, aqui por este Norte Alentejano. Por todo o Portugal. Só de manhã está algum fresquinho que permite executar alguns trabalhos no campo. Regas, principalmente. Quem tem hortas, hortejos, quintais, quintarolas, jardins e outros espaços que tais, é de manhã ou ao final da tarde, bem final, que realiza essas regas.
Mas não é destes meus trabalhos diários, que atualmente realizo, sobre que vos venho falar.
Alguns dos últimos postais, que publiquei em semanas anteriores, de Junho e de Julho, abordaram o Descortiçamento realizado a 15 de Junho no Ervedal. Aproveitei para observar, fotografar, registar em vídeo essa atividade. Que divulguei. Como forma de dar a conhecer e documentar.
O/A Caro/a Leitor/a sabe certamente, já terá observado, quando viaja por este Alentejo profundo(!)… (Acho este termo um tratado! Profundo mesmo!)… Digo, quando se desloca por estas Terras Aquém do Tejo e passa junto a sobreirais, verifica que cada árvore tem registado, pintado, um dos dez algarismos. Saberá também, certamente, que esse dígito se reporta ao algarismo das unidades, do ano em que foi descortiçado. Como a cortiça é retirada de nove em nove anos e os algarismos são dez, nunca há razão para haver engano face ao último ano em que se descortiçou e o ano em que será descortiçado a seguir.
Face a este facto normativo, os sobreiros descortiçados no Ervedal também tinham de ser marcados com o algarismo 2, dígito das unidades deste Ano de Cristo: 2022. (Inferindo-se que o próximo descortiçamento será lá para 2031!)
Foi esse trabalho que realizei na passada semana, a seis de Julho, 4ª feira. Fui de boleia com o Sr. José António, bem pela manhã e pouco depois das seis já lá estava. Estava um tempo como há muito, muito tempo, não vivenciava! Maresia, nevoeiro baixo, neblina, encobrindo a paisagem. Corri toda a propriedade, de sul a norte, e vice-versa, de leste a oeste, de poente a nascente, por todo o espaço onde os sobreiros se espalham naquele meio planalto, de colinas suaves, de cerca de onze hectares. Sempre aquela frescura abençoada, envolvendo plantas e animais numa neblina refrescante, permitindo realizar a tarefa com imensa agradabilidade. Nalguns pontos, debaixo de algumas árvores, pingavam gotas de água. Parecia chover! Mas não. O vapor de água que forma o nevoeiro, em contacto com o tronco, ramos e folhas da árvore, condensa-se, passa ao estado líquido e, pingando, dava a sugestão de chuva. Abençoada manhã! Bendita tarefa que realizei com imenso gosto, cerca de três horas. Pouco depois das nove já estava despachado.
Fresco, fresco. Nada deste calor infernal em que estamos, em que tudo se torna penoso de realizar. E, além do mais, estes fogos, um inferno de verdade. (Tomara cá o Inverno, para refrescar!)
Estando o Sr. José António ainda demorado no respetivo trabalho, na Taipa, vim a pé até à Aldeia. São cerca de dois quilómetros e meio, meia légua. E o sol só apareceria para lá da neblina, depois das dez horas!
Bendita e refrescante manhã. Abençoado trabalho que adorei realizar!
A foto documenta Sobreiros, dos que meu Pai semeou, pintalgados com o 2.