Há quem do Tejo só veja
o além porque é distância.
Mas quem de Além Tejo almeja
um sabor, uma fragrância,
estando aquém ou além verseja,
do Alentejo a substância.
Há quem do Tejo só veja
o além porque é distância.
Mas quem de Além Tejo almeja
um sabor, uma fragrância,
estando aquém ou além verseja,
do Alentejo a substância.
Volto a alguns dos temas das crónicas anteriores: Poesia, Tertúlias, Lisboa…
O CNAP – Círculo Nacional D’Arte e Poesia realizou dia 14, a sua habitual Tertúlia: segunda terça - feira de cada mês.
Agora no emblemático, icónico, Café Império – Alameda Afonso Henriques / Avenida Almirante Reis - Lisboa. Acho que mantém a estrutura fundamental que conhecia das décadas setenta / oitenta, adaptado às funcionalidades atuais e ao modelo de utilização em que se insere. Muitas fotografias de artistas conhecidos. Junto à mesa em que dissertamos Poesia, reconheci as ”Primas” Madalena e Io. (“Primas”, advém do facto de sermos todos parentes, sejam quais forem as teorias que perfilhemos.)
Compareceram à Tertúlia nem muitos nem poucos, os bastantes: D. Maria Olívia, Alma – Mater do Círculo; Rolando, desta vez sem “Chansons”, talvez inibido pelas “Primas”; António Diniz Sampaio, que há muito não aparecia; Luís Ferreira, desta vez, e bem, acompanhado pelo “Poeta Cabacinha”, em livro; Carlos Pinto Ribeiro, que nos trouxe lembranças do irmão, Fernando Pinto Ribeiro, através da amável oferta de um exemplar da revista “Contravento – Letras e Artes” – Nº 2 – Dezembro de 1968. Impagável! Uma plêiade de Artistas de alto gabarito, hoje, consagradíssimos, muitos já no Além! Destaco apenas e por curiosidade, António de Sousa, com um poema manuscrito “Sal e Pimenta”, de Março 1966!
Como habitualmente, Carlos consagra-se à “Missão” de divulgar a Obra do irmão, Fernando. Para quando a edição do livro?! Gosto!
O “Poeta Cabacinha”, que tive o grato prazer de ouvir “Dizer Poesia”, como só ele sabe (!), num dos encontros de Cante e Poesia, organizado pelo Grupo de Cante do Feijó, no Auditório Fernando Lopes Graça – Fórum Romeu Correia, em Almada, num Outubro transato, foi o tema de conversas e de Leituras de Poesia, tanto pelo Luís, como pelo Rolando. Gostei!
D. Maria Olívia e António leram Poesia, a partir do Boletim Cultural Nº 137 – Ano XXX – Dez. 2019, do CNAP. Tema Natal: “Recordar é viver…”, “Quando eu era pequenino…”, “Natal nasceu Jesus” “O Primeiro Natal”, “Vem aí o Natal…”. Rolando: “Ano Bom – a Fé sempre renovada”. Gostei!
Também António Aleixo marcou presença. E também Amália! Também deles falámos, a propósito da importância e valor da “Poesia Popular”. E outros Poetas e Poetisas e Artistas, para além dos que compõem a plêiade de todos os que figuram nas paredes do Café, das esculturas e Autores do monumento que é todo o edifício, antigamente Café e Cinema Império, de tantas estreias cinematográficas, desde a sua inauguração (1955)! Por isso não estivemos apenas seis, mas muitos sessentas! Gostei!
E mais algumas considerações e apartes, a propósito ou nem por isso.
(1 de Outubro de 2016)
Não, não me esqueci de cronicar sobre este relevante evento. Outras escritas, afazeres da vida real e só hoje me é possível.
Antes de mais, e ainda, não quero deixar de assinalar a data de hoje, sete de Outubro. E a de amanhã.
A de hoje, sete, porque era nesta data que, quando estudava, se iniciavam as aulas, nomeadamente as da Primária, as do Colégio e as do Liceu.
Dir-me-á: - Isso é pré- história.
Nem mais!
A de amanhã, oito, também é especial, no contexto em que escrevo.
Fará dois anos que iniciámos este blogue!
Peculiar que tenha sido também com uma crónica sobre Cante e Poesia!
E vamos então ao 6º Serão de Cante e Poesia Alentejana.
Ocorrido no passado sábado, um de Outubro, “Dia Internacional da Música”, no Fórum Romeu Correia, Auditório Fernando Lopes Graça, em Almada.
Divulguei previamente e, mais uma vez se confirma, que “Almada é a Capital do Cante”! Pelo menos aqui, nesta “Grande Lisboa”!
E sobre o dito espetáculo e antes de entrar propriamente na sala, quando o divulguei, mencionei a dificuldade de arranjar bilhetes no Fórum Romeu Correia.
Exatamente.
No próprio dia, apenas quando eram disponibilizados, o que acho bem, cheguei antecipadamente meia hora e já havia fila de cerca de trinta pessoas.
De modo que me questionava se conseguiria obter ou não os bilhetes.
Fui ficando e, nestes contextos, mais tarde ou mais cedo, vai-se falando. Naturalíssimo.
Ocorrem também sempre aqueles casos habituais, de alguém que se chega à frente, perto de pessoa amiga e segreda “encomenda” de mais alguns bilhetes.
Mas estas cenas não passam despercebidas e alguém comenta sobre as célebres “cunhas e pedidos”. Famigerados, eles e mal-afamadas, elas!
Por ironia, quem comentou haveria de ser contemplado com um bilhete doado por amigo que, estando à frente na fila, resolvera requisitar mais um ingresso, para oferecer a quem estava mais atrás.
Logo oportunidade para outro alguém retorquir, que havendo comentado da “cunha”, não deveria ter aceitado o presente do amigo.
Sim ou não, o que acha?!
Aproveitei para lembrar o aforismo de que “a cavalo dado não se olha o dente”! Que até poderia parecer mal agradecido.
E friso que em boa hora o aceitante aceitou, porque, quando chegou a sua vez, apenas um conseguiu.
Não aceitasse e só um bilhete obteria, o que o impossibilitaria de ter levado a esposa, conforme confirmei no espetáculo, à noite.
E vamos então falar do espetáculo, propriamente dito?!
Sala repleta, como se depreende.
Espetáculo extraordinário.
Mas ainda vai outro aparte.
O Auditório continua sem refrigeração. Já no Verão, a propósito do Ciclo de Cinema Brasileiro, disso faláramos.
Com a sala cheia…
Registe-se.
E, antes de tudo o mais… E porque é imprescindível.
Dar os parabéns a todos os participantes no evento, a todos os que contribuem para a respetiva organização e logística, que não apenas os que presenciamos no espetáculo propriamente dito. São muitas as pessoas envolvidas, em diferentes contextos.
Também realçar o papel das entidades e organismos oficiais que apoiam estes Grupos, nos mais diversos enquadramentos.
Não podemos esquecer que estes Artistas, sejam cantadores, cantadeiras, poetas e poetisas, exercem estas funções, desempenham estes papéis, como Amadores, no melhor sentido da palavra. Para todos os efeitos, trabalham num sistema de Voluntariado.
Daí o nosso realce especial, inteiramente merecido!
E agradecer.
Obrigado, a todos pelo excelente Serão que nos proporcionaram.
Sobre os participantes segue-se o cartaz com as respetivas designações.
Parabéns, sempre muito especiais, ao Grupo do Feijó que, neste contexto, é o Grupo Organizador.
Sobre o espetáculo, os Cantares, a Poesia, digo: Adorámos.
Se realçasse alguns aspetos ou momentos, fá-lo-ia pela novidade para mim, que não conhecia as respetivas atuações.
O Grupo Juvenil, nunca ouvira tal.
E alguém pode ficar indiferente àqueles rouxinóis, joselitos e marisóis, com os seus trinados e requebros, que nos tocam o coração e nos humedecem a visão?
Excelente o trabalho do Professor e Mestre!
Também assinalaria o Grupo Abelterium, que apesar de ser dos meus lados, também não conhecia.
Para além da alegria contagiante das cantigas, que dimana da sua atuação, eu realçaria o que mais me tocou: a interpretação de “Serpa de Guadalupe”!
E então esqueço os outros Grupos e Artistas?!
De modo algum.
Obrigado ao Grupo do Feijó, ao Grupo da Academia de Serpa, ao Grupo Recordar a Mocidade, à Poetisa Rosa Dias e ao Poeta Luís Maçarico.
Todos nos ficaram no coração e nos proporcionaram gratificantes momentos artísticos, que nos enriquecem espiritualmente e a eles enobrecem, pela sua atitude altruísta e a quem ficamos gratos.
Obrigado.
Que estes espetáculos, além de excelentes, são gratuitos!
Acontecem regularmente eventos culturais, de diversos âmbitos, sendo que, por vezes, é difícil escolher em quais participar, dada a sua simultaneidade.
Foi o que aconteceu, ontem, sábado, dia dezasseis de Janeiro, da parte de tarde.
Entre os vários que me podiam despertar a atenção, houve dois que me cativavam muito especialmente, a horas relativamente simultâneas, em dois locais emblemáticos, no que a este aspeto se refere: Cultura!
No C.I.R.L. – Clube de Instrução e Recreio do Laranjeiro, programava-se uma Sessão de Cante, com diversos Grupos Corais, do Alentejo Interior e do Alentejo da Diáspora. Grupos Masculinos e Femininos!
Na Oficina da Cultura, em Almada, previa-se uma Sessão de Poesia - “O que é a Poesia?”, integrada no Programa da Exposição do 21º Aniversário de A.A.C.A. – Associação de Amigos do Concelho de Almada.
Ambas prometiam. Balançava entre os dois acontecimentos. A qual deles assistir? Ir um pouco a cada um, o que acabaria por resultar em não ficar de coração em nenhum deles?!
Para onde acham que balancei mais?!
O ideal é quando estes eventos ocorrem em tempos diferentes. Ou ainda melhor, quando, no mesmo evento, se juntam as duas vertentes: Cante e Poesia!
Bem, comecei por ir ao C.I.R.L., estavam os Grupos a chegar e a sala a compor-se, mas já com bastante gente. Ficar, não ficar?!...
Acabei por ir para a Sessão de Poesia, a que assisti na totalidade, não me consegui desligar, dado o interesse que me suscitou, só tive pena de não ter “dito” um Poema, apesar de ter havido apelos nesse sentido, pelo organizador, ao público presente.
No final, ainda passei novamente pelo C.I.R.L., mas a Sessão de Cante já terminara. Um “Compadre” trajado à moda alentejana e ao modo alentejano de bem receber, me incentivou a ir ao 1º andar, ao beberete, que o pessoal estava nos comes e bebes. E até fui, observei, mas não fiquei. Sinceramente, nestas cenas nunca me sinto muito à vontade. E fui-me embora.
Aguardo outra sessão de Cante!
E, como já referi, em boa hora, fui à Sessão de Poesia, a que assisti, e que passarei a relatar alguns aspetos essenciais.
Subordinou-se ao tema “O que é a POESIA?”
Após as apresentações e explicações prévias e enquadrantes do evento, decorreram as intervenções substantivas propriamente ditas, conforme o previsto.
O Professor de Literatura, Gabriel Silva, teceu uma narrativa magistral, subordinada ao tema em epígrafe, num discurso claro e apelativo, riquíssimo de conteúdo, num didatismo de exemplar maestria, e de uma enorme simplicidade explicativa e compreensiva, mas extraordinariamente rico em termos de substância ideativa, que fascinou todos os ouvintes.
A partir de exemplos muito concretos, de três objetos que expôs e nos mostrou para elucidar a sua narração, objetos, de maior ou menor valor, mas significativos e significantes para si, e cumulativamente para nós, através do seu discurso, do seu narrar e da sua forma de narrar, nos fez entrar, encadear, enfeitiçar, qual Xerazade, numa história de um rei sofrendo de um encantamento, provocado por um anel. (…) (…)
“Esse anel de encantamento é a Poesia!”
Uma narração e uma história que mereciam ser passadas a escrito, talvez até estejam, não sei… Não tive oportunidade de dialogar posteriormente.
Houve oportunidade de intervenções, e todas elas foram elogiosas para o palestrante e para a palestra. (Acho este conceito pobre… Lição, de Mestre, é mais preciso. Mestre, no sentido clássico do termo.)
Nem que fosse apenas para “beber” esta Lição, valera a pena ter ido à Oficina!
E deu-se início à divulgação de POESIA!
Ana Neto deu-nos a conhecer Poesia de Manuel Alegre. Gil Marovas declamou um Poema sobre Catarina Eufémia!
Seguiram-se Momentos Poéticos, a cargo da “Tertúlia Poética” – “As Portas que Abril Abriu”, com Vicktor Reis e a colaboração musical de Helder Charneira e João Azenha.
Disseram Poesia o próprio Vicktor Reis, também apresentador destes momentos poético-musicais, e ainda Maria Teresa Reis e Irina Bettencourt.
Cantou e encantou Beatriz Grilo!
Esta apresentação poética e musical, que estes artistas levam a efeito em vários contextos culturais, consistiu em prestações de poesia entremeadas de canções.
Irina declamou Poemas do livro “Cem Poemas para salvar a nossa Vida”, uma Antologia poética organizada por Francisco José Viegas.
Declamou “Quem não ama não vive”, de António Boto e “A brevidade dos rostos da vida”, de Gregório de Matos.
Beatriz cantou-nos sempre belas e saudosas canções, estruturadas sempre em belíssimos Poemas, apelando à nossa participação.
Lembrou-nos “Lisboa, menina e moça” e “Traz um amigo também”.
Maria Teresa Reis disse dois Poemas de sua autoria, dedicados ao Mar. “Louvor ao mar” e “Em busca de Neptuno”.
Beatriz voltou a estar em cena, cantando “Canção de madrugar” e “Maio, maduro Maio”.
Voltou novamente Irina, dizendo, “Eu cantarei um dia de tristeza”, de Marquesa de Alorna e “Formoso Tejo meu”, de Francisco Rodrigues Lobo.
Seguiu-se um interlúdio musical, “Musicó”, protagonizado pelos solistas Helder Charneira e João Azenha.
Maria Teresa, defendendo a tese que um dos domínios da Arte é também o Sonho, deu-nos a conhecer outro Poema da sua autoria “Utopia”.
Vicktor Reis além das apresentações também foi chamando o público à participação, mas ninguém se abalançava a tal. (Eu próprio estive para isso, mas não me atrevi!)
E, então, o apresentador também desempenhou papel de “diseur” ou “dizedor”? E disse o Poema “Que flores são estas?”, que não sei se é de sua autoria ou não.
E estava para se processar o encerramento com mais uma canção de Beatriz, quando esta anunciou que um amigo iria dizer uma Poesia.
Um jovem, Leonardo Faria, que disse uma Poesia, composta de três quadras, de um Amigo (Imaginário?). “Construi-me a mim próprio…” No final, confidenciaria ser de sua autoria.
Registo aqui uma particularidade neste Poeta, além do facto de ser jovem, mas nesta Sessão estiveram vários jovens, ressalto o seu processo de leitura. Enquanto nós, os “cotas”, lemos de um papel A4, ou de um livro; os mais dotados de memória, declamam ou dizem de cor, este, jovem, leu do telemóvel.
Pois, muito bem, gostei, e porque é jovem, continue, que o que escreve é bonito, disse bem, e a Poesia precisa de gente que a divulgue a partir do telemóvel. É sinal que se adapta à modernidade!
E, para finalizar em beleza, com “chave de ouro”, Beatriz brindou-nos com a belíssima “Desfolhada”, que o público teve o grato prazer de acompanhar.
Este post está ilustrado com uma digitalização do convite para a Exposição da A. A. C. A. – Associação dos Amigos do Concelho de Almada, amabilidade de “João Flávios”, a quem agradeço.
Mas fico a aguardar uma fotografia, ou várias, da Exposição, para ilustrar num post específico.
É imprescindível visitar esta Exposição!
E ainda volto a uma alfinetadela que gosto de colocar nestes textos, quando escrevo sobre “CULTURA LOCAL”.
Porque é que as televisões generalistas, especialmente as privadas, transmitem tanta… tanta… tanta quê…?!