Há quem do Tejo só veja
o além porque é distância.
Mas quem de Além Tejo almeja
um sabor, uma fragrância,
estando aquém ou além verseja,
do Alentejo a substância.
Há quem do Tejo só veja
o além porque é distância.
Mas quem de Além Tejo almeja
um sabor, uma fragrância,
estando aquém ou além verseja,
do Alentejo a substância.
Pois, agora, a paisagem está assim. Ou pior! Que as fotos são de há um mês.
As acácias mimosas foram desbastadas no Inverno e Primavera. A dita, chegados Abril e Maio, acompanhados de alguma chuva, proporcionou as imagens surpreendentes que apresentei documentando os passeios e passeatas nos percursos assinalados, do Boi d’Água, da Fonte dos Amores, do Salão Frio.
Simultaneamente as acácias, infestantes como são, foram sempre rebentando.
Acácias, essas não pediram licença ao tempo, cresceram e medraram, como é seu hábito. Proliferaram ainda mais.
Nos últimos passeios realizados pela Serra, pela tarde, em pleno Verão, sem o encanto e magia primaveris, constatamos os campos, outrora pinturas impressionistas, agora assim como as imagens documentam.
As acácias que, continuariam no respetivo verde acinzentado de Verão, estão ainda mais secas que os pastos.
Houve certamente intervenção humana “atacando-as” com algum produto tóxico a ver se elas secam de vez. Isto deduzo eu que não tive oportunidade de questionar alguém de direito sobre o assunto.
Coisas da Vida!
Acácias, mimosas ou não, de espigas ou lá o que sejam, de espinhos também, é nunca plantar.
A Cidade e a Serra, apesar de tudo, do Verão e do calor, proporcionam sempre imagens por demais sugestivas. Enquadradas na vegetação autóctone: sobreiros, carvalhos negrais, lentiscos, medronheiros, sanguinhos, carrascais. E também: pinheiros mansos, oliveiras, zambujeiros.
Aproveite, apesar de tudo, para passear! Se, no Alentejo, aproveite as sombras. Dos sobreiros...
Se for na praia... Bem! Ainda melhor! Bons passeios. Muita saúde.
Nesse entroncamento, de 90 graus, há sinalização dos percursos.
Temos duas hipóteses.
Prosseguir em frente, na direção Leste, como vínhamos caminhando. Ou infletir para a direita, na direção Sul, em que a orientação solar nos sugeria irmos diretamente ao Atalaião, como pretendíamos.
Na sinalização para essa via, na tabuleta, assinalam “Percurso da Quinta D’Matinhos”!
Era este percurso que iríamos seguir.
Mas vindo um casal, também caminhando, em sentido oposto ao nosso, proveniente de Leste, resolvi esperar e perguntar-lhes. O senhor sugeriu esse mesmo caminho para chegarmos ao Atalaião, mas a senhora falou no prosseguimento no sentido Leste, aonde encontraríamos uma estrada que também nos levaria ao Atalaião.
Seguimos o caminho, supostamente e de facto, mais direto para a Cidade, mas onde se nos depararia uma surpresa bem desagradável, perante a qual, o desaconselho.
Na primeira parte do trajeto, a antiga calçada apresenta-se conforme a foto documenta, sempre bordejada pelo imponente muro, no lado direito, a Oeste do nosso percurso, no sentido Norte – Sul. (Muro que a 1ª foto documenta. E um tipo de cardo que desconhecia!)
Nota-se desgaste no calcetamento, antigo e em desuso. Será ainda resquício do designado macadame?! Ou será mais antigo? O esboroamento é sinal de que é percorrido, frequentemente, por veículos motorizados.
Mais adiante, uma quinta, em cuja entrada se encontra este tronco de velho castanheiro.
Continuamos...
E foi um pouco depois, já com o caminho com menores sinais de utilização, aliás bem conservado e com mais matos, que se nos deparou ocorrência perigosa e inesperada.
Fomos surpreendidos por uma matilha de cães à solta, sete, que rapidamente nos rodearam e ameaçaram, ladrando e prontos a atacarem-nos.
Valeu-nos o respetivo dono, que interveio, não fazendo nem mais nem menos que a respetiva obrigação.
Lá os acalmou. Também não sei para que tem tantos cães! E, em pleno dia, todos à solta!
Essa é a principal razão pela qual desaconselho a utilização dessa alternativa de percurso, que, todavia, está prevista e devidamente assinalada.
E que é interessantíssima de percorrer. Pela calçada, pela vegetação autóctone, pela paisagem envolvente.
Obviamente, agora, no Verão, com a canícula abrasadora, desaconselho não só esta como a maioria das caminhadas, por terrenos com demasiado mato.
Como disse nos poemas anteriores “Os cardos são nardos, na Primavera… Mas lá vem o Estio, lá vem o Verão…” E, de facto, o Alentejo perde algum do encanto exuberante que tem na “Estação das Flores”.
E caminhar com calor e no meio de terrenos cheios de mato é desaconselhável.
(P. S. – Para além do mais, nestes últimos dias têm ocorrido trovoadas.)
Provavelmente escrito nesta fase de início de Verão, transição da Primavera, em que os campos alentejanos de sequeiro, a maioria na época, deixavam a garridice primaveril e ganhavam as tonalidades amarelas e acastanhadas, resultantes dos pastos e ervas secos.
“Sequinhos” será um regionalismo, significando que estavam muito secos, sequíssimos.
Este “poemeto” em verso livre, desestruturado e liberto de quaisquer “amarras” formais ou de conteúdo, escrevi-o há algumas décadas. Tê-lo-ei escrito em suporte de papel, mas não sei onde. Lembro-me, de cor, de alguns dos versos, estes que apresento.
É acompanhado de fotos de “Cardos Floridos”, que na Primavera poderão poeticamente sugerir Nardos, em jeito de metáfora.
E Saudades que já temos da Primavera, ademais esta, em que esteve tudo florido e verde quase até Junho!
A partir destes versos vou “construir” um outro poema, estruturado formalmente. Duas estrofes já estão concluídas. Publicarei noutros postais.
Caro/a Leitor/a, não quererá também elaborar uma quadra a partir das frases “Cardos são nardos” ou “Cardos floridos”?!
(P.S. – Afinal, depois de já ter este texto escrito, pronto a publicar, lembrei-me de onde teria o poema total sobre o tema dos “Cardos são nardos”.
Consultei-o, tem mais estrofes do que eu me lembrava e irei publicá-lo, mas apenas depois de ter concluído o poema que me propus criar de novo. Guardei-o, para não me sentir influenciado.)