“A Casa Grande de Romarigães” – Aquilino Ribeiro
Caro/a Leitor/a: Aventure-se na Natureza “Aquiliniana”!
Das quase duzentas e cinquenta páginas deste livro, escolhi este pequeno excerto ou naco de prosa, para entusiasmar o/a Leitor/a no desbravar deste Romance(?). O Autor não quis propriamente considerá-lo desse modo. Talvez uma Crónica Romanceada, direi eu!
«… Do pinhão, que um pé-de-vento arrancou ao dormitório da pinha-mãe, e da bolota, que a ave deixou cair no solo, repetido o acto mil vezes, gerou-se a floresta. Acudiram os pássaros, os insectos, os roedores de toda a ordem a povoá-la. No seu solo abrigado e gordo nasceram as ervas, cuja semente bóia nos céus ou espera à tez dos pousios a vez de germinar. De permeio desabrocharam cardos, que são a flor da amargura, e a abrótea, a diabelha, o esfondílio, flores humildes, por isso mesmo troféus de vitória. Vieram os lobos, os javalis, os zagaias com os gados, a infinita criação rusticana. Faltava o senhor, meio fidalgo, meio patriarca, à moda do tempo.
Ora, certa manhã de Outono…
Um homem atravessou por ali, e não foi pequeno o seu pasmo. …»
In. "A Casa Grande de Romarigães" – Aquilino Ribeiro – Círculo de Leitores, Lda. (pag.12) - Clássicos da Língua Portuguesa - 2ª Edição – 7500 exemplares – Nov./1978.
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(Adquiri o livro, em Jan.1979, através do Círculo, de que era sócio na altura, por 195$00. Li-o por essa data, 79/80, e este ano, entusiasmado pelo “Guia das Aves de Aquilino Ribeiro”, voltei a lê-lo, num ápice, nestes meados primaveris de Abril!
Vou voltar a relê-lo, aliás já recomecei, pois que ainda quero escrever um pouco mais sobre o mesmo.
Aquilino, 1885 – 1963, e esta Obra, são fundamentais. Foi escrito em 1957, tinha o Autor 72 anos.)
Com este Livro e este rico pedaço de Natureza escrita e descrita por este Mestre da Literatura Portuguesa, de certo modo, fazemos a ligação ao que vínhamos escrevinhando sobre a riqueza natural que nos cerca. Agora nesta escrita sublime, tão naturalmente genesíaca e riquíssima de verbo, da paisagem campestre, como a deste Ribeiro.
É sempre bom termos Dicionário à mão. A net, hoje, facilita-nos completamente o trabalho, pois nos proporciona a imagem. Eu, que tanto me interesso por plantas, socorri-me destes meios, para decifrar: abrótea, diabelha, esfondílio. Que cardo conhecia!
Afinal, as outras três também, que são plantas por demais correntes, de que tenho fotos, pelo menos da abrótea.
E é ela que ilustra o postal, juntamente com um carvalhal, que é essa uma das florestas que as bolotas criam. Outras serão os montados de sobros: azinhais e sobreirais. Ou os carrascais!
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P.S. – As fotos deste postal, como da grande maioria dos anteriores, são Originais!
Foram tiradas, neste Abril, nas faldas da Serra de São Mamede.